DOMINGO I DA QUARESMA
As leituras, deste primeiro domingo
da quaresma, ajudam-nos a entrar neste tempo especial de graça, de conversão,
que iniciámos, quarta feira passada, com a imposição das Cinzas. Ao situarem-nos
numa das problemáticas constantes da vida, que é a escolha entre o bem e o mal,
num constante exercício da nossa liberdade, centram-nos na única razão pela
qual vale a pena optar pelo bem: Jesus Cristo. Se nos apoiarmos e radicarmos n’Ele
conseguiremos, passo a passo, com Ele, chegar à vitória final. O caminho é
difícil, mas o timoneiro nunca nos deixa sós e abandonados. Jesus, como vemos
no evangelho, é o primeiro a dar o exemplo, a guiar-nos a nós, caminhantes na estrada
da vida, para Deus Amor, o único que nos ama infinitamente, tal qual somos, mas
espera que, no Filho, nos deixemos abraçar, amar totalmente por Ele.
Na 1ªleitura
(Gen 2, 7-9; 3, 1-7) o autor sagrado insere-nos num dos problemas principais da nossa existência,
enquanto seres pensantes, autónomos, no pleno uso das nossas capacidades, seja
em vivência individual, ou coletiva, que é a opção entre o bem e o mal, seja
qual for a situação com que nos defrontemos. Por que critério nos regemos, quais
são os valores que pautam as nossas escolhas, quem é que nos inspira nos
momentos de dúvida e é o suporte da nossa opção e decisão? Jesus, pela forma como
viveu, pelo testemunho que nos deixou, demonstrou-nos que nunca estamos sós e que
podemos confiar sempre no PAI, isto é, em Deus Amor. Deixemo-nos cativar e
habitar por Jesus, para que n’Ele, sob a ação do Espírito Santo, façamos as escolhas
que Deus espera de nós.
“O Senhor Deus formou o homem do pó
da terra, insuflou em suas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser
vivo. Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, a oriente, e nele
colocou o homem que tinha formado. Fez nascer na terra toda a espécie de
árvores, de frutos agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a
árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Ora,
a serpente era o mais astucioso de todos os animais dos campos que o Senhor
Deus tinha feito. Ela disse à mulher: «É verdade que Deus vos disse: ‘Não
podeis comer o fruto de nenhuma árvore do jardim’?». A mulher respondeu:
«Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore
que está no meio do jardim, Deus avisou-nos: ‘Não podeis comer dele nem
tocar-lhe, senão morrereis’». A serpente replicou à mulher: «De maneira
nenhuma! Não morrereis. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes,
abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o
mal». A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer e agradável à
vista, e precioso para esclarecer a inteligência. Colheu fruto da árvore e comeu;
depois deu-o ao marido, que comeu juntamente com ela. Abriram-se então os seus
olhos e compreenderam que estavam despidos. Por isso, entrelaçaram folhas de
figueira e cingiram os rins com elas.”
Na 2ªleitura (Rom 5, 12-19) é S.Paulo quem nos aponta o único caminho que leva ao encontro com Deus
Amor: Jesus Cristo. Conhecendo a história de vida de S.Paulo, sabemos que a sua
opinião é fruto do que viveu e experimentou, ao longo da sua caminhada na fé, por
isso, dá-nos a certeza de que, em e por Jesus,
todos podemos, se assim o quisermos, ser amados pelo Amor.
“Irmãos: Assim como por um só homem
entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu
todos os homens, porque todos pecaram. De facto, até à Lei, existia o pecado no
mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. Entretanto, a
morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado
por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de
vir. Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram,
com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem,
Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens. E esse dom não é
como o pecado de um só: o julgamento que resultou desse único pecado levou à condenação,
ao passo que o dom gratuito, que veio depois de muitas faltas, leva à
justificação. Se a morte reinou pelo pecado de um só homem, com muito mais
razão, aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça, reinarão
na vida por meio de um só, Jesus Cristo. Porque, assim como pelo pecado de um
só, veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra de justiça
de um só, virá para todos a justificação que dá a vida. De facto, como pela
desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim também, pela
obediência de um só, todos se tornarão justos.”
No evangelho (Mt 4, 1-11) S.Mateus, nesta sua catequese, ajuda-nos a contemplar Jesus que, ao mesmo
tempo que é de condição divina, é também homem. É investindo na condição humana
de Jesus que o diabo joga a sua cartada. Dá para perceber que o diabo conhece
muito bem a condição humana, pois S.Mateus coloca-o a tentar Jesus naquilo que é o mais
importante para o ser humano: a riqueza, o poder e o prestígio. Jesus, que
tinha feito um tempo muito longo de oração, de aprofundamento da Sua comunhão
filial com o Pai, estando em união total com Deus, dá-nos o exemplo do quão é
importante a oração para nos livrarmos das tentações. Ensina-nos a rezar, a
entrar, por Ti, em comunhão com o Pai.
“Naquele tempo, Jesus foi conduzido
pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo. Jejuou quarenta dias
e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe:
«Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães». Jesus
respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus’». Então o Diabo conduziu-O à cidade santa,
levou-O ao pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui
abaixo, pois está escrito: ‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas
mãos, para que não tropeces em alguma pedra’». Respondeu-lhe Jesus: «Também
está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». De novo o Diabo O levou
consigo a um monte muito alto, mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua
glória, e disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares».
Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor
teu Deus e só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo deixou-O e aproximaram-se
os Anjos e serviram-n'O.”
Jesus, Filho de Deus Vivo, tem compaixão
de mim, que sou pecadora.