terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Quarta-feira I – dia 7 –01/03/2023

Evangelho: Lc 11, 29-32

«(...) e aqui está quem é maior do que Salomão»

«(...) e aqui está quem é maior do que Jonas»

Jesus olha as pessoas que se juntam à sua volta e percebe que as suas motivações não são as mais genuínas. São muitas as intenções, mas nem todas são válidas para O procurar. Por isso Jesus recorda-lhes que os ninivitas fizeram uma mudança radical nas suas vidas ao ouvir Jonas e a rainha do Sul fez grandes sacrifícios e percorreu grandes distâncias para ouvir Salomão. Mas Ele, Jesus, é mais do que Jonas e maior do que Salomão e as suas palavras não estão a ser levadas tão a sério que provoquem a mudança da vida.

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"Naquele tempo, aglomerava-se uma grande multidão à volta de Jesus e Ele começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa: pede um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal de Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os habitantes de Nínive, assim o será também o Filho do homem para esta geração. No juízo final, a rainha do Sul levantar-se-á com os homens desta geração e há de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão. No juízo final, os homens de Nínive levantar-se-ão com esta geração e hão de condená-la, porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; e aqui está quem é maior do que Jonas»."

Sinto que Jesus fala para mim nesta passagem do evangelho. Sinto que me chama a atenção para o facto de nem sempre levar a sério a sua palavra e nem sempre usar as minhas capacidades para converter a minha vida. Fico na superfície da minha relação com Ele porque vivo na periferia da sua palavra.

Tu és mais do que todos os reis e profetas que têm lugar na minha vida, Senhor. Todos eles podem ser importantes e vale a pena ouvi-los, mas nenhum deles tem palavras de vida eterna. Nenhum deles merece que empenhe toda a minha vida. Posso encontrar muitos modelos mas nenhum será o verdadeiro caminho da minha vida. Desperta em mim, Senhor, a consciência da força libertadora da tua palavra para que a deseje como o verdadeiro alimento que me sustenta.

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MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

Jonas o teimoso

Terça-feira, 10 de outubro de 2017

O homem sente dificuldade para entrar na lógica de Deus e com frequência aplica um conceito de «justiça» que ressente da sua «rigidez» e «teimosia». Limitado como é ao pequeno horizonte do seu coração, não consegue compreender o modo como «o Senhor age», a sua misericórdia infinita e a sua vontade de perdão. Esclarece-o a história do profeta Jonas que o Papa Francisco indicou para a reflexão durante a missa.

(...) O Pontífice repercorreu o Livro de Jonas, observando preliminarmente que parece «um diálogo entre a misericórdia, a penitência, a profecia e a teimosia».

Antes de tudo, Jonas, «um teimoso que quer ensinar a Deus o modo como as coisas devem ser feitas». De facto, «quando o Senhor o enviou a pregar a conversão à cidade de Nínive», ele partiu «de navio na direção oposta». Isto é: «Fugia da missão que Deus lhe confiara e entregara». Contudo, os eventos ultrapassam a sua vontade: com efeito, aconteceu que devido a uma tempestade o «navio ficou em perigo» e aos marinheiros que «rezavam cada um ao próprio deus», Jonas confessa a sua culpa e pede: «Lançai-me ao mar, eu sou o culpado». Assim acontece mas, recordou Francisco, «o Senhor, que é tão bom fez surgir um peixe que engoliu Jonas e depois de três dias deixou-o na praia».

A segunda parte da história é narrada precisamente na primeira leitura (Jonas 3, 1-10): «A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos: “Vai a Nínive, a grande cidade, e faz-lhe conhecer a mensagem que te ordenei”». Desta vez o profeta «obedeceu». E, observou o Papa, «vê-se que pregava bem porque os moradores de Nínive sentiram medo, muito medo e converteram-se». Graças ao seu pronunciamento, explicou, «a força da palavra de Deus chegou ao coração deles» e não obstante fosse uma «cidade muito pecadora», os seus habitantes mudaram de vida, «rezaram, jejuaram». Então «Deus viu as suas obras, isto é, que se tinham convertido da sua conduta malvada, e reconsiderou o castigo que tinha ameaçado infligir-lhes e não o fez».

Poderíamos perguntar, disse o Pontífice, «mas então, Deus mudou?». Na realidade, esclareceu o Pontífice, «mudaram eles». De facto, antes «Deus não podia entrar na vida deles porque estava fechada nos próprios vícios e pecados», depois eles «através da penitência abriram o coração, abriram a vida e o Senhor pôde entrar».

Prosseguindo a narração, o Papa antecipou também o seguimento da primeira leitura, na qual «a Igreja nos faz contemplar a terceira parte», isto é, o facto de que «Jonas sentiu grande desgosto e ficou indignado. Jonas enraiveceu-se, porque o Senhor perdoou a cidade: “Não, tu mandaste-me, preguei. Agora deves fazer o que disseste”». Sobressai então o facto de que Jonas «era um teimoso, mas mais que teimoso, era rígido; estava doente» de «rigidez da alma». Acrescentou Francisco: «Tinha a alma “engomada”, fechada, não a podia alargar: as coisas são assim e devem permanecer assim». Por conseguinte, explicou, depois «da conversão de Nínive», ao Senhor coube «outra obra»: «a conversão de Jonas».

O Pontífice neste ponto analisou o método pedagógico utilizado pelo Senhor com Jonas. O profeta «enraivecido, sai da cidade, retira-se numa cabana». E dado que «lá o sol era forte, o Senhor faz crescer uma planta de rícino, para que tivesse sombra». Jonas — que «foi ali para observar o que acontecia à cidade, se era verdade que o Senhor a tinha perdoado» e que «talvez tivesse a esperança, ou pior, a vontade que descesse fogo do céu! Estava ali, esperava o espetáculo — na realidade «estava feliz» com esta árvore que lhe dava conforto. Contudo, «o Senhor fez de modo que aquele rícino secasse» e então Jonas «enraiveceu-se ainda mais» e, usando a mesma expressão que usara com os marinheiros, disse: «Melhor para mim morrer que viver».

Este é, explicou o Papa, o momento em que «o Senhor entra no coração de Jonas» e lhe diz: «“Parece-te correto ficar tão indignado por esta planta de rícino?”. Ele respondeu: “Sim, é justo” — estava muito irado — “sinto-me muito indignado”. Mas o Senhor respondeu-lhe “Tu tens piedade daquela planta de rícino pela qual não fizeste nada nem sequer brotar, que numa noite cresceu e numa noite morreu. E eu não deveria ter piedade de Nínive, aquela grande cidade na qual vivem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem distinguir a mão direita da esquerda e uma grande quantidade de animais?”». Isto é, o Senhor «manifesta a Jonas a sua misericórdia».

Eis então que a Escritura fala também ao homem de hoje. Explicou Francisco: «Os teimosos de alma, os rígidos, não compreendem o que é a misericórdia de Deus. São como Jonas: “Devemos pregar isto, que sejam punidos porque praticaram o mal e devem ir para o inferno”». Ou seja, os rígidos «não sabem alargar o coração como o Senhor. Eles são pusilânimes, com o pequeno coração fechado, apegados unicamente à justiça». Sobretudo, acrescentou, os rígidos «esquecem-se que a justiça de Deus se fez carne no seu Filho, se fez misericórdia, se fez perdão; que o coração de Deus está sempre aberto ao perdão. E mais, (...) esquecem-se que Deus, a sua omnipotência, se manifesta sobretudo na misericórdia e no perdão».

Para o homem, explicou o Papa, «não é fácil entender a misericórdia de Deus, não é fácil». «É preciso muita oração para a compreender porque é uma graça». Com efeito, os homens estão acostumados à lógica do «fizeste-me, far-te-ei também», à justiça do «fizeste, pagas». Mas «Jesus pagou por nós e continua a pagar».

A Jonas — «teimoso, pusilânime, rígido», que «não compreendeu a misericórdia de Deus» — o Senhor «poderia ter dito: “Desenrasca-te com a tua rigidez e com a tua teimosia”». Mas ao contrário «o próprio Deus que quis salvar aquelas cento e vinte mil pessoas, foi ter com ele para lhe falar, para o convencer». Porque é «o Deus da paciência, é o Deus que sabe acariciar, que sabe alargar os corações».

Eis, portanto, «a mensagem deste livro profético»: com o seu «diálogo entre a profecia, a penitência, a misericórdia e a pusilanimidade ou a teimosia», diz-nos que «sempre vence a misericórdia de Deus», porque «a sua omnipotência se manifesta precisamente na misericórdia». E o Pontífice concluiu a homilia aconselhando «a pegar na Bíblia e ler este livro de Jonas — é pequenino, são três páginas — e ver como o Senhor age, como é a misericórdia do Senhor, como Ele transforma os nossos corações. E demos graças ao Senhor porque Ele é tão misericordioso»

Papa Francisco

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Terça-feira I – dia 6 –28/02/2023

Evangelho: Mt 6, 7-15

«Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, (...) porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes.»

Jesus fala aos discípulos sobre a oração. O caminho da oração de Jesus não é o dos pagãos. Jesus coloca-se diante do Pai com plena confiança e em atitude de acolhimento dos sentimentos e da vontade do Pai. Esta oração é um escutar o coração de Deus e não um desfiar de palavras apaziguadoras da ira da divindade como faziam os pagãos. Jesus, é muito claro, quer nas palavras quer na sua atitude diante de Deus.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito. Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes. Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas faltas»."

Senhor, ando absorvido com o que hei de comer e vestir, preocupado com o dia de amanhã. Não tenho a paz interior de quem sabe que tu não permites que nada me falte. Ensina-me, Senhor, a pedir o pão de hoje para mim e para os meus irmãos numa partilha justa de bens. Ensina-me a partilhar também os bens espirituais do perdão e do amor misericordioso, que aceita o outro na sua debilidade, e faz-me experimentar alegria nessa atitude tranquila de filho diante do Pai.

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Como um pai com o filho

Terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 09 de 1 de março de 2018

«Um café» com o Senhor e depois, com «o recibo do perdão» em frente «no caminho de conversão». Na certeza de que o Senhor nos chama de todos os modos para nos encontrarmos com Ele, o Papa Francisco indicou — na missa celebrada na terça-feira 27 de fevereiro em Santa Marta — a imagem do pai que tem que lidar com «as tolices do filho adolescente» mas dá-lhe «confiança» para que as não repita.

«O Senhor não se cansa de nos chamar à conversão, a mudar de vida». E «todos devemos mudar de vida: todos temos sempre necessidade de nos converter, de dar um passo em frente no caminho ao encontro de Jesus». A Quaresma «ajuda-nos a fazer isto, a converter-nos, a mudar de vida». Mas «esta — explicou Francisco — é uma graça que pedimos ao Senhor porque, como rezámos na oração da coleta, a Igreja não nos pode apoiar sem o Senhor; é Ele quem nos dá a graça».

«O Senhor reprova-nos muitas vezes, de diversas maneiras, admoesta-nos, assusta-nos, mostra-nos como é mau o pecado». Mas «o Senhor muda a maneira de nos mostrar a malícia do pecado e com isto ajuda-nos na conversão». Precisamente na liturgia do dia, afirmou o Papa referindo-se ao excerto do profeta Isaías (1, 10.16-20), «ouvimos na primeira leitura uma chamada à conversão, mas trata-se de uma chamada a um estilo especial: mas ali o Senhor não ameaça, chama com doçura, dando confiança».

«Depois de ter dito o que se devia ou não fazer o Senhor acrescenta: “Vem, vinde e discutamos, falemos um pouco”». Por conseguinte, o Senhor «não nos assusta, é como o pai do filho adolescente que fez uma tolice e tem que o repreender e sabe que se agir com o chicote a situação não correrá bem, tem que usar a confiança».

Por conseguinte, prosseguiu o Pontífice, «neste trecho Senhor chama-nos assim: “Vinde, tomemos um café juntos, falemos, discutamos, não tenhais medo, não vos quero fustigar”». E «dado que o filho pensa: “eu fiz coisas...”, imediatamente acrescenta: «Mesmo se os teus pecados fossem da cor do sangue, tornar-se-ão brancos como a neve. Se fossem vermelhos púrpura tornar-se-ão como lã». Em síntese, «o Senhor dá confiança, como o pai a dá ao filho adolescente».

Francisco observou que «muitas vezes o Senhor nos chama assim». E referiu-se a um episódio evangélico, quando Jesus diz: «Zaqueu, desce, vem comigo que eu quero comer em tua casa!». E naquela ocasião «Zaqueu chama todos os seus amigos — que não eram exatamente da Ação Católica! — mas chama todos e eles ouvem o Senhor». Precisamente «com aquele gesto de confiança o Senhor aproxima-os do perdão e muda o coração deles».

Jesus praticou o mesmo sistema com Mateus, dizendo-lhe: «Tenho que ir a tua casa». Eis que «o Senhor procura sempre a maneira»; ao contrário «outras vezes adverte: “não, malditos, vós não fizestes isto e aquilo...”». É uma advertência «forte, mas também na nossa vida o Senhor assume esta atitude de pai com o filho adolescente, procurando mostrar-lhe com a persuasão que tem que dar um passo em frente: dar um passo no caminho de conversão».

«Agradeçamos ao Senhor a sua bondade» disse Francisco, explicando que «ele não nos quer fustigar nem condenar: deu a sua vida por nós e esta é a sua bondade e procura sempre o modo para chegar ao coração». Por este motivo, afirmou, «quando nós sacerdotes, no lugar do Senhor, temos que ouvir as conversões, também nós devemos ter esta atitude de bondade, como diz o Senhor: “Vinde, falemos, não há problema, há perdão». E «não a ameaça, desde o início».

A este propósito o Papa confidenciou que se «comoveu há alguns dias quando um cardeal que confessa várias vezes por semana, à tarde em Santo Espírito in Sassia — faz duas horas de confissão, todos os dias — me contou qual é a sua atitude: “Quando me apercebo que uma pessoa tem dificuldade de dizer alguma coisa, que se percebe que é muito grave, e eu entendo imediatamente qual é, digo: entendi, está bem, outra coisa?”». E esta atitude, fez presente Francisco, «abre o coração e a outra pessoa sente-se em paz e vai em frente e prossegue o diálogo».

E é também isto que o Senhor faz connosco: «Vinde, discutamos, falemos; tomai o recibo do perdão, há perdão; agora falemos um pouco para que não façais outra parvoíce». «A mim ajuda-me ver esta atitude do Senhor: o pai com o filho que pensa que é adulto, que pensa ser maduro mas ainda está a meio do caminho». E «o Senhor sabe que todos nós estamos a meio do caminho e muitas vezes precisamos disto, de ouvir esta palavra: “Vem, não te assustes, vem, há perdão”». E concluiu, isto «encoraja-nos: ir ter com o Senhor, de coração aberto, é o pai que nos aguarda».

Papa Francisco

Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,mas livrai-nos do mal. Ámen.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Segunda-feira I – dia 5 –27/02/2023

Evangelho: Mt 25, 31-46

«Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.»

«Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer.»

A definitividade é o tema desta parábola de Jesus. No final, quando tudo estiver consumado e já não haja mais possibilidade de mudança, o Senhor surgirá sentado no seu trono e julgará. Olhará para as suas ovelhas identificando nelas os sinais das suas vidas que as apresentam como filhos de Deus. O grande sinal é o amor ao próximo traduzido em gestos quotidianos. Aqueles em quem estes sinais não sejam visíveis é porque preferiram outros caminhos. Tiveram todas as oportunidades e não se compadeceram. Continuarão por outro caminho.

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“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’ E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna».”

«Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes». Esta identificação impede-me qualquer razão. Não é possível uma justificação na minha vida. Afinal está ao meu alcance realizar tudo quanto me é proposto. Não tenho que ir longe, nem são coisas superiores a mim. Aqui mesmo, na minha vida, no meu dia-a-dia, posso tornar realidade o desejo de Jesus. Eu posso ser, hoje, para o meu irmão, a sua presença salvadora.

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Tu és o Senhor. O teu olhar está atento à minha vida para me construíres no amor que me torna feliz. Ensina-me o caminho do irmão, para que também eu, no amor ao outro me transforme em construtor da felicidade de todos os que por si mesmos ou por causa do peso da vida, só encontram tristeza, desilusão, infelicidade.

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Avé-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Semana I da Quaresma

Domingo I – 26/02/2023

Evangelho: Mt 4, 1-11

«Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares». Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’»

As leituras, deste primeiro domingo da Quaresma, ajudam-nos a entrar neste tempo especial de graça, de conversão, que iniciámos, quarta feira passada, com a imposição das Cinzas. Ao situarem-nos numa das problemáticas normais da vida, que é a escolha entre o bem e o mal, num constante exercício da nossa liberdade, centram-nos na única razão pela qual vale a pena optar pelo bem: Jesus Cristo. Se nos apoiarmos e radicarmos n’Ele conseguiremos, passo a passo, com Ele, chegar à vitória final. O caminho é difícil, mas o timoneiro nunca nos deixa sós e abandonados. Jesus, como vemos no evangelho, é o primeiro a dar o exemplo, a guiar-nos a nós, caminhantes na estrada da vida, para Deus Amor, o único que nos ama infinitamente, tal qual somos, mas espera que, no Filho, nos deixemos abraçar, amar totalmente por Ele.

Na 1ªleitura (Gen 2, 7-9; 3, 1-7) o autor sagrado insere-nos num dos problemas principais da nossa existência, enquanto seres pensantes, autónomos, no pleno uso das nossas capacidades, seja em vivência individual, ou coletiva, que é a opção entre o bem e o mal, seja qual for a situação com que nos defrontemos. Por que critério nos regemos, quais são os valores que pautam as nossas escolhas, quem é que nos inspira nos momentos de dúvida e é o suporte da nossa opção e decisão? Jesus, pela forma como viveu, pelo testemunho que nos deixou, demonstrou-nos que nunca estamos sós e que podemos confiar sempre no PAI, isto é, em Deus Amor. Deixemo-nos cativar e habitar por Jesus, para que n’Ele, sob a ação do Espírito Santo, façamos as escolhas que Deus espera de nós.

“O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, insuflou em suas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivo. Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, a oriente, e nele colocou o homem que tinha formado. Fez nascer na terra toda a espécie de árvores, de frutos agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Ora, a serpente era o mais astucioso de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: «É verdade que Deus vos disse: ‘Não podeis comer o fruto de nenhuma árvore do jardim’?». A mulher respondeu: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus avisou-nos: ‘Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão morrereis’». A serpente replicou à mulher: «De maneira nenhuma! Não morrereis. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal». A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer e agradável à vista, e precioso para esclarecer a inteligência. Colheu fruto da árvore e comeu; depois deu-o ao marido, que comeu juntamente com ela. Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam despidos. Por isso, entrelaçaram folhas de figueira e cingiram os rins com elas.”

Na 2ªleitura (Rom 5, 12-19) é S.Paulo quem nos aponta o único caminho que leva ao encontro com Deus Amor: Jesus Cristo. Do que conhecemos da história de vida de S.Paulo, percebemos que a sua opinião é fruto do que viveu e experimentou ao longo da sua caminhada na fé, por isso, fica-nos a certeza de que, em  e por Jesus, todos podemos, se assim o quisermos, ser amados pelo Amor.

“Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir. Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens. E esse dom não é como o pecado de um só: o julgamento que resultou desse único pecado levou à condenação, ao passo que o dom gratuito, que veio depois de muitas faltas, leva à justificação. Se a morte reinou pelo pecado de um só homem, com muito mais razão, aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça, reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo. Porque, assim como pelo pecado de um só, veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra de justiça de um só, virá para todos a justificação que dá a vida. De facto, como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.”

 

No evangelho (Mt 4, 1-11) S.Mateus, nesta sua catequese, ajuda-nos a contemplar Jesus, que ao mesmo tempo que é de condição divina, é também homem. É investindo na condição humana de Jesus que o diabo joga a sua cartada. Dá para perceber que o diabo conhece muito bem a condição humana, pois vai tentar Jesus naquilo que é o mais importante para o ser humano: a riqueza, o poder e o prestígio. Jesus, que tinha feito um tempo muito longo de oração, de aprofundamento da Sua comunhão filial com o Pai, estando em união total com Deus, dá-nos o exemplo do quão é importante a oração para nos livrarmos das tentações. Ensina-nos a rezar, a entrar, por Ti, em comunhão com o Pai.

“Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo. Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’». Então o Diabo conduziu-O à cidade santa, levou-O ao pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito: ‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’». Respondeu-lhe Jesus: «Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». De novo o Diabo O levou consigo a um monte muito alto, mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares». Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo deixou-O e aproximaram-se os Anjos e serviram-n'O.”

 

Jesus, Filho de Deus Vivo, tem compaixão de mim, que sou pecadora.

Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,mas livrai-nos do mal. Ámen.

Como se responde à tentação

Na debilidade das tentações, que mais cedo ou mais tarde todos temos — é suficiente pensar na tragédia da corrupção que começa sempre com as pequenas cedências — não se deve cometer a ingenuidade de se enredar no diálogo: ao contrário, é preciso ter a coragem da oração e de pedir perdão para se reerguer e ir em frente, com a certeza de que a graça nos ajuda a não nos escondermos do Senhor. O que o Papa Francisco sugeriu na missa foi um “manual” prático essencial contra as tentações.

«Desde o início da criação, e também no início da recriação, como primeiro evento deu-se a tentação» recordou imediatamente o Papa, fazendo referência à primeira leitura, tirada do livro do Génesis (3, 1-8): «Adão e Eva estavam no jardim terrestre com todos os dons que Deus lhes tinha dado, com a tarefa de ser guardas, de levar por diante a criação, e com amor. Com estas três coisas estavam ali para levar a sua vida e precisamente no início dá-se a tentação». Do mesmo modo, «a tentação chega», sempre «no início», quando «Jesus deixa Nazaré, se faz batizar, vai para o deserto rezar para começar a tarefa que Deus lhe tinha confiado». Por isso, observou Francisco, «quer na criação quer na recriação há a tentação».

«Ouvimos — prosseguiu — este trecho do livro do Génesis, a primeira tentação, a de Adão e Eva». O texto bíblico «diz-nos» que «“a serpente era muito astuta”: o diabo aparece em forma de serpente atraente e com a sua astúcia procura enganar: ele é perito nisto, é o “pai da mentira”, assim lhe chama Jesus». O diabo, explicou o Papa, «é um mentiroso, sabe como enganar, sabe como burlar as pessoas». E assim «com a sua astúcia a serpente envolve Eva: faz com que se sinta bem, faz-lhe — por assim dizer — beber um pouco de água adoçada». A ponto que Eva «sente-se bem, confia, começa o diálogo e, passo após passo, leva-a onde quer».

O diabo, prosseguiu o Pontífice, tenta fazer «o mesmo com Jesus no deserto. Faz-lhe três propostas, mas este diálogo com Jesus acaba mal para o diabo: “Afasta-te de mim, Satanás!”». Ao contrário «o diabo com Eva, não acaba bem para Eva: ganha Satanás!».

«Quando o diabo engana uma pessoa — afirmou o Papa — fá-lo com o diálogo, procura dialogar». É precisamente o que procura fazer também «com Jesus: “Tens fome, há uma pedra, tu és Deus, transforma-a em pão! Tu vieste para nos salvar a todos, uma vida de fadiga, de trabalho, mas anda comigo, vamos ao templo e lança-te sem paraquedas: farei um lindo espetáculo e todas as pessoas acreditarão em ti, e tudo se resolve numa meia hora!”». Mas «Jesus não o faz». E assim no final o diabo «mostra o verdadeiro rosto: “Anda, vem!”». E «mostra-lhe todo o mundo e propõe-lhe a idolatria: “Adora-me, eu dar-te-ei tudo isto!”».

Francisco focalizou a atenção sobre a atitude de Jesus que é tentado: não dialoga com o diabo, ao contrário «ouve o diabo e dá uma resposta, mas que não é sua: tira a resposta da palavra de Deus». E com efeito «as três respostas de Jesus ao diabo são tiradas da Bíblia, do Antigo Testamento, da palavra de Deus, porque com o diabo não se pode dialogar».

Ao contrário, com Eva, a tentação do diabo aconteceu de outra maneira. Era «ingénua», explicou o Papa, e no início a situação «parecia-lhe boa». Pensava «que se teria transformado numa deusa, é o pecado de idolatria»: por isso «foi em frente» com o diálogo. Mas acabou mal, diz-nos o Génesis: «Ela e o marido nus, sem nada». A questão, afirmou Francisco, é que «o diabo é um mau pagador, não paga bem: é um burlão, promete tudo e deixa-te nu». Claro, também «Jesus acabou despojado, mas na cruz, por obediência ao Pai: outro caminho».

Por conseguinte, insistiu o Pontífice, «a serpente, o diabo é astuto: não se pode dialogar com o diabo». Além disso, acrescentou, «todos nós sabemos o que são as tentações, todos sabemos porque todos as temos: tantas tentações de vaidade, de soberba, de cupidez, de avareza, tantas!». Mas todas «começam» quando nos dizemos: «mas, pode-se...».

«Hoje fala-se tanto de corrupção» recordou Francisco, explicando: «Tantos corruptos, tantos peixes grandes corruptos que existem no mundo, dos quais conhecemos a vida através dos jornais, talvez tenham começado com uma pequena coisa, sei lá, não pôr o peso justo: o que era um quilo, não, façamos novecentos gramas porque parece um quilo». Porque «a corrupção começa com pouco, com o diálogo», precisamente como acontece com Eva que se sente tranquilizar pela serpente: «Mas não, não é verdade que este fruto te fará mal, come, é bom, é pouca coisa, ninguém se dá conta, faz, faz!». E assim, «a pouco e pouco, cai-se no pecado, na corrupção».

«A Igreja hoje, com esta liturgia da palavra, ensina-nos «explicou o Papa — a não ser ingénuos, para não dizer parvos, a ter os olhos abertos e a pedir ajuda ao Senhor porque sozinhos não conseguimos». E depois, no trecho do Génesis, «há também uma palavra que é triste: Adão e Eva “escondem-se” do Senhor». Porque «a tentação te leva a esconder-te do Senhor e a ires embora com a tua culpa, com o teu pecado, com a tua corrupção, para longe do Senhor». Àquele ponto «é necessária a graça de Jesus para voltar e pedir perdão, como fez o filho pródigo». Eis por que «na tentação não se dialoga, reza-se: “Ajuda-me Senhor, sou frágil, não me quero esconder de ti”».

«Esta é coragem, isto é ganhar» concluiu Francisco. Porque «quando começas a dialogar acabas por ser vencido, derrotado». Eis então os votos de «que o Senhor nos conceda a graça e nos acompanhe nesta coragem e, se formos enganados pela nossa debilidade, na tentação nos dê a coragem de nos levantarmos e ir em frente: foi para isto que Jesus veio, para isto!».

Papa Francisco

(Meditações Matutinas- Capela Santa Marta-  10 de fevereiro de 2017)

Mensagem da Quaresma do Bispo de Leiria-Fátima



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Sábado depois das Cinzas – dia 4 –25/02/2023

Evangelho: Lc 5, 27-32

«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam.»

Mateus (Levi) experimenta a força do olhar e do chamamento de Jesus e abandona tudo. Esta mudança na sua vida coloca-o sob o olhar dos fariseus e dos escribas. Mateus, porém, não se importando muito, convida Jesus para um banquete e enche a casa de publicanos. Diante desta visão os fariseus não se atrevem a dizer a Jesus, mas aproximam-se dos discípulos para criticar aquela situação: “Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?”. A resposta de Jesus deixa claro que o pecado só atinge aquele que o deixa entrar no seu coração. Eles não entraram no banquete e, no entanto, estão contaminados no seu coração. Jesus entrou no banquete lado a lado com pecadores e não se deixou contaminar.

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"Naquele tempo, Jesus viu um publicano chamado Levi, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu Jesus. Levi ofereceu-lhe um grande banquete em sua casa. Havia grande número de publicanos e de outras pessoas com eles à mesa. Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo aos discípulos: «Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?» Então Jesus, tomando a palavra, disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam»."

O relato de Lucas deixa-me a pensar no coração de Mateus, que se deixou olhar por Jesus a ponto de sentir o seu chamamento a segui-lo e dispor-se a deixar tudo. Sinto no meu coração esta aventura e sinto-me necessitado do olhar sedutor de Jesus. Sem este olhar não serei capaz de mudar nada na minha vida. Por outro lado compreendo-me no lugar dos fariseus que estão de fora. Há neles uma inveja de não estar com Jesus. Queriam estar com ele à mesa, até mereciam mais que os outros, pelo seu comportamento, mas têm as suas condições: na sua mesa não se sentam os impuros, os contaminados, os pecadores. Tantas vezes eu sou assim. Não aguento a proximidade de certas pessoas tidas como pecadoras ou excluídas por alguma outra razão. Mas Jesus procura a proximidade dos que precisam dele, da Sua misericórdia. Se não me converter aos pecadores, aos pobres, aos excluídos, corro o risco de me sentar sozinho à mesa a criticar os que fazem festa com Jesus. Nesta quaresma tenho que me converter aos últimos e caminhar com eles e com Jesus.

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Olha-me, Senhor, como olhaste Levi, o cobrador de impostos. Olha-me e desperta os meus ouvidos para o teu chamamento. 

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Sexta-feira depois das Cinzas – dia 3 –24/02/2023

Evangelho: Mt 9, 14-15

«Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão de jejuar»

Na reflexão de hoje, vou socorrer-me da homilia do Papa Francisco na passada Quarta-Feira de Cinzas, pois o que nela nos diz sobre o jejum esclarece, na perfeição, qualquer dúvida. Toda a homilia é uma ajuda preciosa em ordem a uma verdadeira vivência da Quaresma.

"Se nos colocamos humildemente sob o seu olhar, então a esmola, a oração e o jejum não se reduzem a gestos exteriores, mas exprimem quem realmente somos: filhos de Deus e irmãos entre nós. A esmola, a caridade, manifestará a nossa compaixão por quem passa necessidade, ajudar-nos-á a voltar para os outros; a oração dará voz ao nosso desejo íntimo de encontrar o Pai, fazendo-nos voltar para Ele; o jejum será o ginásio espiritual onde treinamos para renunciar com alegria ao que é supérfluo e nos sobrecarrega, a fim de nos tornarmos interiormente mais livres e voltarmos à verdade de nós mesmos. Encontro com o Pai, liberdade interior, compaixão."

“Naquele tempo, os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão de jejuar»."

"Por isso a Quaresma é o tempo para nos lembrarmos quem é o Criador e quem é a criatura, para proclamar que só Deus é o Senhor, para nos despojarmos da pretensão de nos bastarmos a nós mesmos e da mania de nos colocar no centro, ser o primeiro da turma, pensar que podemos, meramente com as nossas capacidades, ser protagonistas da vida e transformar o mundo que nos rodeia. Este é o tempo favorável para nos convertermos, começando por mudar a visão que temos de nós mesmos no nosso íntimo: quantas desatenções e superficialidades nos distraem daquilo que conta, quantas vezes nos concentramos nos nossos gostos ou naquilo de que carecemos, distanciando-nos do centro do coração, esquecendo-nos de abraçar o sentido da nossa presença no mundo. A Quaresma é um tempo de verdade, para fazer cair as máscaras que pomos todos os dias a fim de aparecer perfeitos aos olhos do mundo; para lutar – como nos disse Jesus no Evangelho – contra as falsidades e a hipocrisia: não as dos outros, mas as nossas. Olhá-las de frente e lutar."

(...)

"A Quaresma é o tempo propício para reavivar as nossas relações com Deus e com os outros: abrir-nos no silêncio à oração e sairmos da fortaleza que é o nosso eu fechado, quebrar as cadeias do individualismo e do isolamento e voltar a descobrir, através do encontro e da escuta, a pessoa que caminha diariamente ao nosso lado e aprender novamente a amá-la como irmão ou irmã."

(...)

"Encaminhemo-nos na caridade: foram-nos dados quarenta dias favoráveis para nos lembrar que o mundo não deve ser encerrado nos limites estreitos das nossas necessidades pessoais e para voltar a descobrir a alegria, não nas coisas a acumular, mas no cuidado de quem está mergulhado nas necessidades e aflições. Encaminhemo-nos na oração: foram-nos dados quarenta dias favoráveis para devolver a Deus o primado na vida, voltando a dialogar com Ele de todo o coração, e não apenas nos momentos de folga. Encaminhemo-nos no jejum: foram-nos dados quarenta dias favoráveis para nos reencontrarmos, para contornar a ditadura das agendas sempre cheias, das coisas a fazer, das pretensões dum eu pessoal cada vez mais superficial e embaraçoso, e escolher aquilo que conta."

"Irmãos e irmãs, não desperdicemos a graça deste tempo sagrado: fixemos o olhar em Jesus crucificado e caminhemos respondendo generosamente aos fortes apelos da Quaresma. E no final do percurso, encontraremos com maior alegria o Senhor da vida, encontrá-lo-emos a Ele, o único que nos fará ressurgir das nossas cinzas."

Papa Francisco

Nossa Senhora da Paz, dai-nos a Paz, em especial à Ucrânia.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2023

Quinta-feira depois das Cinzas – dia 2 –23/02/2023

Evangelho: Lc 9, 22-25

«Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.»

No início da Quaresma escutamos esta passagem decisiva de Lucas. Jesus anuncia a sua paixão, morte e ressurreição e propõe um caminho para os discípulos: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”. Trata-se de seguir o mesmo caminho que Ele, a mesma renúncia, a mesma cruz e a mesma audácia. Para Jesus não há outra maneira de salvar a vida senão perdendo-a porque o mundo inteiro não chega para me salvar.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». E, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, tem de perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?»."

Olho para Jesus, no início desta Quaresma, e pergunto-me se vale a pena tanto esforço, tanta entrega, tanta perda. Vejo no seu olhar a certeza da vida que se alcança depois de a perder na cruz. Mas os meus olhos têm dificuldade em ver o mesmo que Ele vê e o meu coração tem dificuldade em aceitar o que Ele aceita. Como posso crer que, perdendo esta vida, ganho a vida para sempre? Como entender que o mundo inteiro não vale mais? Este é apenas o início da Quaresma. Vou fazer este caminho com Jesus, Ele me ensinará a dar os passos necessários para que o meu coração acredite no que os meus olhos não podem ver.

Na tua cruz, Senhor, a minha cruz. Na tua vida a minha vida. Aperto contra o peito esta cruz que não entendo e desejo ver o que meu coração não consegue acreditar. Mostra-me o teu reino para que aceite o teu calvário. Mostra-me a tua vida para que aceite a tua cruz. Mostra a tua vitória para que deseje a tua derrota, Senhor, e não deixes que viva nem morra por nenhuma ilusão.

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