Ano C - 2021
FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
Ainda
ontem celebrámos o Dia de Natal, por isso estamos em cheio na época natalícia,
em que, de uma maneira geral, se procuram mais os valores da família. Talvez,
também por isso, a Igreja, neste domingo, celebra a Festa da Sagrada Família. É
uma ajuda preciosa, para nos centrarmos nos valores essenciais da família
cristã, podermos “escutar”, “mergulhar”, um pouco, na vivência da “Família de
Nazaré”, no seio da qual Jesus ia crescendo.
Na
1ªleitura (Sir 3, 3-7.14-17 a (gr. 2-6.12-14)) o profeta vai-nos fazendo perceber, através do cumprimento da Lei,
que tal como Deus nos ama, também, em família, somos chamados a amar os pais e estes
os seus filhos. No fundo, se tudo for como deve ser, trata-se de uma relação de
amor vivencial entre todos os elementos da família, cada um na sua função. Somos
desafiados a apontar, na vida familiar, para a medida alta do Amor de Deus por
cada um de nós seus filhos, no Filho. A meta é esta: amar os outros
perdidamente, infinitamente, em Jesus. É assim o amor de Deus por cada um de
nós, logo é também assim que somos chamados a viver em família.
“Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da
mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem
honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será
atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece
será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o
desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com
ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade
para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus
pecados.”
Na 2ªleitura (Col 3, 12-21) S.Paulo também recorre à Lei do
Amor de Deus, para enumerar uma série de conselhos que devemos seguir nas
relações familiares.
“Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de
sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência.
Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de
queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós
também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição.
Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um
só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em vós com abundância a palavra de
Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a
sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração
a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja
tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede
submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas
esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais,
porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que
não caiam em desânimo.”
No evangelho (Lc 2, 41-52) Jesus estende, tudo o que escutámos nas
leituras anteriores, para lá da família mais restrita, de forma a
relacionarmo-nos com todos aqueles com quem vivemos, convivemos, nos cruzamos,
ou coexistimos, na mesma dimensão total e infinita do amor cristão: amar o
próximo como Deus nos amou. A casa do Pai vai para além da família nuclear, ou
alargada, do templo, do bairro, da cidade, do país, abrange todos. Deus ama a
todos infinitamente e quer que todos saibam disto, quer chegar a ti, a mim, a
toda a humanidade. Abramos o nosso coração de par em par, deixemo-nos amar por
Deus.
“Os pais de
Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze
anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam,
passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais
o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e
começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando,
voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no
templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas.
Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as
suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe
disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos
aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não
sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as
palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração.
E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos
homens.”
Senhor, ensina-me a amar, ama em mim aqueles que pões no meu caminho.