quinta-feira, 31 de março de 2022

  QUARESMA PASSO A PASSO - 2022

Sexta-feira IV da Quaresma – dia 31 1/04/2022

Evangelho    Jo 7, 1-2.10.25-30

«No entanto, Eu não vim por minha própria vontade e é verdadeiro Aquele que Me enviou e que vós não conheceis.»

Jesus não é um provocador. Mas a Sua pessoa suscita interrogações e inquietações crescentes nos Seus contemporâneos, enquanto os chefes Judeus, movidos pela sua aversão, decidem matá-l'O. Jesus aguarda serenamente a hora do Pai. Não foge, mas também não apressa os tempos. Evita a Judeia e, quando decide subir a Jerusalém, fá-lo «quase em segredo. Mas é rapidamente reconhecido e logo as opiniões se dividem, agora sobre a Sua messianidade. Para alguns, membros de círculos apocalípticos, se Jesus vem de Nazaré, não é mais do que um impostor pois, para eles, «quando chegar o Messias, ninguém saberá donde vem». Entretanto, Jesus sabia bem donde vinha. (...) Com subtil ironia, afirma que a Sua origem é efetivamente desconhecida dos que julgam saber muito e, por isso, não O reconhecem como enviado de Deus. Estas palavras ecoam nos ouvidos dos adversários como ironia, insulto e blasfémia. Tentam apoderar-se d'Ele, mas não conseguem, pois é Ele o Senhor do tempo e das circunstâncias. Submeteu-Se totalmente aos desígnios do Pai, e a Sua hora ainda não tinha chegado.

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"Naquele tempo, Jesus percorria a Galileia, evitando andar pela Judeia, porque os judeus procuravam dar-Lhe a morte. Estava próxima a festa dos Tabernáculos. Quando os seus parentes subiram a Jerusalém, para irem à festa, Ele subiu também, não às claras, mas em segredo. Diziam então algumas pessoas de Jerusalém: «Não é este homem que procuram matar? Vede como fala abertamente e não Lhe dizem nada. Teriam os chefes reconhecido que Ele é o Messias? Mas nós sabemos de onde é este homem, e, quando o Messias vier, ninguém sabe de onde Ele é». Então, em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: «Vós Me conheceis e sabeis de onde Eu sou! No entanto, Eu não vim por minha própria vontade e é verdadeiro Aquele que Me enviou e que vós não conheceis. Mas Eu conheço-O, porque d’Ele venho e foi Ele que Me enviou». Procuravam então prender Jesus, mas ninguém Lhe deitou a mão, porque ainda não chegara a Sua hora."

O texto de hoje deixou-me preso a algumas expressões: “Jesus percorria a Galileia”. Senti desejo de ser essa Galileia por onde passam os pés de Jesus e onde se firmam os seus passos como um caminho a seguir. Ele sabe por onde passar e à Sua passagem, em mim, tudo se revela, “Em segredo”. Esta passagem de Jesus acontece no segredo, no íntimo, sem ruído, mas com verdade e de modo eficaz. Desejei estar atento para O perceber chegar em segredo. “Vós Me conheceis e sabeis de onde Eu sou”; “Mas Eu conheço-O”. Creio que Jesus me está a dizer para não ficar apenas no Seu conhecimento como alguém que pertence a um lugar, mas para chegar a conhecê-l’O como aquele que pertence a Alguém, ao Pai e desejar entrar na mesma intimidade. 

Em segredo, Senhor. No segredo do meu coração, da minha vida, do meu quarto. Aí chegas Tu para me visitar, para percorreres os recônditos do meu ser e revelares as intenções mais escondidas. À Tua chegada, conheço-Te conhecendo-me a mim, na minha pequenez. Vem a mim e e converte-me de coração.

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quarta-feira, 30 de março de 2022

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2022

Quinta-feira IV da Quaresma – dia 30 – 31/03/2022

Evangelho Jo 5, 31-47

«Se Eu der testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não será considerado verdadeiro

Jesus continua a responder aos Judeus. O discurso apologético vai endurecendo. Aumenta gradualmente a separação entre o «eu» de Jesus e o «vós» dos adversários. O texto marca o culminar do processo formulado por Deus contra o seu povo predileto, mas obstinadamente rebelde, cego e surdo.

Jesus apresenta quatro testemunhos que deveriam levar os seus ouvintes a reconhecê-l’O como Messias, enviado pelo Pai, como Filho de Deus: as palavras de João Baptista, homem enviado por Deus; as obras que ele mesmo realizou por mandado de Deus; a voz do Pai; e, finalmente, as Escrituras. Estes testemunhos, na sua diversidade, têm duas características que os unem: por um lado, em resposta à acusação de blasfémia dirigida contra Jesus pelos Judeus, remetem para o agir salvífico de Deus; por outro lado, elas não dizem nada de realmente novo.

Os Judeus estão sob processo porque não procuram «a glória que vem do Deus Único» mas tomam a glória uns dos outros. Caíram, assim, numa cegueira radical, interior. Agarrados à Lei, recusam o Espírito. Jesus revela-lhes o risco que correm e avisa-os: pensam alcançar a vida eterna perscrutando os escritos de Moisés, mas são esses mesmos escritos que os acusam. O intercessor deverá tornar-se seu acusador? O texto termina convidando cada um a examinar a autenticidade e a verdade da própria fé.

"Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: «Se Eu der testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não será considerado verdadeiro. É outro que dá testemunho de Mim e Eu sei que o testemunho que Ele dá de Mim é verdadeiro. Vós mandastes emissários a João Batista e ele deu testemunho da verdade. Não é de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para que sejais salvos. João era uma lâmpada que ardia e brilhava e vós, por um momento, quisestes alegrar-vos com a sua luz. Mas Eu tenho um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai Me deu para consumar – as obras que realizo – dão testemunho de que o Pai Me enviou. E o Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua figura e a sua palavra não habita em vós, porque não acreditais n’Aquele que Ele enviou. Examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; são elas que dão testemunho de Mim e não quereis vir a Mim para encontrar essa vida. Não é dos homens que Eu recebo glória; mas Eu conheço-vos e sei que não tendes em vós o amor de Deus. Vim em nome de meu Pai e não Me recebeis; mas se vier outro em seu próprio nome, recebê-lo-eis. Como podeis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não procurais a glória que vem só de Deus? Não penseis que Eu vou acusar-vos ao Pai: o vosso acusador será Moisés, em quem pusestes a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim, pois ele escreveu a meu respeito. Mas se não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?»."

O povo de Israel, revela uma memória curta. Foi libertado por Deus, no meio de prodígios e celebrou livremente a aliança com o Senhor. Mas, logo que sobrevieram novas dificuldades, esqueceu-se de tudo e caiu na idolatria. Assim pode acontecer também connosco. Mas o verdadeiro crente não abandona Deus, quando surgem dificuldades, como se fosse Ele a causá-las. Pelo contrário, continua a sentir-se dependente de Deus, ligado a Ele e, como Moisés, não desiste de orar por si e de interceder pelos irmãos. A oração de intercessão revela maturidade na fé. O crente adulto na fé vê as provações dos irmãos como suas. Por isso reza por eles, faz-se intercessor universal, disposto a carregar sobre si as fraquezas dos outros, e a sofrer para que possam ser aliviados. Foi a atitude de Moisés; será a atitude de Jesus.

Ao reagir contra o pecado do povo, Deus diz a Moisés: «a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destrui-los-ei Mas farei de ti uma grande nação. O povo pecou e merecia ser destruído. Mas os desígnios de Deus deviam cumprir-se. Por isso, propõe a Moisés tornar-se pai de um novo povo. Moisés recusa a proposta de Deus e implora: «Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo. Mais adiante faz ele uma proposta a Deus: «perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste, isto é, destrói-me também a mim. Moisés solidarizou-se completamente com o seu povo, para alcançar de Deus a salvação do seu povo.

Tudo isto se realiza de modo completamente inesperado no mistério de Cristo.

Na morte de Cristo, Deus destrói o povo. A morte de Cristo é destruição do mundo antigo, do homem velho, como escreve S. Paulo. Mas não é apenas destruição, porque a morte do Senhor leva à ressurreição. Jesus é, pois, o novo Moisés que aceita morrer com o povo e pelo povo, mas é também o novo Moisés, pai de uma nova grande nação. A palavra de Deus, «farei de ti uma grande nação», realiza-se na ressurreição de Cristo. De modo imprevisível, as Escrituras dão testemunho da ressurreição de Cristo.

Senhor Jesus, que Te manifestas como Filho de Deus, realizando as Suas obras, tem piedade de nós. Acolhe-nos no Teu Coração misericordioso e dá-nos a vida. Tu, que és a testemunha fiel e verdadeira do Pai, faz-nos ouvir a Sua voz. Filho obediente do Pai, faz-nos recordar a paixão que sofreste por nós, e a descobri-la naqueles que continuam a vivê-la no corpo e na alma. Filho inocente do Pai, intercede por nós pecadores e permite-nos solidarizar-nos conTigo nessa intercessão. Queremos ir a Ti para termos a vida, a Ti que és a presença incarnada de Deus-misericórdia. Ámen.

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terça-feira, 29 de março de 2022

  QUARESMA PASSO A PASSO - 2022

Quarta-feira IV da Quaresma – dia 29 – 30/03/2022

Evangelho Jo 5, 17-30

«O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai.»

Jesus mostra que se conforma em tudo ao agir de Deus. (...) A total unidade de ação entre o Pai e o Filho resulta da total obediência do Filho, que ama o Pai e partilha do Seu amor pelos homens pecadores. O Pai doa ao Filho o que só a Ele pertence, o poder sobre a vida e a autoridade no juízo. Esta íntima relação entre o Pai e o Filho pode alargar-se aos homens pela escuta obediente da palavra de Jesus.

"Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo». Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a morte: não só por violar o Sábado, mas também por chamar a Deus seu Pai, fazendo-Se igual a Deus. Então Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo que viu fazer ao Pai; e tudo o que o Pai faz também o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz; e há de manifestar-Lhe coisas maiores que estas, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim o Filho dá vida a quem Ele quer. O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que O enviou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte à vida. Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora – e já chegou – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também concedeu ao Filho que tivesse a vida em Si mesmo; e deu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. Não vos admireis do que estou a dizer, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz: Os que tiverem praticado boas obras irão para a ressurreição dos vivos e os que tiverem praticado o mal para a ressurreição dos condenados. Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou»."

Como Filho muito amado do Pai, Jesus vem convidar todos os homens para a festa da vida. A ninguém é negado esse convite. O único abandonado é precisamente o Filho muito amado, que um Amor maior entrega à morte para a todos dar a vida.

Intimamente unido ao Pai, o Filho fez-Se solidário connosco e veio revelar-nos o amor misericordioso de Deus. Jesus Cristo é aliança de Deus connosco para nos dar a vida. Transmite-nos a palavra de Deus para nos transmitir a vida de Deus: «assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer». Os mortos são os que vivem em pecado, porque, desligados de Deus, não têm em si a vida divina e não podem amar a Deus nem aos irmãos. Só a Palavra de Deus, que revela o amor, o Seu amor misericordioso, comunica a vida e dá capacidade para amar.

O evangelho de hoje revela-nos que, para estarmos unidos a Deus, precisamos de estar unidos a Cristo. É permitindo e realizando essa união com o Pai que Cristo Se revela aliança de Deus para nós.


Senhor Jesus, Tu és verdadeiramente Aquele em Quem encontramos o Pai. Mas és também Aquele em Quem encontramos os irmãos e as irmãs. Só em Ti os podemos amar de verdade. Por isso, queremos permanecer em Ti, especialmente neste tempo da Quaresma, quando já se aproxima a celebração do Teu mistério pascal. Várias vezes, durante o dia, queremos penetrar no Teu Coração para n'Ele bebermos o amor ao Pai e o amor aos irmãos. Tu és a nossa aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece. Queremos viver em Ti. Ámen.

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segunda-feira, 28 de março de 2022

QUARESMA PASSO A PASSO - 2022 

Terça-feira IV da Quaresma – dia 28 – 29/03/2022

Evangelho Jo 5, 1-3a.5-16


Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda».

As leituras de hoje falam-nos ambas de água que cura. O Evangelho diz-nos que Jesus é o verdadeiro médico e o verdadeiro remédio para os nossos males. A água é apenas símbolo da Sua Graça.

Os Padres da Igreja reconheceram no templo, de que nos fala, na 1ª leitura, a visão de Ezequiel, o verdadeiro Templo que é Jesus de Lado aberto e Coração trespassado na cruz, donde jorram sangue e água, símbolos do Espírito que dá a vida. 

Só o Espírito Santo nos pode transformar. No batismo recebemos o Espírito Santo, como uma pequena fonte, que há de ir crescendo, à medida que nos abrimos a Ele e colaboramos na sua ação, até se tornar em nós uma torrente capaz de transformar a nossa vida e de tornar fecundo o nosso apostolado.


"Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. Ali jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar. Ora aquele dia era Sábado. Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é Sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de Sábado."

o Evangelho fala-nos do paralítico que, havia 38 anos, esperava junto à piscina uma oportunidade para entrar nela e ser curado. Como ele, muitos de nós jazemos impotentes nas margens da esperança, desiludidos de tudo, talvez até da religião e, por isso, incapazes de mergulhar na vida. É a nós, homens e mulheres do nosso tempo, que Cristo vem procurar, onde quer que estejamos, paralisados pelo sofrimento, pelo pecado e pelas circunstâncias da vida. Também a nós, Jesus pergunta: «Queres ficar são?». Parece uma pergunta desnecessária. Mas Jesus sabe que é a resposta pessoal que renova e faz sentir a cada um a sua dignidade humana, a sua liberdade e responsabilidade. Perante a resposta do paralítico, Jesus diz-lhe simplesmente: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». O poder da Palavra de Deus dispensa os ritualismos ou o uso de águas medicinais. A Palavra de Deus cura, rompe cadeias, liberta. Liberta o corpo e liberta o espírito, porque há paralisias bem piores do que as corporais, que tolhem o coração no pecado. A Igreja, por vontade de Cristo, dispõe da Palavra e da Graça que brotaram do seu Lado aberto na cruz, para as distribuir aos homens, sobretudo no Batismo, na Eucaristia e nos outros sacramentos.

E saiu sangue e água, diz S. João. O ferro ao retirar-se deixou jorrar uma dupla fonte de sangue e de água, na qual os Padres da Igreja viram o símbolo desta outra maravilha de amor, os sacramentos, canais preciosos da Graça da salvação: rio de água que, no santo batismo e no banho da penitência, lava a alma da mácula original; rio de sangue que cai todas as manhãs nos cálices dos altares, para se expandir pelo mundo fora, consolar a Igreja sofredora do Purgatório e reanimar a Igreja que combate sobre a terra; rio refrescante, onde o coração, ressequido pelos trabalhos e pelas tentações, vai saciar-se de piedade, de caridade e de santa alegria.

Senhor, concedei-me beber desta água e deste sangue, para que não mais tenha esta sede doentia das coisas do mundo, que me tortura, e que eu seja inebriado pelo Vosso Amor.

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domingo, 27 de março de 2022

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2022

Segunda-feira IV da Quaresma – dia 27 – 28/03/2022

Evangelho Jo 4, 43-54

«E acreditou, ele e todos os de sua casa».

S. João, ao narrar a cura, à distância, do filho do funcionário real, quer apresentar-nos Jesus como Palavra de vida. 

A Palavra de Jesus é o sinal extraordinário e o prodígio que nos oferece. Quem acolhe a Palavra e acredita nela, vê rasgaram-se horizontes inesperados, experimenta milagres. Permanecer na Palavra, guardando-a no coração, e cumprindo-a, mesmo que seja preciso caminhar na escuridão, apenas iluminado por ela, significa participar na obra divina da nova criação, santificação e transfiguração do universo.

Jesus pediu ao funcionário real a fé na Sua palavra. O homem acreditou e o seu filho ficou curado. Acreditou na palavra de Jesus. Acreditou em Jesus, porque Jesus é a Palavra de Deus feita carne. Acreditou e partiu, obediente e confiante. E alcançou a vida para o seu filho. Acreditar e obedecer, acolher a palavra e pô-la em prática é uma questão de vida ou de morte. O homem aflito teve a força de crer na palavra de Jesus, que nada fez de especial, apenas falou. Não insistiu para que Jesus mudasse os seus planos e fizesse o que lhe pedia. Acreditou e partiu confiando na verdade da palavra de Jesus.


"Naquele tempo, Jesus saiu da Samaria e foi para a Galileia. Ele próprio tinha declarado que um profeta nunca era apreciado na sua terra. Ao chegar à Galileia, foi recebido pelos galileus, porque tinham visto quanto Ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, a que também eles tinham assistido. Jesus voltou novamente a Caná da Galileia, onde convertera a água em vinho. Havia em Cafarnaum um funcionário real cujo filho se encontrava doente. Quando ouviu dizer que Jesus viera da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-Lhe que descesse a curar o seu filho, que estava a morrer. Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis». O funcionário insistiu: «Senhor, desce, antes que meu filho morra». Jesus respondeu-lhe: «Vai, que o teu filho vive». O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe tinha dito e pôs-se a caminho. Já ele descia, quando os servos vieram ao seu encontro e lhe disseram que o filho vivia. Perguntou-lhes então a que horas tinha melhorado. Eles responderam-lhe: «Foi ontem à uma da tarde que a febre o deixou». Então o pai verificou que àquela hora Jesus lhe tinha dito: «O teu filho vive». E acreditou, ele e todos os de sua casa. Foi este o segundo milagre que Jesus realizou, ao voltar da Judeia para a Galileia."

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Quantas vezes, também nós, nos vemos na situação de ter que acreditar na Palavra, sem vermos ou antes de vermos qualquer sinal. Rezamos, somos iluminados, mas tudo parece permanecer imutável. É o momento de progredirmos na fé, que não é simples verificação, mas acreditar na palavra e n‘Aquele que a pronuncia. Se soubermos caminhar na fé, mesmo na noite escura do sofrimento e da provação, a Palavra será como uma lâmpada para os nossos passos. E, quando o Senhor quiser, encontraremos a confirmação luminosa do Seu poder que faz maravilhas. Então, a nossa fé tornar-se-é exultação e júbilo. Será aquela fé firme e segura, que transforma a alma e a faz caminhar em novidade de vida, em plenitude cristã.


Senhor Jesus, Tu és a palavra viva e vivificadora do Pai. Quero escutar-Te cada dia, quero encontrar-me conTigo, cada vez que acolho a Tua Palavra. Como Maria, Tua e minha mãe, quero guardá-la no coração, meditá-la, rezá-la, para me entregar a ela com uma fé simples, que rasga novos horizontes e faz ver as Tuas obras prodigiosas e colaborar nelas.

Obrigado, Senhor, pela Tua Palavra. Que ela seja sempre a luz dos meus passos, a garantia da minha esperança, a motivação suprema da minha confiança e da minha entrega sem reservas ao Teu serviço e ao serviço dos irmãos. Que a Tua Palavra floresça no meu coração e dê frutos de bem para este mundo e para o reino dos céus. Ámen.

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sábado, 26 de março de 2022

  QUARESMA PASSO A PASSO - 2022  

Domingo IV da Quaresma - dia 26- 27/03/2022

EVANGELHO Lc 15, 1-3.11-32   

«Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho.»

As leituras deste quarto domingo da quaresma como que nos colocam perante o exercício da misericórdia de Deus, ontem hoje e sempre. Em Deus experimentamos o que é Amar assim perdidamente, infinitamente cada um dos Seus filhos e, ao mesmo tempo, a humanidade inteira. É Ele quem vem ao nosso encontro, quem nos procura, sempre, sempre, sempre. Ele tem a iniciativa, mas depois deixa-nos livres para n’Ele nos entregarmos de coração aberto, ou de O rejeitarmos. Podemos querer, ou não, ser amados por Deus! A opção de dizer sim, ou não, ao Amor de Deus é da nossa inteira responsabilidade. Ao dizermos sim, entramos na dinâmica da vivência e da comunicação do Amor de Deus a todos os que se cruzam nos nossos caminhos, ou aos que vivem connosco diariamente.

Na primeira leitura (Jos 5, 9a.10-12) “vemos” como o povo de Deus experimenta a misericórdia de Deus e celebra a Páscoa da libertação da escravidão, no Egito e a sua entrada na Terra Prometida. Também nós Senhor te damos graças e louvamos pelo teu infinito amor e te pedimos que nos libertes das nossas escravidões, do nosso pecado, e nos conduzas ao Pai.

“Naqueles dias, disse o Senhor a Josué: «Hoje tirei de vós o opróbrio do Egipto». Os filhos de Israel acamparam em Gálgala e celebraram a Páscoa, no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos frutos da terra: pães ázimos e espigas assadas nesse mesmo dia. Quando começaram a comer dos frutos da terra, no dia seguinte à Páscoa, cessou o maná. Os filhos de Israel não voltaram a ter o maná, mas, naquele ano, já se alimentaram dos frutos da terra de Canaã.” 


Na 2ªleitura (2 Cor 5, 17-21) é S.Paulo quem nos exorta à reconciliação com Deus e com os irmãos, por e em Jesus Cristo. Deixemos que Jesus nos habite por inteiro e n’Ele a reconciliação será uma realidade. Só em Jesus tudo podemos, incluindo perdoar a quem nos faz mal.

“Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram; tudo foi renovado. Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Na verdade, é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação. Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, Deus identificou-O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus.”


No evangelho (Lc 15, 1-3.11-32) Jesus revela-nos o quanto somos amados por Deus. O Pai está sempre pronto, de braços abertos, para nos receber, nunca desiste de nós. Andemos nós por onde andarmos, Ele está sempre à espera de que voltemos para o seu regaço, onde há lugar para todos, sejamos quantos formos. O Seu Amor por cada um de nós não acaba nunca, é infinito e sempre a “jorrar”. Partamos ao Seu encontro e abramos as portas do nosso coração de par em par, deixando Deus n’ele entrar e tudo preencher. Sendo como o filho mais novo, ou como o mais velho, ou um pouco como cada um dos dois, nada receemos, entreguemo-nos a Deus na totalidade do nosso ser e deixemo-nos amar pelo Amor, que é Ele e só Ele.

“Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».” 

O Evangelho de hoje começa com alguns que criticam Jesus, vendo-o na companhia de publicanos e pecadores, e dizem com desdém: «Ele acolhe os pecadores e come com eles. Na realidade esta frase revela-se um anúncio maravilhoso. Jesus acolhe os pecadores e come com eles. É o que nos acontece, em cada Missa, em cada igreja: Jesus está feliz por nos acolher na Sua mesa, onde Se oferece por nós. Esta é a frase que poderíamos escrever nas portas das nossas igrejas: «Aqui Jesus acolhe os pecadores e convida-os para a sua mesa». E o Senhor, respondendo aos que o criticavam, conta esta parábolas maravilhosa, que mostra a Sua predileção por aqueles que se sentem distantes d’Ele. (…)

Deus preocupa-se por ti, precisamente por ti que ainda não conheces a beleza do Seu amor, por ti, que ainda não aceitaste Jesus no centro da tua vida, tu que não podes vencer o teu pecado, por ti que talvez ainda não acreditas no amor por causa das coisas más que aconteceram na tua vida. (…) Ele quer dizer-te que és precioso aos seus olhos, que és único. Ninguém te pode substituir no coração de Deus. Tu tens um lugar, és tu, e ninguém te pode substituir; e eu também, ninguém me pode substituir no coração de Deus. Deus é o pai que espera o regresso do filho pródigo: Deus espera sempre por nós, não se cansa, não desanima. Porque somos nós, cada um de nós, o filho abraçado de novo (…) Ele espera todos os dias que nos apercebamos do Seu amor. Tu dizes: «Mas eu comportei-me mal, tive muitos comportamentos maus!». Não tenhas medo: Deus ama-te, Ele ama-te tal como és e sabe que só o Seu amor pode mudar a tua vida.

Mas este amor infinito de Deus por nós, pecadores, que é o coração do Evangelho, pode ser rejeitado. É o que faz o filho mais velho da parábola. Ele não entende o amor naquele momento e tem em mente mais um dono do que um pai. É um risco para nós também: acreditar num deus mais rigoroso do que misericordioso, um deus que derrota o mal com o poder e não com o perdão. Não é assim, Deus salva com o amor, não com a força; propondo-se e não impondo-se. Mas o filho mais velho, que não aceita a misericórdia do seu pai, fecha-se, comete um erro pior: ele presume que é justo, presume que é atraiçoado e julga tudo com base no seu conceito de justiça. Então ele zanga-se com o irmão e reprova o pai: «Mataste o bezerro gordo agora que este teu filho voltou». Este teu filho, não o chama meu irmão, mas o teu filho. Ele sente-se como um filho único. Também nós erramos quando achamos que temos razão, quando achamos que os maus são os outros. Não nos consideremos bons, porque sozinhos, sem a ajuda de Deus que é bom, não sabemos como vencer o mal. (…)

Como se derrota o mal? Aceitando o perdão de Deus e o perdão dos irmãos. Acontece todas as vezes que nos confessamos: lá recebemos o amor do Pai que vence o nosso pecado: ele desaparece, Deus esquece-se dele. Deus, quando perdoa, perde a memória, esquece os nossos pecados, esquece. Deus é tão bom connosco! Não como nós, que depois de dizer «não importa», na primeira oportunidade nos lembramos com os juros dos males sofridos. Não, Deus cancela o mal, renova-nos e assim faz renascer em nós a alegria, não a tristeza, não as trevas no coração, não a suspeita, mas a alegria.

Irmãos e irmãs, coragem, com Deus nenhum pecado tem a última palavra. Nossa Senhora, que desata os nós da vida, nos liberte da pretensão de nos crermos justos e nos faça sentir a necessidade de procurar o Senhor, que está sempre à nossa espera para nos abraçar, para nos perdoar.

Papa Francisco

(Angelus  15 de setembro de 2019)

sexta-feira, 25 de março de 2022

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2022  

Sábado III da Quaresma – dia 25 – 26/03/2022


EVANGELHO Lc 18, 9-14

"Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»."


Não se pode confundir Deus com o homem nem reduzi-lo à medida das nossas ideias e ações. Deus é um Deus de misericórdia, está próximo do homem e pode ser conhecido. Se é verdade que usa a sua palavra para ferir, atingir, “matar” o homem, Ele também cura, trata as feridas e resplandece como luz para o homem. Com Deus o homem não pode ter uma relação ritualista, exterior, superficial. Ele não quer sacrifícios nem holocaustos, quer o coração, o amor, quer o homem. O homem é como nevoeiro da manhã, como orvalho da madrugada, nas suas relações com Deus. Deus não é assim, Ele é como a aguaceiro de outono e a chuva de primavera que empapa a terra e a fecunda e convida o homem a ser assim. Três dias é quanto basta para transformar a realidade do homem na realidade de Deus. (Leitura I Os 6, 1-6)

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"Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»."

Deus olha para o coração (cf. 1 Sm 16, 7) e encanta-se com a humildade: a humildade do coração encanta Deus. (...) A palavra “humildade” deriva do termo latim humus, que significa “terra”. É paradoxal: para chegar ao alto, ao Céu, é preciso permanecer baixo, como a terra! Jesus ensina: «Aquele que se humilha será exaltado» (Lc 14, 11). Deus não nos exalta pelos nossos dons, pelas riquezas, pela capacidade, mas pela humildade; Deus é apaixonado pela humildade. Deus eleva aqueles que se abaixam, que servem. 

Hoje, então, podemos perguntar-nos, cada um de nós, no nosso coração: como estou em humildade? Procuro ser reconhecido pelos outros, afirmar-me e ser elogiado, ou penso em servir? Será que sei ouvir, como Maria, ou só quero falar e receber atenções? Será que sei ficar em silêncio, como Maria, ou estou sempre a tagarelar? Sei retroceder, desanuviar contendas e argumentos, ou procuro apenas sobressair sempre? Pensemos nestas questões: Como estou em humildade?

Maria, na sua pequenez, é a primeira a conquistar os céus. O segredo do seu sucesso reside precisamente em reconhecer-se pequena, em reconhecer-se necessitada. Com Deus, apenas quantos se reconhecem como nada são capazes de receber tudo.

Papa Francisco

(Angelus  22 de agosto de 2021)


Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre Jesus.

Santa Maria, Mãe de Deus, rogais por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.

quinta-feira, 24 de março de 2022

QUARESMA PASSO A PASSO - 2022  

SOLENIDADE DA ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

Sexta-feira III da Quaresma – dia 24 – 25/03/2022

EVANGELHO Lc 1, 26-38

«Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

O que celebramos hoje é a manifestação da salvação que Deus continua a oferecer ao homem, em Cristo, o Messias, Filho de Deus nascido da Virgem Maria.

"As palavras de Jesus suscitam, regra geral,  grande escândalo, e, mais ainda, quando diz que Deus escolheu manifestar-se e trazer a salvação na fraqueza da carne humana. É o mistério da encarnação. E a encarnação de Deus é o que dá origem ao escândalo e representa para as pessoas do seu povo e do Seu tempo (na terra) – mas muitas vezes também para nós – um obstáculo. De facto, Jesus afirma que o verdadeiro pão da salvação, que transmite a vida eterna, é a Sua própria carne; que para entrar em comunhão com Deus, antes de observar as leis ou cumprir os preceitos religiosos, é preciso viver uma relação real e concreta com Ele. Pois a salvação veio d'Ele, na sua encarnação. Isto significa que não devemos perseguir Deus em sonhos e imagens de grandeza e poder, mas devemos reconhecê-lo na humanidade de Jesus e, consequentemente, na dos irmãos e irmãs que encontramos no caminho da vida. Deus fez-se carne. E quando dizemos isto, no Credo, no dia de Natal, no dia da Anunciação, ajoelhamo-nos para adorar este mistério da encarnação. Deus fez-se carne e sangue: humilhou-se para se tornar homem como nós, humilhou-se ao ponto de assumir o nosso sofrimento e o nosso pecado, e por conseguinte, pede-nos que O procuremos não fora da vida e da história, mas na relação com Cristo e com os irmãos. Procurá-l’O na vida, na história, na nossa vida quotidiana. E este, irmãos e irmãs, é o caminho para o encontro com Deus: a relação com Cristo e os irmãos."

Papa Francisco

(Angelus  22 de agosto de 2021)

"Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra»."

A minha vida, como a de Maria, é lugar onde Deus se quer revelar aos homens. Na vida quotidiana julgo que tudo é banal e nada de novo, nem de interessante, acontece que possa prender a atenção de Deus. Mas Deus olha para mim e, apesar da minha pobreza, desafia-me a retirar o impedimento da minha vontade e a deixar que Ele faça o que é impossível aos meus olhos. Como Maria também eu posso dizer “faça-se em mim segundo a Tua vontade”.


Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre Jesus.

Santa Maria, Mãe de Deus, rogais por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Santa Sé divulga texto do Ato de Consagração de 25 de março, que vai ligar o Vaticano e Fátima - Ecclesia

 

Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amen.

Celebração Penitencial

(Basílica de São Pedro, 25 de março de 2022)