sábado, 26 de fevereiro de 2022
Ano C -2022
DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM
Os textos deste domingo, o último antes do início da Quaresma, situam-nos
na verdade que nos habita o coração e, ao mesmo tempo, na palavra que sai da
nossa boca. Assim, hoje, as leituras transportam-nos para o que, por vezes, se
diz: “As palavras são o espelho da alma”
Na 1ªleitura (Sir 27, 5-8 (gr. 4-7)) o autor sagrado alerta-nos para o facto de as nossas palavras e os nossos
pensamentos refletirem os nossos sentimentos, quem verdadeiramente somos. Escutemos
o que dizemos e perceberemos por onde andamos!
“Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem
aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto
à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do
campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies
ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.”
Na 2 ª leitura (1 Cor 15, 54-58) , S.Paulo, numa linguagem tão linda, quanto
profunda, louva
e dá graças a Deus pela vitória de Cristo sobre a morte. Jesus ressuscitou,
venceu a morte, de uma vez para sempre. Entreguemo-nos a Jesus e deixemo-nos
amar infinitamente por Deus.
“Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível
e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da
Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória?
Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força
do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso
Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis,
cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é
inútil no Senhor.”
No Evangelho (Lc 6, 39-45) Jesus exorta-nos a olhar para o nosso
próximo com caridade, amor e humildade. Todo aquele que se deixa possuir por
Deus refletirá na sua vida sentimentos de verdade, justiça e amor. Deixemo-nos
guiar e iluminar por Deus, que seja Ele, só Ele, a habitar no mais profundo do
nosso ser. Se assim for, a nossa palavra testemunhará o amor de Deus em todas
as situações.
“Naquele tempo, disse Jesus aos
discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os
dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo
perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão
tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu
irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a
trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então
verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê
mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu
fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O
homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua
maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».”
Converte-me Senhor, para que no mais íntimo do meu ser habites Tu e só Tu.
Orar pelo fim da guerra - Pastoral da Cultura
A oração pode deter a guerra? Sim. Nós acreditamos
«Pensávamos que éramos sãos num mundo
doente.» Com estas palavras o papa Francisco dirigiu-se ao mundo naquele triste
anoitecer de 27 de março de há dois anos, quando a pandemia nos tinha
prisioneiros em casa. Um mundo doente de egoísmo, de estultícia, de orgulho
pessoal, familiar, comunitário.
Depois de tanto sofrimento oferecido a
mãos cheias por um vírus invisível e mau, esperávamos que nos tornássemos mais
bons, mais humildes, mais irmãos. Teria sido, na verdade, a única coisa sensata
a fazer. A pandemia, subtraindo-nos – pelo menos durante algum tempo – àquela
quotidianidade que não sabíamos apreciar e tornávamos aborrecida, repetitiva,
pálida, tinha-nos catapultado para as altas esferas da reflexão séria. Quem é o
ser humano? Quem sou eu, homem, mulher? Que coisa é a pátria? Quanto amo a
minha e a dos outros? Ainda não passou o perigo, continuamos sob a ameaça deste
microscópico e terrível inimigo, e eis os seres humanos, estultos como já
tantas outras vezes, que se preparam para se dilacerar. Quem tem razão? Quem
está errado? Todos têm razão e todos estão errados. Basta colocar-se em
determinada posição para ver as coisas de um certo modo. Experimenta mudar,
mesmo só um instante, e a realidade vai-te aparecer diferente.
A guerra. O que é a guerra? O que foram as
guerras? Quem quer a guerra? Decerto é destruição. De tudo, não só de coisas e
de pessoas. É destruição de esperança. Séculos de pensamento, de reflexão, de
estudos, de paciência, a procurar encontrar a indispensável maneira de vivermos juntos sem nos fazer mal, mas usufruindo dos sucessos, da beleza e da grandeza
alheias, são varridos em poucas horas. Sim, porque a guerra diz respeito a
todos, a quem vive em lugares onde mandam as armas e a quem, no exterior deles,
se ilude que se escapa impune.
Aos seus, Jesus pediu para orar. E eles fazem-no. Fazemo-lo. Queremos fazê-lo. Aos seus, Jesus promete escutar o seu angustiado grito. E nós acreditamos.
A guerra diz incapacidade de diálogo.
Incapacidade de sentir-se, se não irmão, pelo menos companheiro de viagem desta
aventura única e preciosa que é a vida. A guerra será sempre e apenas «massacre
inútil». A guerra – toda a guerra – sempre aportará às margens de um mar
envenenado onde «tudo está perdido».
A paz. Seja perseguida a paz. Procurada,
arrancada, agarrada, retida. Só a paz é vida. Só a paz educa. A guerra destrói
a possibilidade da convivência presente e futura. Destrói a educação das
crianças, dos adolescentes, dos jovens. Com que coragem continuaremos a pedir
aos pequenos para não agredirem e respeitarem os amigos, sobretudo os mais
fracos? Onde encontraremos a força para continuar a combater as mafias
assassinas e sanguinárias se um Estado, com todos os poderes que lhe foram
conferidos ou usurpados, não consegue dialogar com serenidade e recorre à força
das armas?
Os crentes rezam. Rezam os crentes de cada religião, hoje mais que nunca irmanados, ajoelhados diante do mesmo Deus, como quer que lhe chamem. Rezam os crentes com as palavras e as lágrimas. Imploram ao Pai, que está nos Céus, e em cada canto da Terra, para evitar que os seres humanos de qualquer raça e condição acabem sob o jogo absurdo, medonho e ilógico das armas. O que é a oração? Um remedeio? A arma dos fracos, de quem, não tendo voz na assembleia, não sabe fazer outra coisa a não ser pedir a Deus para intervir? Quem é o ser humano que reza? Poderá Deus, que desde sempre, pelo respeito que confere à liberdade do ser humano, tolera e sofre pelos seus feitos vergonhosos, intervir hoje?
Amemos, então. Desapaixonadamente. Seriamente. Concretamente. Amemos sem perder tempo a medir o tempo e as palavras
Entramos no mistério. Aos seus, Jesus
pediu para orar. E eles fazem-no. Fazemo-lo. Queremos fazê-lo. Aos seus, Jesus
promete escutar o seu angustiado grito. E nós acreditamos. E continuamos a
acreditar mesmo quando os poderosos deste mundo, esquecendo o mandato recebido,
e tapando os ouvidos aos gritos de medo daqueles sobre os quais exercem o
poder, feitos prisioneiros de orgulhosos interesses económicos e políticos,
deixam de escutar o grito dos pobres, que morrem.
A oração pode deter a guerra? Sim. Nós
acreditamos. De que maneiras? Não o sabemos, nem tão-pouco nos interessa.
Continuamos a confiar em Deus. «Não admira que Escolástica tivesse mais poder
que o irmão. Tendo em conta que, segundo a palavra de João, “Deus é amor”, foi
muito certo que pudesse mais aquela que mais amou.» Palavra de S. Gregório
Magno.
Amemos, então. Desapaixonadamente. Seriamente. Concretamente. Amemos sem perder tempo a medir o tempo e as palavras. Não temamos sofrer. Este sofrimento promove-nos a seres humanos. Amemos e oremos. O Senhor, amante da vida, não permitirá que, mais uma vez, esta vida única, preciosa e irrepetível de tantos seus pobres filhos seja humilhada, pisada e morta por uma guerra estúpida, absurda e evitável.
Maurizio Patriciello
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: The Light Writer 33/Bigstock.com
Publicado em 25.02.2022
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Mensagem do Papa para a Quaresma - 2022 - Ecclesia
Vaticano: Papa pede jejum dos meios digitais e valorização dos «encontros reais», na próxima Quaresma
Fev 24, 2022 - 10:30
Mensagem de Francisco
destaca necessidade de ir ao encontro dos mais desfavorecidos
Foto: Lusa/EPA |
Cidade do
Vaticano, 24 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa apela a um jejum na utilização dos
meios digitais, durante a próxima Quaresma, para valorizar os “encontros reais”
e ir ao encontro de quem passa necessidade.
“A dependência
dos meios de comunicação digitais empobrece as relações humanas. A Quaresma é
tempo propício para contrariar estas ciladas, cultivando, pelo contrário, uma
comunicação humana mais integral, feita de encontros reais, face a face”, refere
Francisco, numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano.
O texto alude à
inclinação do ser humano “para o egoísmo e todo o mal”, convidando os católicos
às práticas do jejum, da partilha e oração, que tradicionalmente marcam a
preparação para a Páscoa.
“Possa o jejum
corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o
combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da
Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca se cansa de perdoar”,
escreve o Papa.
A mensagem tem
como título uma exortação tirada da Carta de São Paulo aos Gálatas: ‘Não nos
cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos
esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com
todos’ (Gal 6, 9-10a).
“Se é verdade
que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo
particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos
aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada
da vida”, indica Francisco.
A Quaresma é tempo propício para procurar, não evitar, quem passa
necessidade; para chamar, não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra;
para visitar, não abandonar, quem sofre a solidão”.
Francisco
sublinha a importância de “praticar o bem para com todos”, reservando tempo
para “os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os
discriminados e marginalizados”.
“Se a pandemia
nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta
Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos
subsistir”, observa.
O Papa reforça
a ideia de que “ninguém se salva sozinho”, na qual tem insistido durante a
crise provocada pela Covid-19, e acrescenta que “ninguém se salva sem Deus,
porque só o mistério pascal de Jesus Cristo dá a vitória sobre as vagas
tenebrosas da morte”.
A mensagem
apresenta a Quaresma como um tempo de renovação pessoal e comunitária, para
superar “a ganância e a soberba, o anseio de possuir, acumular e consumir”.
“Semear o bem para
os outros liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa
atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte
maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus”, prossegue.
Francisco
destaca a necessidade da esperança, a partir da ressurreição de Jesus, para
evitar o egoísmo.
“Perante a
amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, a inquietação com os desafios a
enfrentar, o desconsolo pela pobreza de meios à disposição, a tentação é
fechar-se num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios,
refugiar-se na indiferença”, adverte.
O texto convida
ainda à oração, reconhecendo a necessidade de Deus.
“A ilusão de
nos bastar a nós mesmos é perigosa”, sublinha o Papa.
A Quaresma é um
tempo de 40 dias que tem início com a celebração de Cinzas (2 de março, em
2022), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de
preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
OC
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Ano C -2022
DOMINGO VII DO TEMPO COMUM
Nas leituras deste domingo somos desafiados a ultrapassarmo-nos a nós
próprios, enquanto seres humanos, é-nos proposto: que elevemos a fasquia até à
medida alta; que deixemos habitar em nós “o homem celeste”; que passemos a amar
o inimigo e a fazer bem a quem nos faz mal. Somos confrontados com a forma como
vivemos a nossa fé e motivados a viver verdadeiramente como cristãos.
Na 1ªleitura (1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23) é David quem nos dá exemplo. Foi um homem que chorou e pediu perdão pelos pecados cometidos e, apesar dos seus pecados, foi considerado um homem justo aos olhos de Deus. O mais importante para o Senhor é a conversão sincera, de coração. Nesta leitura David mostra bem porque foi ungido, escolhido pelo Senhor: perseguido por Saul, quando se infiltra no meio das tropas e tem o rei à sua mercê, a dormir, não o mata, impede também que o seu amigo Abisaí o faça e apenas leva, da cabeceira de Saul, a lança e o cantil, para lhe demonstrar como respeita a sua vida. Isto sim é amar quem nos faz mal. Peçamos ao Senhor que nos ensine a amar assim, todos os que fazem parte da nossa vida, ou que nela, por um motivo, ou por outro, se cruzam, ou convivem connosco.
“Naqueles dias, Saul, rei de Israel,
pôs-se a caminho e desceu ao deserto de Zif com três mil homens escolhidos de
Israel, para irem em busca de David no deserto. David e Abisaí penetraram de
noite no meio das tropas: Saul estava deitado a dormir no acampamento, com a
lança cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua gente dormia à volta
dele. Então Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje nas mãos o teu
inimigo. Deixa que de um só golpe eu o crave na terra com a sua lança e não
terei de o atingir segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não o mates.
Quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?». David
levou da cabeceira de Saul a lança e o cantil e os dois foram-se embora.
Ninguém viu, ninguém soube, ninguém acordou. Todos dormiam, por causa do sono
profundo que o Senhor tinha feito cair sobre eles. David passou ao lado oposto
e ficou ao longe, no cimo do monte, de sorte que uma grande distância os
separava. Então David exclamou: «Aqui está a lança do rei. Um dos servos venha
buscá-la. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele
entregou-te hoje nas minhas mãos e eu não quis atentar contra o ungido do
Senhor».”
Na 2ªleitura (1 Cor 15, 45-49) S.Paulo incita-nos a escutar, a olhar para Jesus, a entregarmo-nos por Ele e n’Ele. Paulo experimentou outros caminhos, mas só em Jesus se sente verdadeiramente amado por Deus e, por isso, apresenta-nos o único modelo que vale a pena seguir: Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, o homem celeste.
“Irmãos: O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo;
o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o
espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem,
tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da
terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos
homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno,
traremos também em nós a imagem do homem celeste.”
No evangelho (Lc 6, 27-38) Jesus aponta-nos o caminho a seguir, que passa sempre por ir mais longe no amor: amar o inimigo, fazer bem a quem nos faz mal, ajudar quem nos prejudica…Não julgueis, não condeneis… Só em Jesus este caminho é possível!
“«Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos,
dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem
aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos
injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te
levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que
levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam,
fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento
mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que
vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E
se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar
em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo,
que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso
Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não
sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á:
deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A
medida que usardes com os outros será usada também convosco».”
Senhor ensina-me a amar como só Tu amas, habita-me, ama em mim Senhor. Só em Ti é possível amar assim.
sábado, 12 de fevereiro de 2022
Ano C -2022
DOMINGO VI DO TEMPO COMUM
As leituras deste domingo conduzem-nos ao verdadeiro caminho para a busca da felicidade. Podem existir várias opções, mas só há uma forma de alcançar a felicidade, que é pôr toda a confiança, toda a esperança no Senhor nosso Deus. Entreguemo-nos de alma e coração a Deus e estaremos no percurso certo.
“Eis o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no homem
e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será
como o cardo na estepe, que nem percebe quando chega a felicidade: habitará na
aridez do deserto, terra salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia no
Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da
água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o
calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se
inquieta e não deixa de produzir os seus frutos»."
“Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos
mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos?
Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que
morreram em Cristo pereceram também. Se é só para a vida presente que temos
posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.”
“Naquele tempo,
Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano,
com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e
do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos,
disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.
Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados
sereis, quando os “homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e
proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos
e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que
os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já
recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque
haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de
entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era
assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas.”
Ser pobre no coração: isto é santidade.
Reagir
com humilde mansidão: isto é santidade.
Saber
chorar com os outros: isto é santidade.
Buscar
a justiça com fome e sede: isto é santidade.
Olhar e
agir com misericórdia: isto é santidade.
Manter
o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.
Semear
a paz ao nosso redor: isto é santidade.
Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.
sábado, 5 de fevereiro de 2022
Ano C -2022
DOMINGO V DO TEMPO COMUM
As leituras deste V domingo do tempo comum interpelam-nos diretamente e, simultaneamente, desafiam-nos a sermos, também nós, pescadores de homens, missionários do e no nosso tempo.
Na 1ªleitura (Is 6, 1-2a.3-8) é o profeta Isaías que nos explica como o sentir-se chamado é um dom de Deus. Depois, dá-nos um testemunho sobre a sua vocação e ensina-nos que Deus faz o caminho com cada um, respeitando-o tal qual é. O Senhor chama-nos, mas deixa-nos livres de lhe dar uma resposta positiva, ou negativa. Isaías respondeu: «Eis-me aqui: podeis enviar-me». Façamos como Isaías, abramos o nosso coração a Deus e deixemo-nos inundar pelo Espírito Santo. Ele nos iluminará na resposta a dar ao Senhor.
“No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!». Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?». Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».”
Na 2ªleitura (1 Cor 15, 1-11) é S.Paulo que nos fala sobre aqueles a quem Deus escolheu e nos afirma, baseado na sua própria experiência, que ninguém está fora dos planos de Deus, ainda que, por vezes, no seu caminho, tenha feito escolhas erradas. É com tudo o que somos, com toda a nossa história de vida, que Deus nos quer, nos chama e nos envia a anunciar a boa nova do Seu Reino a todos os que fazem parte do nosso quotidiano.
“Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.”
No evangelho (Lc 5, 1-11) sentimo-nos povo, igreja, ao ao redor de Jesus, a escutar a palavra de Deus. Por outro lado, o efeito dessa palavra em Pedro e nos outros primeiros discípulos, leva-os primeiro a confiar e a fazer, contra todas as evidências, o que Jesus lhes pede, isto é, a lançar as redes de novo, mesmo sabendo que não tinham conseguido encontrar nenhum peixe durante toda a noite. E é esta disponibilidade, confiança e entrega em Jesus que tudo transforma, tornando estes pescadores de peixe em pescadores de homens.
“Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de
Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de
Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado
os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de
Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do
barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão:
«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre,
andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes,
lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de
peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que
estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os
barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro
lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um
homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus
companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a
João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão:
«Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os
barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.”