segunda-feira, 31 de outubro de 2022

  SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS - 2022

"A hodierna solenidade de Todos os Santos recorda-nos que todos somos chamados à santidade. Os Santos e as Santas de todos os tempos, que hoje todos nós celebramos juntos, não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcançáveis. Pelo contrário, são pessoas que viveram com os pés no chão; experimentaram a fadiga diária da existência com os seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar sempre e continuar o caminho. Daqui podemos compreender que a santidade é uma meta que não pode ser alcançada apenas com as próprias forças, mas é o fruto da graça de Deus e da nossa resposta livre. Portanto, a santidade é dom e chamamento.

Como graça de Deus, isto é, o seu dom, é algo que não podemos comprar nem trocar, mas acolher, participando assim na mesma vida divina através do Espírito Santo que habita em nós desde o dia do nosso Batismo. A semente da santidade é precisamente o Batismo. Trata-se de amadurecer cada vez mais a consciência de que estamos enxertados em Cristo, porque o ramo está unido à videira, e por isso podemos e devemos viver com Ele e n'Ele como filhos de Deus. Assim, a santidade é viver em plena comunhão com Deus, desde agora, durante esta peregrinação terrena.

Mas a santidade, além de ser dom, é também chamamento, é vocação comum de todos nós cristãos, dos discípulos de Cristo; é o caminho de plenitude que cada cristão é chamado a percorrer na fé, caminhando para a meta final: a comunhão definitiva com Deus na vida eterna. A santidade torna-se assim uma resposta ao dom de Deus, porque se manifesta como uma assunção de responsabilidade. Nesta perspetiva, é importante assumir um compromisso quotidiano de santificação nas condições, deveres e circunstâncias da nossa vida, procurando viver tudo com amor e caridade.

Os Santos que celebramos hoje na liturgia são irmãos e irmãs que admitiram na sua vida que precisavam desta luz divina, abandonando-se a ela com confiança. E agora, diante do trono de Deus (cf. Ap 7, 15), cantam a sua glória para sempre. Eles constituem a “Cidade Santa”, para a qual olhamos com esperança, como a nossa meta definitiva, enquanto somos peregrinos nesta “cidade terrestre”. Caminhamos para aquela “cidade santa” onde estes santos irmãos e irmãs nos esperam. É verdade, estamos cansados pela aspereza do caminho, mas a esperança dá-nos a força para avançar. Olhando para a vida deles, somos estimulados a imitá-los. Entre eles há muitas testemunhas de uma santidade da porta ao lado, «daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus» (Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 7)."

Papa Francisco
(Angelus  1 de novembro de 2019)

Na 1ªleitura (Ap7,2-4.9-14), através da visão de fé de João, também a nós nos é dado encontrar Deus como Aquele que se consome de amor e ternura por cada um de nós. Ele caminha connosco no dia a dia desta vida atribulada sem nunca nos largar da Sua mão e, por Seu Filho Único, branqueia-nos e conduz-nos à salvação.

"Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados:cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Ámen! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro»."

Na 2ªleitura (1Jo 3, 1-3) João convida-nos a ver muito para além da realidade humana, isto é, a vivermos na esperança, enquanto caminhamos no mundo, de que virá o dia em que Ele se vai manifestar e nós, purificados, seremos absorvidos pelo amor com que sempre nos amou.

"Caríssimos:Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro."

No evangelho  (Mt 5, 1-12a) Jesus, do alto do monte, apresenta-nos o Reino, como uma realidade feliz, uma boa notícia. É verdade que Jesus faz o contraponto entre o presente e o futuro, anuncia-nos um reino de gente feliz, com lágrimas, mas para todo aquele que alterar o seu comportamento e for construtor da justiça, da verdade e da paz a alegria brilhará, será chamado filho de Deus.

"Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem- aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes,porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa»."

"Irmãos e irmãs, a memória dos Santos leva-nos a erguer os olhos para o Céu: não para esquecer as realidades da terra, mas para as enfrentar com mais coragem e mais esperança. Que Maria, nossa Mãe Santíssima, nos acompanhe com a sua intercessão materna, sinal de consolação e de esperança segura."

Papa Francisco
(Angelus  1 de novembro de 2019)

sábado, 29 de outubro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

As leituras deste domingo vêm de encontro ao nosso coração de pecadores, mas ao mesmo tempo, de filhos muito amados no Filho. A forma como nos revelam o quanto e o como Deus nos ama, num Amor sem fim, chega ao mais profundo da nossa alma e impele-nos a corresponder a tão grande Amor, com tudo o que temos e somos, debilidades e potencialidades, pobrezas e riquezas, tudo mesmo. Louvado sejas Senhor, porque nos amas infinitamente, assim, tal qual somos e, mesmo sabendo de todas as nossas fraquezas, continuas a apostar tudo em nós. Bendito sejas Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

Na 1ªleitura (Sab 11, 22 – 12, 2) o autor sagrado ao revelar-nos a forma como o Senhor trata o pecador, abre-nos o coração para a imensidão, a infinitude do Amor de Deus para com cada um de nós, Seus filhos, no Único Filho. O autor sagrado diz-nos que a gota de orvalho, o grão de areia, a casca de noz, que é cada um de nós, é preciosa para Deus. Deixemo-nos inundar, preencher por este Amor sem fim e sejamos, também cada um de nós, lá onde vive e se move, no dia a dia da vida, testemunhas de tão grande e maravilhosa notícia: Deus ama, hoje, em pleno sé.XXI, cada homem, cada mulher, cada ser por Ele criado, tal qual é, infinitamente. 

“Diante de Vós, Senhor, o mundo inteiro é como um grão de areia na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra. De todos Vos compadeceis, porque sois omnipotente, e não olhais para os seus pecados, para que se arrependam. Vós amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizestes; porque, se odiásseis alguma coisa, não a teríeis criado. E como poderia subsistir, se Vós não a quisésseis? Como poderia durar, se não a tivésseis chamado à existência? Mas a todos perdoais, porque tudo é vosso, Senhor, que amais a vida. O vosso espírito incorruptível está em todas as coisas. Por isso castigais brandamente aqueles que caem e advertis os que pecam, recordando-lhes os seus pecados, para que se afastem do mal e acreditem em Vós, Senhor.”

 

Na 2ª leitura (2 Tes 1, 11 – 2, 2) é S. Paulo quem nos confirma que em Jesus, por Jesus e em Igreja é possível continuar a testemunhar, no dia a dia da nossa vida, o quanto Deus ama infinitamente cada um de nós, Seus filhos, no único e muito amado Filho.

“Irmãos: Oramos continuamente por vós, para que Deus vos considere dignos do seu chamamento e, pelo seu poder, se realizem todos os vossos bons propósitos e se confirme o trabalho da vossa fé. Assim o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós n’Ele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. Nós vos pedimos, irmãos, a propósito da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e do nosso encontro com Ele: Não vos deixeis abalar facilmente nem alarmar por qualquer manifestação profética, por palavras ou por cartas, que se digam vir de nós, pretendendo que o dia do Senhor está iminente.”

 

No Evangelho (Lc 19, 1-10), somos todos, e cada um individualmente, seja qual for a situação em que se encontre, desafiados a fazer como Zaqueu: superar todo e qualquer obstáculo que nos impeça de ver Jesus e aderir à Sua proposta de Amor. Subamos à árvore e respondamos ao Seu olhar e consequente convite. Deixemo-nos cativar pelo Amor, que é Deus, pois só n’Ele experimentaremos a verdadeira felicidade.

“Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».”

Senhor, que eu me deixe sempre cativar por Ti.

Semana de Oração pelos seminários - 2022 -Ecclesia


sábado, 22 de outubro de 2022

TEMPO COMUM - 2022

Na sequência das leituras de domingo passado, também a liturgia de hoje nos projeta para a oração, mas numa dimensão diferente, pois centra-nos na forma como esta deve ser feita, para ser verdadeiramente um encontro com o Senhor, no mais íntimo do nosso ser.

Na 1ªleitura (Sir 35, 15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18)) o autor sagrado torna bem claro que a oração do humilde chega sempre ao seu destino e nunca deixa de ser atendida por Deus. 

O Senhor é um juiz que não faz aceção de pessoas. Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. Não despreza a súplica do órfão, nem os gemidos da viúva. Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino. Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.”

Na 2ªleitura (2 Tim 4, 6-8.16-18) S.Paulo antevendo a proximidade da sua partida para Deus faz uma despedida demonstrativa de um fé imensa no Senhor. Nem por um minuto, sabendo o que o espera, face aos executores romanos, perde a confiança no amor de Deus. Ele tem a certeza de que o Senhor está sempre a seu lado, nunca lhe faltará e que só Ele lhe dará a salvação, no Céu. 

“Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda. Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram. Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen.”

No evangelho (Lc 18, 9-14) Jesus conta-nos uma parábola, em que nos ensina como deve ser uma oração verdadeira: só um coração humilhado e contrito sente necessidade de Deus e se Lhe entrega na totalidade e, ,por maioria de razão, na sua debilidade. Realmente só quando nos sentimos pobres, frágeis, pecadores e, ao mesmo tempo, infinitamente amados e aceites, assim tal qual somos, por Deus Amor, é que deixamos cair todas as nossas defesas, seguranças, prisões e nos entregamos confiadamente, descansando nos braços dos Senhor, deixando que nos habite por inteiro. Louvemos o nosso Deus que nos olha assim, no Seu amor infinito por nós e deixemos que através de nós, possa chegar a outros que também O querem conhecer e experimentar o que é ser verdadeiramente amado por Deus. 

“Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

Senhor, tem compaixão de mim, que sou pecadora.

Dia Mundial das Missões - Ecclesia

 

Mensagem do Papa Francisco para o dia 23 de Outubro de 2022 - Dia Mundial das Missões

sábado, 15 de outubro de 2022

TEMPO COMUM - 2022

Há domingos em que é difícil encontrar o tema comum, que percorre as leituras escolhidas, para a liturgia do dia, mas hoje é diferente. A temática da oração, em que somos convidados a refletir, interpelados a viver, desafia claramente todo o nosso ser. A importância da comunhão com Deus, no mais íntimo do coração de cada homem e a transformação que opera naquele que se deixa transformar pelo imenso amor do Senhor, que é comunicado ao mundo, na relação amorosa que se estabelece entre o homem e Deus durante a oração, são realçadas nas leituras deste domingo. Eu acredito que a verdadeira oração tem uma força imensa, chega ao coração de Deus!

 

Na 1ª leitura (Ex 17, 8-13)  o que mais impressiona é a força da oração de Moisés. Como ele teve a ajuda de Aarão e de Hur, também nós somos desafiados a recorrer ao auxílio de outros, se necessário, para permanecermos em oração. Mais do que nunca, o pedido que Nossa Senhora fez em Fátima aos pastorinhos, de rezarem muito, continua atualíssimo. Não nos cansemos de orar ao Senhor. 

“Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel. Moisés disse a Josué: «Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão». Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec. Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos. Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr do sol e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada.”

 

S.Paulo indica-nos, na 2ª leitura  (2Tim 3, 14 – 4, 2) , a melhor fonte a que podemos recorrer, para fazermos face às dificuldades que sentimos em rezar: a Sagrada Escritura. 

Caríssimo: Permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras. Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina.”

No Evangelho  (Lc 18, 1-8) Jesus conta-nos uma parábola que demonstra a necessidade de insistir e perseverar na oração. Quanto mais dialogamos e estamos em união com Deus na oração, tanto mais aprendemos a entregarmo-nos nos seus braços e a confiarmos n’Ele. Deixemo-nos  cativar por Ele, pois nunca nos deixa sós e está sempre atento às nossas súplicas. Ele nunca passa sem nos escutar. Depois faz sempre o que for melhor para nós. Se o juíz, que era iníquo, atendeu a viúva que nunca desistiu de pedir justiça, quanto mais não fará Deus por nós! 

"Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!... E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?»." 

 

Senhor, ensina-me a rezar.

sábado, 8 de outubro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

As leituras de hoje despertam em nós sentimentos de gratidão: pelo dom da vida, pela família que o Senhor nos deu; pela Igreja; pelo dom da Eucaristia; pelo dom da fé; por…, por… Esta é uma lista sem fim, sempre dinâmica, sempre incompleta, sempre num devir, porque, são contínuas as razões que temos para agradecer, para entregar, para amar. Quando, na nossa vida, no concreto de cada dia, nas várias situações, mais dramáticas, ou mais felizes, nos encontramos com Deus, nos deixamos abraçar, levar ao colo por Jesus, então aí o nosso muito obrigado sai espontaneamente, o nosso coração louva o Senhor e agradece, consciente e profundamente, todas as maravilhas que o Senhor vai fazendo, ainda hoje, connosco e com aquele(s), ou aquela(s) que colocou nos nossos caminhos. Meu Senhor e meu Deus, bendito e  louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim, porque nos ama infinitamente, a todos e a cada um em particular, e Te abres sempre, mas sempre mesmo, a todo aquele que Te procura e de Ti se acerca, sobretudo quando está doente, fragilizado, ou é posto à margem, ou excluído.

Na 1ª leitura (2 Reis 5, 14-17)  é com o coração cheio de alegria que nos associamos à cura de Naamã, porque, não sendo israelita, mas sírio, depois de mergulhar 7 vezes, tal como o profeta Eliseu lhe dissera para fazer, vê o seu corpo completamente limpo da lepra que o consumia. E, o “milagre” acontece quando nos deixamos habitar por Deus e fazemos o que Ele nos pede. Só podemos agradecer e cantar louvores ao nosso Deus, porque confia em nós, ou melhor ainda, ama-nos perdidamente, respeita as nossas dificuldades e o nosso tempo de reação, nunca desistindo de nós, em nenhuma situação. Pelo contrário, é Ele quem nos procura constantemente, pelos montes e vales da vida, como fez com Naamã.

“Naqueles dias, o general sírio Naamã desceu ao Jordão e aí mergulhou sete vezes, como lhe mandara Eliseu, o homem de Deus. A sua carne tornou-se tenra como a de uma criança e ficou purificado da lepra. Naamã foi ter novamente com o homem de Deus, acompanhado de toda a sua comitiva. Ao chegar diante dele, exclamou: «Agora reconheço que em toda a terra não há outro Deus senão o de Israel. Peço-te que aceites um presente deste teu servo». Eliseu respondeu-lhe: «Pela vida do Senhor que eu sirvo, nada aceitarei». E apesar das insistências, ele recusou. Disse então Naamã: «Se não aceitas, permite ao menos que se dê a este teu servo uma porção de terra para um altar, tanto quanto possa carregar uma parelha de mulas, porque o teu servo nunca mais há de oferecer holocausto ou sacrifício a quaisquer outros deuses, mas apenas ao Senhor, Deus de Israel».”

 

Na 2ªleitura (2 Tim 2, 8-13) S. Paulo, como sempre, fala do que vive. Neste texto sagrado, encontramo-lo na prisão, a dar testemunho da sua fé, que é de uma profundidade tão intensa que nos desinstala e questiona. Termina deixando-nos a garantia de que o amor de Deus, por cada um de nós, é para sempre: Deus é Amor e só sabe amar, só sabe dar-Se. Deixemo-nos amar por Ele, para que os outros, que contactam connosco de uma forma mais próxima, ou mais distante, a quem quer chegar através de nós, também O possam conhecer e amar. 

“Caríssimo: Lembra-te de que Jesus Cristo, descendente de David, ressuscitou dos mortos, segundo o meu Evangelho, pelo qual eu sofro, até ao ponto de estar preso a estas cadeias como um malfeitor. Mas a palavra de Deus não está encadeada. Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com a glória eterna. É digna de fé esta palavra: Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos; se sofremos com Cristo, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar-Se a Si mesmo.”

No evangelho (Lc 17, 11-19) vemos como Jesus não passa sem se deter perante o sofrimento daqueles homens. Atende e responde à súplica dos dez leprosos. Esta é a nossa certeza, Jesus nunca é indiferente ao sofrimento, à dor humana. Vem sempre em nosso auxílio. Façamos como o leproso que voltou atrás a agradecer. 

“Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».”

Obrigada Senhor.

sábado, 1 de outubro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

As leituras de hoje levam-nos a refletir sobre o dom da fé, sobre a forma como damos testemunho do Amor de Deus por cada ser vivente, hoje, nos nossos tempos. Desafiam-nos a refletir sobre a forma como, pela fé, estamos (ou não) ao serviço da comunicação do Amor de Deus aos irmãos, ou àqueles de quem não gostamos nada mesmo, ou, porque não dizê-lo, àqueles por quem nutrimos algum sentimento muito pouco cristão (…), lá, em plena luta diária, onde nos movemos e existimos. Afinal, é o nosso Mestre e Senhor, que todo Se entrega no Amor, não somos nós, é Ele que ama em nós, por isso, apenas nos cabe sermos bons cabos de transmissão, porque a fonte, para todos, é sempre e só Ele.

Na 1ªleitura (Hab 1, 2-3; 2, 2-4) vemos, como que num espelho, no agora do nosso tempo, reações tão semelhantes às do tempo do profeta, face aos problemas sociais, aos dramas humanos e às injustiças dos tempos de hoje. Mudámos imenso em tantos domínios, que nem dá para comparar, tal a distância de então para cá, mas continuamos seres humanos, frágeis, criados à imagem e semelhança de Deus. Continuamos à procura, muitas vezes sem o sabermos, do Único que pode responder às nossas questões, porque só Ele nos ama infinitamente, mesmos conhecendo-nos tal qual somos, na totalidade do nosso ser, até ao mais profundo de nós mesmos, mesmos nos recantos mais recônditos, até onde, por vezes, nem nós mesmos temos coragem de descer. Para que todos O conheçam assim, enamorado de cada um dos seus filhos queridíssimos, só temos de nos deixar amar por Ele. Quem não gosta de ser assim amado, sem qualquer limite?! Vale a pena confiar e pôr tudo nas Suas mãos!

«Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Porque me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» O Senhor respondeu-me: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade».

 

Na 2ª leitura (2 Tim 1, 6-8.13-14) S.Paulo, que fez da comunicação, do Amor infinito de Deus por cada ser humano, e por toda a humanidade, a razão de ser da sua vida, não podia, mais uma vez, deixar de nos situar na verdadeira fonte, que é Jesus Cristo, e de nos exortar a pedir ao Senhor que envie sobre nós o Seu Santo Espírito. Que Ele nos habite e nos inunde com a Sua Luz.

“Caríssimo: Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.”

No evangelho (Lc 17, 5-10) é o Senhor Jesus quem nos explica o que é ter fé e como esta é um dom, ao serviço de todos o que procuram Deus de coração sincero. E, olhando para tantos santos da Igreja (de ontem, mas também dos nossos tempos), de quem conhecemos alguns pedaços da sua história de vida, mas sobretudo do seu testemunho de fé, percebemos que, o que Jesus diz no evangelho, continua a ser possível nos dias de hoje. Ajuda-nos Senhor a sermos fiéis ao dom da fé que nos destes.

“Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’?. Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’.”

Aumenta Senhor minha fé.