domingo, 26 de janeiro de 2020

DOMINGO III DO TEMPO COMUM



Hoje, celebramos, a convite do papa Francisco, a graça imensa que nos é dada, como alimento, em cada Eucaristia, que é a escuta da Palavra de Deus. Depois do Concílio Vaticano II passámos a poder ouvir Deus falar-nos no nosso próprio idioma e assim, a partir daí, as escrituras tornaram-se palavra viva, escutada e partilhada por todos os que Lhe abram o coração. Sim, ninguém mais pode dizer que só os que dominam o grego, ou o latim, ou o aramaico (…) é que podem escutar as cartas de Amor de Deus, que Jesus nos vai revelando. E assim, a Palavra proclamada, em cada Eucaristia, é um momento único de comunhão de Deus com cada um que O escuta e faz, desse encontro íntimo, caminho, estrada, para em e com Jesus, ir comunicando, transmitindo o Amor que Ele é. Mais ainda, mesmo no local mais recôndito, sós, ou acompanhados, podemos sempre meditar e gravar no mais profundo do nosso ser, a Tua Palavra. Obrigada Senhor pelas Tuas maravilhas.


Na 1ªleitura (Is 8, 23b – 9, 3 (9, 1-4)) Isaías situa-nos, não na cidade mais importante de Israel, mas na Galileia dos gentios. É aí, numa terra humilhada e esquecida do Norte, que a Luz brilha, resplandece e traz a alegria e a esperança aos oprimidos, aos desiludidos e aos desencantados da vida. Seja qual for a situação em que nos encontremos, Isaías transmite-nos, na leitura de hoje, que o Senhor está sempre connosco, que a Sua Luz nos ilumina e o Seu Amor nos alimenta, transforma e liberta a nós e a todos aqueles a quem quer chegar através do nosso testemunho de vida. 
“Assim como no tempo passado foi humilhada a terra de Zabulão e de Neftali, também no futuro será coberto de glória o caminho do mar, o Além do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor.”


Na 2ªleitura (1 Cor 1, 10-13.17) S.Paulo exorta-nos a viver em unidade com todos os cristãos, num único e mesmo Senhor - Jesus Cristo. Pelos vistos, desde o início houve divisões, mas a verdade é que só Cristo, o Filho de Deus, é que deu a Sua vida por cada um de nós e nos reconquistou para Deus Pai. Se, só um é o Nosso Senhor, o nosso Deus, porquê tanta divisão e contenda? Que Deus tenha compaixão de nós e nos santifique. 
“Irmãos: Rogo-vos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma linguagem e que não haja divisões entre vós, permanecendo bem unidos, no mesmo pensar e no mesmo agir. Eu soube, meus irmãos, pela gente de Cloé, que há divisões entre vós, que há entre vós quem diga: «Eu sou de Paulo», «eu de Apolo», «eu de Pedro», «eu de Cristo». Estará Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Foi em nome de Paulo que recebestes o Batismo? Na verdade, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho; não, porém, com sabedoria de palavras, a fim de não desvirtuar a cruz de Cristo.”


No evangelho de hoje (Mt 4, 12-23) Jesus inicia a Sua vida pública, na Galileia, ao saber que João Batista tinha sido preso. E fá-lo dando continuidade ao que o precursor tinha iniciado, apelando a uma conversão de coração e ao arrependimento. É nesta fase inicial da Sua vida  pública, que Jesus chama os seus colaboradores diretos. O que mais me impressiona é a forma como o Senhor Jesus olha para cada um dos apóstolos e os chama. Jesus vê para além do homem, reconhece quem tem na frente, estabelece uma comunhão com o indivíduo e chama cada um. Ele sabe quem é cada um dos que chama a colaborar na nova evangelização. E eles aderem à proposta que lhes é feita. Deus continua a chamar…Peçamos ao Senhor por todos aqueles a quem Ele já chamou, mas também por aqueles a quem ainda vai convidar. Que Jesus seja a única força de todos.
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, estrada do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.”


Senhor, que sejas o único Amor da minha vida.

sábado, 25 de janeiro de 2020

DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS


"Portanto estabeleço que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus. Este Domingo da Palavra de Deus colocar-se-á, assim, num momento propício daquele período do ano em que somos convidados a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos. Não se trata de mera coincidência temporal: a celebração do Domingo da Palavra de Deus expressa uma valência ecuménica, porque a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida."
Papa Francisco in nº3, da Carta Apostólica  “Aperuit illis”

Domingo da Palavra de Deus: 15 ideias para 365 dias

Por decisão do papa Francisco, a 26 de janeiro será celebrado em toda a Igreja o primeiro Domingo da Palavra de Deus. Trata-se de uma decisão esperada, que tinha sido anunciada na conclusão do Jubileu extraordinário da misericórdia. A data tem uma vertente ecuménica, dado que entre 18 e 25 de janeiro assinala-se, no hemisfério norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
A decisão de Francisco é particularmente apreciada pelos muitos cristãos conscientes da exigência de colocar no centro da sua vida de fé a Bíblia, Primeiro e Segundo Testamento, na convicção de que a leitura atenta, séria, crítica das Sagradas Escrituras está estreitamente ligada às suas vidas, oferece estímulos e suscita questionamentos, oferece clarões de luz e sacode surpreendentemente a rotina.
Eis como um destes crentes leu os quinze parágrafos da carta apostólica “Aperuit illis” (30/9/2019), com a qual o papa Francisco instituiu, a partir de 2020, o Domingo da Palavra de Deus.

1. Para conhecer Cristo e compreender a missão da Igreja
A relação entre Cristo ressuscitado, a Igreja e a Sagrada Escritura é vital para a nossa identidade de cristãos. Sem o Senhor que nos abre a mente à compreensão das Escrituras é impossível compreendê-las em profundidade, mas o contrário é igualmente verdadeiro: sem a Sagrada Escritura permanecem indecifráveis os acontecimentos da missão de Jesus e da sua Igreja no mundo. A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo.

2. Uma riqueza inesgotável a colocar à disposição de todos
A riqueza da Palavra de Deus é inesgotável. É muito mais aquilo que nos escapa dela do que o quanto conseguimos compreender, e as belezas que a coloram são de tal maneira múltiplas, que aqueles que perscrutam podem contemplar o que mais preferem. O seu grande valor dever ser percecionado pelos cristãos na sua existência diária. Em cada comunidade sejam asseguradas iniciativas úteis para que na vida do povo cristão nunca falte a relação viva com a Palavra do Senhor, e todo o crente beneficie de um dom tão grande e empenhe-se a vivê-lo no quotidiano, testemunhando-o com coerência.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - 2



O DRAMA DOS MIGRANTES

“Trataram-nos com gentileza”: este versículo dos Atos dos Apóstolos (28,2) é o tema do subsídio da Semana de Oração pela Unidade de Cristãos 2020. O texto foi redigido pelas Igrejas cristãs de Malta e Gozo.


Abraçadas pela providência de Deus

O episódio do naufrágio “repropõe o drama da humanidade diante do terrificante poder dos elementos da natureza”, e a capacidade de Paulo de se elevar “como um farol de paz no tumulto”, porque “ele sabe que a sua vida está nas mãos de Deus”. O subsídio coloca em evidência que no naufrágio “pessoas diversas e em desacordo entre elas, desembarcam juntas sãs e salvas”, “abraçadas pelo amor e pela providência de Deus”.
Segundo o subsídio, a analogia com a atualidade é evidente: “Hoje muitas pessoas enfrentam os mesmos perigos no mesmo mar. Os mesmos lugares citados nas Escrituras caracterizam as histórias dos migrantes de hoje. Em várias partes do mundo, muitas pessoas enfrentam viagens perigosas, por terra e pelo mar, para fugir de desastres naturais, guerras e pobreza. Também para eles, são vidas à mercê de forças imensas e altamente indiferentes, não só naturais, mas também políticas, económicas e humanas”.

Indiferença e acolhimento

“Somos coniventes com as forças indiferentes ou acolhemos com humanidade, tornando-nos assim testemunhas da amorosa providência de Deus para com cada pessoa? É a pergunta colocada, enquanto se reitera que “a hospitalidade é uma virtude altamente necessária na busca da unidade entre cristãos”.
Durante a Semana de Oração, que se celebra todos os anos de 18 a 25 de janeiro (no Brasil é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes), serão aprofundados oito temas, um por dia: reconciliação, luz, esperança, confiança, força, hospitalidade, conversão e generosidade. 
O subsídio repercorre a situação ecuménica das ilhas de Malta e Gozo: “Embora a população atual, de cerca de 430 mil habitantes, seja na maioria católica, há um significativo número de cristãos de outras tradições. Portanto o ecumenismo não constitui uma experiência nova para a população. A posição de Malta, encruzilhada de civilizações, religiões, comércios e migrações, fez com que os seus habitantes sejam particularmente hospitaleiros”.

Preparação dos subsídios

Hoje o Conselho Ecuménico de Malta, fundado em 1995 pelo jesuíta Maurice Eminyan, inclui representantes de várias Igrejas que se encontram, a cada dois meses, para discutir questões ecuménicas e organizar encontros de diálogo e de oração. As relações são caracterizadas por um “profundo respeito e autêntica colaboração”. Por exemplo, “a ajuda da Igreja Católica foi preciosa para encontrar lugares apropriados para as várias Igrejas ortodoxas, como aconteceu com a Igreja Católica, em Gozo, que abriu as suas portas para oferecer lugares de culto aos anglicanos e aos outros cristãos de tradição reformada”. Para além dos momentos de oração conjuntos, há outras iniciativas ecuménicas, das quais se destacam: um projeto comum de diaconia; a atividade de solidariedade com os idosos e doentes; a organização do Dia de Oração para a Criação que se celebra no 1º dia de setembro.
 “A colaboração ecuménica em vários setores foi um válido instrumento para promover a causa da unidade dos cristãos em Malta – conclui o subsídio – o clima ecuménico que se respira é muito positivo, e Malta pode representar um microcosmo de diálogo ecuménico relevante também a nível internacional”.

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos -1



(...)

Sempre acreditei
que ser muçulmano
é ser bom crente
que ser judeu é um privilégio
que o cristianismo é Cristo que se repete
de geração em geração dizendo
sede irmãos
Sempre acreditei
que quem não tem fé
não é um ateu
mas alguém à espera de testemunho
Sempre acreditei
que a paz é o caminho da vida
Não sou um iludido
nem mesmo hoje quando o mundo
grita vingança
Conversão é abertura
se não existe
o mundo é crime
é terrorismo
é lei do mais forte
«Onde há ódio, que eu leve o amor»
mas como
se estou paralisado
mudo
Ensina-me Senhor
um caminho novo
para falar de paz
para dizer de coração
somos irmãos
Confio-te Senhor 
o meu medo
Tu que os paralíticos
fazes andar
os mudos falar


Ernesto Olivero

In "Avvenire"

Trad.: Rui Jorge Martins

sábado, 18 de janeiro de 2020

DOMINGO II DO TEMPO COMUM


No domingo passado, pudemos contemplar o batismo de Jesus e trazer, para o presente, também esse momento tão importante na vida de cada cristão, que é o dia da sua entrada na família de Deus, isto é, o dia do batismo. Hoje, a liturgia , continuando o caminho iniciado a semana passada, desafia-nos a assumir a nossa condição de batizados e a fazer como João Batista, ou seja, a deixar que o Espírito Santo, que, desde esse dia, nos habita, nos preencha por inteiro, de tal forma que possamos ir crescendo em Jesus, que é a raiz que nos sustenta e nos vai revelando Deus Amor.

Na 1ªleitura (Is 49, 3.5-6) o profeta Isaías antecipa a vinda do “Servo de Javé”, da “luz das nações”, cuja presença no meio de nós, nos é anunciada, no Evangelho, por João Batista. Jesus é o cumprimento da promessa, por Ele e n’Ele a salvação chega a todos os cantos do mundo. É Ele que nos dá a conhecer Deus Amor. É Ele, pelo que diz e faz, que nos permite vislumbrar quem é Deus e o quanto ama infinitamente cada um de nós, Seus filhos no Filho. É Ele quem nos faz sentir verdadeiramente amados por Deus. É n’Ele que passamos, também cada um de nós, a anunciar Deus, eternamente enamorado de cada um dos Seus filhos. “Disse-me o Senhor: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».”

Na 2ªleitura (1 Cor l, 1-3) S.Paulo começa a sua carta aos Coríntios pela saudação habitual no seu tempo, em que aproveita para nos relembrar que, pelo batismo fomos gratuitamente chamados por Deus à fé e santificados em Jesus Cristo. Que o Senhor Jesus nos torne portadores da Sua paz. “Irmãos: Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Cristo Jesus e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade, com todos os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.”

No evangelho (Jo 1, 29-34) João Batista dá testemunho de que Jesus é o Filho de Deus. Dá a impressão de que João só no momento do batismo do Senhor é que reconheceu em Jesus, seu primo, o Filho de Deus. E, a partir daí, João, que já antes falava d’Ele, mesmo sem O conhecer, passou a anunciar a Sua vinda, a proclamar a Sua presença no meio dos homens, com todo o desassombro e ainda com mais autoridade.“Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim batizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a batizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que batiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».”

Senhor, que a minha alma se deixe encher, repassar, ensopar pelo Teu Santo Espírito.

sábado, 11 de janeiro de 2020

FESTA DO BATISMO DO SENHOR - 2020
Adaptado de "Dibujos de Fano"

Terminado o tempo festivo do Natal, a Igreja Católica continua em festa, pois hoje celebramos o Batismo do Senhor Jesus. E, como cada um de nós, batizados, agradece e festeja esse dia marcante na sua história pessoal de ser humano cristão, também a humanidade torna presente e por isso festeja o dia do Batismo de Jesus. Na verdade, sendo Deus, Jesus era santo e imaculado, não precisando, em nada, do batismo de João, que convidava ao arrependimento e perdão dos pecados, que Ele não tinha, mas, como qualquer judeu do seu tempo, quis submeter-se ao ritual, de fé, do povo em que nasceu. E, em boa hora o fez, pois todos nós passámos a beneficiar desse Seu ato de amor, uma vez que, a partir desse momento, n’Ele, por Ele e para Ele, os céus abriram-se e foi restabelecida a Aliança do Pai com esta humanidade de ontem, de hoje e de sempre. O Menino, ontem nascido pobremente, num qualquer estábulo de Belém, é hoje um jovem, que somos convidados a continuar a contemplar, pois, n’Ele, Deus continua a manifestar o Seu profundo e ilimitado Amor por cada um de nós, Seus filhos no Filho, e vai-Se-nos revelando, à medida que o nosso coração se Lhe vai abrindo. Deixemo-nos conduzir e inundar pelo Seu Amor, ao longo desta nova etapa da caminhada, que nos guiará até à fase seguinte - o tempo da quaresma.

A 1ª leitura (Is 42, 1-4.6-7) projeta-nos diretamente para o Evangelho, para o “Servo”, para o Eleito de Deus, para a Luz das nações que veio restabelecer a Aliança de Deus com os homens: Jesus Cristo. Deixemos que Ele nos abra os olhos e nos liberte das trevas, a fim de que sejamos instrumentos da Sua proclamação e estabelecimento da justiça para todos.
«Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».


Na 2ªleitura (Atos 10, 34-38) S. Pedro alarga a dimensão do batismo cristão a todos os homens de boa vontade que o desejem, independentemente do seu credo, povo, raça, ou língua. Ninguém, fica de fora, todos são convidados a receber a manifestação do Espírito Santo e a fazer parte da Igreja de Cristo, da família de Deus.
“Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».”


No evangelho (Mt 3, 13-17) o Céu desce à Terra e revela-nos Jesus, como o “Filho muito amado de Deus Pai, no qual pôs a Sua complacência”. Neste momento, Deus Uno e Trino revela-se presente na história humana. É, na verdade, um momento único em que se inicia uma caminhada de Amor sem fim, em que Jesus, Deus feito homem, a viver connosco, nos vai revelando Deus e o seu Amor infinito e total por cada um de nós, Seus filhos no Filho. Que todos queiramos, desejemos fazer parte desta relação de Amor sem fim. Deus é Amor, que nunca se esgota e está sempre à espera, de braços abertos, por todos os que O procuram de coração sincero. Nunca, mas mesmo nunca, nos rejeita. Deixemo-nos amar por Ele. Confiemos verdadeiramente n’Ele, que é o Amor, e entreguemos-Lhe tudo o que somos e temos.
“Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser batizado por Ti e Tu vens ter comigo?». Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse. Logo que Jesus foi batizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».”

Senhor, que o meu coração se deixe amar totalmente por Ti, em todos os momentos e circunstâncias.

sábado, 4 de janeiro de 2020

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR - 2020


Hoje, nas leituras dominicais, Deus manifesta-se em Jesus, Seu muito amado Filho. N’Ele encontramos a Luz que nos conduz à salvação. É a luz salvadora do Amor de Deus, que, por cada um de nós e por toda a humanidade, vem ao encontro dos que O procuram de coração sincero e se faz presente no meio de nós, nos habita e nos inunda.


Na 1ªleitura (Is 60, 1-6) somos envolvidos na alegria dos que vêm de longe, mais especificamente do Oriente, adorar o Menino Jesus e louvar, dar glória a Deus. Façamos nós também como eles e demos Glória ao Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim. 
“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.”


 Na 2ªleitura (Ef 3, 2-3a.5-6)  S.Paulo é categórico: para Deus não há gregos, nem romanos, nem escravos, nem homens livres, nem judeus, todos somos chamados a fazer parte do projeto de Amor, que Deus tem para todos os homens, de todos os tempos. Todos somos filhos no Filho, que agora, no Menino deitado sobre as palhas da manjedoura, somos convidados a contemplar e a louvar.
“Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho."


No Evangelho (Mt 2, 1-12), a catequese que S.Mateus nos apresenta, está cheia de sinais: o encontro; a estrela; os magos; as atitudes diante da estrela; os presentes; o caminho a seguir para procurar Jesus.  Os magos encontram Jesus. Todo aquele que se deixa guiar, por Jesus, encontra Deus nos caminhos da sua vida. A estrela simboliza Jesus, a luz que nos guia. Os magos representam todos os povos, que se deixam guiar para Deus e O procuram de coração sincero. E, como eles, somos desafiados a oferecer o que de melhor temos a Deus. 
“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.”



Eu te louvo e bendigo meu Deus, porque amas infinitamente cada ser humano e a todos queres salvar. Bendito e louvado sejas Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim. Ámen!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

1 de Janeiro de 2020 - Dia Mundial da Paz


MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ

1º DE JANEIRO DE 2020

«A PAZ COMO CAMINHO DE ESPERANÇA: DIÁLOGO, RECONCILIAÇÃO E CONVERSÃO ECOLÓGICA»

1. A paz, caminho de esperança face aos obstáculos e provações

A paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a humanidade. Depor esperança na paz é um comportamento humano que alberga uma tal tensão existencial, que o momento presente, às vezes até custoso, «pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros dessa meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho»[1]. Assim, a esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis.
A nossa comunidade humana traz, na memória e na carne, os sinais das guerras e conflitos que têm vindo a suceder-se, com crescente capacidade destruidora, afetando especialmente os mais pobres e frágeis. Há nações inteiras que não conseguem libertar-se das cadeias de exploração e corrupção que alimentam ódios e violências. A muitos homens e mulheres, crianças e idosos, ainda hoje se nega a dignidade, a integridade física, a liberdade – incluindo a liberdade religiosa –, a solidariedade comunitária, a esperança no futuro. Inúmeras vítimas inocentes carregam sobre si o tormento da humilhação e da exclusão, do luto e da injustiça, se não mesmo os traumas resultantes da opressão sistemática contra o seu povo e os seus entes queridos.
SOLENIDADE DE SANTA MARIA,
MÃE DE DEUS


Eis-nos chegados ao ano de 2020!  Neste primeiro dia do ano, a Igreja, para além de festejar a chegada de um novo ano, celebra especialmente a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e, desde 1968, o então Papa Paulo VI instituiu, neste dia, o Dia Mundial da Paz, como um dia especialmente dedicado à oração pela paz no mundo.

As leituras de hoje são, por um lado, um convite a colocar tudo o que somos e temos, novos projetos de vida, realizações, que são continuidade de atividades, ou planos já iniciadas no(s) ano(s) anterior(es), sonhos por concretizar, surpresas da vida(…)nas mãos de Deus, invocando as Suas Bênçãos sobre nós e sobre toda a Humanidade; mas por outro lado, são também um desafio a confiar e a acreditar que, sejam quais forem as circunstâncias que formos chamados a viver, ao longo do novo ano, na nossa vida, Deus nunca, mas nunca mesmo, nos deixa sós, pois caminhará sempre connosco, qual Pai extremoso e totalmente enamorado de cada um de nós, Seus filhos no Filho. A exemplo de Maria, somos desafiados a ir aprendendo a contemplar Deus em todas as situações.

A 1ª leitura (Num 6, 22-27) fez-me recuar muitos anos, até aos tempos da minha meninice, quando, crianças pequeninas, pedíamos a bênção aos pais, aos avós e aos tios, no momento em que os encontrávamos, pela primeira vez, naquele dia. Recebíamos a bênção e lá partíamos descansados e confiantes para as nossas brincadeiras, ou afazeres mais sérios. O sentido da bênção, do pedido de proteção a quem nos quer bem, a quem cuida de nós, a quem nos ama, no caso de Deus, infinitamente, é um pouco o que acho que Moisés nos propõe na 1ªleitura de hoje. Qual crianças de outros tempos, peçamos a Deus a Sua bênção e deixemos que o Seu Santo Espírito nos habite, para podermos ser portadores do Seu Amor a todos os que fizerem parte dos nossos caminhos, ao longo do novo ano. 
“O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».”

Na 2ªleitura (Gal 4, 4-7) S.Paulo, neste primeiro dia do ano, centra-nos no Amor infinito de Deus por cada um de nós, numa relação de comunhão filial tão profunda, que no Seu Filho, pelo Espírito Santo, nos tornou Seus filhos. Sim, diz-nos S.Paulo, por e em Jesus, que se fez um de nós, também nós podemos: chamar a Deus “Abá, Pai”; pedir a Sua Bênção; ser livre n’Ele. Inclinemos a nossa cabeça sobre o Seu peito e deixemos que nos estreite nos braços e que seja o Único em que nos apoiemos sempre.
“Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.”

No Evangelho (Lc 2, 16-21) somos convidados, por S.Lucas, a louvar e dar graças a Deus pelo milagre que se desenrola perante os nossos olhos: Deus, na pessoa do Seu amado Filho, fez-se um de nós, habita-nos. Não há palavras para explicar tão grande mistério de Amor. Façamos como os pastores, louvemos e dêmos glória a Deus pelo Seu Amor infinito por cada um de nós. Confiemos, contemplemos Deus Amor, e peçamos a Maria que nos guie no nosso caminho para Deus.  
“Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.”

Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Santa Maria, Mãe de Deus, protegei-nos ao longo deste novo ano.
Santa Maria, Mãe de Deus, guiai-nos de forma a fazermos a vontade de Deus.
Santa Maria, Mãe de Deus, ensinai-nos a amar o Vosso Filho, como vós O amastes, na totalidade do nosso ser.  

Boas Festas!