sábado, 25 de novembro de 2023

 SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

Com a solenidade de Jesus Cristo - Rei do Universo, a Igreja fecha o ciclo litúrgico do Ano A. É o coroar de uma caminhada, que prepara o início de um novo ano litúrgico no próximo domingo. A coroação de Jesus Rei faz a ponte com o início da preparação do nascimento do Menino Jesus, de forma a ligar a celebração de todo o Mistério Salvífico, que, pedagogicamente, a Igreja vai apresentando ao longo de cada ano.

As leituras centram-nos na realeza divina de Jesus, que tem como fundamento a Sua vida, morte e ressurreição. Jesus, o Filho de Deus encarnado, na Sua vida terrena, fez escolhas. Em tudo e sempre optou por dar-Se, gastar-Se totalmente até à morte de Cruz (Seu trono de glória), em nosso favor, por Amor.

Na 1ªleitura ( Ez 34, 11-12.15-17) o profeta, ao consolar o povo de Israel, projeta-nos para Deus, o Bom Pastor, que vamos encontrar no evangelho. Jesus veio cumprir a profecia de Ezequiel, Ele é o nosso Bom Pastor! Deixemos que nos guie, abramos-Lhe a porta do nosso coração.

“Eis o que diz o Senhor Deus: «Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei de encontrá-las. Como o pastor vigia o seu rebanho, quando estiver no meio das ovelhas que andavam tresmalhadas, assim Eu guardarei as minhas ovelhas, para as tirar de todos os sítios em que se desgarraram num dia de nevoeiro e de trevas. Eu apascentarei as minhas ovelhas, Eu as levarei a repousar, diz o Senhor Deus. Hei de procurar a que anda perdida e reconduzir a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida e velarei pela gorda e vigorosa. Hei de apascentá-las com justiça. Quanto a vós, meu rebanho, assim fala o Senhor Deus: Hei de fazer justiça entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e cabritos».

Na 2ªleitura (1 Cor 15, 20-26.28) S.Paulo apresenta-nos a soberania de Jesus, como primícia de todos os que viveram antes, durante e depois d’Ele. A realeza divina de  Jesus a todos integrará e com todos contará, assim saiba, cada um de nós, deixar-se habitar totalmente por Ele e d’Ele viver, no concreto de cada dia, junto dos que Ele coloca nos nossos caminhos.

“Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai, depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte. Quando todas as coisas Lhe forem submetidas, então também o próprio Filho Se há de submeter Àquele que Lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.”

No evangelho (Mt 25, 31-46) Jesus apresenta-nos Deus, justo Juíz, misericordioso, Amor infinito, que nos julgará em função dos nossos atos, tendo sempre como critério o amor com que servimos o nosso próximo. Deixemos que o Senhor Jesus, o Bom Pastor, que deu a Sua Vida por todos, em geral, e por cada um, reine , habite no nosso coração e nos preencha por inteiro e, então, n’Ele, amaremos os que o Senhor colocar nas nossas vidas.

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’. E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna»."

Senhor habita-me por inteiro, ama em mim cada um dos que faz parte do meu viver de cada dia. 

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!

Neste último domingo do ano litúrgico celebramos a solenidade de Cristo Rei do universo. A sua realeza é de guia, de serviço, e também uma realeza que no fim dos tempos se afirmará como o juízo. Hoje temos diante de nós Cristo como rei, pastor e juiz, que indica os critérios de pertença ao Reino de Deus. Aqui estão os critérios.

A página evangélica abre-se com uma visão grandiosa. Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus diz: «Quando o Filho do Homem voltar na sua glória, e todos os anjos com Ele, sentar-se-á no seu trono glorioso» (Mt 25, 31). Trata-se da solene introdução da narração do juízo universal. Depois de ter vivido a existência terrena em humildade e pobreza, Jesus apresenta-se agora na glória divina que lhe pertence, circundado pelos exércitos angélicos. A humanidade inteira é convocada perante Ele, e Ele exerce a sua autoridade separando uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.

Àqueles que colocou à sua direita, diz: «Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos foi preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era peregrino e acolhestes-me; nu e vestistes-me; enfermo e visitastes-me; estava na prisão e viestes ter comigo» (vv. 34-36). Os justos ficam surpreendidos, porque não se recordam de um dia ter encontrado Jesus, e muito menos de o ter ajudado desse modo; mas Ele declara: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (v. 40). Esta palavra nunca deixa de nos impressionar, porque nos revela até que ponto chega o amor de Deus: a ponto de se identificar connosco, contudo não quando estamos bem, quando estamos sadios e felizes, não, mas quando estamos em necessidade. É desta forma escondida que Ele se deixa encontrar, que nos estende a mão como mendigo. É assim que Jesus revela o critério decisivo do seu juízo, ou seja, o amor concreto pelo próximo em dificuldade. Revela-se assim o poder do amor, a realeza de Deus: solidário com quantos sofrem, para suscitar em toda a parte atitudes e obras de misericórdia.

A parábola do juízo prossegue, apresentando o rei que afasta de si quantos, durante a própria vida, não se preocuparam com as necessidades dos irmãos. Também neste caso, eles ficam surpreendidos e perguntam: «Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão, e não te socorremos?» (v. 44). Está subentendido: “Se te tivéssemos visto, certamente ter-te-íamos ajudado!”. Mas o rei responderá: «Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim mesmo que o deixastes de fazer» (v. 45). No final da nossa vida, seremos julgados sobre o amor, ou seja, sobre o nosso compromisso concreto de amar e servir Jesus nos nossos irmãos mais pequeninos e necessitados. Aquele mendigo, esse necessitado que estende a mão é Jesus; aquele doente que devo visitar é Jesus; esse preso é Jesus; aquele faminto é Jesus. Pensemos nisto!

Jesus virá no fim dos tempos para julgar todas as nações, mas vem ter connosco todos os dias, de muitas maneiras, e pede-nos que o acolhamos. A Virgem Maria nos ajude a encontrá-lo e a recebê-lo na sua Palavra e na Eucaristia, e ao mesmo tempo nos irmãos e nas irmãs que sofrem a fome, a doença, a opressão e a injustiça. Que os nossos corações o acolham no hoje da nossa vida, para sermos por Ele recebidos na eternidade do seu Reino de luz e de paz.

Papa Francisco
(Angelus, 26 de novembro de 2017)

26 de novembro de 2023 - Dia Mundial da Juventude - Diocese de Leiria-Fátima

sábado, 18 de novembro de 2023

    XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras de hoje continuam o apelo à vigilância na fé, que se iniciou no passado domingo. Desta vez, o caminho proposto para pormos em prática essa vigilância, é através da rentabilização, por colocação, dos “talentos” que Deus nos deu, sempre ao serviço da transmissão do Seu amor a todos os que fazem parte da nossa vida.

Na 1ªleitura (Prov31,10-13.19-20.30-31) o autor valoriza a mulher virtuosa e o seu papel fundamental na família, na transmissão de Deus Amor. Quando a mulher deixa Deus entrar na sua vida e ser o seu tudo, torna-se reflexo do amor de Deus e então, ontem, hoje e amanhã, será como diz o texto sagrado: “ O seu valor é maior que o das pérolas”.

“Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas da cidade.” 

Na 2ª leitura (1 Tes 5, 1-6)  S.Paulo apela vivamente à  vigilância e à preparação para o dia da vinda do Senhor, porque não sabemos, nem o dia, nem a hora. A nossa atitude deve ser a de uma espera ativa, uma espécie de “stand by” pró-ativo: 

“Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão noturno. E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.” 

No Evangelho (Mt 25, 14-30)  é o Senhor Jesus que nos desafia a estarmos vigilantes e a prepararmos a Sua segunda vinda. Todas as pessoas têm dons dados por Deus, que, como já a minha mãe dizia, se não forem postos ao serviço dos outros se estragam por falta de uso. Cabe-nos também a nós, hoje, responder ao desafio de colocar os nossos talentos a render, nas diferentes situações da nossa vida: família, profissão, amigos, comunidade,…Que possamos também nós, um dia, ouvir o Senhor dizer-nos: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».”

Senhor, ensina-me a estar vigilante no serviço aos outros. 

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo narra a parábola dos talentos, tirada de são Mateus (25, 14-30). Fala de um homem que, antes de partir para uma viagem, convoca os seus empregados e confia-lhes o seu património em talentos, moedas antigas de enorme valor. Aquele senhor confia ao primeiro servo cinco talentos; ao segundo, dois; e ao terceiro, um. Durante a sua ausência, os três servos devem fazer frutificar esse património. O primeiro e o segundo duplicam as respectivas quantias iniciais; o terceiro, ao contrário, tendo medo de perder tudo, enterra num buraco o talento recebido. Quando o senhor volta, os primeiros dois servos recebem a recompensa, enquanto o terceiro, que restitui apenas a moeda recebida, é repreendido e até punido.

O significado disto é claro. O homem da parábola representa Jesus; os servos somos nós; e os talentos são o património que o Senhor nos confia. Qual é o património». A sua Palavra, a Eucaristia, a fé no Pai celestial, o seu perdão... em síntese, muitas coisas, os seus bens mais preciosos. Este é o património que Ele nos confia. Que não devemos só conservar, mas também multiplicar! Enquanto, segundo o uso comum, o termo «talento» indica uma acentuada qualidade individual — por exemplo, talento na música, no desporto, etc. — na parábola os talentos representam os bens do Senhor, que Ele nos confia para os fazermos frutificar. O buraco escavado no terreno pelo «servo mau e preguiçoso» (v. 26) indica o medo do risco que bloqueia a criatividade e a fecundidade do amor. Sim, o medo dos ricos do amor bloqueia-nos! Jesus não nos pede que conservemos a sua graça num cofre! Jesus não nos pede isto, mas deseja que a utilizemos em vantagem do próximo. Todos os bens que recebemos devem, ser transmitidos aos outros, porque só assim crescem. É como se Ele nos dissesse: «Eis-te a minha misericórdia, a minha ternura, o meu perdão: toma-os e usa-os com magnanimidade». E nós, o que fazemos disto? Quem «contagiamos» com a nossa fé? Quantas pessoas encorajamos com a nossa esperança? Quanto amor compartilhamos com o nosso próximo? São perguntas que nos fará bem formular. Qualquer ambiente, até o mais distante e impraticável, pode tornar-se um lugar onde fazer frutificar os talentos. Não existem situações nem lugares fechados à presença e ao testemunho cristão. O testemunho que Jesus nos pede não é fechado, mas aberto, depende de nós.

Esta parábola anima-nos a não esconder a nossa fé nem a nossa pertença a Cristo, a não enterrar a Palavra do Evangelho, mas a fazê-la circular na nossa vida, nos relacionamentos, nas situações concretas, como uma força que põe em crise, que purifica e renova. Assim também o perdão, que o Senhor nos oferece especialmente no Sacramento da Reconciliação: não o conservemos fechado em nós mesmos, mas permitamos que ele transmita a sua força, que faça ruir aqueles muros elevados pelo nosso egoísmo, que nos leve a dar o primeiro passo nos relacionamentos bloqueados e retomar o diálogo onde já não há comunicação... E assim por diante. Devemos fazer com que estes talentos, estes presentes, estes dons que o Senhor nos concedeu cheguem aos outros, cresçam e dêem fruto através do nosso testemunho.

Acho que hoje seria um bonito gesto se cada um de vós pegasse no Evangelho em casa, no Evangelho de São Mateus, capítulo 25, versículos 14-30 — Mateus 25, 14-30 — o lesse e meditasse um pouco: «Os talentos, as riquezas, tudo aquilo que Deus me concedeu de espiritual, de bondade, a Palavra de Deus: como levo isto a crescer nos outros? Ou limito-me a conservá-lo no cofre?».

Além disso, o Senhor não concede a todos as mesmas coisas e do mesmo modo: Ele conhece-nos pessoalmente e confia-nos aquilo que é bom para nós; mas em todos, em todos há algo de igual: uma única, imensa confiança. Deus confia em nós, Deus espera em nós! E isto é igual para todos. Não o dececionemos! Não nos deixemos enganar pelo medo, mas retribuamos a confiança com a confiança! A Virgem Maria encarna esta atitude do modo mais excelso e completo. Ela recebeu e acolheu a dádiva mais sublime, Jesus em Pessoa e, por sua vez, ofereceu-o à humanidade com um Coração generoso. Peçamos-lhe que nos ajude a ser «servos bons e fiéis», para participarmos na «alegria de nosso Senhor».

Papa Francisco
(Angelus, 16 de novembro de 2014)

VII Dia Mundial dos Pobres - 2023 - Mensagem do Papa Francisco


MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

1. O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem». Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: «Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5).

Dia Mundial dos Pobres 2023 - 19 de novembro - Ecclesia

 

Liberdade Religiosa: «Semana Vermelha» alerta para a perseguição aos cristãos no mundo -Ecclesia

 

sábado, 11 de novembro de 2023

   XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Nas leituras deste domingo somos confrontados connosco próprios, fundamentalmente na forma como procuramos o Senhor, no dia a dia da vida, nos deixamos alimentar por Ele e nos preparamos para O encontrarmos em cada um dos que coloca nos nossos caminhos, mas também para o encontro definitivo em que O veremos face a face.


Na 1ª leitura (Sab 6, 12-16) o autor sagrado projeta-nos  claramente para Jesus, que vive nos que O procuram, que Se antecipa e dá a conhecer aos que O desejam, que habita os que lhe abrem o coração e se deixam transformar por Ele. Deixemo-nos iluminar, amar por este Amor sem fim, que é Jesus Cristo, a Sabedoria de Deus.

“A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram. Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam. Quem a busca desde a aurora não se fatigará, porque há de encontrá-la já sentada à sua porta. Meditar sobre ela é prudência consumada e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados. Procura por toda a parte os que são dignos dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.”

Na 2ªleitura (1 Tes 4, 13-18) S.Paulo dá-nos a razão da nossa fé, Jesus Ressuscitado. Se com Jesus vivermos, com Ele havemos de ressuscitar um dia e n’Ele seremos conduzidos a Deus. Jesus é a nossa força, a nossa esperança, a certeza do Amor Infinito de Deus, Uno e Trino, vivo e presente em cada ser por Si criado. Que graça única é esta de sermos, em Jesus, filhos amados de Deus. Bendito e louvado sejas Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

“Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo uma palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.” 

No evangelho (Mt 25, 1-13) Jesus ajuda-nos a refletir sobre a forma como vivemos a nossa fé, no dia a dia da vida: como é que espelhamos e espalhamos Deus Amor em tudo o que somos e fazemos;  de que forma testemunhamos o nosso “ser cristão” na relação com os que vivem, convivem, ou se cruzam nos nossos caminhos; como  e com o que preparamos as nossas candeias para a chegada do Amado,…. Só o Amor de Deus poderá alimentar e encher  as nossas almotolias! Deixemos que o Senhor nos habite por inteiro, pois n’Ele, Amor Infinito, a Luz nunca se extinguirá.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo. Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias. Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram. No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’. Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’. Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores’. Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’. Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’. Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».

Senhor, que eu nunca deixe de Te procurar, de Te desejar e de me abrir à Tua Luz. 

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!

Neste domingo, o Evangelho (cf. Mt 25, 1-13) indica-nos a condição para entrar no Reino dos céus, e fá-lo com a parábola das dez virgens: trata-se daquelas donzelas que eram encarregadas de receber e acompanhar o esposo na cerimónia de casamento, e dado que naquela época se costumava celebrá-la à noite, as damas de honra levavam lâmpadas consigo.

A parábola diz que cinco daquelas virgens são sábias e cinco insensatas: com efeito, as sábias levaram consigo óleo para as lâmpadas, e as insensatas não. O esposo tarda a chegar e todas adormecem. À meia-noite é anunciada a chegada do esposo; então, as virgens insensatas dão-se conta de que não têm óleo para as lâmpadas, e pedem-no às sábias. Mas elas respondem que não podem dá-lo, porque não seria suficiente para todas. Portanto, enquanto as insensatas vão em busca do óleo, chega o esposo; as virgens sábias entram com ele na sala do banquete e a porte fecha-se. As cinco insensatas voltam tarde demais e batem à porta, mas a resposta é: «Não vos conheço» (v. 12), e permanecem fora.

O que Jesus nos quer ensinar com esta parábola? Recorda-nos que devemos estar prontos para o encontro com Ele. Muitas vezes, no Evangelho, Jesus exorta a vigiar, e fá-lo também no final desta narração. Reza assim: «Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora» (v. 13). Mas com esta parábola diz-nos que vigiar não significa apenas não dormir, mas estar preparado; com efeito, todas as virgens dormem antes que o esposo chegue, mas quando se acordam algumas estão prontas e outras não. Portanto, este é o significado de ser sensato e prudente: trata-se de não esperar o último momento da nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas de o fazer já agora. Seria bom pensar um pouco: um dia será o último. Se fosse hoje, como estou preparado, preparada? Mas devo fazer isto e aquilo... Preparar-se como se fosse o último dia: isto faz bem.

A lâmpada é o símbolo da fé que ilumina a nossa vida, enquanto o óleo é o símbolo da caridade que alimenta, que torna fecunda e credível a luz da fé. A condição para estarmos prontos para o encontro com o Senhor não é apenas a fé, mas uma vida cristã rica de amor e de caridade pelo próximo. Se nos deixarmos guiar por aquilo que parece mais cómodo, pela busca dos nossos interesses, a nossa vida torna-se estéril, incapaz de dar vida aos outros, e não acumulamos reserva alguma de óleo para a lâmpada da nossa fé; e ela — a fé — apagar-se-á no momento da vinda do Senhor, ou ainda antes. Ao contrário, se formos vigilantes e procurarmos praticar o bem com gestos de amor, partilha e serviço ao próximo em dificuldade, poderemos permanecer tranquilos enquanto esperamos a vinda do esposo: o Senhor poderá chegar a qualquer momento, e nem sequer o sono da morte nos apavora, porque dispomos de uma reserva de óleo, acumulada com as boas obras de todos os dias. A fé inspira a caridade, e a caridade preserva a fé.

A Virgem Maria nos ajude a tornar a nossa fé cada vez mais ativa através da caridade; a fim de que a nossa lâmpada possa resplandecer já aqui, no caminho terreno, e depois para sempre, na festa de bodas no paraíso.

Papa Francisco
(Angelus, 12 de novembro de 2017)

sábado, 4 de novembro de 2023

   XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo obrigam-nos a descer até ao mais íntimo de nós próprios e a olharmo-nos de frente na nossa relação, quer com Deus, quer n’Ele com os irmãos. Levam-nos a questionarmo-nos sobre até que ponto somos consequentes no que fazemos, com o que dizemos, ou com o que aconselhamos aos outros.

Na 1ªleitura (Mal 1, 14b – 2, 2b.8-10)  o profeta Malaquias apresenta-nos Deus Pai, como o Único, como Aquele que nos criou a todos. E, então como hoje, é válida a questão objetiva que é posta: “Não foi o mesmo Deus que nos criou? Então porque somos desleais uns para com os outros, profanando a aliança dos nossos pais?” Respondamos, de coração sincero, à pergunta que nos é feita. Deixemos que o Amor de Deus nos inunde.

"Eu sou um grande Rei, diz o Senhor do Universo, e o meu nome é temível entre as nações. Agora, este aviso é para vós, sacerdotes: Se não Me ouvirdes, se não vos empenhardes em dar glória ao meu nome, diz o Senhor do Universo, mandarei sobre vós a maldição. Vós desviastes-vos do caminho, fizestes tropeçar muitos na lei e destruístes a aliança de Levi, diz o Senhor do Universo. Por isso, como não seguis os meus caminhos e fazeis aceção de pessoas perante a lei, também Eu vos tornarei desprezíveis e abjetos aos olhos de todo o povo. Não temos todos nós um só Pai? Não foi o mesmo Deus que nos criou? Então porque somos desleais uns para com os outros, profanando a aliança dos nossos pais?"

Na 2ª leitura 1 Tes 2, 7b-9.13 S. Paulo continua a louvar a Deus pela forma como os tessalonicenses receberam o anúncio da Boa Nova e deixaram que, a Palavra Viva de Deus recebida, se tornasse ativa no seu testemunho de vida. Como é belo quando S.Paulo fala assim desta comunidade por ele evangelizada.  Sente-se que os ama com um amor imenso, o amor de Deus: 

“Irmãos: Fizemo-nos pequenos no meio de vós. Como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar, assim nós também, pela viva afeição que vos  dedicamos, desejaríamos partilhar convosco, não só o Evangelho de Deus, mas ainda a própria vida, tão caros vos tínheis tornado para nós. Bem vos lembrais, irmãos, dos nossos trabalhos e canseiras. Foi a trabalhar noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, que vos pregámos o Evangelho de Deus. Por isso, também nós damos graças a Deus sem cessar, porque, depois de terdes ouvido a palavra de Deus por nós pregada, vós a acolhestes, não como palavra humana, mas como ela é realmente, palavra de Deus, que permanece ativa em vós, os crentes.”

O Evangelho (Mt 23, 1-12)  é uma denúncia  que Jesus faz à duplicidade de vida daqueles que falam muito bem, mas não vivem de acordo com as verdades de fé professadas, sobretudo imbuídos da certeza que temos e que foi bem proclamada na 1ªleitura: Deus é Pai de todos, logo todos somos irmãos. Então porque não nos amamos, como Deus nos ama, porque não deixamos que Deus ame os outros em nós? Jesus faz também um apelo a que deixemos que Deus seja tudo em nós, o nosso único Senhor. Só Ele nos ama infinitamente, sabendo quem somos realmente. Deixemo-nos consumir de amor por Ele e seremos testemunhas do Seu Amor, como o foram os tessalonicenses, de que nos fala S.Paulo na 2ªleitura.

"Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filatérios e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»."

Senhor, Pai Santo, Amor total por cada um de nós, habita-me por inteiro. Que o Teu Amor se transmita a todos aqueles a quem queres chegar através de mim. Que eu seja um pequeno elo da tua cadeia amorosa.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje (cf. Mt 23, 1-12) ambienta-se nos últimos dias da vida de Jesus, em Jerusalém; dias cheios de expetativas e também de tensões. Por um lado Jesus dirige críticas severas aos escribas e aos fariseus, e por outro faz importantes recomendações aos cristãos de todos os tempos, e portanto também a nós.

Ele diz à multidão: «Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as». Isto significa que eles têm a autoridade para ensinar o que é conforme com a lei de Deus. Contudo, imediatamente a seguir, Jesus acrescenta: «mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem» (v. 2-3). Irmãos e irmãs, um defeito frequente em quantos têm uma autoridade, quer se trate de autoridade civil quer eclesiástica, é exigir dos outros coisas, mesmo justas, que contudo eles não praticam em primeira pessoa. Fazem vida dupla. Diz Jesus: «Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los» (v. 4). Esta atitude é uma má prática da autoridade, que ao contrário deveria haurir a sua primeira força, precisamente do bom exemplo. A autoridade nasce do bom exemplo, para ajudar os outros a praticar o que é justo e necessário, apoiando-os nas provações que se encontram no caminho do bem. A autoridade é uma ajuda, mas se for exercida mal, torna-se opressiva, não deixa crescer as pessoas, causa um clima de desconfiança e de hostilidade e leva também à corrupção.

Jesus denuncia abertamente alguns comportamentos negativos dos escribas e de alguns fariseus: «E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças» (vv. 6-7). Esta é uma tentação que corresponde à soberba humana e que nem sempre é fácil de vencer. Trata-se da atitude de viver só para a aparência.

Depois Jesus recomenda aos seus discípulos: «Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos [...] Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo» (vv. 8-11).

Nós, discípulos de Jesus, não devemos procurar títulos de honra, de autoridade ou de supremacia. E digo-vos que a mim pessoalmente me causa tanto sofrimento ver pessoas que vivem psicologicamente correndo atrás da vaidade das honorificências. Nós, discípulos de Jesus não devemos fazer isto, porque entre nós deve haver uma atitude simples e fraterna. Somos todos irmãos e não devemos de maneira alguma subjugar os outros e olhar para eles de cima para baixo. Não. Somos todos irmãos. Se recebemos qualidades do Pai celeste, devemos pô-las ao serviço dos irmãos, e não aproveitar delas para a nossa satisfação e interesse pessoal. Não nos devemos considerar superiores aos demais; a modéstia é essencial para uma existência que queira ser conforme com o ensinamento de Jesus, o qual é manso e humilde de coração e não veio para ser servido mas para servir.

A Virgem Maria, «humilde e alta mais que criatura» (Dante, Paraíso, XXXIII, 2), nos ajude, com a sua materna intercessão, a evitar o orgulho e a vaidade, e a ser mansos e dóceis ao amor que vem de Deus, para o serviço dos nossos irmãos e para a sua alegria, que será também a nossa.

Papa Francisco
(Angelus, 5 de novembro de 2017)