sábado, 27 de abril de 2019

DOMINGO II DA PÁSCOA 
ou 
DA DIVINA MISERICÓRDIA


Na segunda semana da Páscoa, a liturgia desafia-nos a dar testemunho, na nossa vida, em toda e qualquer situação, de que acreditamos verdadeiramente que Jesus está vivo e ressuscitado no meio de nós.


Na 1ªleitura (Actos 5, 12-16) damo-nos conta da forma como cresciam as primeiras comunidades, graças à ação do Espírito Santo, que agia nos apóstolos e, através deles, no coração de quem os escutava de coração sincero. O desafio que hoje nos é colocado é o mesmo, isto é, somos "convocados" a viver em comunidade, como os primeiros cristãos, que radicados em Jesus ressuscitado, fortalecidos pelo Espírito Santo, se ajudavam uns aos outros, tudo punham em comum e se amavam de tal forma entre si, que , pelo seu testemunho de vida, atraíam cada vez mais pessoas a seguir Jesus Cristo vivo e ressuscitado e a proclamar os Seus ensinamentos. 
“Pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo. Unidos pelos mesmos sentimentos, reuniam-se todos no Pórtico de Salomão; nenhum dos outros se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo enaltecia-os. Uma multidão cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor pela fé, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Das cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.” 


Na 2ªleitura (Ap 1, 9-11a.12-13.17-19) S.João  dá-nos força e confiança, apontando-nos, como único caminho, Jesus Cristo, que está vivo e ressuscitado no meio de nós. Se Ele, e só Ele, for a única força em que nos apoiemos, nada, nem ninguém, poderá separar-nos do Amor de Deus. 
“Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, semelhante à da trombeta, que dizia: «Escreve num livro o que vês e envia-o às sete Igrejas». Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um filho do homem, vestido com uma longa túnica e cingido no peito com um cinto de ouro. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Mas ele poisou a mão direita sobre mim e disse-me: «Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e da morada dos mortos. Escreve, pois, as coisas que viste, tanto as presentes como as que hão de acontecer depois destas».”


No evangelho (Jo 20, 19-31) Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, que, finalmente, acreditam que Ele ressuscitou. E embora S.Tomé, neste primeiro encontro, não esteja presente, da segunda vez, na presença do Senhor, integrado na comunidade, fará a sua profissão de fé. Recebamos também nós a paz, a alegria, a confiança que o Senhor lhes transmitiu e acreditemos que o Senhor Jesus, ressuscitou e vive, habita por inteiro, nos nossos corações, hoje, em pleno século XXI. Deixemo-nos inundar pelo Seu Amor e sejamos suas testemunhas, no dia a dia da vida, junto daqueles com quem vivemos, nos cruzamos, ou nos movemos.
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.” 


Senhor eu creio que estás vivo, ressuscitaste. Aleluia!

sábado, 20 de abril de 2019

DOMINGO DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR


Vou  hoje recorrer ao Precónio Pascal, da noite da vigília, para  louvar a Deus, para exultar de alegria, porque Jesus Ressuscitou, está vivo, no meio de nós, porque Ele venceu a morte. É, sem dúvida, um dos mais belos hinos que conheço. Aleluia! Aleluia! Aleluia! 
Exulte de alegria a multidão dos Anjos, exultem as assembleias celestes, ressoem hinos de glória, para anunciar o triunfo de tão grande Rei.
Rejubile também a terra, inundada por tão grande claridade, porque a luz de Cristo, o Rei eterno, dissipa as trevas de todo o mundo.
Alegre-se a Igreja, nossa mãe, adornada com os fulgores de tão grande luz, e ressoem neste templo as aclamações do povo de Deus.
É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação  proclamar com todo o fervor da alma e toda a nossa voz os louvores de Deus invisível, Pai omnipotente, e do seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, nosso Senhor.
Ele pagou por nós ao eterno Pai a dívida por Adão contraída e com seu Sangue precioso apagou a condenação do antigo pecado.
Celebramos hoje as festas da Páscoa, em que é imolado o verdadeiro Cordeiro, cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.
Esta é a noite, em que libertastes do cativeiro do Egipto os filhos de Israel, nossos pais, e os fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.
Esta é a noite, em que a coluna de fogo dissipou as trevas do pecado.
Esta é a noite, que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo aqueles que hoje por toda a terra creem em Cristo, noite que os restitui à graça e os reúne na comunhão dos Santos.
Esta é a noite, em que Cristo, quebrando as cadeias da morte, Se levanta glorioso do túmulo.
Oh admirável condescendência da vossa graça!
Oh incomparável predileção do vosso amor! Para resgatar o escravo entregastes o Filho. 
Oh necessário pecado de Adão, que foi destruído pela morte de Cristo!
Oh ditosa culpa, que nos mereceu tão grande Redentor! 
Esta noite santa afugenta os crimes, lava as culpas; restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes. 
Oh noite ditosa, em que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!
Nesta noite de graça, aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor, que, na oblação deste círio, pelas mãos dos seus ministros Vos apresenta a santa Igreja.
Nós Vos pedimos, Senhor, que este círio, consagrado ao vosso nome, arda incessantemente para dissipar as trevas da noite; e, subindo para Vós como suave perfume, junte a sua claridade à das estrelas do céu. Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã, aquele astro que não tem ocaso, Jesus Cristo vosso Filho, que, ressuscitando de entre os mortos, iluminou o género humano com a sua luz e a sua paz e vive glorioso pelos séculos dos séculos. 

Esta é a noite das noites!

Nas leituras da vigília pascal somos convidados a contemplar Deus através de várias leituras: começamos com Deus Criador do mundo; seguimo-Lo como Deus que acompanha todo o percurso do povo escolhido; acolhemos a manifestação infinita do Amor de Deus, que se faz presente na nossa história individual, mas também na história da nossa comunidade paroquial e na história de toda a humanidade; terminamos no triunfo de Jesus sobre a morte. Tudo nos conduz a uma aclamação sem fim a Jesus, que todo se deu, por nosso amor e nos revela o Amor infinito do Pai por cada um de nós. 


Sim, o coração canta, a alma rejubila e diante dos nossos olhos acontece um verdadeiro milagre de Amor: a morte foi vencida, Jesus Cristo Ressuscitou.


Evangelho (Jo 20, 1-9) da missa do dia de Domingo de Páscoa:

“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.” 
Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus. 

SEXTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR 


Depois de vivenciarmos, num ambiente de agradecimento, alegria e louvor, a celebração da instituição da Eucaristia, entrámos num tempo de reflexão e recolhimento, de meditação e de contemplação do imenso, infinito e contínuo Amor de Deus por todos e por cada um de nós, manifestado na entrega total de Jesus Cristo, o Messias, na Cruz, por amor ao Pai e para salvação da humanidade.
As leituras da celebração da Paixão do Senhor centram-nos, e ao mesmo tempo, projetam-nos para o mistério do sofrimento e morte de Jesus, não de uma forma derrotista e desesperada, mas numa certeza de resposta do Filho ao Pai, numa adesão total, numa confiança sem limites e na entrega redentora do Inocente, sem mácula, nem mancha, em favor, ou melhor, para salvação, dos pecadores, isto é, de cada um de nós. Jesus, na Cruz, qual cordeiro imolado, assumiu os nossos pecados, libertou-nos, branqueou as nossas vestes com o Seu sangue e restitui-nos a vida, resgatou-nos para Deus. Neste momento se, por um lado, contemplamos uma intimidade total de Jesus com o Pai, pelo outro somos inundados pelo Amor infinito que tem por cada um de nós, na certeza de que venceu a morte e vive no coração de todo o que O procura de coração sincero e a Ele se abre. Como nos amas Senhor, Tu que nos conheces no mais íntimo de nós mesmos e sabes do que somos capazes, por nós foste submetido ao maior dos suplícios, a morte de Cruz, e tudo suportaste como cordeiro levado ao matadouro. Não há palavras que consigam explicar esta loucura do Amor de Deus, por cada um de nós, tal qual é! Obrigada meu Senhor e meu Deus. Bendito e louvado sejas Senhor hoje e sempre pelos séculos sem fim. Ámen.


1ª Leitura  (Is 52, 13 – 53, 12) 
“Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano – assim se hão de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.”



SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc 23, 46)
 
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Tornei-me o escárnio dos meus inimigos, 
o desprezo dos meus vizinhos
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objeto abandonado.

Eu, porém, confio no Senhor: 
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem.

Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.


2ªLeitura (Hebr 4, 14-16; 5, 7-9) 
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna.”


EVANGELHO (Jo 18, 1-19, 42)  
“Naquele tempo, Jesus saiu com os seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos. Judas, que O ia entregar, conhecia também o local,  porque Jesus Se reunira lá muitas vezes com os discípulos. Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas, enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas. Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-Se e perguntou-lhes:
J «A quem buscais?».
N Eles responderam-Lhe: 
R «A Jesus, o Nazareno». 
N Jesus disse-lhes: 
J «Sou Eu». 
N Judas, que O ia entregar, também estava com eles. Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por terra. Jesus perguntou-lhes novamente: 
J «A quem buscais?». 
N Eles responderam: 
R «A Jesus, o Nazareno». 
N Disse-lhes Jesus: 
J «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a Mim que buscais, deixai que estes se retirem». 
N Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me deste, não perdi nenhum». 
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada,  desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro: 
J «Mete a tua espada na bainha. Não hei de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
N Então, a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O. Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote nesse ano. Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: «Convém que morra um só homem pelo povo».
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote, enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou Pedro para dentro. A porteira disse a Pedro:
R «Tu não és dos discípulos desse homem?». 
N Ele respondeu:
R «Não sou».
N Estavam ali presentes os servos e os guardas, que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se. 
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe:
J «Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse: eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
N A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe: 
R «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas, se falei bem, porque Me bates?».
N Então Anás mandou Jesus manietado ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se.Disseram-lhe então:
R «Tu não és também um dos seus discípulos?».
N Ele negou, dizendo:
R «Não sou».
N Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
R «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
N Pedro negou novamente, e logo um galo cantou. 
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao Pretório. Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa. Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: 
R «Que acusação trazeis contra este homem?».
N Eles responderam-lhe: 
R «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei». 
N Os judeus responderam:
R «Não nos é permitido dar a morte a ninguém». 
N Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito, ao indicar de que morte ia morrer. 
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório,  chamou Jesus e perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?».
N Jesus respondeu-lhe:
J «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Porventura sou eu judeu?O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a Mim. Que fizeste?». 
N Jesus respondeu:
J «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Então, Tu és Rei?». 
N Jesus respondeu-lhe:
J «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». 
N Disse-Lhe Pilatos:
R «Que é a verdade?».
N Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus: 
R «Não encontro neste homem culpa nenhuma. Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa. Quereis que vos solte o Rei dos judeus?». 
N Eles gritaram de novo:
R «Esse não. Antes Barrabás».
N Barrabás era um salteador. 
Então Pilatos mandou que levassem Jesus e O açoitassem. Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça e envolveram Jesus num manto de púrpura. Depois aproximavam-se d’Ele e diziam:
R «Salve, Rei dos judeus».
N E davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse: 
R «Eu vo-l’O trago aqui fora, para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».
N Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes:
R «Eis o homem». 
N Quando viram Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram:
R «Crucifica-O! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos: 
R «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O, que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
N Responderam-lhe os judeus:
R «Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque Se fez Filho de Deus». 
N Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado. Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus: 
R «Donde és Tu?».
N Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e para Te crucificar?». 
N Jesus respondeu-lhe:
J «Nenhum poder terias sobre Mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado». 
N A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus. Mas os judeus gritavam:
R «Se O libertares, não és amigo de César: todo aquele que se faz rei é contra César».
N Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos judeus: 
R «Eis o vosso Rei!».
N Mas eles gritaram:
R «À morte, à morte! Crucifica-O!».
N Disse-lhes Pilatos:
R «Hei-de crucificar o vosso Rei?».
N Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes:
R «Não temos outro rei senão César».
N Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado.E eles apoderaram-se de Jesus. Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário, que em hebraico se diz Gólgota. Ali O crucificaram, e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus no meio. 
Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito: «Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus». Muitos judeus leram esse letreiro, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico, grego e latim. Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus:
R «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o Rei dos judeus’».
N Pilatos retorquiu:
R «O que escrevi está escrito».
N Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida de alto a baixo como um todo. Disseram uns aos outros:
R «Não a rasguemos, mas lancemos sortes, para ver de quem será».
N Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica». Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto, Jesus disse a sua Mãe:
J «Mulher, eis o teu filho».
N Depois disse ao discípulo:
J «Eis a tua Mãe».
N E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse:
J «Tenho sede».
N Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: 
J «Tudo está consumado».
N E, inclinando a cabeça, expirou.
N Por ser a Preparação, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado, – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso Lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão de olhar para Aquele que trespassaram». Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-lho. José veio então tirar o corpo de Jesus. Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus. Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes, como é costume sepultar entre os judeus. 
No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro ficava perto, depositaram Jesus." 

ORAÇÃO UNIVERSAL

I.               Pela santa Igreja
Oremos, irmãos caríssimos, pela santa Igreja de Deus, para que o Senhor lhe dê a paz, a confirme na unidade e a proteja em toda a terra, 
e a todos nós conceda uma vida calma e tranquila, para glória de Deus Pai todo-poderoso. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que em Jesus Cristo revelastes a vossa glória a todos os povos da terra, protegei a obra da vossa misericórdia, para que a Igreja, dispersa por todo o mundo, persevere firme na fé para dar testemunho do vosso nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

II. Pelo Papa
Oremos pelo nosso Santo Padre, o Papa N., 
para que Deus nosso Senhor, que o elevou ao episcopado, o conserve e defenda na sua Igreja 
para governar o povo santo de Deus. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que tudo governais com sabedoria, atendei favoravelmente as nossas súplicas e, por vossa bondade, protegei o Pastor que escolhestes para a vossa Igreja, a fim de que o povo cristão, governado por Vós sob a direção do Sumo Pontífice, progrida sempre na fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

III. Por todos os ministros e pelos fiéis 
Oremos pelo nosso Bispo N. 
e por todos os bispos, presbíteros e diáconos, 
pelos que exercem na Igreja algum ministério 
e por todo o povo de Deus.

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, cujo Espírito santifica e governa todo o corpo da Igreja, ouvi as súplicas que Vos dirigimos por todos os membros da comunidade cristã, e fazei que, ajudados pela vossa graça, todos Vos sirvam com fidelidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

IV. Pelo catecúmenos
Oremos pelos (nossos) catecúmenos, 
para que Deus nosso Senhor os ilumine interiormente e lhes abra as portas da sua misericórdia, de modo que, recebendo o perdão de todos os seus pecados pela água regeneradora do Batismo, sejam incorporados em Jesus Cristo Nosso Senhor. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que dais continuamente novos filhos à vossa Igreja, aumentai a fé e a sabedoria dos (nossos) catecúmenos, de modo que, renascendo na fonte baptismal, sejam contados entre os vossos filhos de adopção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

V. Pela unidade dos cristãos
Oremos por todos os nossos irmãos que creem em Cristo, para que Deus nosso Senhor lhes dê a graça de viverem a verdade em suas obras 
e os reúna e guarde na unidade da sua Igreja. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que reunis os vossos fiéis dispersos e os conservais na unidade, olhai propício para todo o povo de Cristo, para que vivam unidos pela integridade da fé e pelo vínculo da caridade todos aqueles que foram consagrados pelo mesmo Batismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

VI. Pelos judeus
Oremos pelo povo judeu, para que Deus nosso Senhor, que falou aos seus pais pelos antigos Profetas, o faça progredir no amor do seu nome 
e na fidelidade à sua aliança.

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que confiastes as vossas promessas a Abraão e à sua descendência, atendei com bondade as preces da vossa Igreja, para que o povo da primeira aliança alcance a plenitude da redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


VII. Pelos que não creem em Cristo
Oremos pelos que não creem em Cristo, 
para que, iluminados pelo Espírito Santo, 
possam também eles encontrar o caminho da salvação. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, concedei aos que não creem em Cristo que vivam de coração sincero na vossa presença, a fim de encontrarem a verdade, e a nós, vossos filhos, concedei também a graça de entrar profundamente no mistério de Cristo e de o viver fielmente na união da fraterna caridade, para darmos ao mundo o testemunho perfeito do vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

VIII. Pelos que não creem em Deus
Oremos pelos que não creem em Deus, 
para que, pela retidão e sinceridade da sua vida, 
cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, que criastes os homens para que Vos procurem, de modo que só em Vós descanse o seu coração, concedei-lhes que, no meio das suas dificuldades, compreendendo os sinais do vosso amor e o testemunho dos crentes, todos se alegrem de Vos conhecer como único Deus verdadeiro e Pai de todos os homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

IX. Pelos governantes
Oremos pelos governantes de todas as nações, 
para que Deus nosso Senhor dirija a sua mente e o seu coração segundo a sua vontade, para buscarem sempre a verdadeira paz e a liberdade de todos os povos.

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, em cujas mãos estão os corações dos homens e os direitos dos povos, assisti os nossos governantes, para que, com o vosso auxílio, se fortaleça em toda a terra a prosperidade das nações, a segurança da paz e a liberdade religiosa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

X. Pelos atribulados
Oremos, irmãos, a Deus Pai todo-poderoso, 
para que livre o mundo de todos os erros, 
afaste as doenças e a fome em toda a terra, 
abra as portas das prisões e liberte os oprimidos, 
proteja os que viajam e reconduza ao seu lar os emigrantes e os desterrados, dê saúde aos enfermos e a salvação aos moribundos. 

Oração em silêncio. Depois o sacerdote diz: 
Deus eterno e omnipotente, consolação dos tristes e fortaleza dos que sofrem, ouvi as súplicas dos que Vos invocam nas tribulações, para que todos tenham a alegria de encontrar em suas dificuldades o auxílio da vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus eterno e omnipotente, que nos renovastes pela gloriosa morte e ressurreição de Cristo, confirmai em nós a obra da vossa misericórdia, a fim de que, pela comunhão neste mistério, Vos consagremos toda a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ORAÇÃO SOBRE O POVO
Derramai, Senhor, a vossa bênção sobre este povo que celebrou a morte do vosso Filho na esperança da Sua ressurreição; concedei-lhe o perdão e o conforto, aumentai a sua fé e confirmai-o na esperança da salvação eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.