Solenidade de Todos os Santos
No dia 1º de novembro, a Igreja celebra a festa de Todos os Santos. Segundo
a tradição, ela foi colocada neste dia, logo após o dia 31 de outubro em que os
celtas ingleses, pagãos, celebravam as bruxas e os espíritos que vinham
alimentar-se e assustar as pessoas nesta noite (Halloween).
Esta Solenidade de Todos os Santos vem do século IV. Em Antioquia,
celebrava-se uma festa por todos os mártires no primeiro domingo depois de
Pentecostes. A celebração foi introduzida em Roma, na mesma data, no século VI,
e, cem anos após, era fixada no dia 13 de maio pelo papa Bonifácio IV, em
concomitância com o dia da dedicação do “Panteão” dos deuses romanos a Nossa Senhora
e a todos os mártires. No ano de 835, esta celebração foi transferida pelo papa
Gregório IV para 1º de novembro.
A Igreja já canonizou milhares de Santos, mas há muitos mais no Céu.
LEITURA I Ap 7, 2-4.9-14
“Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo
o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o
poder de causar dano à terra e ao mar:
«Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado
na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento
e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto,
vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos,
povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A
salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os
Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante
do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo:
«Ámen! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e
a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen!».
Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me:«Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as
túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».”
A Encíclica “Lúmen Gentium”, do Vaticano II, lembra que: “Pelo facto de os
habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com
mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós
junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único
mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna
solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49)
(§956)
LEITURA II 1 Jo 3, 1-3
"Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos
consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos,
agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em
que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se
a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro."
Cada um de nós é chamado a ser santo. Disse o Concilio Vaticano II que: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (Lg 40). Todos são chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48): “Com o fim de conseguir esta perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas (…) cumprindo em tudo a vontade do Pai, dediquem-se inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim a santidade do povo de Deus expandir-se-á em abundantes frutos, como se demonstra luminosamente na história da Igreja pela vida de tantos santos” (LG 40).
“Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao
monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los,
dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados
os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque
verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados
filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o
reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos
insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é
grande nos Céus a vossa recompensa».”
Segundo o Papa Bento XVI, “a santidade é a vocação originária de cada
batizado. Cristo, de facto, que com o Pai e com o Espírito é o todo Santo, amou
a Igreja como sua esposa e deu-Se a si mesmo por ela, a fim de a santificar”.
“Por esta razão todos os membros do Povo de Deus são chamados a serem santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo: ‘A vontade de Deus é que sejam Santos’. Portanto, estamos convidados a olhar a Igreja não no seu aspeto temporário e humano, marcado pela fragilidade, mas sim como Cristo a quis, isto é na ‘comunhão dos Santos’ ”.