domingo, 30 de agosto de 2020

Angelus de 30 de agosto de 2020

Papa Francisco: cada um de nós deve tomar a própria cruz

Jane Nogara – Vatican News

https://www.vaticannews.va/pt/papa-francisco/angelus/2020-08/angelus-30-agosto-2020.html

“Se quisermos ser seus discípulos, somos chamados a imitá-L’O, entregando as nossas vidas sem reservas por amor a Deus e ao próximo”, palavras do Papa Francisco ao falar sobre o compromisso de cada um de nós de “tomar a nossa própria cruz”

Na oração do Angelus deste domingo (30/08) o Santo Padre refletiu sobre o compromisso de cada um de nós de “tomar a própria cruz”. Francisco discorreu sobre o Evangelho de Mateus quando Jesus, pela primeira vez, falou aos seus discípulos sobre o final que o esperava na Cidade Santa:

“Diz que terá que ‘sofrer muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia’”

A reação dos discípulos a esta predição é considerada imatura por Jesus: “Ainda têm uma fé imatura e muito ligada à mentalidade deste mundo”. Eles não querem que Jesus passe por isso.

“Para Pedro e os outros discípulos - mas também para nós! - a cruz é um ‘escândalo’, enquanto Jesus considera um ‘escândalo’ fugir da cruz, o que significaria fugir da vontade do Pai, da missão que Ele lhe confiou para nossa salvação”

Tomar a própria cruz

Jesus, continua Francisco, aponta o caminho do verdadeiro discípulo mostrando duas atitudes: “A primeira é ‘renunciar a si mesmo’, o que não significa uma mudança superficial, mas uma conversão, uma inversão de valores. A outra atitude é tomar a própria cruz” . Explicando que “não se trata apenas de suportar pacientemente as tribulações diárias, mas de carregar com fé e responsabilidade aquela parte do esforço e do sofrimento que a luta contra o mal implica”.

O Papa aprofunda este ponto exortando:

“Façamos com que a cruz pendurada na parede de casa, ou a pequena que usamos no pescoço, seja um sinal de nosso desejo de nos unirmos a Cristo no serviço a nossos irmãos com amor, especialmente os pequenos e mais frágeis”

Jesus crucificado, verdadeiro Servo do Senhor

Em seguida recordou ainda que a cruz é sinal sagrado do Amor de Deus e do Sacrifício de Jesus, e não deve ser reduzida a um objeto de superstição ou uma joia ornamental.

“Toda a vez que fixamos o olhar na imagem de Cristo crucificado, pensemos que Ele, como verdadeiro Servo do Senhor, cumpriu Sua missão dando a vida, derramando Seu sangue para a remissão dos pecados”

Por fim ensina que “se quisermos ser seus discípulos, somos chamados a imitá-L’O, entregando as nossas vidas sem reservas por amor a Deus e ao próximo”.

 DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM

A liturgia de hoje faz-nos, mais do que um convite, um desafio a ouvirmos o chamamento de Jesus e a deixarmo-nos encantar, seduzir pelo Senhor, pelo Seu amor infinito por cada um de nós. 

Na 1ªleitura (Jer 20, 7-9)  Jeremias mostra-nos que não é fácil viver uma vida toda entregue a Deus, mas que, quando deixamos que o Seu Amor nos preencha, por inteiro, então é Ele que em nós se dá e se comunica amorosamente, em todos os momentos, “bons” e “maus. Façamos como Jeremias, deixemo-nos seduzir pelo Senhor!

Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me do­minastes e vencestes. Em todo o tempo sou objeto de escárnio, toda a gente se ri de mim; porque sempre que falo é para gritar e proclamar: «Violência e ruína!». E a palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia.”

A 2ªleitura (Rom 12, 1-2)  vem na sequência do que nos dizia Jeremias , na leitura anterior, pois S.Paulo indica-nos o caminho a seguir, como cristãos, ou seja, como os que se deixam seduzir pelo Senhor.

Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito.”


No evangelho (Mt 16, 21-27) é o próprio Jesus que nos desafia a vivermos d’Ele, para n’Ele assumirmos a nossa resposta de amor ao Pai. Deixemo-nos seduzir por Jesus, pois, para mim, só n’Ele é possível viver o Amor e da cruz fazer árvore de vida!

“Naquele tempo, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há de acontecer!». Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens». Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida? O Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras».”


Senhor, que eu me deixe seduzir por Ti; Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor.

sábado, 22 de agosto de 2020

 DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM

As leituras de hoje centram-nos em duas realidades fundamentais da nossa fé: Jesus Cristo e a Igreja. Somos convidados a viver numa Igreja, centrada em Jesus Cristo, em que cada um tem a sua missão, estando sempre ao serviço da transmissão do Amor de Deus numa perspetiva de entrega e ajuda concreta a todo o que o Senhor coloca nos nossos caminhos.

Na 1ªleitura (Is 22, 19-23) as chaves “do poder” são entregues a Eliacim, que personifica Pedro, que vamos encontrar no evangelho. Ajuda-nos a percecionar que o poder é serviço de Amor, de comunhão e de relação total com Deus. Só assim valerá a pena servir, “ter o poder”, pois só o Amor de Deus preenche o coração de cada ser por Ele criado, tudo o mais é falível e efémero. “Eis o que diz o Senhor a Chebna, administrador do palácio: «Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te do teu posto. E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim, filho de Elcias. Hei de revesti-lo com a tua túnica, hei de pôr-lhe à cintura a tua faixa, entregar-lhe nas mãos os teus poderes. E ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei aos seus ombros a chave da casa de David: há de abrir, sem que ninguém possa fechar; há de fechar, sem que ninguém possa abrir. Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme e ele será um trono de glória para a casa de seu pai».”

Na 2ª leitura (Rom 11, 33-36) S.Paulo, mais uma vez, leva-nos a contemplar Deus através de um hino lindíssimo.  Acompanhemos S.Paulo neste poema-oração. “Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis os seus desígnios e incompreensíveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem foi o seu conselheiro? Quem Lhe deu primeiro, para que tenha de receber retribuição? D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Deus para sempre. Ámen.”

O Evangelho (Mt 16, 13-20) convida-nos a escutar Jesus, a olhar bem para o mais íntimo do nosso ser e a responder, em verdade, às questões que nos põe: quem dizes tu que Eu sou?; o que represento Eu na tua vida?; que testemunho dás tu de Mim, no concreto do teu dia a dia?

“Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus». Então, Jesus ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias.”

Eu creio Senhor que é Jesus, o Filho de Deus Vivo, que ressuscitou dos mortos e vives em cada um de nós!

sábado, 15 de agosto de 2020

 DOMINGO XX DO TEMPO COMUM 

Diz-nos o Papa Francisco: O Senhor coloca a nossa fé ‘à prova’
“Aquela humilde mulher é indicada por Jesus como um exemplo de fé inquebrantável. A sua insistência em invocar a ação de Cristo é para nós um estímulo a não nos desencorajarmos, a não nos desesperarmos quando formos oprimidos pelas duras provas da vida. O Senhor não vira a face para o outro lado quando vê as nossas necessidades e, se por vezes pode parecer insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para nos colocar à prova e fortalecer a nossa fé”.

O Papa acrescentou que este episódio evangélico “nos ajuda a entender que todos precisamos de crescer na fé e de fortalecer a nossa confiança em Jesus”.

“Ele pode-nos ajudar a encontrar a direção quando perdemos a bússola do nosso caminho; quando a estrada diante de nós já não é plana, mas áspera e árdua; quando é cansativo ser fiel aos nossos compromissos. É importante alimentar todos os dias a nossa fé, com a escuta atenta da Palavra de Deus, com a celebração dos Sacramentos, com a oração pessoal como um ‘grito’ para Ele, e com atos concretos de caridade para com o próximo”.

Na 1ªleitura (I 56, 1.6-7) , Isaías vem em nosso socorro, os gentios, e traz-nos a garantia de que, se tivermos fé, Deus também vem para nós, aliás,  já veio e para todos os povos: «Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, hei de conduzi-los ao meu santo monte, hei de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada 'casa de oração para todos os povos'»

Na 2ªleitura (Rom 11, 13-15.29-32)  S.Paulo, por graça de Deus, apóstolo dos gentios, abre-nos uma perspetiva muito interessante, pois se foi pela recusa do povo eleito que todos beneficiámos do anúncio privilegiado da Ressureição de Jesus, quem sabe se não será, através dos gentios, que os judeus chegarão a acreditar que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, que veio ao mundo para salvar toda a humanidade. “Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles desobedecem agora, de modo que, devido à misericórdia obtida por vós, também eles agora alcancem misericórdia. Efetivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos.”

No Evangelho de hoje (Mt 15, 21-28), primeiro estranhamos a forma como Jesus, aparentemente, não escuta o pedido da mulher cananeia, mas depois percebemos que foi a forma mais bonita e, ao mesmo tempo, mais pedagógica, quer para os discípulos, quer também para nós hoje, de realçar a força da fé daquela mãe. Por outro lado o evangelho também nos desperta para a necessidade de intercedermos uns pelos outros, como fizeram os discípulos, ao pedirem a Jesus para atender as súplicas daquela mulher. Deus nunca nos deixa sem resposta, nós é que, muitas vezes, desistimos de orar demasiado depressa. Não somos como esta mãe.Que testemunho de fé impressionante!

“Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.” 


Eu creio em ti Senhor, mas aumenta a minha pouca fé.

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Na alocução que precedeu a oração mariana deste sábado, Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, o Papa Francisco começou por recordar uma frase, que ficou famosa, pronunciada quando o homem, pela primeira vez, pousou os pés na lua: «Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade.» A seguir acrescentou: “A humanidade tinha atingido um marco histórico. Hoje, na Assunção de Maria ao Céu, celebramos uma conquista infinitamente maior. Nossa Senhora colocou os pés no paraíso: ela foi lá não só em espírito, mas também com seu corpo. Este passo da pequena Virgem de Nazaré foi o grande salto para a frente da humanidade. De pouco adianta ir à lua se não vivermos como irmãos na Terra.”

Disse ainda o Papa. “Saber que um de nós vive no céu, com o corpo, dá-nos esperança: entendemos que somos preciosos, destinados a ressurgir. Deus não deixará que o nosso corpo desapareça no nada. Com Deus nada será perdido”.(…) “Em Maria a meta foi alcançada e nós temos diante de nossos olhos o motivo pelo qual caminhamos: não para conquistar as coisas aqui em baixo, que desaparecem, mas a pátria lá em cima, que é para sempre. E Nossa Senhora é a estrela que nos orienta. Ela, como ensina o Concílio, “brilha como sinal de esperança segura e consolo para o Povo de Deus a caminho”.

A seguir, Francisco fez a seguinte pergunta: “O que é que a nossa Mãe nos aconselha?” “Hoje, no Evangelho”, disse o Papa, “a primeira coisa que ela diz é: ‘A minha alma engrandece ao Senhor’. Habituados a ouvir estas palavras, talvez não prestemos mais atenção ao seu significado”.

Engrandecer literalmente significa “tornar grande”, aumentar. Maria “engrandece ao Senhor”: não os problemas, que não lhe faltaram naquele momento, mas o Senhor. Quantas vezes, nos deixamos dominar pelas dificuldades e nos deixamos absorver pelos medos! Nossa Senhora não, porque ela coloca Deus como a primeira grandeza da vida. Daqui nasce o Magnificat, daqui nasce a alegria: não da ausência de problemas, que mais cedo ou mais tarde chegam, mas a alegria nasce da presença de Deus que nos ajuda e está perto de nós. Porque Deus é grande e olha para os pequenos. Somos a Sua fraqueza de amor: Deus olha e ama os pequenos.

Segundo o Papa, “Maria reconhece-se pequena e exalta as “grandes coisas” que o Senhor fez para ela. Quais? Principalmente, o dom inesperado da vida: Maria é virgem e fica grávida; e Isabel, que era idosa, também está à espera de um filho.”

“O Senhor faz maravilhas com os pequenos”, disse ainda o Pontífice, “com quem não pensa ser grande, mas dá, na vida, um grande espaço a Deus. Ele estende a Sua misericórdia sobre aquele que n’Ele confia  e eleva os humildes. Maria louva a Deus por isso”.

“E nós, podemos perguntar-nos: lembramo-nos de louvar a Deus? Agradecemos-Lhe  pelas grandes coisas que faz por nós? Pelos dias que nos doa, porque nos ama e nos perdoa sempre, pela Sua ternura? E por nos ter dado Sua Mãe, pelos irmãos e irmãs que Ele coloca no nosso caminho, porque abriu para nós o Céu?”, perguntou o Papa.

Segundo Francisco, “se esquecemos o bem, o coração diminui. Mas se, como Maria, nos lembrarmos das grandes coisas que o Senhor faz, se pelo menos uma vez por dia o engrandecermos, então damos um grande passo em frente. Dizer uma vez por dia: “Eu louvo ao Senhor”; “Bendito seja o Senhor”, que é uma pequena oração de louvor, isso é louvar a Deus. O coração dilatar-se-á com essa pequena oração, a alegria aumentará”. Peçamos a Nossa Senhora, a porta do céu, a graça de começar cada dia levantando o nosso olhar para o céu, para Deus, para lhe dizer obrigado, como dizem os pequenos aos grandes”, concluiu Francisco.


Na 1ªleitura (Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab), escrita na linguagem simbólica do Apocalipse, S. João apresenta-nos Maria como um ser divino, quase perfeito. Revela-nos também que Deus vence todo o mal e que o Seu Amor infinito triunfará sobre a morte. N’Ele todos havemos de ressuscitar um dia. 

“O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o filho, logo que nascesse.
Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido».”

Na 2ª leitura (1ª Cor 15, 20-27)  S. Paulo centra-nos no fundamento da fé que professamos: Jesus venceu a morte, está vivo no meio de nós, ressuscitou. Depois de nos relembrar que Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos mortos, assegura que n'Ele todos ressuscitaremos, um dia. 

A Assunção também pré-anuncia a ressurreição de cada um de nós.

"Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte,porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés. Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido é claro que se excetua Aquele que Lhe submeteu todas as coisas."

No evangelho (Lc 1, 39-56) contemplamos a Assunção como o culminar do mistério que se inicou com a Encarnação do Verbo, na sequência do Sim da Virgem Maria. O que passa perante os nossos olhos, ao contemplarmos o diálogo que se trava entre Isabel e Maria, é o desenrolar da história do Amor infinito de Deus por um povo escolhido, que, em Jesus, ultrapassa Israel e se estende ao mundo inteiro, chegando a cada ser vivente de ontem, de hoje  e de sempre. Enraizados em Jesus, nesta Igreja de hoje, aprendamos de Maria a louvar o Senhor, pela história de amor que faz também com cada um de nós, na nossa vida do dia a dia. 

“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.”

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós!

sábado, 8 de agosto de 2020

DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM 

As leituras de hoje são um apelo a percebermos a presença, as manifestações de Deus na nossa vida e, ao mesmo tempo, colocam-nos o desafio de confiarmos totalmente em Jesus, de humildemente pedirmos ajuda e de aceitarmos “a mão” que nos estende sempre, mesmo antes de gritarmos por socorro, mas tendo já o desejo d’Ele no coração.

A 1ªleitura (1 Reis 19, 9a.11-13a)  é um convite, muito belo, que Deus nos faz, para estarmos atentos às diferentes formas de Ele se nos revelar, nas várias circunstâncias da vida, boas, e más, através do e dos que põe no nosso caminho. Aprendamos com Elias e permaneçamos à espera do Senhor, na certeza, porém, de que Ele já veio e está vivo no meio de nós. Escutemo-Lo com os olhos do coração. 

“Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa. Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta.”

S.Paulo, na 2ª leitura (Rom 9, 1-5)   de hoje, mostra, mais uma vez, como o seu zelo é anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus, a todos os homens. Começando pelo seu próprio povo, o povo escolhido, que rejeita o anúncio, sai da sua terra e nada o detém. Percorre montes e vales, distâncias curtas e longas, atravessa mares e rios, é ameaçado, perseguido, mas continua sempre com a sua missão: Anunciar Jesus Ressuscitado a todos os povos. Impressionante a força apostólica do Apóstolo dos gentios: 

“Irmãos: Em Cristo digo a verdade, não minto, e disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo: Sinto uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração. Quisera eu próprio ser anátema, separado de Cristo para bem dos meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, que são israelitas, a quem pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, a quem pertencem os Patriarcas e de quem procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos. Ámen.”

No Evangelho (Mt 14, 22-33) Mateus  coloca, perante os nossos olhos, Jesus a descer do monte, depois de estar, mais intimamente, em comunhão com o Pai, para se encontrar com os discípulos, que sozinhos, na barca, com o mar revolto, se sentem um pouco perdidos. É aí, no meio da tempestade, que Jesus se lhes revela como Aquele que ama sempre e está atento ao ritmo do caminhar de cada um, abrindo janelas de oportunidade a todo o coração que se lhe entrega, mas segurando, amparando, amando, talvez mais ainda, quando a dúvida gera a desconfiança e nos sentimos a afundar. Também é aí, no meio das dificuldades e das tristezas da vida, dos medos, das angústias, mas também das alegrias, que Jesus se encontra connosco. Ele nunca nos abandona. Tenhamos a coragem de S.Pedro e deixemos que o Senhor Jesus nos liberte dos “medos” e nos conduza à verdadeira Vida. 

"Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l’O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais». Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». «Vem!» – disse Jesus. Então, Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me, Senhor!». Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?». Logo que subiram para o barco, o vento amainou. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus»."

Senhor, estende a Tua mão e segura-me, como fizeste com S.Pedro. Salva-me, Senhor.

sábado, 1 de agosto de 2020

DOMINGO XVIII DO TEMPO COMUM


Hoje as leituras convidam-nos a procurar o único alimento que sacia verdadeiramente e, ao mesmo tempo, desafiam-nos a reparti-lo com os que o Senhor coloca nos caminhos da nossa vida. Por mais dificuldades e obstáculos que tenhamos que ultrapassar, confiemos sempre n’Aquele, que é todo e só Amor. Só Ele nos ama infinitamente, só Ele nos saciará em plenitude. Ajuda-nos Senhor a testemunhar-Te assim, Amor vivo e sem fim por cada um de nós e por todos, no dia a dia da vida, a quantos se cruzam e convivem connosco. Ilumina-nos Senhor e guia-nos, para que nada nos impeça de colocar ao serviço dos outros tudo quanto de Ti recebemos, numa comunhão de amor sem fim, nos gestos simples do quotidiano, confiando apenas que és Tu o alimento que se comunica, o Amor que se propaga e dá a Vida.

Na 1ªleitura (Is 55, 1-3) o profeta Isaías desperta-nos para o único caminho que vale a pena percorrer, para a única Aliança que merece o nosso acordo e assinatura: o Amor de Deus, gratuito, ilimitado e misericordioso, sempre atento às necessidades e sofrimentos dos Seus filhos. É o Senhor quem primeiro todo Se dá e Se faz encontro connosco. Se O quisermos aceitar e d’Ele viver, só temos de prestar ouvidos e escutar o que nos diz. 

“Eis o que diz o Senhor: «Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei. Vinde e comprai, sem dinheiro e sem despesa, vinho e leite. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta e o vosso trabalho naquilo que não sacia? Ouvi-Me com atenção e comereis o que é bom; saboreareis manjares suculentos. Prestai-Me ouvidos e vinde a Mim; escutai-Me e vivereis. Firmarei convosco uma aliança eterna, com as graças prometidas a David.”

Na 2ªleitura (Rom 8, 35.37-39) recebemos de S.Paulo um testemunho de fé impressionante. É também assim, com o testemunho dos que nos antecederam na fé, que nos sentimos questionados na firmeza, na profundidade e nos fundamentos do nosso ser cristão. Eu creio em Ti, Senhor, mas aumenta a minha fé! Bendito e louvado sejas Senhor, nos Teus Anjos e nos Teus Santos. 

"Irmãos: Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos amou. Na verdade, eu estou certo de que nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro, nem as Potestades nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor."

No evangelho (Mt 14, 13-21) S. Mateus coloca-nos a ir ao encontro, à procura de Jesus. Depois ,um com os outros, no meio da multidão, escutamo-l’O, deixamos que nos cure e nos alimente. Mas, também estamos lá, como os discípulos e aí, como eles, damo-nos conta de que está a anoitecer e a multidão não tem onde ir comer. É então que o Senhor também nos diz, a cada um de nós, hoje: "dai-lhes vós de comer". E Jesus do “quase” nada alimenta uma multidão! É reveladora a forma como S.Mateus nos faz presente, neste encontro com Jesus, a vivência de cada eucaristia, mas como um todo, ou seja, tanto como alguém fazendo parte da multidão mas, ao mesmo tempo, como um discípulo. Na verdade tudo o que recebemos na eucaristia, na vida, tudo o que o Senhor Jesus nos vai revelando e concedendo, é para colocarmos ao serviço dos que precisam da nossa ajuda: "dai-lhes vós de comer". Cabe-nos fazer a nossa parte! Tudo o mais é obra de Deus. 

"Naquele tempo, quando Jesus ouviu dizer que João Baptista tinha sido morto, retirou-Se num barco para um local deserto e afastado. Mas logo que as multidões o souberam, deixando as suas cidades, seguiram-n’O por terra. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de compaixão, curou os seus doentes. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Este local é deserto e a hora avançada. Manda embora toda esta gente, para que vá às aldeias comprar alimento». Mas Jesus respondeu-lhes: «Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer». Disseram-Lhe eles: «Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes». Disse Jesus: «Trazei-mos cá». Ordenou então à multidão que se sentasse na relva. Tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e recitou a bênção. Depois partiu os pães e deu-os aos discípulos e os discípulos deram-nos à multidão. Todos comeram e ficaram saciados. E, dos pedaços que sobraram, encheram doze cestos. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças."

Senhor, que os meus ouvidos Te escutem e o meu coração se abra à Tua Palavra. Ilumina-me Divino Espírito Santo!