domingo, 26 de março de 2023

QUARESMA PASSO A PASSO - 2023  

Segunda-feira V – dia 29 –27/03/2023

Evangelho Jo 8, 1-11

«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra»;

«Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Jesus vive uma situação instável. Não pode andar abertamente entre o povo. Ele aparece e desaparece. Foi para o Monte das Oliveiras, mas de manhã apareceu de novo no Templo. Estava a ensinar. O seu ensinamento nem sempre coincide com as ideias dos fariseus e dos chefes do povo. Por isso é confrontado com situações reais às quais há que aplicar a lei. Hoje é uma mulher apanhada em adultério que serve de pretexto para interrogar Jesus. A Lei deve ser aplicada? É a questão. Como entende Jesus? Como vê ele a situação da mulher perante a Lei? “Tu que dizes?” A resposta de Jesus é decisiva “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Mas esta resposta fere o coração, a alma e o orgulho dos acusadores. Perderam, mas não ficaram vencidos e Jesus sabe disso. Vai ter que se confrontar com eles noutro momento, quando o condenarem a Ele por não ter condenado a mulher adúltera.

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"Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, Ele ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Jesus acrescentou: «Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar»."

Diante do mundo é fácil ficar do lado dos mais fortes, dos que falam mais alto e levantam os braços com mais força. Mas defender os humildes e os humilhados deste mundo é atitude reservada a homens especiais de elevada estatura. Jesus é o verdadeiro homem. Ele não fica do lado da força pela força, mas do lado da verdade pelo amor. Percebo, hoje, de modo especial que a sua condenação devia ter sido a minha condenação, a sua morte devia ter sido a minha morte. Ele entregou-se em meu lugar, para que vencesse o amor e não a lei.

Ninguém me condenou, Senhor. Muitos olharam para mim de lado, alguns levantaram o dedo, outros quiseram erguer a voz, mas ninguém teve força para me condenar porque me amaste e perdoaste antes mesmo de eu ter pecado. Antes que todos vissem o meu pecado tu me amaste até ao extremo de dares a vida em meu lugar. O teu amor venceu em mim e em todos. O teu amor venceu no mundo e eu estou agradecido por isso.

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«Deus não perdoa com um decreto mas com uma carícia». E com a misericórdia «Jesus vai também além da lei e perdoa acariciando as feridas dos nossos pecados». «As leituras de hoje — explicou o Pontífice — falam-nos do adultério», que juntamente com a blasfémia e a idolatria era considerado «um pecado gravíssimo na lei de Moisés», punido «com a pena de morte» por lapidação. Com efeito, o adultério «vai contra a imagem de Deus, a fidelidade de Deus», porque «o matrimónio é o símbolo, e também uma realidade humana, da relação fiel de Deus com o seu povo». Assim, «quando se arruína o matrimónio com um adultério, esta relação entre Deus e o seu povo é manchada». Naquela época era considerado «um pecado grave» porque «se manchava precisamente o símbolo da relação entre Deus e o povo, da fidelidade de Deus».

No trecho evangélico proposto na liturgia (Jo 8, 1-11), que narra a história da mulher adúltera, «encontramos Jesus sentado ali, entre tanta gente, e catequizava, ensinava». Depois, «aproximaram-se os escribas e os fariseus com uma mulher que traziam à sua frente, talvez com as mãos amarradas, podemos imaginar». E assim «colocaram-na no meio e acusaram-na: esta é uma adúltera!». É uma «acusação pública». E narra o Evangelho, fizeram a pergunta a Jesus: «Que devemos fazer com esta mulher?». O único objetivo deles era «precisamente pôr à prova e armar uma cilada» a Jesus. Aliás, «talvez alguns deles até fossem adúlteros».

Por seu lado, não obstante estivesse ali tanta gente, «Jesus queria permanecer sozinho com a mulher, desejava falar ao seu coração: é o mais importante para Jesus». E «o povo tinha ido embora lentamente» depois de ter ouvido as suas palavras: “Se algum de vós estiver sem pecado, lance a primeira pedra”. A mulher não se proclama vítima de «uma acusação falsa», não se defende afirmando: «Eu não cometi adultério». Não, «ela reconhece o seu pecado» e responde a Jesus: «Ninguém, Senhor, me condenou». Por sua vez, Jesus diz-lhe: «Nem Eu te condeno...».

Assim «Jesus para usar misericórdia» vai além «da lei que prescrevia a lapidação». A ponto que diz à mulher que vá em paz. «A misericórdia — explicou o Papa — é algo que dificilmente se compreende: não anula os pecados», porque quem o faz «é o perdão de Deus». Mas «a misericórdia é o modo como Deus perdoa». Porque «Jesus podia dizer: mas Eu perdoo-te, vai! Como disse àquele paralítico: os teus pecados estão perdoados!». Nesta situação «Jesus vai além» e aconselha a mulher a «não voltar a pecar». E «aqui vê-se a atitude misericordiosa de Jesus: defende o pecador dos inimigos, defende o pecador de uma condenação justa». Isto, acrescentou Francisco, «é válido também para nós». Com este estilo, concluiu o Papa, «Jesus é confessor». Não humilha a mulher adúltera, «não lhe pergunta: que fizeste, quando o fizeste, como o fizeste e com quem o fizeste?». Ao contrário, diz-lhe que «vá embora e que não volte e pecar: é grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus: perdoar-nos, acariciando-nos».

Papa Francisco

(Capela de Santa Marta, 7 de abril de 2014)

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