domingo, 31 de outubro de 2021

 Solenidade de Todos os Santos

No dia 1º de novembro, a Igreja celebra a festa de Todos os Santos. Segundo a tradição, ela foi colocada neste dia, logo após o dia 31 de outubro em que os celtas ingleses, pagãos, celebravam as bruxas e os espíritos que vinham alimentar-se e assustar as pessoas nesta noite (Halloween).

Esta Solenidade de Todos os Santos vem do século IV. Em Antioquia, celebrava-se uma festa por todos os mártires no primeiro domingo depois de Pentecostes. A celebração foi introduzida em Roma, na mesma data, no século VI, e, cem anos após, era fixada no dia 13 de maio pelo papa Bonifácio IV, em concomitância com o dia da dedicação do “Panteão” dos deuses romanos a Nossa Senhora e a todos os mártires. No ano de 835, esta celebração foi transferida pelo papa Gregório IV para 1º de novembro.

A Igreja já canonizou milhares de Santos, mas há muitos mais no Céu. 

LEITURA I Ap 7, 2-4.9-14

“Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar:
«Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo:
«Ámen! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen!».
Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me:«Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».”

A Encíclica “Lúmen Gentium”, do Vaticano II, lembra que: “Pelo facto de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49) (§956)

 

LEITURA II 1 Jo 3, 1-3

"Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro."

 

Cada um de nós é chamado a ser santo. Disse o Concilio Vaticano II que: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (Lg 40). Todos são chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48): “Com o fim de conseguir esta perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas (…) cumprindo em tudo a vontade do Pai, dediquem-se inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim a santidade do povo de Deus expandir-se-á em abundantes frutos, como se demonstra luminosamente na história da Igreja pela vida de tantos santos” (LG 40).


EVANGELHO Mt 5, 1-12a

“Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».”

Segundo o Papa Bento XVI, “a santidade é a vocação originária de cada batizado. Cristo, de facto, que com o Pai e com o Espírito é o todo Santo, amou a Igreja como sua esposa e deu-Se a si mesmo por ela, a fim de a santificar”.

“Por esta razão todos os membros do Povo de Deus são chamados a serem santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo: ‘A vontade de Deus é que sejam Santos’. Portanto, estamos convidados a olhar a Igreja não no seu aspeto temporário e humano, marcado pela fragilidade, mas sim como Cristo a quis, isto é na ‘comunhão dos Santos’ ”.

sábado, 30 de outubro de 2021

Semana de oração pelo seminários - Ecclesia


COP26 - Ecclesia

COP26: Papa apela a respostas urgentes, perante crise climática, apontando a «ameaça sem precedentes» (c/vídeo)

Out 29, 2021 - 9:38

 XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Nas leituras de hoje somos desafiados a viver como Jesus nos ensinou, isto é, tendo gravada no coração a lei do Senhor: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. No fundo trata-se de um desafio a viver de Deus, com Deus e por Deus, ou melhor, dito de outra forma, somos chamados a viver do Amor, com Amor e por Amor, porque afinal trata-se de viver numa relação com Deus, que é Amor.

Na 1ªleitura (Deut 6, 2-6)  o autor sagrado projeta-nos para o que nos faz felizes e está gravado no nosso coração: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.”

“Moisés dirigiu-se ao povo, dizendo: «Temerás o Senhor, teu Deus, todos os dias da tua vida, cumprindo todas as suas leis e preceitos que hoje te ordeno, para que tenhas longa vida, tu, os teus filhos e os teus netos. Escuta, Israel, e cuida de pôr em prática o que te vai tornar feliz e multiplicar sem medida na terra onde corre leite e mel, segundo a promessa que te fez o Senhor, Deus de teus pais. Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. As palavras que hoje te prescrevo ficarão gravadas no teu coração».”

Na 2ªleitura S.Paulo continua a situar-nos no verdadeiro e único sacerdote, perfeito para sempre, que é  Jesus Cristo.  Deixemo-nos amar por Ele, que deu a Sua vida por nós e, de uma vez para sempre, nos resgatou para Deus. Diz-nos, ainda, S.Paulo que Jesus está a interceder continuamente por nós junto do Pai Eterno. Confiemos e entreguemo-nos de coração a tão poderoso intercessor.

“Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número, porque a morte os impedia de durar sempre. Mas Jesus, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por seu intermédio se aproximam de Deus, porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes homens revestidos de fraqueza, mas a palavra do juramento, posterior à Lei, estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre.”

No Evangelho (Mc 12, 28b-34) é o próprio Jesus que nos diz qual é o caminho da nossa salvação: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. No fundo é o mandamento do Amor. E se vivermos de Deus, aprenderemos de Jesus a viver como Ele nos ensinou. Sigamos o que nos disse, deixemo-nos desafiar por Ele, como fez o escriba de que fala neste evangelho.

“Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.”

Senhor, ensina-me a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesma.

sábado, 23 de outubro de 2021

Dia Mundial das Missões - Ecclesia

 Dia Mundial das Missões: Papa desafia Igreja a missão de «compaixão» para o pós-pandemia

Out 23, 2021 - 6:09

Celebração anual marcada pela crise da Covid-19 e suas consequências

Cidade do Vaticano, 23 out 2021 (Ecclesia) – A Igreja Católica assinala este domingo o Dia Mundial das Missões, celebração anual que em 2021 é marcada pela atual pandemia de Covid-19 e as suas consequências.

“Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção”, escreve Francisco, no texto que vai orientar as celebrações nas comunidades católicas.

A mensagem tem como título ‘Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos’, uma passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, e evoca o exemplo de superação das primeiras comunidades cristãs.

“O mesmo se passa connosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente”, indica o Papa.

Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a deceção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar”.

 Francisco pede “missionários da esperança” face à crise provocada pela Covid-19, reforçando a convicção de que “ninguém se salva sozinho”.

“Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão”, acrescenta.

O Papa defende a necessidade de cuidar da “fragilidade”, num momento de particular sofrimento.

“A missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação”, aponta.

O Dia Mundial das Missões Celebra-se no penúltimo domingo de outubro (24 de outubro, em 2021).

Francisco convida a recordar, “com gratidão, todas as pessoas cujo testemunho de vida ajuda a renovar o compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho”.

“Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários”, conclui.

Já na sua intenção de oração para outubro, o tradicional “mês missionário” na Igreja, o Papa desafiou os católicos a um “testemunho de vida” que anuncie a fé aos outros.

“Rezemos para que cada batizado participe na evangelização e que cada batizado esteja disponível para a missão através do seu testemunho de vida. E que este testemunho de vida tenha o sabor do Evangelho”, refere Francisco, num vídeo publicado através da Rede Mundial de Oração do Papa.

No mês em que começou o percurso do Sínodo dos Bispos 2021-2023 e se celebra o Dia Mundial das Missões, o Papa pede que os batizados sejam “discípulos missionários”.

“Basta estarmos disponíveis ao seu chamamento e vivermos unidos ao Senhor nas coisas mais quotidianas: no trabalho, nos encontros, nas ocupações diárias, nas casualidades de cada dia, deixando-nos sempre guiar pelo Espírito Santo”, precisa.

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Hoje, mais do que noutros domingos, a nossa alma exulta de alegria, louva e canta, porque o Senhor nos faz saber, através da liturgia da Palavra, que fazemos parte do Seu povo e em Jesus Cristo, o “Filho de David”, a todo aquele que O busca continuamente de coração sincero, O chama insistentemente, todo Se revela num Amor sem fim.

Na 1ªleitura (Jer 31, 7-9)  o profeta Jeremias apela à confiança em Deus, por mais difíceis que sejam as circunstâncias da vida. Fá-lo dando-nos conta do anúncio do regresso do povo de Israel à terra prometida, após o exílio na Babilónia . Às vezes a espera é longa e difícil, mas Deus está sempre connosco, nunca nos deixa sós. Deixemo-nos conduzir por Ele: À ida vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas”. 

“Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações. Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».”

Na 2ªleitura (Hebr 5, 1-6)  S. Paulo situa-nos em Jesus, o único e verdadeiro sacerdote, que nos conquistou para Deus. Só Ele nos pode curar das nossas cegueiras e libertar-nos para amarmos a Deus. Deixemos que nos conduza ao Pai, entreguemo-nos de coração, para que, também através de nós, outros conheçam o quanto são amados por Deus.

“Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».”

No evangelho (Mc 10, 46-52)  S. Marcos projeta-nos para Jericó e faz-nos questionar sobre quem somos: alguém da multidão que seguia Jesus, um discípulo, Bartimeu, ou um pouco de cada um?! A mistura de sentimentos, que a leitura gera, desembocará, por certo, num grito semelhante ao de Bartimeu: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Tenhamos a coragem deste homem e, de um salto, vamos ter com Jesus, porque Ele continua a perguntar-nos, também a nós: «Que queres que Eu te faça?».

“Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.” 


Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim. Salva-me Senhor!

domingo, 17 de outubro de 2021

Um caminho sinodal - Facebook da Paróquia de NªSª Piedade - Ourém


Um caminho sinodal, porquê?

Para responder à solicitação do Papa, por certo, mas não só!

Qual sentinela atenta aos sinais dos tempos, Francisco alerta-nos para a necessidade de não nos deixarmos adormecer pela rotina que nos distancia do novo que está a nascer e é preciso acolher e iluminar com a alegria do Evangelho.

De facto, o mundo mudou profundamente em comparação com o dos nossos pais e/ou avós, e continua a mudar! O contexto antropológico é muito diferente e o quadro de valores vigente diverge, quando não se opõe, aos valores evangélicos. Basta pensar na importância que é dada ao mito de uma “eterna juventude”, afastando e escondendo, por consequência, tudo o que possa falar da velhice e morte.

Neste novo contexto cultural, é preciso reconhecer que uma certa forma de cristianismo já não funciona; e não estamos a falar do Evangelho em si mesmo, nem da sua beleza, bondade ou radical atractividade, mas sim de um certo modo de ser cristão. Basta recordar a vida dos nossos pais e/ou avós: mais curta, sofrida, cansativa, tantas vezes marcada por doenças e até pela fome. Ali, a Igreja soube inserir-se e responder; hoje, não pode fazer menos e deve procurar outras formas de continuar a servir, ajustando-se às actuais leituras da realidade! O Espírito Santo a isso nos impele, fazendo-nos seguir por caminhos novos.

E porquê? Porque necessitamos de actualizar o modo de ser e viver como cristãos; e só o conseguiremos se caminharmos juntos, em Igreja, com a colaboração de todos. Francisco diz-nos que esse novo estilo de vida cristã há-de respirar a alegria do Evangelho. Desde o início do seu ministério petrino que Francisco nos exorta a uma nova leitura do mistério cristão. E ele tem-nos dado pistas!

As primeiras palavras de três das suas Exortações Apostólicas, que dão nome aos próprios documentos, apontam o caminho:

-em 2013, a abrir a sua carta programática, afirmava: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (AG 1);

-em 2016, escrevendo às famílias, diz: “A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja” (AL 1);

-em 2018, ao falar do “chamamento à santidade no mundo actual”, recordava as palavras de Jesus (Mt 5,12) a quantos são perseguidos ou humilhados por Sua causa: «Alegrai-vos e exultai» (GE 1).

A alegria do Evangelho, que nasce da manhã da Ressurreição e inunda os corações daqueles que n’Ele acreditam, constitui-nos em comunidade de discípulos, intimamente unidos pela força do Espírito Santo. É a partir desta fonte de Vida que tudo é recriado, a começar pela comunidade dos discípulos, dispersos pela morte de Jesus! A alegria do Evangelho impele-nos a viver no amor do Ressuscitado, qual fonte perene de juventude, e a partilhá-la, no serviço aos irmãos e no cuidado para com os mais frágeis.

Como viver e testemunhar Cristo, fonte de alegria e esperança oferecida a todos, dentro e fora do espaço eclesial? Eis um dos grandes desafios para o caminho sinodal.

P. Armindo Janeiro

Especial: O Sínodo que bate à porta de cada um - Ecclesia


 

sábado, 16 de outubro de 2021

  XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM 

As leituras de hoje centram-nos no Amor maior de Jesus por cada ser vivente, por cada um de nós. Jesus numa comunhão de Amor total ao Pai, todo se dá, numa entrega sem limites, o Inocente dá a Sua vida pelos pecadores, para nos resgatar para Deus. Como Deus nos ama! Bendito e louvado sejais hoje e sempre, pelos séculos sem fim.


Na 1ªleitura (Is 53, 10-11) Isaías projeta-nos para Jesus, o servo sofredor, que dá a vida por nós, os pecadores e, inocente, toma sobre Si as nossas iniquidades. Seguros, neste amor infinito, vale a pena entrar na aventura de procurar Deus, de O buscar continuamente, no dia a dia da vida, de n’Ele nos deixarmos amar até ao mais profundo do nosso ser.

“Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.” 

Na 2ªleitura (Hebr 4, 14-16) S.Paulo traz-nos também, como Isaías, para a entrega de Jesus na Cruz, por nosso amor. Com tal intercessor, junto de Deus, a nosso favor, porque ainda continuamos com tanta dificuldade em descansar totalmente n’Ele, no Seu Amor infinito por cada um de nós? Entreguemo-nos de coração a Jesus e deixemo-nos “empapar” no Seu Amor. Que Ele nos habite sempre e assim chegue, também através de nós, a todos os que O procuram de coração sincero. 

“Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.”

O Evangelho de hoje (Mc 10, 35-45) situa-nos no dia a dia da vida, naquilo a que damos mais valor, nos objetivos que traçamos, no que nos faz correr todos os dias. De uma maneira geral, todos gostamos do reconhecimento em relação às atividades que desenvolvemos, de ser considerados, … E, no meio de tudo isto, Jesus faz o anúncio da Sua Paixão. À sede de proeminência, Jesus contrapõe o Amor sem limites, o serviço, a entrega. Deixemo-nos repassar por Ele e sejamos testemunhas do Seu Amor, sem fim, por cada um de nós e por toda a humanidade.

“Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».”

Senhor ensina-me a amar, ou melhor, ama em mim aqueles que pões no meu caminho e todos os outros para quem devo ser tua testemunha.

sábado, 9 de outubro de 2021

   XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM 

Na liturgia de hoje, as leituras levam-nos a refletir sobre o que nos leva(ou) a optar por isto, ou por aquilo, nas mais diversas situações da vida, sejam elas de mera gestão do quotidiano, ou de decisões que afetam, de forma mais profunda, o nosso modo de vida, a nossa condição de filhos de Deus, o nosso estado de vida. O que é que, no mais íntimo de nós mesmos, nos faz escolher este, ou aquele, caminho? Que o Espírito Santo seja sempre a luz que nos ilumine nas nossas escolhas.

Na primeira leitura (Sab 7, 7-11) o autor sagrado mostra-nos o que pede a Deus quem se deixa guiar pelo Seu Santo Espírito:

“Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis.” 

Peçamos ao Senhor, na nossa oração, o dom da Sua Graça, o dom da Sabedoria.

Na 2ª leitura (Hebr 4, 12-13) S.Paulo desafia-nos a escutar a Palavra de Deus e a deixarmos que ela nos vá transformando. Deus sabe do que precisamos em cada momento, só necessitarmos de O escutar de coração aberto. Deixemo-nos interpelar pelo Senhor Deus, através da Sua Palavra.

“A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes: ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito, das articulações e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura que possa fugir à sua presença: tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas.”

O evangelho de hoje (Mc 10, 17-30) é espelho do que tantas vezes sentimos no dia a dia. Quantas vezes andamos perdidos e sem rumo. Nem sei se podemos dizer, como o jovem deste evangelho, que cumprimos os mandamentos desde a nossa juventude! Mas, apesar de todas as dificuldades que o caminho para Deus apresenta, há uma certeza que Jesus nos dá, a de que “a Deus tudo é possível”. Logo, para todo aquele que se Lhe entrega de coração sincero, a salvação é possível. Deus ama cada um dos Seu filhos com um amor sem limites, por isso, confiemos, deixemos que Ele faça o caminho connosco, entreguemo-nos, seja qual for a situação em que nos encontremos. Deixemo-nos amar por Ele e tudo será possível, porque como nos disse Jesus, a Deus nada é impossível.

“Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro começou a dizer-Lhe: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».”

Envia sobre mim Senhor o dom da Tua Graça. Que o Teu Santo Espírito me ilumine, me guie, em todos os momentos da vida, em todas as minhas opções.

 

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2021

 

«Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)

 

Queridos irmãos e irmãs!

Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão.

A experiência dos Apóstolos

A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).

Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020).