FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
Ainda dentro da oitava do Natal, a Igreja propõe-nos a contemplação da
Sagrada Família. Nos tempos que correm José, Maria e o Menino trazem-nos uma
família concreta, a viver num tempo real, a braços com situações como as que
experimentam as nossas famílias de hoje. É impressionante como os tempos mudam
tanto e tão depressa, mas os problemas sociais e humanos permanecem tão
parecidos! Afinal, a Sagrada Família fez parte dos refugiados ( na altura não
seria este o nome?!) que foram para o Egito noutros tempos. Mas o que mais nos desafia
nos textos litúrgicos, é a forma como esta família respondeu aos sinais de Deus
e foi instrumento da realização dos planos do Senhor, dizendo sempre sim ao que
lhe era pedido. Ousemos seguir o exemplo de S.José, de Maria e de Jesus.
Na 1ªleitura (Sir 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)) o autor sagrado dá-nos como modelo Deus Amor, comunidade trinitária, que
gera vida. Deus é família, cria-nos por
amor, para vivermos felizes, pelo que só temos de agir segundo os Seus preceitos
amorosos.
“Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade
da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem
honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será
atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece
será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o
desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com
ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade
para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus
pecados.”
Na 2ªleitura (Col 3, 12-21) S.Paulo apela ao nosso ser cristão, isto é, à essência do viver do cristão,
que é o Amor: “amai-vos uns aos outros
como eu vos amei”. Seja qual for a comunidade familiar (de sangue, ou
espiritual, ou ideológica, ou profissional,…) de que fazemos parte, seja qual
for o estado em que seus elementos se encontrem, somos sempre desafiados a
revertimo-nos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Centremo-nos em Jesus,
vivamos no Amor e tudo nos será possível.
“Irmãos: Como eleitos de Deus, santos
e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade,
humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos
mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos
perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade,
que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual
fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em
vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes
uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados,
cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por
palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por
Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no
Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos,
obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não
exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.”
No evangelho (Mt 2, 13-15.19-23) acompanhamos a vida desta família especial, que nos revela o quanto Deus
nos ama infinitamente e damo-nos conta de quão importante foi o papel de S.José,
enquanto guardião da Sagrada Família. S.José desafia-nos a ser assim na vida,
alguém que torna possível a realização das promessas de Deus, permitindo que
Deus Amor seja o mais que tudo na vida de todos os homens da terra.
“Depois de
os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe:
«Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu
te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de
noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte
de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egipto
chamei o meu filho». Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José,
no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra
de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram».
José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel.
Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai,
Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a
região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o
que fora anunciado pelos Profetas: «Há de chamar-Se Nazareno».”