segunda-feira, 29 de junho de 2020

SOLENIDADE DE S.PEDRO E S.PAULO

Em tempos de pandemia, em confinamento, celebrar os santos populares não é tarefa fácil. Em Porto de Mós temos como padroeiro S.Pedro e nestes dias, foi a nossa vez de “sentirmos na pele” o que tem acontecido por este país, pelo mundo, fora: festejar, mas respeitando e seguindo as normas de segurança que nos têm recomendado, para salvaguarda da saúde de todos os que habitam e vivem nesta nossa Mãe Terra . O nosso pároco e o Município, encontraram uma forma adaptada aos novos tempos, de, mesmo confinados, podermos sentir, mais de perto, respeitando as normas de segurança emanadas da DGS, que somos um concelho irmanado pelo mesmo padroeiro S.Pedro: assim a imagem de S.Pedro foi visitando, em peregrinação, as freguesias que compõem este concelho, ao longo dos dias 27,28 e 29 de junho. Ficam algumas das imagens que encontrei no facebook. 


Deixo também a oração rezada na missa de hoje, em louvor de S.Pedro, creio que feita, em especial, para esta peregrinação da imagem de S.Pedro:



HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de S. Pedro

Segunda-feira, 29 de junho de 2020

Na festa dos dois Apóstolos desta cidade, gostaria de partilhar convosco duas palavras-chave: unidade e profecia.
Unidade. Celebramos conjuntamente duas figuras muito diferentes: Pedro era um pescador que passava os dias entre os remos e as redes; Paulo, um fariseu culto, que ensinava nas sinagogas. Quando saíram em missão, Pedro dirigiu-se aos judeus; Paulo, aos pagãos. E, quando se cruzaram os seus caminhos, discutiram animadamente, como Paulo não tem vergonha de contar numa carta (cf. Gal 2, 11-14). Enfim, eram duas pessoas muito diferentes, mas sentiam-se irmãos, como numa família unida onde muitas vezes se discute mas sem deixar de se amarem. Contudo a familiaridade, que os unia, não provinha de inclinações naturais, mas do Senhor. Ele não nos mandou agradar, mas amar. É Ele que nos une, sem nos uniformizar. Une-nos nas diferenças.
A primeira Leitura de hoje leva-nos à fonte desta unidade. Narra que a Igreja, pouco depois de ter nascido, passava por uma fase crítica: Herodes não lhe dava paz, a perseguição era violenta, o apóstolo Tiago fora morto; e agora acabou preso o próprio Pedro. A comunidade parece decapitada; cada qual teme pela própria vida. Contudo, neste momento trágico, ninguém foge, ninguém pensa em salvar a pele, ninguém abandona os outros, mas todos rezam juntos. Da oração, tiram coragem; da oração, vem uma unidade mais forte do que qualquer ameaça. Diz o texto que, «enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). A unidade é um princípio que se ativa com a oração, porque a oração permite ao Espírito Santo intervir, abrir à esperança, encurtar as distâncias, manter-nos juntos nas dificuldades.
Notemos outra coisa: naqueles momentos dramáticos, ninguém se lamenta do mal, das perseguições, de Herodes. Ninguém insulta Herodes; e nós estamos tão habituados a insultar os responsáveis. É inútil, e até chato, que os cristãos percam tempo a lamentar-se do mundo, da sociedade, daquilo que está errado. As lamentações não mudam nada. Lembremo-nos de que as lamentações são a segunda porta que fechamos ao Espírito Santo, como vos disse no dia de Pentecostes: a primeira é o narcisismo, a segunda o desânimo, a terceira é o pessimismo. O narcisismo leva-te a parar diante do espelho, a olhar continuamente para ti; o desânimo, às lamentações; o pessimismo, ao enigmático, à escuridão. Estas três atitudes fecham a porta ao Espírito Santo. Aqueles cristãos não culpavam, mas rezavam. Naquela comunidade, ninguém dizia: «Se Pedro tivesse sido mais cauteloso, não estaríamos nesta situação». Ninguém o dizia. Humanamente havia motivos para criticar Pedro, mas ninguém o criticava. Não murmuravam contra ele, mas rezavam por ele. Não falavam por trás, mas falavam com Deus. Hoje, podemos interrogar-nos: «Guardamos a nossa unidade com a oração: a nossa unidade da Igreja? Rezamos uns pelos outros?» Que aconteceria se se rezasse mais e murmurasse menos, deixando a língua um pouco mais tranquila? Aquilo que aconteceu a Pedro na prisão: como então, muitas portas que separam, abrir-se-iam; muitas algemas que imobilizam, cairiam. E nós ficaríamos maravilhados, como sucedeu àquela serva que, ao perceber que Pedro está à porta, nem pensa em abrir mas volta para a sala a correr, estupefacta pela alegria de ter ouvido a voz de Pedro (cf. At 12, 10-17). Peçamos a graça de saber rezar uns pelos outros. São Paulo exortava os cristãos a rezar por todos, mas em primeiro lugar por quem governa (cf. 1 Tim 2, 1-3). «Mas este governante é...», e os adjetivos são muitos. Não os digo, porque este não é o momento nem o lugar para repetir os adjetivos que se ouvem contra os governantes. Deixemos que Deus os julgue! Nós rezemos pelos governantes. Rezemos… Precisam da nossa oração. É uma tarefa que o Senhor nos confia. Temo-la cumprido? Ou limitamo-nos a falar, a insultar? Quando rezamos, Deus espera que nos lembremos também de quem não pensa como nós, de quem nos bateu a porta na cara, das pessoas a quem nos custa perdoar. Só a oração desata as algemas, como a Pedro; só a oração deixa livre o caminho para a unidade.
Neste dia, benzem-se os pálios que serão entregues ao Decano do Colégio Cardinalício e aos Arcebispos Metropolitas nomeados no decorrer do último ano. O pálio recorda a unidade entre as ovelhas e o Pastor que, como Jesus, carrega a ovelha aos ombros e nunca mais a larga. Além disso, segundo uma bela tradição, hoje unimo-nos de maneira especial ao Patriarcado Ecuménico de Constantinopla. Pedro e André eram irmãos; e entre nós, quando é possível, trocamos uma visita fraterna nas respetivas festas; não tanto por gentileza, mas para caminhar juntos rumo à meta que o Senhor nos indica: a unidade plena. Hoje, eles não conseguiram vir, pela dificuldade de viajar devido ao coronavírus, mas quando desci para venerar as relíquias de Pedro, no coração sentia junto de mim o meu amado irmão Bartolomeu. Eles estão, aqui, connosco.
A segunda palavra: profecia. Unidade e profecia. Os nossos Apóstolos foram provocados por Jesus. Pedro ouviu-O perguntar-lhe: «Tu, quem dizes que Eu sou?» (cf. Mt 16, 15). Naquele momento, compreendeu que, ao Senhor, não Lhe interessam as opiniões gerais, mas a opção pessoal de O seguir. Também a vida de Paulo mudou depois duma provocação de Jesus: «Saulo, Saulo, porque Me persegues?» (At 9, 4). O Senhor abalou-o dentro: mais do que fazê-lo cair por terra no caminho de Damasco, derrubou a sua presunção de homem religioso e bom. Assim um Saulo altivo tornou-se Paolo: Paulo, que significa «pequeno». A estas provocações, a estas inversões da vida seguem as profecias: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18); e a Paulo: «É instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos» (At 9, 15). Assim, a profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle. Não nasce do meu pensamento; não nasce do meu coração fechado. Nasce, se nos deixarmos provocar por Deus. Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta. Vemo-lo em Pedro e Paulo, profetas que enxergam mais além: Pedro é o primeiro a proclamar que Jesus é «o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16); Paulo antecipa a conclusão da sua vida: «Já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor» (2 Tim 4, 8).
Hoje precisamos de profecia, mas de verdadeira profecia: não discursos que prometem o impossível, mas testemunhos de que o Evangelho é possível. Não são necessárias manifestações miraculosas. Dá-me pena ao ouvir proclamar: «Queremos uma Igreja profética». Muito bem! E que fazes para que a Igreja seja profética? Servem vidas que manifestam o milagre do amor de Deus. Não potência, mas coerência; não palavras, mas oração; não proclamações, mas serviço. Queres uma Igreja profética? Começa a servir, e não digas nada. Não teoria, mas testemunho. Precisamos não de ser ricos, mas de amar os pobres; não de ganhar para nós, mas de nos gastarmos pelos outros; não do consenso do mundo, do estar de bem com todos (entre nós usa-se a expressão: «estar de bem com Deus e com o diabo»), estar de bem com todos, não! Isto não é profecia. Mas precisamos da alegria pelo mundo que virá; não daqueles projetos pastorais que parecem conter em si mesmos a própria eficiência, como se fossem Sacramentos! Projetos pastorais eficientes, não; mas precisamos de pastores que ofereçam a vida: de enamorados de Deus. Foi assim, como enamorados, que Pedro e Paulo anunciaram Jesus. Pedro, antes de ser colocado na cruz, não pensa em si mesmo, mas no seu Senhor e, considerando-se indigno de morrer como Ele, pede para ser crucificado de cabeça para baixo. Paulo está para ser decapitado e pensa só em dar a vida, escrevendo que quer ser «oferecido como sacrifício» (2 Tim 4, 6). Isto é profecia …e não palavras. Isto é profecia, a profecia que muda a história.
Amados irmãos e irmãs, Jesus profetizou a Pedro: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». Existe, também para nós, uma profecia semelhante; encontra-se no último livro da Bíblia, quando Jesus promete às suas testemunhas fiéis «uma pedra branca», na qual «estará gravado um novo nome» (Ap 2, 17). Como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas. Há sempre quem destrua a unidade e quem apague a profecia, mas o Senhor acredita em nós e pede-te: «Tu queres ser construtor de unidade? Queres ser profeta do meu céu na terra?» Irmãos e irmãs, deixemo-nos provocar por Jesus e ganhemos a coragem de Lhe dizer: «Sim, quero»!

sábado, 27 de junho de 2020

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM


As leituras de hoje projetam-nos para o Amor maior, isto é, para Aquele em quem o Amor é de tal maneira intenso, infinito e total, que se transmite apenas porque Ele é. Dito de outra forma, se permanecermos em Deus, se nos deixarmos habitar por Ele, e só por Ele, entraremos na dinâmica do Amor, pois é Ele quem ama em nós. Este é, para mim, o maior desafio da nossa vida, enquanto cristãos, deixarmo-nos amar totalmente por Deus. Quando Deus, e só Ele, for a razão de ser da nossa vida, o nosso amor primeiro, Aquele por quem vale a pena viver e existir, então n’Ele será possível amar, viver no amor, no concreto da vida, junto do nosso próximo, seja ele (a) quem for, mesmo quando humanamente não gostamos deste(a) ou daquele(a). Ó Amor Eterno, faz de cada um de nós, teus filhos no Filho, transmissores do Amor, de Ti, junto do nosso próximo, junto de cada um(a) que colocas nos nossos caminhos de cada dia.


Na 1ªleitura (2 Reis 4, 8-11.14-16a) é Eliseu quem nos demonstra, através do testemunho de vida de “uma distinta senhora” que todo o que acolhe o próximo, seja ele quem for, mas mais ainda, se for um homem de Deus, entra na dinâmica da comunicação da vida, do Amor de Deus, pois a verdade é que é Deus quem, em cada um(a), se comunica e Deus é a Vida, o Amor.
“Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam. Vivia lá uma distinta senhora, que o convidou com insistência a comer em sua casa. A partir de então, sempre que por ali passava, era em sua casa que ia tomar a refeição. A senhora disse ao marido: «Estou convencida de que este homem, que passa frequentemente pela nossa casa, é um santo homem de Deus. Mandemos-lhe fazer no terraço um pequeno quarto com paredes de tijolo, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada. Quando ele vier a nossa casa, poderá lá ficar». Um dia, chegou Eliseu e recolheu-se ao quarto para descansar. Depois perguntou ao seu servo Giezi: «Que podemos fazer por esta senhora?». Giezi respondeu: «Na verdade, ela não tem filhos e o seu marido é de idade avançada». «Chama-a» – disse Eliseu. O servo foi chamá-la e ela apareceu à porta. Disse-lhe o profeta: «No próximo ano, por esta época, terás um filho nos braços».”


Na 2ªleitura (Rom 6, 3-4.8-11) S.Paulo centra-nos no Amor, na verdadeira Vida, pois, diz-nos ele, fomos batizados em Cristo Jesus, que ressuscitou dos mortos e nos resgatou para a vida em Deus, para o Amor. Que, em Jesus ressuscitado, também cada um de nós viva uma vida nova, pela glória do Pai.
“Irmãos: Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele pelo Batismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos; sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Cristo já não pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele. Porque na morte que sofreu, Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre; mas a sua vida, é uma vida para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus.”


No evangelho (Mt 10, 37-42) Jesus aponta a fasquia para a dimensão maior da nossa vida: amar  primeiro a Deus e só depois, n’Ele, amar o pai, a mãe, os filhos, o próximo, seja ele(a) quem for. Só Deus é Amor e n’Ele podemos amar todos os que o Senhor colocar na nossa vida, porque o Seu Amor é sempre total e infinito por cada ser criado, nunca se esgota e está sempre disponível, assim o queiramos receber e testemunhar junto de todos, mas principalmente com os mais fracos e desprotegidos ou abadonados.  
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim. Quem encontrar a sua vida há de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la. Quem vos recebe, a Mim recebe; e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: Não perderá a sua recompensa».”


Senhor, que Tu sejas o meu único amor, o centro, a razão de ser da minha vida.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Nascimento de S.João Batitsta


“Que o seu exemplo, como também o do rei Davi – dois homens que viveram a profecia e que souberam indicar onde estava o verdadeiro Deus - , sejam um estímulo para a nossa vida, para que busquemos a amizade de Deus através da oração e que o nosso exemplo possa ajudar a levar Deus aos homens e os homens a Deus.”

Papa Francisco -24/06/2020

Hoje a Igreja celebra a natividade de São João Baptista
SANTORAL 24 junho 2017

«A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. De entre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente», explicou o Bispo Santo Agostinho (354-430) nos seus sermões nos primeiros séculos do cristianismo, sobre a natividade de São João Batista, que é celebrada neste dia 24 de junho.

“João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor apresenta-o como limite, quando diz: A lei e os profetas até João Batista”, acrescentou o Santo Doutor da Igreja.

São João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo. No primeiro capítulo de Lucas narra-se que Zacarias era um sacerdote judeu casado com Santa Isabel, que não tinham filhos, porque ela era estéril. Tendo já uma idade muito avançada, o anjo Gabriel apareceu a Zacarias e anunciou-lhe que a sua esposa teria um filho que seria o precursor do Messias, a quem dariam o nome de João. Zacarias duvidou desta notícia e então, Gabriel disse-lhe  que ficaria mudo até que tudo fosse cumprido.

Meses depois, quando Maria recebeu o anúncio de que seria a Mãe do Salvador, a Virgem foi visitar a sua prima Isabel e permaneceu junto dela, ajudando-a até ao nascimento de São João.

Assim, como o nascimento do Senhor é celebrado todos os anos no dia 25 de dezembro, perto do solstício de inverno no hemisfério norte (o dia mais curto do ano), o nascimento de São João é no dia 24 de junho, próximo do solstício de verão no hemisfério norte (o dia mais longo). Dessa forma, depois de Jesus, os dias vão aumentando, e depois de João, os dias vão diminuindo, até que se volte “a nascer o sol”.

A Igreja assinalou essas datas no século IV, com a finalidade de estas se sobreporem às duas festas importantes do calendário greco-romano: o “dia do sol” (25 de dezembro) e o “dia de Diana” no verão, cuja festa comemorava a fertilidade. O martírio de São João Batista é comemorado no dia 29 de agosto.

O Profeta do Altíssimo

No dia 24 de junho de 2012, por ocasião desta festa, o Papa Bento XVI afirmou que o exemplo de São João Batista chama os cristãos a “convertermo-nos, a testemunhar Cristo e a anunciá-lo em todo o tempo”.

Nas suas palavras, prévias à oração mariana do Ângelus, recordou a vida de São João Batista e indicou que “com exceção da Virgem Maria, João Batista é o único santo do qual a liturgia festeja o nascimento, e isto porque ele está estreitamente relacionado com o mistério da Encarnação do Filho de Deus”.

“Desde o seio materno João é o precursor de Jesus: a sua concepção prodigiosa é anunciada pelo Anjo a Maria como sinal de que ‘nada é impossível a Deus’”.

Bento XVI recordou que o “pai de João, Zacarias — marido de Isabel, parente de Maria — era sacerdote do culto judaico. Ele não acreditou imediatamente no anúncio de uma paternidade já inesperada, e por isso ficou mudo até ao dia da circuncisão do menino, ao qual ele e a esposa deram o nome indicado por Deus, ou seja, João, que significa ‘o Senhor concede graças’”.

“Animado pelo Espírito Santo, Zacarias falou assim da missão do filho: ‘E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás adiante do Senhor a preparar os seus caminhos. Para dar a conhecer ao Seu povo a Sua salvação pela remissão dos pecados’”.

Ele explicou que “tudo isso se manifestou 30 anos depois, quando João começou a batizar no rio Jordão, chamando as pessoas para se preparar, com aquele gesto de penitência, à eminente vinda do Messias, que Deus lhe havia revelado durante a sua permanência no deserto da Judeia”.

“Quando um dia veio de Nazaré o próprio Jesus para se fazer batizar, João inicialmente recusou-se, mas depois consentiu, e viu o Espírito Santo pairar sobre Jesus e ouviu a voz do Pai celeste que O proclamava Seu Filho”.

O Santo Padre explicou que a missão de São João Batista ainda não estava cumprida, porque “pouco tempo mais tarde, foi-lhe pedido que precedesse Jesus também na morte violenta: João foi decapitado na prisão do rei Herodes, e assim deu pleno testemunho do Cordeiro de Deus, que Batista foi o primeiro a reconhecer e a indicar publicamente”.

Bento XVI também recordou que “a Virgem Maria ajudou a idosa prima Isabel a levar até ao fim a gravidez de João”. “Que Nossa Senhora ajude todos a seguir Jesus Cristo, o Filho de Deus, que S.João Batista anunciou com grande humildade e fervor profético”, disse o então Pontífice.

Igreja de S.João Batista - Porto de Mós

sábado, 20 de junho de 2020

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM


As leituras de hoje levam-nos a abrir caminhos de reflexão e aprofundamento das razões da nossa fé, no viver de cada dia. Somos interpelados, no mais fundo do nosso ser cristão, sobre o que nos leva a optar por um, ou por outro modo de atuar na relação com os que connosco vivem, convivem ou, simplesmente, se cruzam nos nossos caminhos. E quando surgem obstáculos, dificuldades, zombarias, ou perseguições, face à coerência de testemunho de vida, com o essencial da nossa fé, como fazemos, em quem nos apoiamos, a quem nos agarramos? Senhor, que nesses momentos nunca duvidemos do Teu Amor e nos deixemos habitar totalmente por Ti. Que sejas Tu, e só Tu, a força em quem sempre nos apoiemos, a razão de ser da nossa vida.


Na 1ªleitura (Jer 20, 10-13) o profeta Jeremias abre a sua alma e ajuda-nos a olhar, de frente e com toda a verdade, para aqueles momentos da nossa vida em que sentimos dificuldade em dar testemunho do Amor, na relação com os que nos rodeiam. Mas também nos auxilia no encontro com o Único em quem podemos confiar, em todas as situações da nossa vida, sejam elas quais forem: Deus Uno e Trino, O Amor sem fim por todos e por cada um de nós.
“Disse Jeremias: «Eu ouvia as invetivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’. Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».


Na 2ªleitura (Rom 5, 12-15) S.Paulo ao alertar-nos para a nossa condição de pecadores, fá-lo desafiando-nos a contemplar quem é maior do que o pecado, Aquele que venceu a morte e em quem podemos entregarmo-nos completamente, porque Ele nos ganhou para Deus, no Amor. Ele é o Amor gratuito por todos e cada um, deu a Sua vida por cada um de nós, quando ainda éramos pecadores. Então, porque será que ainda temos medo? O que continua a impedir-nos de n’Ele confiarmos totalmente, de a Ele nos entregarmos com tudo o que somos e temos? Ajuda-nos Senhor, a aprender a viver de Ti, no concreto da vida! Sto.António (13-06), S.João Batista (24-06), S.Pedro e S.Paulo (29-06) intercedei por nós.
“Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir. Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens.


No evangelho (Mt 10, 26-33) é Jesus quem nos diz diretamente “Não temais”. Depois, explica-nos que somos demasiado preciosos para Deus, que Ele nos ama infinitamente, muito mais do que às aves do céu e que nem uma deles cairá por terra, sem o consentimento de Deus Pai. Efetivamente, em Jesus, também cada um de nós é filho querido do Pai. Não deu Jesus a Sua vida para que encontrássemos o Amor, que é Deus? Arrisquemos, entreguemo-nos de coração. Jesus, e só Ele, será sempre a nossa força!
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens, também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».


Sagrado Coração de Jesus, tende misericórdia de nós. 
Que sejas Senhor o único amor da minha vida.
Que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor.

Sagrado Coração de Jesus

Da grande impulsionadora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque, deixo este registo:

"O Coração de Cristo é a plena Revelação do Mistério de Deus, que se inclina, compassivo, para a humanidade:
Deus que se compromete com a história dos homens e com a pessoa humana;
Deus apaixonado, cheio de misericórdia e ternura".

     "Eis o coração que tanto amou os homens...
            ao menos tu ama-me!..."

sábado, 13 de junho de 2020

DOMINGO XI DO TEMPO COMUM



Hoje, as leituras, que nos são propostas para a liturgia dominical, fazem ligação com a vida do Santo que acabámos de festejar de forma mais interior, do que o habitual, pois os festejos exteriores estavam confinados: Santo António. Nascido em berço nobre, destinado a carreira gloriosa, segundo a visão dos que lhe eram mais próximos, optou por se deixar transformar pela Graça de Deus, procurando outro tipo de “glória”. Foi, de facto, no seu tempo, um verdadeiro missionário do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, pelo seu testemunho de vida e pelo profundo conhecimento das escrituras, espalhou, pelo mundo então conhecido, o Amor infinito de Deus por todos e por cada um, mas preferencialmente pelos mais pobres. Quantas almas não terão chegado ao conhecimento de Deus através do testemunho deste santo!
As leituras de hoje são um apelo ao anúncio vivo, porque vivido no concreto da vida e por isso testemunhado, do Amor, que é Deus, que nos ama infinitamente, a cada um dos que fazem parte da nossa labuta diária.


Na 1ªleitura (Ex 19, 2-6a) Deus envia Moisés com uma missão muito especial: anunciar ao povo eleito, o povo de Israel, que Ele, Deus, continua a Sua relação de Amor com eles, pelo que lhes propõe que, ao longo do caminho, sejam fiéis, que guardem a Sua Aliança e que se deixem amar por Ele. É exatamente isso o que o Senhor nos pede hoje a nós, seres viventes deste séc.XXI, que também queiramos ser amados por Ele, “O Amor” sem fim, entregando-nos de coração, por inteiro, a Ele e só a Ele. 
“Naqueles dias, os filhos de Israel partiram de Refidim e chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam, em frente da montanha. Moisés subiu à presença de Deus. O Senhor chamou-o da montanha e disse-lhe: «Assim falarás à casa de Jacob, isto dirás aos filhos de Israel: ‘Vistes o que Eu fiz ao Egipto, como vos transportei sobre asas de águia e vos trouxe até Mim. Agora, se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos. Porque toda a terra Me pertence; mas vós sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa’».”


Na 2ªleitura (Rom 5, 6-11) S.Paulo desperta-nos para a dimensão do amor de Deus por cada um de nós. Traz-nos Jesus como Aquele que se dá todo por nós, quando ainda éramos fracos e pecadores. É assim, tal qual somos, imperfeitos, que Jesus nos ama  gratuita e infinitamente, para que n’Ele nos tornemos perfeitos, para que vivamos no Amor. Deixemos que Jesus nos estreite nos seus braços e entreguemo-nos de coração, deixando cair tudo o que d’Ele nos afasta. Se assim fizermos, também nós seremos reconciliados com Deus, e n’Ele  amaremos o nosso próximo. 
“Irmãos: Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. E agora, que fomos justificados pelo seu sangue, com muito mais razão seremos por Ele salvos da ira divina. Se, na verdade, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, depois de reconci­liados, seremos salvos pela sua vida. Mais ainda: também nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem alcançámos agora a reconciliação.”


No evangelho (Mt 9, 36 – 10, 8) somos desafiados a fazer como os apóstolos, como Santo António e tantos outros santos e santas de Deus: responder sim ao chamamento que Jesus nos faz para anunciarmos com a nossa vida, em tudo o que somos e na forma como vivemos, o Amor infinito de Deus por cada ser criado. 
“Naquele tempo, Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».”



Santo António roga por nós, para que sejamos fiéis à Graça de Deus que recebemos no Batismo e nos deixemos transformar, pela ação do Espírito Santo, em verdadeiras testemunhas de Jesus vivo e ressuscitado. 
Senhor, a messe é grande e os operários são poucos. Enviai Senhor operários para a vossa messe.

Dia de Santo António

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Desafio do Papa Francisco para o Dia de Corpus Christi - 11 de junho de 2020


Festividade do Corpo de Deus

A semana X do tempo comum, este ano, é especial, pois começámo-la com a solenidade da Santíssima Trindade e agora, mais ou menos a meio, celebramos outra solenidade igualmente forte e fundamental para nós cristãos, a do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, popularmente designada por “Festividade do Corpo de Deus”. É verdade que, devido à situação pandémica que ainda vivemos, não se realizará a tradicional procissão pelas ruas da cidade centro da nossa diocese, mas, depois dos tempos em que estivemos privados da celebração presencial da Eucaristia, o nosso coração sente de forma mais intensa e profunda a força, a presença vital do Mistério de Jesus Eucarístico na nossa vida. Nunca agradeceremos o suficiente a Deus por este mistério insondável do Seu Amor, presente, vivo no meio de nós, que é a celebração de cada Eucaristia.



Na 1ªleitura (Deut 8, 2-3.14b-16a) o autor sagrado traz, até nós, a forma como a Aliança de Deus com o Seu Povo se foi efetivando e reconstruindo ao longo de um caminho de relação, em que nos momentos de maior dificuldade e sofrimento, a presença do Senhor se tornou mais visível, como por exemplo com o maná. Deus nunca deixou de acompanhar o Seu Povo e é essa certeza que chega até nós hoje, homens e mulheres do séc.XXI. Tal como nos tempos antigos, Deus nunca nos abandona, está sempre connosco, e já não precisamos do maná de outros tempos, podemos mesmo dizer que temos um novo maná: Jesus Cristo, morto, ressuscitado, vivo no meio de nós, o nosso Pão repartido.

“Moisés falou ao povo, dizendo: «Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova, a fim de conhecer o íntimo do teu coração e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos. Atribulou-te e fez-te passar fome, mas deu-te a comer o maná que não conhecias nem teus pais haviam conhecido, para te fazer compreender que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão, e te conduziu através do imenso e temível deserto, entre serpentes venenosas e escorpiões, terreno árido e sem águas. Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».”


Na 2ªleitura (1 Cor 10, 16-17) S. Paulo, de uma forma muito clara, interpela-nos sobre a forma como vivemos, na vida, a comunhão no Corpo e Sangue de Jesus. Afinal, se o Pão que comungamos, é um só, porque será que não formamos um só Corpo, em Cristo Jesus?! Divino Espírito Santo inunda todo o nosso ser e ilumina-nos para que, radicados e alimentados por Jesus, caminhemos para a unidade do Povo de Deus.

“Irmãos: Não é o cálice de bênção que abençoamos a comunhão com o Sangue de Cristo? Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só pão, nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo, porque participamos do mesmo pão.”


Para melhor interiorizar o evangelho de hoje (Jo 6, 51-58), recorro à ajuda do Papa Francisco, que disse, numa das suas catequeses sobre a Eucaristia:

“Na Missa, Palavra e Pão tornam-se uma coisa só, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que Ele tinha realizado, se condensaram no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antecipação do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: «Tomai e comei, isto é o meu corpo… Tomai e bebei, isto é o meu sangue».

O gesto levado a cabo por Jesus na Última Ceia é a extrema ação de graças ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. Em grego, «ação de graças» diz-se «eucaristia». É por isso que o Sacramento se chama Eucaristia: é a suprema ação de graças ao Pai, o qual nos amou a tal ponto que nos ofereceu o seu Filho por amor. Eis por que motivo o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é de Deus e ao mesmo tempo do homem, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Por conseguinte, a celebração eucarística é muito mais do que um simples banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério fulcral da salvação. «Memorial» não significa apenas uma recordação, uma simples lembrança, mas quer dizer que cada vez que nós celebramos este Sacramento participamos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia constitui o apogeu da obra de salvação de Deus: com efeito, fazendo-se pão partido para nós, o Senhor Jesus derrama sobre nós toda a sua misericórdia e todo o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos. É por isso que geralmente, quando nos aproximamos deste Sacramento, dizemos que «recebemos a Comunhão», que «fazemos a Comunhão»: isto significa que, no poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística nos conforma com Cristo de modo singular e profundo, levando-nos a prelibar desde já a plena comunhão com o Pai, que caracterizará o banquete celestial, onde juntamente com todos os Santos teremos a felicidade de contemplar Deus face a face.

(…)

Ali, é Cristo quem age, Cristo sobre o altar! É um dom de Cristo, que se torna presente e nos reúne ao redor de Si, para nos alimentar com a sua Palavra e a sua vida. Isto significa que a própria missão e identidade da Igreja derivam dali, da Eucaristia, e ali sempre adquirem forma. Uma celebração pode até ser impecável sob o ponto de vista exterior, maravilhosa, mas se não nos levar ao encontro com Jesus corre o risco de não oferecer alimento algum ao nosso coração e à nossa vida. Através da Eucaristia, ao contrário, Cristo quer entrar na nossa existência e permeá-la com a sua graça, de tal modo que em cada comunidade cristã haja coerência entre liturgia e vida.

O coração transborda de confiança e de esperança, pensando nas palavras de Jesus, citadas no Evangelho: «Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54). Vivamos a Eucaristia com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de júbilo comunitário, de solicitude pelos necessitados e pelas carências de numerosos irmãos e irmãs, na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna. Assim seja!

“Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente».”



Senhor, alimenta todo o meu ser, habita-me por inteiro, para que, em Ti, dê testemunho do Amor, junto dos que vais colocando nos caminhos da minha vida. 
Mil graças Senhor, pelo dom da Eucaristia. 
Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos tempos sem fim.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Mensagem do Bispo da Diocese de Leiria Fátima

Mensagem do Bispo de Leiria-Fátima por ocasião da retoma das celebrações comunitárias presenciais da Santa Missa

 

Caros diocesanos: fiéis leigos, religiosas e religiosos e sacerdotes, 

Saúdo-vos com alegria nesta ocasião de retoma das celebrações comunitárias da Santa Missa. De facto, é um momento muito esperado da alegria do reencontro dos fiéis como povo de Deus unido e reunido à volta da mesa do Senhor a celebrar a Eucaristia. Acontece numa festa muito significativa para a vida da Igreja, o Pentecostes, que encerra o tempo pascal. 

Como o Senhor ressuscitado enviou o Espírito Santo, e os discípulos ficaram cheios de sabedoria e coragem para comunicar a todos a vida nova do Evangelho, assim suceda para nós nesta ocasião. Como após o inverno vem a primavera, e a vida, antes escondida e contida, desponta e floresce, assim agora nós, pelo sopro do Espírito, possamos experimentar a revitalização da fé e vida cristã pessoal, familiar e comunitária, saboreando a alegria do reencontro “reunidos no amor de Cristo” para celebrar a sua presença viva no meio de nós. 

Agradeço todo o vosso esforço, sacrifícios e testemunho de fé, neste tempo de confinamento e de ausência de celebrações comunitárias. Sei que custou muito, mas também que houve quem crescesse na fé utilizando os recursos oferecidos nos meios de comunicação digital. Houve famílias que redescobriram a graça de serem “Igrejas domésticas” e puderam aprofundá-la. Espero que toda vida cristã, que foi provada e cresceu, se mantenha e desenvolva agora com maior apoio e comunhão da comunidade cristã.

Embora com as devidas cautelas e movidos pelo amor aos outros, para nos protegermos mutuamente, aproximemo-nos das nossas igrejas com confiança e sem medo. Os pastores, com os respetivos colaboradores, foram cuidadosos na preparação das condições para evitar contágios com o vírus nas nossas assembleias. Se alguma coisa aprendemos nesta dolorosa experiência, é que todos precisamos de todos para nos protegermos e cuidarmos. Assim é também nas comunidades cristãs, não apenas para a saúde, mas também para o cuidado dos mais pobres e fragilizados e para crescermos juntos como família cristã chamada a viver e a dar testemunho da “alegria do Evangelho”.

Nestas celebrações comunitárias, louvemos e agradeçamos a Deus por quanto fez por nós neste tempo de aflição, pela generosidade e fortaleza com que dotou os profissionais de saúde, as autoridades de saúde e de segurança públicas e muitas outras pessoas que serviram heroicamente o seu próximo com o seu trabalho e cuidados. Peçamos a graça de Deus para quem sofreu doenças ou a morte de familiares e amigos, para que dele recebam o necessário conforto. Confiemos à misericórdia divina todos os defuntos. 

Imploremos de Nossa Senhora de Fátima, mãe de misericórdia e auxílio dos cristãos, o seu amparo e inspiração nesta nova fase da nossa caminhada humana e cristã.

Leiria, 29 de maio de 2020.

† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima