QUARESMA PASSO A PASSO - 2023
Sexta-feira III – dia 21 –17/03/2023
Evangelho Mc 12, 28b-34
«Jesus respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes».
Jesus é interrogado sobre os mandamentos e
responde de forma clara e inequívoca, que o primeiro mandamento é amar e o
segundo também. Primeiro amar a Deus e depois amar o próximo. A união destes
dois mandamentos na vida de cada dia aproxima-nos do Reino de Deus.
"Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um
escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus
respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o
único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é
este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior
que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes:
Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a
inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais
do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma
resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E
ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O."
Todas as minhas capacidades ao serviço do amor. O meu coração, a minha alma, a minha inteligência e as minhas forças físicas, morais, espirituais, tudo ao serviço do amor. Ao serviço de Deus nos irmãos, na resolução dos problemas pessoais e sociais, na implantação da justiça e da verdade, na transformação do homem em Filho de Deus, na construção de um mundo novo a que se possa chamar Reino de Deus. Foi isto que o escriba entendeu e é isto que Jesus hoje me propõe. Serei capaz de me lançar nesta aventura?
O amor vale mais do que todos os holocaustos, Senhor. Elogiaste esta resposta do escriba. Ouvir estas palavras e a lucidez que elas demonstram faz-me pensar em mim. Faço tantas coisas ao longo de um dia. Realizo tantas tarefas. Ofereço-me em holocausto em tantos momentos, mas faço-o com amor? Senhor, que não me falte coração, alma, inteligência, forças, para te amar e para amar os irmãos nas muitas atividades que realizo no tempo de cada dia.
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,mas livrai-nos do mal. Ámen.
No centro do Evangelho (cf. Mc 12, 28b-34), está o
mandamento do amor: amor a Deus e amor ao próximo. Um escriba
pergunta a Jesus: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» (v. 28). Ele
responde, citando aquela profissão de fé com a qual cada israelita inicia e
conclui o seu dia, e que começa com as palavras: «Ouve, ó Israel! O Senhor,
nosso Deus, é o único Senhor» (Dt 6, 4). Deste modo Israel conserva
a sua fé na realidade fundamental de todo o seu credo: existe um único Senhor,
e aquele Senhor é “nosso”, no sentido que se uniu a nós com um pacto
indissolúvel, nos amou, nos ama e nos amará para sempre. É desta nascente,
deste amor de Deus, que deriva para nós o duplo mandamento: «Amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu espírito e
com todas as tuas forças [...] Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (vv.
30-31).
Escolhendo estas duas Palavras, dirigidas por Deus ao seu povo, e
unindo-as, Jesus ensinou, de uma vez para sempre, que o amor a Deus e o amor ao
próximo são inseparáveis, aliás, mais ainda, que se sustentam um ao outro. Não
obstante sejam postos em sequência, eles são os dois lados de uma única
medalha: vividos juntos, são a verdadeira força do crente! Amar a Deus
significa viver d’Ele e para Ele, por aquilo que Ele é pelo que Ele faz. E o
nosso Deus é doação incondicional, é perdão ilimitado,
é relação que promove e faz crescer. Por isso, amar a Deus
quer dizer investir todos os dias as próprias energias para ser seus
colaboradores, servindo de modo incondicional o nosso próximo, procurando
perdoar de forma ilimitada e cultivando relações de comunhão e de fraternidade.
O evangelista Marcos não se preocupa em especificar quem é o
próximo, porque o próximo é a pessoa que eu encontro no caminho, nos meus dias.
Não se trata de pré-selecionar o meu próximo: isto não é cristão. Acho que o
meu próximo é aquele que eu pré-selecionei: não, isto não é cristão, é pagão;
mas trata-se de ter olhos para o ver e coração para desejar o seu bem. Se nos
exercitarmos para ver com o olhar de Jesus, colocar-nos-emos sempre à escuta e
ao lado dos carenciados. Certamente, as necessidades do próximo exigem respostas
eficazes, mas antes ainda requerem partilha. Com uma imagem podemos dizer que o
faminto tem necessidade não apenas de um prato de sopa, mas também de um
sorriso, de ser ouvido e inclusive de uma oração, talvez recitada juntos. O
Evangelho de hoje convida todos nós a visar não só as urgências dos irmãos mais
pobres, mas sobretudo a prestar atenção às suas necessidades de proximidade
fraterna, de sentido da vida e de ternura. Isto interpela as nossas comunidades
cristãs: trata-se de evitar o risco de ser comunidades que vivem de muitas
iniciativas, mas de poucas relações; o risco de comunidades “estações de
serviço” mas de pouca companhia, no sentido pleno e cristão deste termo.
Deus, que é amor, criou-nos por amor e para que possamos amar os outros, permanecendo unidos a Ele. Seria ilusório pretender amar o próximo, sem amar a Deus; e seria igualmente ilusório pretender amar a Deus, sem amar o próximo. As duas dimensões do amor, a Deus e ao próximo, na sua unidade, caraterizam o discípulo de Cristo. A Virgem Maria nos ajude a acolher e testemunhar este ensinamento luminoso na vida de todos os dias.
Papa Francisco
(in Angelus, 4 de novembro de 2018)
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