Ano C -2022
DOMINGO IV DO TEMPO COMUM
As leituras deste domingo desafiam-nos a permanecer no Amor, isto é, a
deixarmo-nos escolher e amar por Deus, que é Amor, e a darmos testemunho d’Ele
na nossa vida. Para lá de todos os problemas e dificuldades, ou tragédias,
porque passamos na vida, Jesus ensina-nos a confiar sempre e totalmente em Deus
Uno e Trino – “Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”. Em
tudo o que fazemos e somos, confiemos e entreguemo-nos a Deus, que é todo Amor
e não sabe senão dar-se continuamente por todos e por cada um de nós em
particular.
Na 1ª leitura (Jer 1, 4-5.17-19) percebemos que, pela Palavra, Deus dá a conhecer a Jeremias a Sua vontade a
seu respeito: chama-o e escolhe-o como profeta para o povo de Israel, que vive
tempos complicados. Perante as dúvidas e as reservas de Jeremias, Deus dá-lhe,
e dá-nos também a nós, a certeza de que estará sempre connosco e nada, nem
ninguém, poderá afastar-nos do Seu Amor. Ele será sempre a nossa força.
“No tempo de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi-me dirigida
nestes termos: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que
saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as
nações. Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te
ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua
presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e
uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus
chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti,
mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».”
Na 2ªleitura (1 Cor 12, 31 – 13, 13) S.Paulo, no que, na minha opinião, é um dos textos mais belos da bíblia,
centra-nos no essencial da vida cristã: Deus Amor. A Caridade, o Amor há de ser
sempre o indicador, o denunciador, ou o aferidor, da qualidade da nossa vida
cristã. “Ama e faz o que quiseres” já dizia Santo Agostinho.
“Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou
mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as
línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como bronze que
ressoa ou como címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e
conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da
fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda
que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser
queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, a
caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é
inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda
ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom
das línguas há de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba
nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos.
Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu
era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança.
Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num
espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de
maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem
estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a
caridade.”
“Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo:
«Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos
davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que
saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Jesus
disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz
também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E
acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta
Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande
fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma
viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no
tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio
Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina
sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.”
Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor por cada um de nós.