sábado, 31 de julho de 2021

  XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM 

As leituras de hoje, vêm na continuidade das do passado domingo, mas centram-se mais em Jesus, o Pão Vivo descido do Céu, o nosso alimento, o único que verdadeiramente nos sacia. É um desafio: a encontramo-nos com o Único que nos dá a vida; a deixarmo-nos alimentar por Ele; a recebermos de Jesus a água da Fonte de Vida, que é Ele. Só em Deus encontraremos o alimento, a água, que nos saciam, porque só Ele é a Vida verdadeira, a fonte que nos sustenta e dessedenta. Arrisquemos e deixemo-nos encontrar, inundar por Ele, que está atento e escuta os nossos clamores.

Na 1ªleitura (Ex 16, 2-4.12-15) revemo-nos nas atitudes do povo de Israel. Quando tudo está bem o povo louva e agradece, está feliz, mas quando aparecem as dificuldades, os obstáculos, aí, os clamores, os impropérios, as murmurações, são mais do que muitos. Mesmo assim, o Senhor escuta a revolta do Seu povo e envia-lhes alimento. Nunca o Senhor deixou o Seu povo sem resposta. Ele está sempre atento às necessidades dos que O procuram, ontem, hoje e sempre. Confiemos-Lhe todas as nossas angústias, preocupações e dificuldades e acreditemos no Seu incomensurável Amor por cada um de nós. Ele ama-nos infinitamente e fará sempre o que for melhor, na altura certa. Mesmo que não entendamos nada, entreguemo-nos confiadamente. N’Ele tudo é possível, até “chover pão do céu”.

“Naqueles dias, toda a comunidade dos filhos de Israel começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão. Disseram-lhes os filhos de Israel: «Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão». Então o Senhor disse a Moisés: «Vou fazer que chova para vós pão do céu. O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia. Vou assim pô-lo à prova, para ver se segue ou não a minha lei. Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel. Vai dizer-lhes: ‘Ao cair da noite comereis carne e de manhã saciar-vos-eis de pão. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’». Nessa tarde apareceram codornizes, que cobriram o acampamento, e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho em volta do acampamento. Quando essa camada de orvalho se evaporou, apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa, fina como a geada sobre a terra. Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros: «Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?», pois não sabiam o que era. Disse-lhes então Moisés: «É o pão que o Senhor vos dá em alimento».”

Na 2ªleitura (Ef 4, 17.20-24) S.Paulo insiste para que permaneçamos firmes no Único que nos pode dar a verdadeira vida, para sermos fiéis ao Único Amor que nos pode dar a verdadeira felicidade. Em Jesus tudo tem sentido, n’Ele, através da ação do Espírito Santo no mais íntimo do nosso coração, cada um de nós será uma nova criatura, revestido “do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.” Deixemos que, o conselho que S.Paulo deu aos Efésios, também se concretize connosco, no dia a dia da nossa vida. Afinal, ontem, hoje e sempre somos chamados a ser testemunhas do Amor infinito de Deus, no nosso quotidiano, junto dos que o Senhor coloca na nossa vida.

“Irmãos: Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor: Não torneis a proceder como os pagãos, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo, se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos, conforme a verdade que está em Jesus. É necessário abandonar a vida de outrora e pôr de parte o homem velho, corrompido por desejos enganadores. Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.

No Evangelho (Jo 6, 24-35)  Jesus continua a catequese  que já iniciou no domingo passado sobre o Único alimento que sacia verdadeiramente: o Pão da Vida – Ele próprio. E fica muito claro, para mim, que o essencial a que somos chamados é a acreditar, a viver, a alimentarmo-nos do Filho de Deus, ressuscitado e vivo no meio de nós. Se a Ele nos entregarmos de alma e coração, se Ele for o nosso alimento, a razão de ser da nossa vida, se nos deixarmos inundar, empapar por Ele, o Amor de Deus aos que nos rodeiam, aos que connosco convivem, aos que fazem parte da nossa família, há de acontecer, porque é Ele que se dá, se comunica e chega ao coração  de todo o que se Lhe abre. Não duvidemos nunca do Seu Amor infinito por cada um de nós.

"Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?». Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede»."

Senhor, eu creio que és Jesus, o Filho de Deus Vivo, o único e verdadeiro alimento com que posso saciar a sede de Deus, que colocaste no mais íntimo do meu coração. Senhor, que eu nunca duvide do Teu infinito amor por cada ser por Ti criado. Inunda-me de Ti.

sábado, 24 de julho de 2021

 XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM 

Nas leituras de hoje somos convidados a, primeiro que tudo, confiar em Deus, que olha por todos e está sempre atento às nossas necessidades. Depois, somos chamados a entregar tudo o que temos a Deus, numa partilha com os irmãos. E quando é dado no Amor, isto é, em Deus, o milagre da multiplicação acontecerá, porque Ele não sabe senão dar-Se continua e infinitamente. Partilhemos e demo-nos para que, quem tem não estrague, não desperdice e a quem não tem, não falte.

Na primeira leitura (2 Reis 4, 42-44) testemunhamos a confiança, do profeta Eliseu, em Deus. Àquele que lhe dá vinte pães de cevada e trigo novo, como as primícias da colheita, pede para tudo distribuir pelas cem pessoas que o escutam. Contra toda a objetividade, racionalidade e incredulidade, sobressai a sua total confiança na promessa do Senhor, que disse: ‘Comerão e ainda há de sobrar’. E assim foi. Feita a nossa parte, só temos de confiar no Amor de Deus, que ama incomensuravelmente todos e cada um de nós. Ele fará acontecer o que for melhor. A Deus nada é impossível!

“Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.”


Na 2ª leitura (Ef 4, 1-6) S.Paulo faz-nos um apelo veemente a vivermos comos cristãos, na unidade e na caridade em Deus, num só Deus e num só batismo. Este há de ser o nosso distintivo: “Vede como eles se amam”. Como é difícil sermos este sinal, nos tempos que correm, mas não há volta a dar, o caminho é este. Só em Deus, por Cristo, diz-nos S.Paulo, tal será possível. Que o Senhor nos ilumine e guie e Nossa Senhora nos ajude.

“Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra.” 


No Evangelho (Jo 6, 1-15) S.João desafia-nos a confiar em Deus e a n’Ele partilharmos o que temos e somos. Um pouco, ou bastante, à semelhança do que fez Eliseu, na primeira leitura, somos confrontados com: a atitude da multidão (da qual também fazemos parte), que faminta se senta organizadamente sobre a erva abundante; a perplexidade dos discípulos que não acreditam que, com  cinco pães de cevada e dois peixes, se possam alimentar cinco mil pessoas. Mas, também como os discípulos, acreditamos que Jesus é o Filho de Deus, é Deus na Trindade e que Deus, Amor infinito em comunicação contínua, está sempre a dar-Se. E também nós ajudamos a distribuir o que há para dar. E chega para todos! Melhor ainda, sobra para quem não está e também tem fome. Quando o nosso coração se abre a Deus e aos outros, é isto que acontece, Deus comunica-se num Amor sem fim a quem d’Ele necessita.

“Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.”

Senhor, que me entregue sempre a Ti e aos outros, sem medo, numa disponibilidade total do meu ser.

sábado, 17 de julho de 2021

 XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM 


Nas leituras de hoje sentimo-nos acolhidos no doce regaço de Deus Pai que, no Filho, está atento às nossas necessidades mais elementares. Como ovelhas sem pastor, procuramos Deus continuamente no dia a dia da nossa vida! Agora, que as férias se aproximam, ainda que em plena 4ªvaga da Covid-19, respondamos ao convite do Senhor e descansemos das fadigas e preocupações que nos atormentam e, tantas vezes, nos afastam deste Amor infinito que nos quer verdadeiramente felizes. N’Ele tudo é possível! Escutemos a Sua voz, o Seu convite a n’Ele descansarmos.

Ao ouvirmos a 1ªleitura (Jer 23, 1-6)numa primeira abordagem, Jeremias dirige-se aos pastores, aos dirigentes, mas escutando melhor, com um coração mais disponível, percebemos que todos nós somos interpelados pelo profeta. É a cada um de nós, cristãos, que Jeremias torna responsável pelo bem-estar do próximo, das ovelhas do Seu rebanho, para que, em Deus, ninguém se perca e cada um se sinta livre, sem medo, sem sobressalto e, principalmente, infinita e totalmente amado, tal qual é.

Diz o Senhor: «Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho!». Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: «Dispersastes as minhas ovelhas e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas. Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos, pedir-vos contas das vossas más ações – oráculo do Senhor. Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as terras onde se dispersaram e as farei voltar às suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. Dar-lhes-ei pastores que as apascentem e não mais terão medo nem sobressalto; nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor. Dias virão, diz o Senhor, em que farei surgir para David um rebento justo. Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria; há de exercer no país o direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».”


Na 2ªleitura (Ef 2, 13-18), S.Paulo centra-nos no essencial da nossa fé: a morte e ressurreição de Jesus que, que numa resposta de Amor total ao Pai, nos resgata a todos e nos constitui, n’Ele, um só Corpo em Deus Uno e Trino. É nesta comunhão, de Amor total, que somos assumidos como filhos no Filho. E é assim, neste Amor total, que Deus nos ama infinitamente a todos e a cada um em especial. Somos, por isso, um só povo, o povo amado por Deus, o povo de Deus.

“Irmãos: Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo. Cristo é, de facto, a nossa paz. Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo e derrubou o muro da inimizade que os separava, anulando, pela imolação do seu corpo, a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos. E assim, de uns e outros, Ele fez em Si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz reconciliou com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo, levando em Si próprio a morte à inimizade. Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.”


No evangelho (Mc 6, 30-34) encontramo-nos com Jesus, que nos olha e se preocupa connosco. Neste encontro de olhares Jesus vê o nosso cansaço, angústia, medo, sofrimento, desilusão e sei lá que mais… percebe tudo e ama-nos profundamente. Dá-se-nos por inteiro, inunda-nos e então, se Lhe abrirmos o nosso coração, a nossa alma, havemos de experimentar os frutos do Amor: misericórdia, solidariedade, compaixão, doação,…, entrega, felicidade. Meu Senhor e meu Deus!

“Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.”

 

Senhor, que eu me deixe olhar por Ti. Mil graças te dou, Senhor. Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim, Ámen!

sábado, 10 de julho de 2021

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM 


Hoje, a liturgia aponta-nos para a missão de todo o cristão: anunciar o Evangelho na vida. Através das leituras vamo-nos sentido desafiados, num crescendo que culmina no evangelho, a viver e a dar testemunho da mensagem do amor infinito de Deus, por cada ser criado. É-nos pedida uma resposta, de amor, ao apelo que Deus nos faz de O anunciarmos, na vida, a todos os que connosco se cruzam, ao longo de cada dia.


Na 1ªleitura (Amós 7, 12-15) é bom sentir como o profeta enfrenta o poder instituído e se mantém fiel ao que o Senhor lhe pediu: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’. Os obstáculos, às vezes, começam em nós próprios, mas noutras situações vêm, de onde menos se espera. Escutemos Amós e façamos o que nos é pedido a cada momento. Confiemos em Deus, que infundiu, em cada um de nós, o Seu Santo Espírito, no dia no nosso batismo: Ele falará, mesmo que não tenhamos as palavras mais apropriadas; Ele agirá, ainda que os nossos atos possam parecer deslocados, ou trôpegos; o Seu Amor inundará o coração do outro, mesmo que não sintamos nada, ou esse outro nos pareça a léguas de distância... Não importa, entreguemo-nos de coração. 

“Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».” 


Na 2ªleitura (Ef 1, 3-14) S. Paulo, com uma linguagem muito bela, faz-nos sentir tão preciosos aos olhos de Deus, que teve, desde o princípio dos princípios e, continua a ter hoje, e sempre, uma história, uma relação, de um Amor tão profundo por cada um de nós, que a nossa alma explode e canta hinos de louvor e ação de graças ao nosso Deus. Deus Pai, que entrega Seu Único Filho, em quem põe todo o Seu enlevo, para n’Ele nos recuperar comos filhos, é uma loucura amorosa sem fim. Como nos amas Senhor! Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos dos séculos, sem fim. Que toda a terra Te louve e aclame como o Único Deus Altíssimo. Que todos os  homens Te conhecem assim, Amor sem fim. Amén!

“Irmãos: Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra.”

No Evangelho (Mc 6, 7-13) encontramo-nos com Jesus e os Apóstolos e sentimo-nos desafiados a assumir a missão que o Senhor continua a colocar hoje, a cada um dos batizados, na Igreja: ser na vida testemunha do Seu Amor infinito por todos e por cada um de nós. Deixemos cair tudo o que nos atrapalha e impede de ser um “vaso comunicante” do Seu Amor e permitamos que, através de nós, Se comunique a todos, sem exceção.

“Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.”

Senhor, obrigada por me amares tal qual sou. Que o meu coração todo se entregue a Ti e, assim possas chegar a quem queres, também através de mim. Que eu não seja empecilho, mas ponte.

sábado, 3 de julho de 2021

 XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras de hoje conduzem-nos pelos caminhos da fé de uma forma tão humana, quanto espiritual. Por um lado, as várias situações apresentadas nas leituras estão profundamente enraizadas no dia a dia do povo de Israel, e também em pleno séc. XXI, na nossa labuta diária, numa relação tanto individual, quanto coletiva, mas por outro desafiam-nos a uma confiança total no Pai, no Seu Amor infinito por cada um de nós. É na fé, que a nossa alma, todo o nosso ser, adere por inteiro, se entrega verdadeiramente a Deus, e aí o milagre acontece.


Na 1ª leitura (Ez 2, 2-5) o profeta Ezequiel deixa-se conduzir pelo Espírito Santo e diz ao povo do seu tempo e também a nós, homens e mulheres de hoje, que o Senhor habita, vive no meio de nós, é um connosco, “enamorado” da Sua criatura. Acreditar e deixar-se amar assim por Deus é com cada um, pois o Senhor não Se impõe a ninguém, propõe-se, sujeita-se à nossa escolha, sabendo de antemão que, tantas vezes, somos rebeldes e de coração duro. Mil graças te dou Senhor, por nos amares tão “loucamente”. Bendito e louvado sejas hoje e sempre pelos séculos sem fim.

“Naqueles dias, o Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’. Podem escutar-te ou não – porque são uma casa de rebeldes –, mas saberão que há um profeta no meio deles».” 

Na 2ªleitura (2 Cor 12, 7-10) é um S.Paulo totalmente entregue ao Senhor, quem nos revela até onde vai o Amor de Deus por cada ser criado. Faz-nos perceber que Deus não se escandaliza com as nossas fragilidades, mas que, pelo contrário, é nelas que podemos sentir a força, a ternura, a enormidade de Deus Amor. Bendito sejas Senhor!

“Irmãos: Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne, – um anjo de Satanás que me esbofeteia – para que não me orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte.”

No evangelho (Mc 6, 1-6) acompanhamos Jesus e os discípulos numa ida à Sua terra, já na vida pública, em pleno anúncio do Reino e no apelo à conversão. Provavelmente era conhecido de todos, ou, pelo menos, pela grande maioria dos ali residentes, afinal tinha brincado e crescido com tantos deles… Até tinha aí exercido a atividade de carpinteiro… Ao contraste de sentimentos provocado pelas Suas palavras sucede-se uma incapacidade de acreditar verdadeiramente em Quem Ele é. E, devido à falta de fé daquelas pessoas, Jesus curou alguns, mas não fez ali nenhum milagre. Sem uma relação de comunhão, de amor, de entrega, de adesão ao Pai, não pode haver milagre, porque este vai muito para além da cura física, acontece na fé em Deus.

“Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.”

Senhor, eu creio em Ti, mas aumenta a minha pouca fé.