domingo, 5 de março de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Segunda-feira II – dia 11 –06/03/2023

Evangelho Lc 6, 36-38

«Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados.»

Jesus adverte os seus discípulos para uma disciplina de vida. Quem quiser identificar-se com o coração do Pai tem que ser misericordioso como Ele. O hábito da crítica condenatória não destrói apenas o outro, mas volta-se contra nós, porque receberemos na medida do que dermos aos outros. Por isso, Jesus aconselha a ser misericordioso, a perdoar e a repartir, se queremos ser tratados com benevolência.

aliturgia.com

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco»."

“A mesma medida”, diz Jesus aos seus discípulos. A consciência de que recebo na medida em que dou e a partir daquilo que dou. Gasto a minha vida com críticas, julgamentos, condenações, receberei críticas, julgamentos e condenações. Gasto a minha vida a perdoar e a repartir, receberei perdão e verei as minhas mãos encherem-se de dádivas. Cem vezes mais promete Jesus e cem vezes mais posso eu experimentar na realidade.

Não me julgues, Senhor, pelos meus pecados. Não recordes as minhas faltas. Na minha miséria vem em meu auxílio com a Tua misericórdia e salva-me perdoando os meus pecados. Que eu possa estar na Tua presença com tranquilidade de coração, encontrar em Ti acolhimento e aprender de Ti que és manso e humilde de coração, sempre pronto a compadecer-Te de mim.

aliturgia.com

Avé-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.

(...)

Um bom educador vai ao essencial. Não se perde nos pormenores, mas quer transmitir o que deveras conta para que o filho ou o aluno encontre o sentido e a alegria de viver. É a verdade. E o essencial, segundo o Evangelho, é a misericórdiaO essencial do Evangelho é a misericórdia. Deus enviou o seu Filho, Deus fez-se homem para nos salvar, ou seja, para nos dar a sua misericórdia. Jesus diz isto claramente, resumindo o seu ensinamento para os discípulos: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36). Pode existir um cristão que não seja misericordioso? Não. O cristão deve ser necessariamente misericordioso, porque este é o centro do Evangelho. E fiel a este ensinamento, a Igreja não pode deixar de repetir a mesma coisa aos seus filhos: «Sede misericordiosos», como o vosso Pai, e como o foi Jesus. Misericórdia.

E então a Igreja comporta-se como Jesus. Não dá lições teóricas sobre o amor, sobre a misericórdia. Não difunde no mundo uma filosofia, um caminho de sabedoria... Certamente, o Cristianismo é também tudo isto, mas por consequência, de reflexo. A mãe Igreja, como Jesus, ensina com o exemplo, e as palavras servem para iluminar o significado dos seus gestos.

A mãe Igreja ensina-nos a dar de comer e de beber a quem tem fome e sede, a vestir quem está nu. E como o faz? Com o exemplo de tantos santos e santas que fizeram isto de modo exemplar; e também com o exemplo de tantíssimos pais e mães, que ensinam aos seus filhos que o que nos sobeja a nós é para quem não tem o necessário. É importante saber isto. Nas famílias cristãs mais simples sempre foi sagrada a regra da hospitalidade: nunca falta um prato e um leito para quem precisa. Certa vez uma mãe contou-me — na outra diocese — que queria ensinar isto aos seus filhos e dizia-lhes que ajudassem e dessem de comer a quem tinha fome; ela tinha três. E um dia ao almoço — o pai estava fora por trabalho, estava ela com os três filhos, pequeninos, 7, 5, 4 anos mais ou menos — e batem à porta: era um senhor que pedia de comer. E a mãe disse-lhes: «Espera um momento». Entrou e disse aos filhos: «Está ali um senhor que pede de comer, que fazemos?», «Damos-lhe, mãe, damos-lhe!». Cada um tinha no prato um bife com batatas fritas. «Muito bem — disse a mãe — damos-lhe metade de cada um de vós». «Ah, não, mãe, assim não está bem!». «É assim, tu deves dar do teu». E deste modo, esta mãe ensinou aos seus filhos a dar de comer do próprio. Este é um bonito exemplo que me ajudou muito. «Mas não me sobeja nada...». «Dá do teu!». É assim que nos ensina a mãe Igreja. E vós, numerosas mães que estais aqui, sabeis o que deveis fazer para ensinar aos vossos filhos para que partilhem as suas coisas com quem tem necessidade.

A mãe Igreja ensina a estar próximos de quem é doente. Quantos santos e santas serviram Jesus deste modo! E quantos homens e mulheres simples, todos os dias, põem em prática esta obra de misericórdia num quarto de hospital, ou de uma casa de repouso, ou na própria casa, assistindo uma pessoa doente.

A mãe Igreja ensina a estar próximo de quem está na prisão. «Mas, Padre, não, este é perigoso, é gente má». Mas cada um de nós é capaz... Ouvi bem isto: cada um de nós é capaz de fazer o mesmo que fez aquele homem ou aquela mulher que está na prisão. Todos temos a capacidade de pecar e de fazer o mesmo, de errar na vida. Não é mais maldoso do que tu e do que eu! A misericórdia supera qualquer muro, qualquer barreira, e leva-te a procurar sempre o rosto do homem, da pessoa. E é a misericórdia que muda o coração e a vida, que pode regenerar uma pessoa e permitir que ela se insira de maneira nova na sociedade.

A mãe Igreja ensina a sermos próximos de quem está abandonado e morre sozinho. Foi quanto fez a beata Teresa pelas estradas de Calcutá; e foi o que fizeram tantos cristãos que não têm medo de apertar a mão a quem está para deixar este mundo. E também aqui, a misericórdia doa a paz a quem parte e a quem fica, fazendo-nos sentir que Deus é maior do que a morte, e que permanecendo n’Ele também a última separação é um «adeus»... Tinha compreendido bem isto a beata Teresa! Diziam-lhe: «Madre, isto é perder tempo!». Encontrava pessoas moribundas pela estrada, pessoas às quais os ratos de rua começavam a comer o corpo, e ela levava-as para casa para que morressem limpos, tranquilos, acariciados, em paz. Ela dava-lhes o «adeus», a todas elas... E tantos homens e mulheres como ela fizeram isto. E eles esperam-no, lá [indica o céu], à porta, para lhes abrir a porta do Céu. Ajudar as pessoas a morrer bem, em paz.

Amados irmãos e irmãs, assim a Igreja é mãe, ensinando aos seus filhos as obras de misericórdia. Ela aprendeu de Jesus este caminho, aprendeu que isto é essencial para a salvação. Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que os pagãos o fazem. Não é suficiente fazer o bem a quem pratica connosco o bem. Para mudar o mundo para melhor é preciso fazer bem a quem não é capaz de retribuir, como fez o Pai connosco, dando-nos Jesus. Quanto pagámos pela nossa redenção? Nada, tudo de graça! Fazer o bem sem esperar algo em troca. Assim fez o Pai connosco e nós devemos fazer o mesmo. Pratica o bem e vai em frente!

Como é bonito viver na Igreja, na nossa mãe Igreja que nos ensina estas coisas que Jesus nos ensinou. Agradeçamos ao Senhor, que nos concede a graça de ter a Igreja como mãe, ela que nos ensina o caminho da misericórdia, que é o caminho da vida. Agradeçamos ao Senhor.

PAPA FRANCISCO

(Audiência Geral - 10 de Setembro de 2014)

Sem comentários:

Enviar um comentário