sábado, 25 de agosto de 2018

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM


Nas leituras de hoje, somos colocados perante as nossas escolhas em todos os momentos da vida, isto é, o que é que nos leva a optar por um, ou por outro “caminho”, quando somos obrigados a decidir? Quais são os critérios que norteiam as nossas escolhas, enquanto cristãos empenhados no construir da sociedade em que vivemos? O que é que está na base das decisões, pequenas, ou grandes, que tomamos em qualquer momento da nossa vida? O que é que nos faz andar e/ou correr? Andamos atrás do quê, ou de quem? Onde e quando é Deus a nossa grande e única referência?


Na 1ªleitura (Jos 24, 1-2a.15-17.18b) Josué, já na terra prometida, não tem qualquer dúvida em proclamar, perante o povo, que quer seguir o Senhor, o Deus que os libertou do Egito e com eles fez uma aliança de Amor, desafiando o povo a fazer também a sua profissão de fé. E o povo, fazendo memória da sua história da salvação, opta por seguir o Deus da Aliança. E a história do Amor de Deus continua hoje, na vida pessoal de cada um de nós e da Igreja, como povo de Deus. Tenhamos, também nós, a coragem de responder ao desafio de Josué. Em quem acreditamos? 
«Naqueles dias, Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Josué disse então a todo o povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se os deuses que os vossos pais serviram no outro lado do rio, se os deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha família serviremos o Senhor». Mas o povo respondeu: «Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus, que nos fez sair, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi Ele que, diante dos nossos olhos, realizou tão grandes prodígios e nos protegeu durante o caminho que percorremos entre os povos por onde passámos. Também nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus». 


Na 2ªleitura (Ef 5, 21-32) S.Paulo fala-nos sobre o amor conjugal: eleva a relação do casal à dimensão do amor de Deus pela Igreja; é aí, bem na fonte do Amor trinitário, que situa o sacramento do matrimónio cristão. Rezemos pelas famílias, para que se redescubram na fonte do Amor. «Irmãos: Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela. Ele quis santificá-la, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada. Assim devem os maridos amar as suas mulheres, como os seus corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois numa só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja.» 


No evangelho de hoje (Jo 6, 60-69) S.João transporta-nos para o evangelho de domingo passado, e para a reação às palavras de Jesus então proclamadas: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». E este caminho, proposto por Jesus, não agrada, desinstala e compromete. Nem todos estão dispostos a segui-Lo. Então Jesus, nos seus mais próximos, interroga-nos, também a nós, diretamente: « Também vós quereis ir embora?». Que com a ajuda de S.Pedro encontremos a nossa resposta. 
«Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai». A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».


Senhor, envia sobre mim o Teu Santo Espírito, para que, seja qual for a situação, eu opte por Ti, como o meu único Senhor. Que eu tenha sempre presente que antes de eu existir, já Tu me amavas infinitamente. Que eu nunca duvide do Teu Amor, por mim, por todos e por cada ser vivente, a quem chamas e conheces pelo próprio nome.

sábado, 18 de agosto de 2018

XX DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras deste XX Domingo do tempo comum, na continuidade das do domingo passado, desafiam-nos, de uma forma ainda mais clara e mais profunda, a deixarmo-nos alimentar pelo Pão da Vida, pelo Corpo e Sangue do Senhor Jesus Cristo, para d’Ele vivermos em todos os momentos e situações da vida. Ele, que é o Amor, habita cada um de nós e faz a comunhão entre todos, se a Ele nos abrirmos em verdade e na totalidade do nosso ser. Só Jesus é o verdadeiro alimento que sacia plenamente. Arrisquemos e deixemos que nos transforme n’Ele.


Na 1ªleitura (Prov 9, 1-6) somos convidados a participar no banquete do Amor, que nos é oferecido por Deus, em cada eucaristia em que participamos. Os manjares deste banquete vão muito para além do que os olhos humanos veem. Com um coração livre, simples, totalmente disponível e confiante, na fé, receberemos o alimento, da Palavra e do Pão, que nos transforma n’Ele e nos sacia de verdade. 
«A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas. Abateu os seus animais, preparou o vinho e pôs a mesa. Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade: «Quem é inexperiente venha por aqui». E aos insensatos ela diz: «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei. Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência». 


Na 2ªleitura, (Ef 5, 15-20) S.Paulo diz aos Efésios como devem proceder, enquanto cristãos. O que S.Paulo recomenda aos Efésios é também totalmente válido e atual para nós, hoje, cristãos do séc.XXI. Tentemos, também nós, compreender qual é a vontade do Senhor em relação a nós próprios, abrindo-nos à ação do Espírito Santo, louvando e rezando ao Senhor. 
«Irmãos: Vede bem como procedeis. Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes. Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus. Por isso não sejais irrefletidos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor. Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria, mas enchei-vos do Espírito Santo, recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando em vossos corações, dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo».


No Evangelho de hoje (Jo 6, 51-58), tal como no do domingo passado, entramos, em cheio, no mistério da Eucaristia. Hoje, Jesus vai ainda mais longe, no fundo, ainda que indiretamente, confronta-nos sobre o fundamento da nossa fé, sobre a razão de ser da nossa esperança. Efetivamente é um milagre, de Amor Total, de Deus Uno e Trino, pelas Suas criaturas, aquele em que entramos, quando participamos na Eucaristia. Só Deus, Amor infinito por cada ser por Ele criado, podia ter encontrado esta forma única de nos manifestar o quanto nos ama. Senhor Jesus, Pão Vivo descido do Céu, presente, vivo, atuante, no meio de nós, que o Teu alimento faça, de cada um, uma nova criatura, capaz de testemunhar Deus assim, Amor infinito por cada ser vivente, numa relação pessoal de encontro íntimo com cada um, que nos faz comunhão com o nosso próximo, seja qual for o lugar, ou situação em que nos encontremos. 
«Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente». 


Senhor, Pai, Filho e Espírito Santo, bendito e louvado para sempre sejas pelo dom da Eucaristia. Habita-me Senhor e faz de mim uma nova criatura, capaz de ser  testemunha do Teu Amor. 

terça-feira, 14 de agosto de 2018

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA


A minha partilha, sobre as leituras da solenidade que hoje festejamos, vai ser feita recorrendo à homilia do Papa Francisco do dia 15 de agosto de 2014, na Coreia, durante a VI Jornada da Juventude Asiática. Nesse dia o Santo Padre disse:
"Em união com toda a Igreja, celebramos a Assunção de Nossa Senhora, em corpo e alma, à glória do Paraíso. A Assunção de Maria mostra-nos o nosso destino como filhos adotivos de Deus e membros do Corpo de Cristo: como Maria, nossa Mãe, somos chamados a participar plenamente na vitória do Senhor sobre o pecado e a morte e a reinar com Ele no seu Reino eterno. Esta é a nossa vocação.


O «grande sinal» apresentado na primeira leitura (Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab) convida-nos a contemplar Maria, entronizada na glória junto do seu divino Filho. Convida-nos ainda a tomar consciência do futuro que, já desde agora, abre diante de nós o Senhor Ressuscitado. (…)"
«O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o filho, logo que nascesse. Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido».


"Na segunda leitura de hoje (1 Cor 15, 20-27), ouvimos São Paulo afirmar que Cristo é o novo Adão, cuja obediência à vontade do Pai derrubou o reino do pecado e da escravidão e inaugurou o reino da vida e da liberdade. A verdadeira liberdade encontra-se no amoroso acolhimento da vontade do Pai. De Maria, cheia de graça, aprendemos que a liberdade cristã é algo mais do que a mera libertação do pecado; é a liberdade que abre para um novo modo espiritual de considerar as realidades terrenas, a liberdade de amar a Deus e aos nossos irmãos e irmãs com um coração puro e viver na jubilosa esperança da vinda do Reino de Cristo." 
«Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte, porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés. Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido é claro que se excetua Aquele que Lhe submeteu todas as coisas.»


Quanto ao evangelho (Lc 1, 39-56), disse o Papa Francisco: "Hoje, ao venerar Maria, Rainha do Céu, dirigimo-nos a Ela como Mãe da Igreja (…) para Lhe pedir que nos ajude a ser fiéis à liberdade régia que recebemos no dia do Batismo; que guie os nossos esforços por transformar o mundo segundo o plano de Deus; e que torne a Igreja neste mundo capaz de ser, de uma forma mais plena, fermento do Reino de Deus na sociedade. Possam os cristãos (…) ser uma força generosa de renovação espiritual em todas as esferas da sociedade; combatam o fascínio do materialismo que sufoca os autênticos valores espirituais e culturais e também o espírito de desenfreada competição que gera egoísmo e conflitos; rejeitem modelos económicos desumanos que criam novas formas de pobreza e marginalizam os trabalhadores, bem como a cultura da morte que desvaloriza a imagem de Deus, o Deus da vida, e viola a dignidade de cada homem, mulher e criança. Como católicos (…), sois chamados a valorizar esta herança e a transmiti-la às gerações futuras. Isto implica para cada um a necessidade duma renovada conversão à Palavra de Deus e uma intensa solicitude pelos pobres, os necessitados e os fracos que vivem no meio de nós. Ao celebrar esta festa, unimo-nos a toda a Igreja espalhada pelo mundo e olhamos para Maria como Mãe da nossa esperança. O seu cântico de louvor lembra-nos que Deus nunca esquece as suas promessas de misericórdia (cf. Lc 1, 54-55). Maria é a cheia de graça, porque «acreditou no cumprimento daquilo que o Senhor lhe dissera» (Lc 1, 45). N’Ela, todas as promessas divinas se demonstraram verdadeiras. Entronizada na glória, mostra-nos que a nossa esperança é real e que, já desde agora, esta esperança se estende, «como uma âncora segura e firme para as nossas vidas» (Heb 6, 19), até onde Cristo está sentado na glória. Amados irmãos e irmãs, esta esperança – a esperança oferecida pelo Evangelho – é o antídoto contra o espírito de desespero que parece crescer como um câncer no meio da sociedade, que exteriormente é rica e todavia muitas vezes experimenta amargura interior e vazio. A quantos dos nossos jovens não fez pagar o seu tributo um tal desespero! Que os jovens (…) nunca lhes vejam roubada a esperança!" 
«Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.» 


"Dirijamo-nos a Maria, Mãe de Deus, e imploremos a graça de viver alegres na liberdade dos filhos de Deus, usar sabiamente esta liberdade para servirmos os nossos irmãos e irmãs, e viver e atuar de tal modo que sejamos sinais de esperança, aquela esperança que encontrará a sua realização no Reino eterno, onde reinar é servir. Ámen." 

sábado, 11 de agosto de 2018

XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras de hoje vêm na sequência das dois últimos domingos, na medida em que nos continuam a centrar no mistério do Amor Infinito de Deus, mais especificamente, no Pão Vivo que desceu do Céu, no Único alimento que nos sacia verdadeiramente, que é Jesus, o Filho de Deus que nos habita ontem, hoje e pelos séculos sem fim. Somos desafiados a acreditar, a confiar, que o verdadeiro alimento vem de Deus, uma e outra vez, sempre que d’Ele necessitarmos, para saciar as nossas mais variadas “fomes” e, assim alimentados, prosseguirmos a caminhada que nos leva ao encontro com Ele.


Na 1ªleitura (1 Reis 19, 4-8), com Elias, maravilhamo-nos pela forma como Deus, mesmo com os nossos limites e desistências, encontra sempre o melhor meio para nos confortar, alimentar e dar forças para prosseguirmos o caminho do encontro com Ele e com os outros. É assim o nosso Deus, nunca nos deixa sós, nunca nos abandona, insiste uma e outra vez, tantas quantas forem necessárias, para que nos voltemos para Ele, para que prossigamos até ao “Monte de Deus, Horeb”, isto é, para que sejamos verdadeiramente felizes. 
«Naqueles dias, Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro. Depois sentou-se debaixo de um junípero e, desejando a morte, exclamou: «Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais». Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Nisto, um Anjo tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come». Ele olhou e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer». Elias levantou-se, comeu e bebeu. Depois, fortalecido com aquele alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, Horeb.»


Na 2ª leitura (Ef 4, 30 – 5, 2) S.Paulo relembra-nos que, se aceitamos que somos filhos, no Filho, então as nossas atitudes, no dia a dia da vida, devem refletir Aquele que é o Único e verdadeiro alimento, Jesus Cristo. Mais, ainda elenca, concretizando, os comportamentos que devemos ter e os que devemos eliminar na relação com os outros. E, hoje, como ontem, a lista está atualizadíssima.
«Irmãos: Não contristeis o Espírito Santo de Deus, que vos assinalou para o dia da redenção. Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.»


No Evangelho (Jo 6, 41-51) é Jesus que nos dá a razão de ser da nossa fé, Ele próprio, que sendo Deus Filho, no seio da Trindade, a nós desce, feito homem e, num mistério tão profundo, de um amor infinito por todos e cada um de nós, connosco permanece e nos permite recebê-Lo em cada eucaristia. Tu, Senhor, já sabias que sem o Teu alimento, sem Ti, não conseguiríamos prosseguir a nossa caminhada para Deus. Óh, que maravilha de mistério amoroso é este em que somos convidados a participar em cada eucaristia! Mil graças Senhor pelo Teu infinito Amor! 
«Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?». Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». 


Glória, Glória a Deus nas alturas, Senhor Jesus Cristo, Filho Unigénito, com o Espírito Santo na Glória de Deus Pai.

sábado, 4 de agosto de 2018

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM



As leituras, de hoje, vêm na continuidade das do passado domingo, mas centram-se mais em Jesus, o Pão Vivo descido do Céu, o nosso alimento, o único que verdadeiramente nos sacia. É um desafio: a encontrarmo-nos com o Único que nos dá a vida; a deixarmo-nos alimentar por Ele; a recebermos de Jesus a água da Fonte da Vida, que é Ele. Só em Deus encontraremos o alimento, a água, que nos sacia, porque só Ele é a Vida verdadeira, a fonte que nos sustenta e dessedenta. Arrisquemos e deixemo-nos encontrar, inundar por Ele, que está atento e escuta os nossos clamores.


Na 1ªleitura (Ex 16, 2-4.12-15) revemo-nos nas atitudes do povo de Israel. Quando tudo está bem, o povo louva e agradece, está feliz, mas quando aparecem as dificuldades, os obstáculos, aí, os clamores, os impropérios, as murmurações, são mais do que muitos. Mesmo assim, o Senhor escuta a revolta do Seu povo e envia-lhes alimento. Nunca o Senhor deixou o Seu povo sem resposta. Ele está sempre atento às necessidades dos que O procuram, ontem, hoje e sempre. Confiemos-Lhe todas as nossas angústias, preocupações e dificuldades e acreditemos no Seu incomensurável Amor por cada um de nós. Ele ama-nos infinitamente e fará sempre o que for melhor, na altura certa. Mesmo que não entendamos nada, entreguemo-nos confiadamente. N’Ele tudo é possível, até “chover pão do céu”. 
“Naqueles dias, toda a comunidade dos filhos de Israel começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão. Disseram-lhes os filhos de Israel: «Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão». Então o Senhor disse a Moisés: «Vou fazer que chova para vós pão do céu. O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia. Vou assim pô-lo à prova, para ver se segue ou não a minha lei. Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel. Vai dizer-lhes: ‘Ao cair da noite comereis carne e de manhã saciar-vos-eis de pão. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’». Nessa tarde apareceram codornizes, que cobriram o acampamento, e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho em volta do acampamento. Quando essa camada de orvalho se evaporou, apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa, fina como a geada sobre a terra. Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros: «Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?», pois não sabiam o que era. Disse-lhes então Moisés: «É o pão que o Senhor vos dá em alimento».”


Na 2ªleitura (Ef 4, 17.20-24) S.Paulo insiste para que permaneçamos firmes no Único que nos pode dar a verdadeira vida, para sermos fiéis ao Único Amor que nos pode dar a verdadeira felicidade. Em Jesus tudo tem sentido, n’Ele, através da ação do Espírito Santo no mais íntimo do nosso coração, cada um de nós será uma nova criatura, revestido “do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.” Deixemos que, o conselho que S.Paulo deu aos Efésios, também se concretize connosco, no dia a dia da nossa vida. Afinal, ontem, hoje e sempre, somos chamados a ser testemunhas do Amor infinito de Deus, no nosso quotidiano, junto dos que o Senhor coloca na nossa vida. “Irmãos: Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor: Não torneis a proceder como os pagãos, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo, se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos, conforme a verdade que está em Jesus. É necessário abandonar a vida de outrora e pôr de parte o homem velho, corrompido por desejos enganadores. Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.”


No Evangelho (Jo 6, 24-35)  Jesus continua a catequese,  que já iniciou no domingo passado, sobre o Único alimento que sacia verdadeiramente: o Pão da Vida – Ele próprio. E fica muito claro, para mim, que o essencial a que somos chamados é a acreditar, a viver, a alimentarmo-nos do Filho de Deus, ressuscitado e vivo no meio de nós. Se a Ele nos entregarmos de alma e coração, se Ele for o nosso alimento, a razão de ser da nossa vida, se nos deixarmos inundar, empapar por Ele, a transmissão do Amor de Deus aos que nos rodeiam, aos que connosco convivem, aos que fazem parte da nossa família, há de acontecer, porque é Ele que se dá, se comunica e chega ao coração  de todo o que se Lhe abre. Não duvidemos nunca do Seu Amor infinito por cada um de nós.
"Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?». Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede»." 


Senhor, eu creio que és Jesus, o Filho de Deus Vivo, o único e verdadeiro alimento com que posso saciar a sede de Deus, que colocaste no mais íntimo do meu coração. Senhor, que eu nunca duvide do Teu infinito amor por cada ser por Ti criado. Inunda-me de Ti.