sábado, 30 de novembro de 2019

DOMINGO DO ADVENTO
Iniciamos hoje um novo ano litúrgico, um novo tempo, em que fundamentalmente somo convidados a estar vigilantes, porque o Senhor virá, para a todos salvar. É preciso estarmos preparados para vivermos cada dia, deste novo tempo, atentos ao que se passa à nossa volta e disponíveis para, por um lado, agradecermos mais esta oportunidade de irmos “crescendo” na fé, no conhecimento do Amor infinitamente grande que Deus tem por cada ser vivente, logo também por cada um de nós. Por outro lado, para darmos o melhor de nós próprios em benefício daqueles a quem o Senhor também quer chegar, através do nosso testemunho de cada dia. É tempo de estar vigilante e atento aos sinais que o Senhor vai colocando no nosso caminho. Vem, vem Senhor Jesus!

Na 1ªleitura (Is 2, 1-5) Isaías anuncia-nos um tempo novo, o tempo em que Jesus há de reinar nos nossos corações e no de todos e de cada homem, em particular.  Quando todos vivermos em, e de, Jesus, diz-nos Isaías, então as guerras acabarão, então as espadas converter-se-ão em relhas de arado e as lanças em foices e, acrescento eu, todos nos uniremos e entreajudaremos na defesa e proteção dos mais pobres, dos abandonados e dos oprimidos. Como é bela esta visão de fé de Isaías! Deixemos que a Luz do Senhor, que vem, ilumine os nossos caminhos. 
“Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que hão de vir, que o monte do templo do Senhor se há de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.” 

Na 2ªleitura (Rom 13, 11-14) S.Paulo diz-nos como deve ser a nossa espera vigilante do Senhor, cuja vinda, está, com o passar dos anos, cada vez mais perto. Sigamos os conselhos de S.Paulo, abandonemos as obras das trevas e deixemos que a Luz brilhe, ilumine os nossos caminhos e revista os nossos corações. 
“Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.”
No evangelho (Mt 24, 37-44) , em que a Igreja, neste novo ano litúrgico, seleciona fundamentalmente textos de S.Mateus, Jesus convida-nos a estarmos vigilantes, pois não sabemos em que dia virá o Senhor. Todos os momentos, que Deus nos dá a graça de vivermos, são ocasião para exercitarmos esta espera atenta e vigilante. Que o Senhor Jesus seja o centro da nossa vida, Aquele que nos faz mexer, andar e saltar por montes e vales. Sem Ele nada valemos, com Ele tudo podemos! 
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.”

Vem, vem Senhor Jesus ao meu coração. Que sejas o único amor da minha vida.

sábado, 23 de novembro de 2019

DOMINGO XXXIV DO TEMPO COMUM



Eis-nos chegados ao último domingo do Ano Litúrgico C. Ao terminar, este ciclo de 3 anos, as leituras, de hoje, propõem-nos a contemplação do trono de glória do nosso Deus. Sim, o nosso rei, Jesus Cristo, como todos os reis, também tem um trono, que é a Cruz. É verdade que venceu a morte e ressuscitou, mas a Sua entrega total na Cruz, para que cada um de nós pudesse aí, na entrega infinita de Jesus ao Pai, numa comunhão sem fim, encontrar Deus Amor, faz da Cruz o Seu trono de Glória. Instrumento de escândalo para os gentios, de confusão para os incrédulos, é, para todos nós, cristãos, a árvore da vida em cujas raízes crescemos e em cujos braços nos estendemos.


Na 1ªleitura (2 Sam 5, 1-3) o profeta Samuel, ao trazer até nós a eleição do rei David e a força unificadora que ele representou para o povo de Israel,  conduz-nos, por associação, a Jesus, nosso rei e Senhor e ao que Ele significa para nós hoje, no dia a dia da vida. Efetivamente Jesus, o nosso rei e Senhor, é quem nos revela Deus Amor, no concreto da vida, nas situações que carregamos, com as quais: sofremos, ou nos alegramos;  nos perdemos, ou nos encontramos;  nos afundamos, ou ressuscitamos; nos embrulhamos, ou nos esticamos… É só  Ele que nos acompanha e nos guia sempre, de forma a encontramos, aí, em toda e qualquer situação da nossa vida, por mais complicada que nos possa parecer, na altura em que a vivenciamos, o Amor, que é Deus, que nunca, por nunca ser, nos deixa sós, ou nos abandona. Se temos dúvidas, contemplemos a Cruz de Jesus Ressuscitado, que entregou a Sua vida por cada um de nós. 
“Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel’». Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.”


Na 2ª leitura (Col 1, 12-20) S. Paulo faz uma verdadeira demonstração da sua fé em Jesus Ressuscitado. Por outro lado, podemos aprender, deste texto de S.Paulo, a louvar e a dar graças a Deus pelo Seu Amor infinito, por cada um de nós, Seus queridos filhos, no Único e muito amado Filho, de uma forma profunda, mas, ao mesmo tempo, também muito bela. Louvemos e demos graças ao nosso Deus. 
“Irmãos: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.”


No evangelho (Lc 23, 35-43) S.Lucas transporta-nos para o momento da morte de Jesus na Cruz. Mas, mais especificamente, para o diálogo de Jesus com o bom e o mau ladrão. Ao escutar este diálogo, fiquei com uma certeza, isto é, sempre que alguém se arrepende e se entrega, de coração sincero, a Jesus, escutará estas palavras: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso». 
“Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más ações. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».”


Senhor Jesus, eu creio que és o Filho de Deus, que ressuscitou dos mortos. Vem, Senhor Jesus e preenche-me por inteiro. 

domingo, 17 de novembro de 2019

DOMINGO XXXIII DO TEMPO COMUM


As leituras deste domingo, utilizando uma linguagem simbólica, que nos encaminha para o fim do tempo litúrgico, desafiam-nos a crescer na confiança e a perseverar no caminho do bem, no dia a dia da vida.


Na 1ª leitura (Mal 3, 19-20a) o profeta Malaquias exorta-nos a confiar no Senhor, a entregarmo-nos a Deus de alma e coração, a deixar que Ele, e só Ele, seja sempre Aquele que dá sentido à nossa existência e é o suporte, a raiz, dos nossos passos de cada dia. 
“Há de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação.”

Adaptado de Dibujos de Fano
Na 2ªleitura (2 Tes 3, 7-12) S.Paulo parece um homem do nosso tempo, isto é do séc.XXI, a falar sobre alguns aspetos do mundo do trabalho. Às vezes, damo-nos conta de que há pessoas, que têm tantos dons, mas não querem pô-los a render, porque custa, faz suar, implica responsabilidade e empenhamento, entrega e amor e é muito mais fácil viver à custa de alguém, sem fazer nada. No entanto, toda a vida é uma entrega a Deus, em cada dia, a cada momento, de tudo o que temos e somos, para crescimento do Reino. Seja qual for o trabalho que desenvolvemos, ou o serviço que prestamos, este só tem sentido quando feito desta forma, isto é integrado no projeto de Deus Amor, para que um dia, na plenitude dos tempos, Deus seja tudo em todos. Assim, como é bom quando cada um trabalha, faz a sua parte, para que todos possamos beneficiar. Quem não trabalha, apenas porque não quer, deve olhar para tantos que queriam trabalhar e não o conseguem fazer, pelas mais variadas razões. É uma graça de Deus, um privilégio, podermos trabalhar. Abençoa Senhor o nosso trabalho, para que este seja uma forma de Te louvar, de Te dar glória e protege os que procuram trabalho,para que não desistam e consigam encontrar o que procuram. 
“Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.”



No evangelho (Lc 21, 5-19)  Jesus exorta-nos a uma confiança sem limites em Deus, no dia a dia da vida. Só n’Ele seremos verdadeiramente livres e, se perseverarmos no caminho do bem, nada nem ninguém se perderá, porque o Senhor estará sempre connosco. 
“Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».”


Senhor, sê a minha força e salvação em todas as horas, minutos e segundos da vida.

sábado, 9 de novembro de 2019

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM


Hoje, as leituras projetam-nos para o aprofundamento da nossa fé na Ressurreição. Desde sempre o Homem se interrogou sobre a vida para além da morte. Se, para uns, não oferece qualquer dúvida a possibilidade de, um dia, nos encontramos todos, em Deus, para além do nosso tempo e do espaço que agora conhecemos, para outros, que afirmam que Deus não existe,  parece que tudo acaba aqui, mas, acredito, que mesmo, para estes últimos, existirão momentos de interrogação e de procura de um sentido “maior” para a existência humana. Para nós, cristãos, não há dúvida de que Jesus ressuscitou, vive junto do Pai, é Deus na Trindade e, um dia, quando chegar a nossa vez, n’Ele, também cada um de nós há de ressuscitar. Recebei-nos Senhor no Vosso Reino.


Na 1ªleitura (2 Mac 7, 1-2.9-14) o autor sagrado coloca-nos como espetadores de um acontecimento dramático e terrível, para qualquer ser humano, quanto mais para aquela mãe. Deus do Céu! E, é aqui, nestas alturas tão violentas e brutais que somos questionados verdadeiramente sobre os fundamentos da nossa fé. Sem deixar de lutar pela vida, pela nossa dignidade enquanto seres humanos, pela possibilidade de vivermos e testemunharmos a fé no nosso Deus, quando a tragédia acontece, só há uma resposta possível, a que foi dada pelos filhos da viúva da leitura: “Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará”. “Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, e o rei da Síria quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer carne de porco proibida pela Lei judaica. Um deles tomou a palavra em nome de todos e falou assim ao rei: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Prestes a soltar o último suspiro, o segundo irmão disse: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». Depois deste começaram a torturar o terceiro. Intimado a pôr fora a língua, apresentou-a sem demora e estendeu as mãos resolutamente, dizendo com nobre coragem: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo». O próprio rei e quantos o acompanhavam estavam admirados com a força de ânimo do jovem, que não fazia nenhum caso das torturas. Depois de executado este último, sujeitaram o quarto ao mesmo suplício. Quando estava para morrer, falou assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».”


Na 2ª leitura (2 Tes 2, 16 – 3, 5) S. Paulo exorta-nos a confiarmos sempre em Jesus e a orarmos, com perseverança, “para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada”. Só em Jesus seremos capazes de fazer o que Deus espera de nós, ou seja, testemunhar, no dia a dia da vida, o quanto Deus ama, infinitamente, cada ser vivente. “Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras. Entretanto, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança.”

Adaptado de Dibujos de Fano
No evangelho (Lc 20, 27-38) Jesus, confundindo quem o quer apanhar em falso, aproveita a ocasião para nos ensinar que os que “forem dignos de tomar parte na ressurreição dos mortos já não podem morrer(…), pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus”. Quando se acredita na ressurreição, podemos fazer nossas as palavras com que Jesus termina o evangelho, pois verdadeiramente o nosso Senhor “Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos”. “Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».”


Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Ámen.

sábado, 2 de novembro de 2019

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM

Adaptado de Dibujos de Fano
As leituras deste domingo vêm de encontro ao nosso coração de pecadores, mas ao mesmo tempo, de filhos muito amados no Filho. A forma como nos revelam o quanto e o como Deus nos ama, num Amor sem fim, chega ao mais profundo da nossa alma e impele-nos a corresponder a tão grande Amor, com tudo o que temos e somos, debilidades e potencialidades, pobrezas e riquezas, tudo mesmo. Louvado sejas Senhor, porque nos amas infinitamente, assim, tal qual somos e, mesmo sabendo de todos os nossos pecados, continuas a apostar tudo em nós. Bendito sejas Senhor, hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

Adaptado de Dibujos de Fano
Na 1ªleitura (Sab 11, 22 – 12, 2) o autor sagrado ao revelar-nos a forma como o Senhor trata o pecador, abre-nos o coração para a imensidão, a infinitude do Amor de Deus para com cada um de nós, Seus filhos, no Único Filho. O autor sagrado diz-nos que a gota de orvalho, o grão de areia, a casca de noz, que é cada um de nós, é preciosa para Deus. Deixemo-nos inundar, preencher por este Amor sem fim e sejamos, também cada um de nós, lá onde vive e se move, no dia a dia da vida, testemunhas de tão grande e maravilhosa notícia: Deus ama, hoje, em pleno séc.XXI, cada homem, cada mulher, cada ser por Ele criado, tal qual é, infinitamente. 
“Diante de Vós, Senhor, o mundo inteiro é como um grão de areia na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra. De todos Vos compadeceis, porque sois omnipotente, e não olhais para os seus pecados, para que se arrependam. Vós amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizestes; porque, se odiásseis alguma coisa, não a teríeis criado. E como poderia subsistir, se Vós não a quisésseis? Como poderia durar, se não a tivésseis chamado à existência? Mas a todos perdoais, porque tudo é vosso, Senhor, que amais a vida. O vosso espírito incorruptível está em todas as coisas. Por isso castigais brandamente aqueles que caem e advertis os que pecam, recordando-lhes os seus pecados, para que se afastem do mal e acreditem em Vós, Senhor.”


Na 2ª leitura (2 Tes 1, 11 – 2, 2) é S. Paulo quem nos confirma que em Jesus, por Jesus e em Igreja é possível continuar a testemunhar, no dia a dia da nossa vida, o quanto Deus ama infinitamente cada um de nós, Seus filhos, no único e muito amado Filho. 
“Irmãos: Oramos continuamente por vós, para que Deus vos considere dignos do seu chamamento e, pelo seu poder, se realizem todos os vossos bons propósitos e se confirme o trabalho da vossa fé. Assim o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós n’Ele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. Nós vos pedimos, irmãos, a propósito da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e do nosso encontro com Ele: Não vos deixeis abalar facilmente nem alarmar por qualquer manifestação profética, por palavras ou por cartas, que se digam vir de nós, pretendendo que o dia do Senhor está iminente.”


No Evangelho (Lc 19, 1-10), seja qual for a nossa situação atual, somos todos, e cada um individualmente, desafiados a fazer como Zaqueu: superar todo e qualquer obstáculo que nos impeça de ver Jesus e aderir à Sua proposta de Amor. Subamos à árvore e respondamos ao Seu olhar e consequente convite. Deixemo-nos cativar pelo Amor, que é Deus, pois só n’Ele experimentaremos a verdadeira felicidade.
“Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».”

Adaptado de "Dibujos de Fano"

Senhor, que eu me deixe sempre cativar por Ti.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

FESTA DE TODOS OS SANTOS


Hoje é dia de todos os santos e, por isso, sentimo-nos mais em comunhão com os que já se encontram a contemplar Deus, face a face, fazemos festa com eles, pois como nos diz o Papa Francisco na Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate” no nº4: “Os santos, que já chegaram à presença de Deus, mantêm connosco laços de amor e de comunhão”.
Segundo o Papa Francisco, mas agora no nº3, da “Gaudete et Exsultate”, são os santos que nos encorajam e acompanham na resposta que vamos dando ao chamamento que o Senhor continua a fazer-nos no dia a dia da nossa vida: “Podemos dizer que «estamos circundados, conduzidos e guiados pelos amigos de Deus. (...) Não devo carregar sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me».” E continua no nº5 do mesmo documento:Não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados. O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque «aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente». O Senhor, na história da salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo.”


Passando ao nº6 da“Gaudete et Exsultate”  diz-nos o Papa: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da «classe média da santidade»."

Primeira leitura (Ap 7, 2-4.9-14)
Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poderde causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Ámen! A bênção e a glória, a sabedoria e a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me:«São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».

No nº7 da “Gaudete et Exsultate” o Papa Francisco diz o seguinte: "Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo que «participam também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade». Como nos sugere Santa Teresa Benedita da Cruz, pensemos que é através de muitos deles que se constrói a verdadeira história: «Na noite mais escura, surgem os maiores profetas e os santos. Todavia a corrente vivificante da vida mística permanece invisível. Certamente, os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história. E saber quais sejam as almas a quem devemos agradecer os acontecimentos decisivos da nossa vida pessoal, é algo que só conheceremos no dia em que tudo o que está oculto for revelado»"


Segunda leitura (1 Jo 3, 1-3) 

Caríssimos:Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro.

Diz o Papa no nº 25 da “Gaudete et Exsultate”: "Dado que não se pode conceber Cristo sem o Reino que Ele veio trazer, também a tua missão é inseparável da construção do Reino: «procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça» (Mt 6, 33). A tua identificação com Cristo e os seus desígnios requer o compromisso de construíres, com Ele, este Reino de amor, justiça e paz para todos. O próprio Cristo quer vivê-lo contigo em todos os esforços ou renúncias que isso implique e também nas alegrias e na fecundidade que te proporcione. Por isso, não te santificarás sem te entregares de corpo e alma, dando o melhor de ti neste compromisso."


Evangelho (Mt 5, 1-12a)

"Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem- aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa»."


Passando ao nº14 da “Gaudete et Exsultate”, diz-nos o Papa Francisco: "Deixa que a graça do teu Batismo frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opta por Ele, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do Espírito Santo na tua vida (cf. Gal 5, 22-23). Quando sentires a tentação de te enredares na tua fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: «Senhor, sou um miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor». Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para crescer rumo à santidade. «Como uma noiva que se adorna com as suas joias» (Is 61, 10), o Senhor cumulou-a de dons como a Palavra, os Sacramentos, os santuários, a vida das comunidades, o testemunho dos santos e uma beleza multiforme que deriva do amor do Senhor."