quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

54ª Mensagem do dia Mundial da Paz

MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA A CELEBRAÇÃO DO
54º DIA MUNDIAL DA PAZ

1º DE JANEIRO DE 2021

 

A CULTURA DO CUIDADO COMO PERCURSO DE PAZ

1. Aproximando-se o Ano Novo, desejo apresentar as minhas respeitosas saudações aos Chefes de Estado e de Governo, aos responsáveis das Organizações Internacionais, aos líderes espirituais e fiéis das várias religiões, aos homens e mulheres de boa vontade. Para todos formulo os melhores votos, esperando que o ano de 2021 faça a humanidade progredir no caminho da fraternidade, da justiça e da paz entre as pessoas, as comunidades, os povos e os Estados.

O ano de 2020 ficou marcado pela grande crise sanitária da Covid-19, que se transformou num fenómeno plurissectorial e global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incómodos. Penso, em primeiro lugar, naqueles que perderam um familiar ou uma pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho. Lembro de modo especial os médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde, que se prodigalizaram – e continuam a fazê-lo – com grande fadiga e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem quando procuravam estar perto dos doentes a fim de aliviar os seus sofrimentos ou salvar-lhes a vida. Ao mesmo tempo que presto homenagem a estas pessoas, renovo o apelo aos responsáveis políticos e ao sector privado para que tomem as medidas adequadas a garantir o acesso às vacinas contra a Covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para dar assistência aos doentes e a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis.[1]

É doloroso constatar que, ao lado de numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente ganham novo impulso várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos que semeiam morte e destruição.

Estes e outros acontecimentos, que marcaram o caminho da humanidade no ano de 2020, ensinam-nos a importância de cuidarmos uns dos outros e da criação a fim de se construir uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade. Por isso, escolhi como tema desta mensagem «a cultura do cuidado como percurso de paz»; a cultura do cuidado* para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer.

Dia Mundial da Paz - Ecclesia

 Dia Mundial da Paz 2021: Papa evoca vítimas da pandemia

Dez 31, 2020 - 12:32

Francisco presta homenagem a quem deu a sua vida pelos doentes, num texto dedicado à «cultura do cuidado»


Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 31 dez 2020 (Ecclesia) – O Papa evoca as vítimas da pandemia, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2021 (1 de janeiro), dedicada à “cultura do cuidado”, prestando homenagem a todos os que deram a sua vida pelos doentes.

“O ano de 2020 ficou marcado pela grande crise sanitária da Covid-19, que se transformou num fenómeno plurissectorial e global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incómodos”, refere Francisco, num texto divulgado pelo Vaticano.

A mensagem começa por recordar quem perdeu entes queridos e quem ficou sem trabalho, por causa da atual crise.

O Papa lembra depois “médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde”, que se dedicaram aos doentes com “grande cansaço e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem”.

“Ao mesmo tempo que presto homenagem a estas pessoas, renovo o apelo aos responsáveis políticos e ao sector privado para que tomem as medidas adequadas a garantir o acesso às vacinas contra a Covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para dar assistência aos doentes e a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis”, acrescenta.

Francisco sublinha que estes acontecimentos mostram a importância de cuidar “uns dos outros e da criação”, a fim de se construir “uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade”.

Escolhi como tema desta mensagem ‘a cultura do cuidado como percurso de paz’; a cultura do cuidado para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer”.

O texto adverte para o ressurgimento de várias formas de “nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos”, que “semeiam morte e destruição”. 


Foto: Lusa/EPA

“Os nossos projetos e esforços devem ter sempre em conta os efeitos sobre a família humana inteira, ponderando as suas consequências para o momento presente e para as gerações futuras”, sustenta Francisco.

O Papa renova a convicção de que a humanidade está “no mesmo barco”, como mostrou a pandemia de Covid-19, recordando as crianças que “não podem estudar” e todos os que “não podem trabalhar para sustentar as famílias

“A carestia lança raízes em lugares onde antes era desconhecida. As pessoas são obrigadas a fugir, deixando para trás não só as suas casas, mas também a sua história familiar e as raízes culturais”, adverte.

Neste tempo, em que a barca da humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com dificuldade à procura dum horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da pessoa humana e a ‘bússola’ dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum”.

A mensagem de Francisco para o 54.º Dia Mundial da Paz tem como título ‘A cultura do cuidado como percurso para a paz’.

A expressão “cultura do cuidado” aparece na encíclica Laudato si’, de 2015: “o amor social impele-nos a pensar em grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e incentivem uma cultura do cuidado que permeie toda a sociedade” (n. 231).

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

OC 

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, 

MÃE DE DEUS

Com o início do novo ano – 2021 –  a Igreja celebra, hoje, a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e, simultaneamente, o dia mundial da Paz. 

 


Na 1ªleitura (Num 6, 22-27), neste início do ano novo, somos interpelados a pedir a Deus que nos dê a Sua benção, numa tríplice dimensão, para tudo o que somos e fazemos e, assim, ficamos comprometidos na transmissão, da bênção recebida, a todos aqueles que se cruzam, ou convivem connosco diária, ou ocasionalmente, onde quer que nos encontremos. Peçamos à Mãe do Céu que nos guie nesta caminhada.

“O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».”

Na 2ªleitura (Gal 4, 4-7) S.Paulo lembra-nos que Deus, no Seu amor infinito por nós, nos enviou Seu Filho, para n’Ele sermos elevados à categoria de Seus filhos adotivos e assim podermos chamá-Lo de “Abá”, Pai. Deixemo-nos amar por Aquele que tanto nos ama.

“Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.”


No Evangelho de hoje, (Lc 2, 16-21)  somos convidados a louvar e a dar graças a Deus pela maravilha que se desenrola perante os nossos olhos: Deus, na pessoa do Seu Filho amado, fez-se um de nós, habita-nos. Façamos como os pastores, louvemos e demos Glória a Deus, testemunhemos o Seu imenso Amor por nós. Peçamos a Maria que nos guie. 

"Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno."

Mãe santíssima, ensina-nos a amar teu Filho, a entregarmo-nos a Ele, na totalidade do que somos e temos.

Boas Festas

 


domingo, 27 de dezembro de 2020

Papa convoca ano especial dedicado à família - Ecclesia

Vaticano: Papa convoca ano especial dedicado à família

Dez 27, 2020 - 11:15


Iniciativa assinala 5.º aniversário da exortação «Amoris Laetitia», resultado de duas assembleias do Sínodo dos Bispos

Cidade do Vaticano, 27 dez 2020 (Ecclesia) – O Papa convocou hoje um “ano especial” dedicado a família, a partir de 19 de março de 2021, assinalando o 5.º aniversário da exortação ‘Amoris Laetitia’, resultado de duas assembleias do Sínodo dos Bispos.

“Vai haver um ano de reflexão sobre a Amoris Laetitia. Será uma oportunidade para aprofundar os conteúdos do documento. Estas reflexões vão ser colocadas à disposição das comunidades eclesiais e das famílias, para os acompanhar no caminho”, indicou, durante a recitação do ângelus, na biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano.

O anúncio foi feito no dia em que a Igreja Católica celebra a festa litúrgica da Sagrada Família (primeiro domingo depois do Natal).

Esta celebração, observou Francisco, propõe “o ideal do amor conjugal e familiar, como foi destacado na exortação apostólica Amoris Laetitia, cujo quinto aniversário da sua promulgação acontece no próximo dia 19 de março”.

Este ano especial vai ser inaugurado na próxima solenidade de São José (19.03.2021) e decorre até à celebração do X Encontro Mundial das Famílias, em Roma (26.06.2022).

O Papa convidou todos a unir-se às iniciativas que vão ser promovidas durante o ano, coordenadas pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé).

Confiamos à Sagrada Família de Nazaré, em particular a São José, marido e pai solícito, este caminho com as famílias de todo o mundo. Que a Virgem Maria, a quem agora recorremos com a oração do ângelus, faça que as famílias de todo o mundo sejam cada vez mais fascinadas pelo ideal evangélico da Santa Família, para se tornarem fermento de uma nova humanidade e de uma solidariedade concreta e universal”.

O Papa publicou a 8 de abril de 2016 a sua exortação apostólica sobre a Família, ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor), uma reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo.

Ao longo de nove capítulos, em mais de 300 pontos, Francisco dedica a sua atenção à situação atual das famílias e os seus numerosos desafios, desde o fenómeno migratório à “ideologia de género”; da cultura do “provisório” à mentalidade “antinatalidade”, passando pelos dramas do abuso de menores.

A exortação apresenta um olhar positivo sobre a família e o matrimónio, face ao individualismo que se limita a procurar “a satisfação das aspirações pessoais”.

O Papa observa que a apresentação de “um ideal teológico do matrimónio” não pode estar distante da “situação concreta e das possibilidades efetivas” das famílias “tais como são”, desejando que o discurso católicos supere a “simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais”.

Nesse sentido, propõe uma pastoral “positiva, acolhedora” e defende um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações.

Em Portugal, várias dioceses que publicaram documentos sobre a aplicação das propostas para a pastoral familiar, após as duas assembleias sinodais (2014 e 2015) sobre o tema, nomeadamente no que respeita ao capítulo VIII da ‘Amoris Laetitia’.

A Santa Sé preparou, para o ano especial dedicado às famílias, um conjunto de propostas espirituais, pastorais e culturais, além de 12 percursos de reflexão, partilhados num documento que apresenta os objetivos desta iniciativa do Papa.

OC

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE 

JESUS, MARIA E JOSÉ

 

Hoje a liturgia convida-nos a contemplar a Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Somos desafiados a viver em família, cimentados no Amor, que é Deus, que nos criou e nos deu a graça de O podermos viver em comunhão com os que com Ele participam num projeto de amor, que deve ser a nossa família. 


Na 1ª leitura (Sir 3, 3-7.14-17a) escutamos uma série de conselhos que cada um de nós, como elemento de uma família, deve honrar. Normalmente fariam parte do nosso ADN familiar, isto é, deviam ser assumidos por cada um, naturalmente, como seres pertencentes a uma determinada família, quanto mais se dizemos que somos cristãos.

"Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados." 

Na 2ª leitura (Col 3, 12-21) S.Paulo indica-nos o caminho a seguir para construirmos uma verdadeira família. É só acolhermos as propostas que nos faz:

"Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo." 


No Evangelho (Lc 2, 22-40) seguimos a Sagrada Família na apresentação e consagração a Deus de Jesus, no Templo de Jerusalém, cumprindo assim o que prescreviam os preceitos do seu tempo. Através das palavras de Simeão e de Ana, Jesus é anunciado como o Salvador de toda a humanidade, como o libertador esperado.

"Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele." 


Obrigada Senhor pela família que me deste. Ensina-me a honrar, a amar, todos os seus membros, como parte integrante dela.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Hoje é dia de Natal - 25 de dezembro de 2020

Hoje, dia de Natal, todas as leituras nos convidam a exultar de alegria, porque o Filho de Deus veio habitar no meio de nós, homens de ontem, de hoje e de sempre, e revelar-nos Deus Amor, perdidamente enamorado por cada um de nós, Suas criaturas. Louvemos e demos glória ao nosso Deus, contemplando o Mistério do Menino Deus.

Na 1ªleitura (Is 52, 7-10) o profeta diz-nos que todos veremos a salvação do nosso Deus. E é assim que culminará a história de amor que Deus fez, e continua a fazer, com a humanidade e com cada um de nós Seus filhos no Filho, cujo nascimento celebramos no dia 25 de dezembro de cada ano. Como não exultar e romper em brados de alegria, quando, em Jesus, vamos aprendendo a conhecer até que ponto Deus nos ama.

“Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação e diz a Sião: «O teu Deus é Rei». Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque veem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”

Na 2ªleitura (Hebr 1, 1-6) S.Paulo leva-nos a contemplar o mistério do Amor que veio habitar no meio de nós, homens de ontem, de hoje e de amanhã. Contemplemos e adoremos Deus Menino deitado numa manjedoura.

“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Sendo o Filho esplendor da sua glória e imagem da sua substância, tudo sustenta com a sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-Se à direita da Majestade no alto dos Céus e ficou tanto acima dos Anjos quanto mais sublime que o deles é o nome que recebeu em herança. A qual dos Anjos, com efeito, disse Deus alguma vez: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»? E ainda: «Eu serei para Ele um Pai e Ele será para Mim um Filho»? E de novo, quando introduziu no mundo o seu Primogénito, disse: «Adorem-n’O todos os Anjos de Deus».”

No evangelho (Jo 1, 1-18) João, de uma forma tão profunda, quanto bela, ajuda-nos a contemplar e adorar o Mistério de Deus que veio ao mundo, na pessoa de Jesus, Seu Único e muito amado Filho. Só em e por Jesus podemos encontrar-nos com Deus, porque só Ele, que está no seio do Pai, no-l’O pode dar a conhecer. Que o Menino Jesus nos ilumine com a Sua Luz.

No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.”


Glória a Deus no alto dos Céus e paz na terra aos homens por Ele amados.

Desejo a todos: "Um Santo e Feliz Natal!"

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

25º e 26º passo do advento - Pastoral da Cultura

Dia 25: Purificar a intenção

«Quanto mais puro de intenção for o olhar, tanto mais firmemente caminhará entre as procelas. Mas em muitos se tolda o olhar da pura intenção e depressa se fixa em algo de agradável que suceda; e, assim, é raro aquele que se encontra totalmente livre da mancha da procura de si mesmo. Assim tinham vindo dantes os judeus a Betânia, a casa de Marta e de Maria, não tanto por causa de Jesus, mas para verem Lázaro. Portanto, deve-se purificar a intenção, para que seja simples e reta, e dirigi-la a mim, para além de tudo o que se interpõe.»

Resolução: Agradar a Deus em todas as coisas.


D.R.

Dia 26: Que posso desejar de melhor?

«Eis o meu Deus e o meu tudo! Que mais quero? E que posso desejar de melhor? Oh, gostosa e doce palavra, mas só para aquele que a ama, e não ao mundo nem a nenhuma das coisas que estão no mundo! Meu Deus e meu tudo! Para o que somente entende, basta dizê-lo uma vez; mas para o que ama, é grato repeti-lo. Quanto Tu estás presente, tudo é agradável; mas, se estás ausente, já tudo aborrece. Tu fazes tranquilo o coração e dás grande paz e festiva alegria. Tu fazes-nos pensar bem de todas as coisas e em todas as coisas te louvar, e, sem ti, nada pode agradar por muito tempo; pois que, se algo é grato e sabe bem, tem de ser presente a tua graça e de ser temperado com o sal da tua sabedoria.»

Resolução: Fazer crescer o meu afeto por Deus, dizendo, de coração, «meu Deus e meu tudo».


Textos extraídos de "A imitação de Cristo", ed. Paulinas
Conceito original: 
In Terris
Adapt.: Rui Jorge Martins
Imagem: D.R.
Publicado em 24.11.2020


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

24º passo do advento - Pastoral da Cultura

Dia 24: A pérola preciosa a muitos ainda oculta

Ainda tens de abandonar muitas coisas, e só abandonando-as totalmente por mim conseguirás o que procuras. Aconselho-te a que me compres ouro passado pelo fogo, para te tornares ricoou seja, a sabedoria do Céu que pisa tudo o que é inferior. Submete-lhe toda a sabedoria da Terra, toda a complacência nos homens e em ti próprio. Eu o disse: nas coisas humanas, prefere as desprezíveis às que são grandes e preciosas; porque como coisa desprezível, pequena e quase esquecida se vê a verdadeira sabedoria do Céu, que não se orgulha da sua grandeza nem procura elevar-se no mundo, que é pregada de boca por muitos que a desmentem com a sua vida; ela é, contudo, a pérola preciosa escondida aos olhos de tantos.»

Resolução: Não procurar-se a si próprio, mas a Deus, e, nele, aos outros.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

23º passo do advento - Pastoral da Cultura

Dia 23: Discernir bem, e com frequência, o que habita o coração

«Se o homem não for elevado no espírito, liberto de todas as criaturas e totalmente unido a Deus, não é de grande peso tudo o que saiba e o que tenha. Sempre será pequeno e se manterá em nível inferior o que julga haver algo de grande além do bem eterno, imenso e uno. Tudo o que não é Deus nada é, e como tal se deve ter. Há grande diferença entre a sabedoria dos homens iluminados e piedosos e a ciência dos literatos e eruditos. Muito mais alta é a doutrina que provém, lá do alto, da influência de Deus, do que a que o engenho humano laboriosamente consegue.»

Resolução: Examinar bem os impulsos e motivações interiores, e estar pronto a responder às boas inspirações. Para as más inclinações, não hesitar em as mortificar.

Angelus de 20-12-2020 - Pastoral da Cultura

Em vez de te queixares das restrições da pandemia, faz alguma coisa por quem tem menos do que tu.

No quarto e último domingo do Advento, o Evangelho volta a propor-nos a narrativa da anunciação. «Alegra-te», diz o anjo a Maria, «conceberás um filho, dar-lho-ás à luz e chamá-lo-ás Jesus».

Parece um anúncio de pura alegria, destinado a fazer feliz a Virgem: quem, entre as mulheres do tempo, não sonhava tornar-se a mãe do Messias? Mas, juntamente com a alegria, aquelas palavras preanunciavam a Maria uma grande provação. Porquê? Porque naquele momento ela estava «noiva». Nessa situação, a lei de Moisés estabelecia que não devia haver relações e coabitação. Por isso, tendo um filho, Maria transgrediria a lei, e as penas para as mulheres eram terríveis: estava prevista a lapidação.

Certamente a mensagem divina terá preenchido o coração de Maria de luz e de força; todavia, ela encontrou-se diante de uma opção crucial: dizer “sim” a Deus, arriscando tudo, incluindo a vida, ou declinar o convite e prosseguir com o seu caminho normal.

Que faz ela? Responde assim; «Aconteça para mim segundo a tua palavra». Mas na língua em que o Evangelho foi escrito não é simplesmente um “faça-se”. A expressão verbal indica um desejo forte, indica a vontade de que algo se realize.

Maria, por outras palavras, não diz: «Se tem de acontecer, que aconteça… se não pode ser de outra maneira…”. Não é resignação. Não exprime uma aceitação fraca e submissa, exprime um desejo forte, um desejo vivo. Não é passiva, é ativa. Não suporta Deus, adere a Deus. É uma enamorada disposta a servir em tudo e já o seu Senhor. Poderia ter pedido um pouco de tempo para pensar, ou maiores explicações sobre o que iria suceder; até colocar algumas condições… Em vez disso, não toma tempo, não faz Deus esperar, não adia.

Quantas vezes – pensemos em nós mesmos – quantas vezes a nossa vida é feita de adiamentos, inclusive a vida espiritual! Por exemplo: sei que me faz bem orar, mas hoje não tenho tempo… «amanhã, amanhã, amanhã, amanhã…» - adiamos as coisas: faço amanhã; sei que ajudar alguém é importante – sim, devo fazê-lo: faço-o amanhã. É a mesma cadeia dos amanhãs… Adiar as coisas.

Hoje, às portas do Natal, Maria convida-nos a não adiar, a dizer «sim»: «Devo orar?» «Sim, e oro». «Devo ajudar os outros? Sim.» Como fazê-lo? Faço-o. Sem adiar. Todo o «sim» custa. Todo o «sim» custa, mas sempre menos do que lhe custou a ela aquele «sim» corajoso, aquele «sim» pronto, aquele «aconteça para mim segundo a tua palavra» que nos trouxe a salvação.

E nós, que «sim» podemos dizer? Neste tempo difícil, em vez de nos lamentarmos por aquilo que a pandemia nos impede de fazer, façamos alguma coisa por quem tem menos: não um enésimo presente para nós e para os nossos amigos, mas para um necessitado em quem ninguém pensa! E outro conselho: para que Jesus nasça em nós, preparemos o coração: rezemos.

Não nos deixemos “levar por diante” pelo consumismo: «Tenho de comprar os presentes, tenho de fazer isto e aquilo…». O frenesim de fazer tantas coisas… o importante é Jesus. O consumismo, irmãos e irmãs, sequestrou-nos o Natal. O consumismo não está na manjedoura de Belém: nela está a realidade, a pobreza, o amor. Preparemos o coração como fez Maria: livre do mal, acolhedor, pronto a hospedar Deus.

«Aconteça para mim segundo a tua palavra.» É a última frase da Virgem neste último domingo do Advento, e é o convite a dar um passo concreto para o Natal. Porque se o nascimento de Jesus não toca a nossa vida – a minha, a tua, todas –, se não toca a vida, passa em vão. No “Angelus” agora também nós diremos «cumpra-se em mim a tua palavra»: Nossa Senhora nos ajude a dizê-lo com a vida, com a atitude destes últimos dias, para nos prepararmos bem para o Natal. (…)

Que o Natal, agora próximo, seja para cada um de nós ocasião de renovação interior, de oração, de conversão, de passos em frente na fé e de fraternidade entre nós.

Olhemos à nossa volta, olhemos sobretudo a quantos estão na indigência: o irmão que sofre, onde quer que esteja, o irmão que sofre pertence-nos. É Jesus na manjedoura: quem sofre é Jesus. Pensemos um pouco nisto. E o Natal seja uma proximidade a Jesus neste irmão e nesta irmã. Está ali, no irmão necessitado, o presépio ao qual devemos dirigir-nos com solidariedade.

Este é o presépio vivo: o presépio no qual encontraremos verdadeiramente o Redentor nas pessoas que têm necessidade. Caminhemos, portanto, para a Noite Santa e aguardemos o cumprir-se do mistério da Salvação.


Papa Francisco
"Angelus", 20.12.2020
Fonte: 
Sala de Imprensa da Santa Sé
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 21.12.2020