sábado, 26 de fevereiro de 2022

Mensagem para a Quareema 2022 de D.António Marto - Diocese de Leiria Fátima


 Ano C -2022

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM


Os textos deste domingo, o último antes do início da Quaresma, situam-nos na verdade que nos habita o coração e, ao mesmo tempo, na palavra que sai da nossa boca. Assim, hoje, as leituras transportam-nos para o que, por vezes, se diz: “As palavras são o espelho da alma”

Na 1ªleitura (Sir 27, 5-8 (gr. 4-7)) o autor sagrado alerta-nos para o facto de as nossas palavras e os nossos pensamentos refletirem os nossos sentimentos, quem verdadeiramente somos. Escutemos o que dizemos e perceberemos por onde andamos!

“Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.”

 

Na 2 ª leitura (1 Cor 15, 54-58) , S.Paulo, numa linguagem tão linda, quanto profunda, louva e dá graças a Deus pela vitória de Cristo sobre a morte. Jesus ressuscitou, venceu a morte, de uma vez para sempre. Entreguemo-nos a Jesus e deixemo-nos amar infinitamente por Deus.  

Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.”

No Evangelho (Lc 6, 39-45) Jesus exorta-nos a olhar para o nosso próximo com caridade, amor e humildade. Todo aquele que se deixa possuir por Deus refletirá na sua vida sentimentos de verdade, justiça e amor. Deixemo-nos guiar e iluminar por Deus, que seja Ele, só Ele, a habitar no mais profundo do nosso ser. Se assim for, a nossa palavra testemunhará o amor de Deus em todas as situações.

 Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».”

Converte-me Senhor, para que no mais íntimo do meu ser habites Tu e só Tu.

Orar pelo fim da guerra - Pastoral da Cultura

 

A oração pode deter a guerra? Sim. Nós acreditamos

«Pensávamos que éramos sãos num mundo doente.» Com estas palavras o papa Francisco dirigiu-se ao mundo naquele triste anoitecer de 27 de março de há dois anos, quando a pandemia nos tinha prisioneiros em casa. Um mundo doente de egoísmo, de estultícia, de orgulho pessoal, familiar, comunitário.

Depois de tanto sofrimento oferecido a mãos cheias por um vírus invisível e mau, esperávamos que nos tornássemos mais bons, mais humildes, mais irmãos. Teria sido, na verdade, a única coisa sensata a fazer. A pandemia, subtraindo-nos – pelo menos durante algum tempo – àquela quotidianidade que não sabíamos apreciar e tornávamos aborrecida, repetitiva, pálida, tinha-nos catapultado para as altas esferas da reflexão séria. Quem é o ser humano? Quem sou eu, homem, mulher? Que coisa é a pátria? Quanto amo a minha e a dos outros? Ainda não passou o perigo, continuamos sob a ameaça deste microscópico e terrível inimigo, e eis os seres humanos, estultos como já tantas outras vezes, que se preparam para se dilacerar. Quem tem razão? Quem está errado? Todos têm razão e todos estão errados. Basta colocar-se em determinada posição para ver as coisas de um certo modo. Experimenta mudar, mesmo só um instante, e a realidade vai-te aparecer diferente.

A guerra. O que é a guerra? O que foram as guerras? Quem quer a guerra? Decerto é destruição. De tudo, não só de coisas e de pessoas. É destruição de esperança. Séculos de pensamento, de reflexão, de estudos, de paciência, a procurar encontrar a indispensável maneira de vivermos juntos sem nos fazer mal, mas usufruindo dos sucessos, da beleza e da grandeza alheias, são varridos em poucas horas. Sim, porque a guerra diz respeito a todos, a quem vive em lugares onde mandam as armas e a quem, no exterior deles, se ilude que se escapa impune.

Aos seus, Jesus pediu para orar. E eles fazem-no. Fazemo-lo. Queremos fazê-lo. Aos seus, Jesus promete escutar o seu angustiado grito. E nós acreditamos.

A guerra diz incapacidade de diálogo. Incapacidade de sentir-se, se não irmão, pelo menos companheiro de viagem desta aventura única e preciosa que é a vida. A guerra será sempre e apenas «massacre inútil». A guerra – toda a guerra – sempre aportará às margens de um mar envenenado onde «tudo está perdido».

A paz. Seja perseguida a paz. Procurada, arrancada, agarrada, retida. Só a paz é vida. Só a paz educa. A guerra destrói a possibilidade da convivência presente e futura. Destrói a educação das crianças, dos adolescentes, dos jovens. Com que coragem continuaremos a pedir aos pequenos para não agredirem e respeitarem os amigos, sobretudo os mais fracos? Onde encontraremos a força para continuar a combater as mafias assassinas e sanguinárias se um Estado, com todos os poderes que lhe foram conferidos ou usurpados, não consegue dialogar com serenidade e recorre à força das armas?

Os crentes rezam. Rezam os crentes de cada religião, hoje mais que nunca irmanados, ajoelhados diante do mesmo Deus, como quer que lhe chamem. Rezam os crentes com as palavras e as lágrimas. Imploram ao Pai, que está nos Céus, e em cada canto da Terra, para evitar que os seres humanos de qualquer raça e condição acabem sob o jogo absurdo, medonho e ilógico das armas. O que é a oração? Um remedeio? A arma dos fracos, de quem, não tendo voz na assembleia, não sabe fazer outra coisa a não ser pedir a Deus para intervir? Quem é o ser humano que reza? Poderá Deus, que desde sempre, pelo respeito que confere à liberdade do ser humano, tolera e sofre pelos seus feitos vergonhosos, intervir hoje?

Amemos, então. Desapaixonadamente. Seriamente. Concretamente. Amemos sem perder tempo a medir o tempo e as palavras

Entramos no mistério. Aos seus, Jesus pediu para orar. E eles fazem-no. Fazemo-lo. Queremos fazê-lo. Aos seus, Jesus promete escutar o seu angustiado grito. E nós acreditamos. E continuamos a acreditar mesmo quando os poderosos deste mundo, esquecendo o mandato recebido, e tapando os ouvidos aos gritos de medo daqueles sobre os quais exercem o poder, feitos prisioneiros de orgulhosos interesses económicos e políticos, deixam de escutar o grito dos pobres, que morrem.

A oração pode deter a guerra? Sim. Nós acreditamos. De que maneiras? Não o sabemos, nem tão-pouco nos interessa. Continuamos a confiar em Deus. «Não admira que Escolástica tivesse mais poder que o irmão. Tendo em conta que, segundo a palavra de João, “Deus é amor”, foi muito certo que pudesse mais aquela que mais amou.» Palavra de S. Gregório Magno.

Amemos, então. Desapaixonadamente. Seriamente. Concretamente. Amemos sem perder tempo a medir o tempo e as palavras. Não temamos sofrer. Este sofrimento promove-nos a seres humanos. Amemos e oremos. O Senhor, amante da vida, não permitirá que, mais uma vez, esta vida única, preciosa e irrepetível de tantos seus pobres filhos seja humilhada, pisada e morta por uma guerra estúpida, absurda e evitável.

Maurizio Patriciello
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: The Light Writer 33/Bigstock.com
Publicado em 25.02.2022

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Mensagem do Papa para a Quaresma - 2022 - Ecclesia

Vaticano: Papa pede jejum dos meios digitais e valorização dos «encontros reais», na próxima Quaresma

Fev 24, 2022 - 10:30

Mensagem de Francisco destaca necessidade de ir ao encontro dos mais desfavorecidos

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 24 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa apela a um jejum na utilização dos meios digitais, durante a próxima Quaresma, para valorizar os “encontros reais” e ir ao encontro de quem passa necessidade.

“A dependência dos meios de comunicação digitais empobrece as relações humanas. A Quaresma é tempo propício para contrariar estas ciladas, cultivando, pelo contrário, uma comunicação humana mais integral, feita de encontros reais, face a face”, refere Francisco, numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano.

O texto alude à inclinação do ser humano “para o egoísmo e todo o mal”, convidando os católicos às práticas do jejum, da partilha e oração, que tradicionalmente marcam a preparação para a Páscoa.

“Possa o jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca se cansa de perdoar”, escreve o Papa.

A mensagem tem como título uma exortação tirada da Carta de São Paulo aos Gálatas: ‘Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com todos’ (Gal 6, 9-10a).

“Se é verdade que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada da vida”, indica Francisco.

A Quaresma é tempo propício para procurar, não evitar, quem passa necessidade; para chamar, não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, não abandonar, quem sofre a solidão”.

Francisco sublinha a importância de “praticar o bem para com todos”, reservando tempo para “os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e marginalizados”.

“Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir”, observa.

O Papa reforça a ideia de que “ninguém se salva sozinho”, na qual tem insistido durante a crise provocada pela Covid-19, e acrescenta que “ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte”.

A mensagem apresenta a Quaresma como um tempo de renovação pessoal e comunitária, para superar “a ganância e a soberba, o anseio de possuir, acumular e consumir”.

“Semear o bem para os outros liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus”, prossegue.

Francisco destaca a necessidade da esperança, a partir da ressurreição de Jesus, para evitar o egoísmo.

“Perante a amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, a inquietação com os desafios a enfrentar, o desconsolo pela pobreza de meios à disposição, a tentação é fechar-se num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios, refugiar-se na indiferença”, adverte.

O texto convida ainda à oração, reconhecendo a necessidade de Deus.

“A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa”, sublinha o Papa.

A Quaresma é um tempo de 40 dias que tem início com a celebração de Cinzas (2 de março, em 2022), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

OC

Dia de oração pela Paz na Ucrânia - Ecclesia

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

 Ano C -2022

DOMINGO VII DO TEMPO COMUM

Nas leituras deste domingo somos desafiados a ultrapassarmo-nos a nós próprios, enquanto seres humanos, é-nos proposto: que elevemos a fasquia até à medida alta; que deixemos habitar em nós “o homem celeste”; que passemos a amar o inimigo e a fazer bem a quem nos faz mal. Somos confrontados com a forma como vivemos a nossa fé e motivados a viver verdadeiramente como cristãos.

Na 1ªleitura (1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23) é David quem nos dá exemplo. Foi um homem que chorou e pediu perdão pelos pecados cometidos e, apesar dos seus pecados, foi considerado um homem justo aos olhos de Deus. O mais importante para o Senhor é a conversão sincera, de coração. Nesta leitura David mostra bem porque foi ungido, escolhido pelo Senhor: perseguido por Saul, quando se infiltra no meio das tropas e tem o rei à sua mercê, a dormir, não o mata, impede também que o seu amigo Abisaí o faça e apenas leva, da cabeceira de Saul, a lança e o cantil, para lhe demonstrar como respeita a sua vida. Isto sim é amar quem nos faz mal. Peçamos ao Senhor que nos ensine a amar assim, todos os que fazem parte da nossa vida, ou que nela, por um motivo, ou por outro, se cruzam, ou convivem connosco. 

“Naqueles dias, Saul, rei de Israel, pôs-se a caminho e desceu ao deserto de Zif com três mil homens escolhidos de Israel, para irem em busca de David no deserto. David e Abisaí penetraram de noite no meio das tropas: Saul estava deitado a dormir no acampamento, com a lança cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua gente dormia à volta dele. Então Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje nas mãos o teu inimigo. Deixa que de um só golpe eu o crave na terra com a sua lança e não terei de o atingir segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não o mates. Quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?». David levou da cabeceira de Saul a lança e o cantil e os dois foram-se embora. Ninguém viu, ninguém soube, ninguém acordou. Todos dormiam, por causa do sono profundo que o Senhor tinha feito cair sobre eles. David passou ao lado oposto e ficou ao longe, no cimo do monte, de sorte que uma grande distância os separava. Então David exclamou: «Aqui está a lança do rei. Um dos servos venha buscá-la. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele entregou-te hoje nas minhas mãos e eu não quis atentar contra o ungido do Senhor».” 

Na 2ªleitura (1 Cor 15, 45-49) S.Paulo incita-nos a escutar, a olhar para Jesus, a entregarmo-nos por Ele e n’Ele. Paulo experimentou outros caminhos, mas só em Jesus se sente verdadeiramente amado por Deus e, por isso, apresenta-nos o único modelo que vale a pena seguir: Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, o homem celeste. 

“Irmãos: O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo; o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno, traremos também em nós a imagem do homem celeste.” 

No evangelho (Lc 6, 27-38) Jesus aponta-nos o caminho a seguir, que passa sempre por ir mais longe no amor: amar o inimigo, fazer bem a quem nos faz mal, ajudar quem nos prejudica…Não julgueis, não condeneis… Só em Jesus este caminho é possível! 

“«Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».”

Senhor ensina-me a amar como só Tu amas, habita-me, ama em mim Senhor. Só em Ti é possível amar assim.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Ano C -2022

DOMINGO VI DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo conduzem-nos ao verdadeiro caminho para a busca da felicidade. Podem existir várias opções, mas só há uma forma de alcançar a felicidade, que é pôr toda a confiança, toda a esperança no Senhor nosso Deus. Entreguemo-nos de alma e coração a Deus e estaremos no percurso certo.



Na 1ªleitura (Jer 17, 5-8) Jeremias contrapõe o que acontece a quem confia no homem, face ao que pode esperar aquele que confia totalmente em Deus. Diz o profeta que nada tem a temer o que põe toda a sua confiança no Senhor. Deixemo-nos guiar por Jesus, o único que nos pode conduzir a Deus, a verdadeira felicidade, a vida em plenitude, o Amor sem fim.

“Eis o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será como o cardo na estepe, que nem percebe quando chega a felicidade: habitará na aridez do deserto, terra salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de produzir os seus frutos»." 



Na 2ªleitura (1 Cor 15, 12.16- 20) S.Paulo centra-nos em Jesus ressuscitado e na força da ressurreição. É em Jesus ressuscitado que tudo é renovado e a nossa vida passa a ter outro sentido, pois a morte foi vencida de uma vez para sempre. Em Jesus morto, mas também ressuscitado, fomos resgatados e reconquistados para Deus, passámos a ser filhos adotivos, no Filho. Bendito e louvado sejas Senhor Jesus, ressuscitado, vivo no meio de nós.

“Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo pereceram também. Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.”



No evangelho (Lc 6, 17.20-26) Jesus apresenta o caminho seguro para a felicidade, que são as bem-aventuranças. Há caminhos mais fáceis, mas o único que conduz à felicidade é este, não há outro. Que o Senhor que guie, nos ilumine e nos dê a coragem de optar sempre por Ele.

“Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos, disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os “homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas.”



Senhor, que eu opte sempre por Ti, que sejas a única força em quem sempre me apoie.



Ser pobre no coração: isto é santidade.

Reagir com humilde mansidão: isto é santidade.

Saber chorar com os outros: isto é santidade.

Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade.

Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.

Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.

Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade.

Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.

Dia Mundial do Doente - Ecclesia

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Ano C -2022

DOMINGO V DO TEMPO COMUM 

As leituras deste V domingo do tempo comum interpelam-nos diretamente e, simultaneamente, desafiam-nos a sermos, também nós, pescadores de homens, missionários do e no nosso tempo. 

Na 1ªleitura (Is 6, 1-2a.3-8) é o profeta Isaías que nos explica como o sentir-se chamado é um dom de Deus. Depois, dá-nos um testemunho sobre a sua vocação e ensina-nos que Deus faz o caminho com cada um, respeitando-o tal qual é. O Senhor chama-nos, mas deixa-nos livres de lhe dar uma resposta positiva, ou negativa. Isaías respondeu: «Eis-me aqui: podeis enviar-me». Façamos como Isaías, abramos o nosso coração a Deus e deixemo-nos inundar pelo Espírito Santo. Ele nos iluminará na resposta a dar ao Senhor.

“No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».”  

Na 2ªleitura (1 Cor 15, 1-11) é S.Paulo que nos fala sobre aqueles a quem Deus escolheu e nos afirma, baseado na sua própria experiência, que ninguém está fora dos planos de Deus, ainda que, por vezes, no seu caminho, tenha feito escolhas erradas. É com tudo o que somos, com toda a nossa história de vida, que Deus nos quer, nos chama e nos envia a anunciar a boa nova do Seu Reino a todos os que fazem parte do nosso quotidiano. 

“Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.” 

No evangelho (Lc 5, 1-11)  sentimo-nos povo, igreja, ao ao redor de Jesus, a escutar a palavra de Deus. Por outro lado, o efeito dessa palavra em Pedro e nos outros primeiros discípulos, leva-os primeiro a confiar  e a fazer, contra todas as evidências, o que Jesus lhes pede, isto é, a lançar as redes de novo, mesmo sabendo que não tinham conseguido encontrar nenhum peixe durante toda a noite. E é esta disponibilidade, confiança e entrega em Jesus que tudo transforma, tornando estes pescadores de peixe em pescadores de homens.  

Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.”

 
Senhor Jesus, meu Senhor e meu Deus, que eu aprenda a confiar sempre em Ti, para além de toas as evidências. Que nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor por cada ser vivente.

Vídeo do Papa - mês de fevereiro de 2022 - Ecclesia