terça-feira, 31 de maio de 2022

 SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2022

Quarta-feira VII da Páscoa - 1.06.2022

Evangelho Jo 17, 11b-19


«Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade.»


A primeira ideia do texto é a pertença ao Pai. O Pai cuida de Jesus e Jesus cuida dos discípulos. Agora que Jesus parte, o Pai cuidará dos discípulos porque pertencem a Jesus e porque receberam a Palavra e ainda porque, embora estejam no mundo, não são do mundo. Esta pertença a Deus vive-se no mundo, com a Palavra da verdade que consagra os discípulos na verdade. Há um movimento de amor do Pai para o Filho e do Filho para os discípulos, assim como há um movimento na missão e na palavra que vem do Pai, passa pelo Filho e atinge os discípulos.

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"Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e orou deste modo: «Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que Me deste, para que sejam um, como Nós. Quando Eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que Me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição; e assim se cumpriu a Escritura. Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra e o mundo odiou-os, por não serem do mundo, como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade»." 

(...)

Jesus prenuncia aos discípulos a rejeição e a perseguição que encontrarão: «Sereis odiados por todos por causa de meu nome». Mas por que o mundo persegue os cristãos? O mundo odeia os cristãos pela mesma razão pela qual odiaram Jesus, porque Ele trouxe a luz de Deus e o mundo prefere as trevas para esconder as suas obras malvadas. Recordemos que o próprio Jesus, na Última Ceia, rezou ao Pai para que nos defendesse do mau espírito mundano. Há oposição entre a mentalidade do Evangelho e a mundana. Seguir Jesus significa seguir a sua luz, que se acendeu na noite de Belém, e abandonar as trevas do mundo.

O protomártir Estêvão, cheio do Espírito Santo, foi lapidado porque confessou a sua fé em Jesus Cristo, Filho de Deus. O Unigénito que vem ao mundo convida cada crente a escolher o caminho da luz e da vida. Eis o significado da sua vinda entre nós. Amando o Senhor e obedecendo à sua voz, o diácono Estêvão escolheu Cristo, Vida e Luz para cada homem. Escolhendo a verdade, ele tornou-se ao mesmo tempo vítima e mistério da iniquidade presente no mundo. Mas em Cristo, Estêvão venceu!

Também hoje a Igreja, para dar testemunho da luz da verdade, experimenta em diversos lugares duras perseguições, até à suprema prova do martírio. Quantos nossos irmãos e irmãs na fé sofrem abusos, violências e são odiados por causa de Jesus! Eu digo-vos uma coisa, os mártires de hoje são muitos mais em relação aos dos primeiros séculos. Quando lemos a história dos primeiros séculos, aqui, em Roma, lemos tanta crueldade com os cristãos; eu vos digo: hoje existe a mesma crueldade, em número superior, com os cristãos. Hoje queremos pensar neles que sofrem perseguições, e estar próximos deles com o nosso afeto, a nossa oração e também com o nosso pranto. (...) Não obstante as provas e os perigos, eles testemunham com coragem a sua pertença a Cristo e vivem o Evangelho comprometendo-se a favor dos últimos, dos mais esquecidos, fazendo o bem a todos sem distinção; testemunham assim a caridade na verdade.

Ao dar espaço dentro do nosso coração ao Filho de Deus (...), renovamos a jubilosa e corajosa vontade de o seguir fielmente como único guia, perseverando em viver segundo a mentalidade evangélica e rejeitando a mentalidade dos dominadores deste mundo.

À Virgem Maria, Mãe de Deus e Rainha dos mártires, elevemos a nossa oração para que nos guie e nos ampare sempre no nosso caminho no seguimento de Jesus Cristo.


Angelus, 26 de dezembro de 2016

Papa Francisco

segunda-feira, 30 de maio de 2022

SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2022

Festa da Visitação da Virgem Santa Maria

Terça-feira VII da Páscoa - 31.05.2022

EVANGELHO Lc 1, 39-56

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor»

Este texto, muito conhecido de todos, encanta, logo de início, porque as pessoas implicadas, Zacarias, Isabel e Maria, foram alvo da manifestação de Deus de modos diferentes e em lugares diferentes, mas aparecem aqui reunidas no mesmo momento e lugar. O texto começa por nos querer dizer que todos concorrem, à sua maneira, para a realização do Plano de salvação que Deus tem para o homem, porque estão de coração aberto ao Espírito que vem sobre eles. É nesta linha que devem ser entendidas as palavras da saudação e as palavras do Cântico de Maria. São palavras do Espírito que as ensina a ler os acontecimentos e a entender o que está para vir. Veem a ação de Deus a favor dos humildes e isso enche-as de alegria até ao ponto de proclamarem em voz alta os louvores de Deus.

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"Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa."

A liturgia (...) de hoje põe em primeiro plano a figura de Maria, a Virgem Mãe, na expectativa de dar à luz Jesus, o salvador do mundo. Fixemos o olhar sobre ela, modelo de  e de caridade; e podemos perguntar-nos: quais eram os seus pensamentos nos meses da expectativa? A resposta provém precisamente do trecho evangélico de hoje, a narração da visita de Maria à sua idosa prima Isabel. O anjo Gabriel tinha-lhe revelado que Isabel esperava um filho e já estava no sexto mês. E então a Virgem, que acabara de conceber Jesus por obra de Deus, partiu à pressa de Nazaré, na Galileia, para chegar aos montes da Judeia, e se encontrar com a sua prima.

Diz o Evangelho: «Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel». Certamente congratulou-se com ela pela sua maternidade, assim como por sua vez Isabel se congratulou com Maria dizendo: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» E imediatamente louva a sua : «Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor». É evidente o contraste entre Maria, que teve fé, e Zacarias, o marido de Isabel, o qual duvidara, e não acreditara na promessa do anjo e por isso permanece mudo até ao nascimento de João. É um contraste.

Este episódio ajuda-nos a ler com uma luz muito particular o mistério do encontro do homem com Deus. Um encontro que não acontece com prodígios espetaculares, mas antes no sinal da  e da caridade. Com efeito, Maria é bem-aventurada porque acreditou: o encontro com Deus é fruto da fé. Ao contrário, Zacarias, o qual duvidou e não acreditou, permaneceu surdo e mudo. Para crescer na fé durante o longo silêncio: sem fé permanece-se inevitavelmente surdos à voz confortadora de Deus; e também incapazes de pronunciar palavras de consolação e de esperança para os nossos irmãos. E nós vemos isto todos os dias: as pessoas que não têm fé ou que têm uma fé muito tíbia, quando devem aproximar-se de uma pessoa que sofre, dirigem-lhe palavras de circunstância, mas que não conseguem chegar ao coração porque não têm força. Não têm força porque não têm fé, e se não têm fé não lhes saem as palavras que chegam ao coração dos outros. A fé, por sua vez, alimenta-se na caridade. O evangelista narra que «Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa» para a casa de Isabel: à pressa, não com ansiedade, não ansiosa, mas à pressa, em paz. “Pôs-se a caminho”: um gesto cheio de solicitude. Teria podido ficar em casa para preparar o nascimento do seu filho, mas ao contrário, preocupa-se primeiro pelos outros e não por si, demonstrando com os factos que já é discípula daquele Senhor que leva no seio. O evento do nascimento de Jesus começou assim, com um simples gesto de caridade: de resto, a caridade autêntica é sempre fruto do amor de Deus.

O Evangelho da visita de Maria a Isabel, que ouvimos hoje na Missa, prepara-nos para o Pentecostes,que celebraremos em breve, comunicando-nos o dinamismo da fé e da caridade. Este dinamismo é obra do Espírito Santo: o Espírito de Amor que fecundou o seio virginal de Maria e que a levou a apressar-se ao serviço da prima idosa. Um dinamismo cheio de júbilo, como se vê no encontro entre as duas mães, que é um hino de alegre exultação no Senhor, o qual realiza grandes coisas com os pequeninos que confiam n’Ele.

A Virgem Maria nos obtenha a graça de viver um Pentecostes extrovertido, mas não dispersivo. Extrovertido: que no centro não esteja o nosso “eu”, mas o Tu de Jesus e o tu dos irmãos, sobretudo daqueles que têm necessidade de uma ajuda. Então daremos espaço ao Amor que, também hoje, se quer fazer carne e vir habitar entre nós. (...)

Rezemos juntos... Ave, Maria.


Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre Jesus.

Santa Maria, Mãe de Deus, rogais por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.


Angelus, 23 de dezembro de 2018

Papa Francisco

domingo, 29 de maio de 2022

SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2022

Segunda-feira VII da Páscoa - 30.05.2022


Evangelho Jo 16, 29-33

«Digo-vos isto, para que em Mim tenhais a paz. No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo»


Este pequeno diálogo entre Jesus e os discípulos contém indicações preciosas para a nossa reflexão. O diálogo é provocado pela afirmação de Jesus: “Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai”, que é feita imediatamente antes deste texto. Os apóstolos dizem, então: “Agora vemos… por isso acreditamos que saíste de Deus”. Jesus, porém, não está muito confiante nas suas palavras, não tem a certeza de que será mesmo assim e responde: “Agora acreditais?”. E coloca-os perante o futuro próximo, a hora que estão para viver, uma hora de tribulação. Essa hora dirá se acreditam ou não, se veem de verdade ou se estão na ilusão. Uma coisa garante Jesus: com Ele podem estar tranquilos porque essa hora de tribulação não O afetará porque Ele é o vencedor e n'Ele vencerão todos os que confiarem.

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"Naquele tempo, disseram os discípulos a Jesus: «De facto agora falas abertamente, sem enigmas. Agora vemos que sabes tudo e não precisas que ninguém Te faça perguntas. Por isso acreditamos que saíste de Deus». Respondeu-lhes Jesus: «Agora acreditais? Vai chegar a hora – e já chegou – em que sereis dispersos, cada um para seu lado, e Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo. Digo-vos isto, para que em Mim tenhais a paz. No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo»."

Nas inevitáveis «tribulações da vida» o cristão deve confiar-se ao senhor na oração, com a certeza de que recebe a «paz verdadeira» que infunde «coragem e esperança», disse o Papa Francisco.

«Na liturgia de hoje — frisou Francisco — há três palavras que nos podem ajudar no nosso caminho de fé e esperança». Assim, explicou, na oração da colecta «no início da missa pedimos ao Senhor para fortalecer a nossa fé e a nossa esperança». E «estas três palavras que estão nestas leituras são “tribulações”, “confiar” e “paz”».

(...)Francisco recordou que «na vida nos cabem tribulações: faz parte da vida passar por momentos obscuros e difíceis».

(...) E a razão, explicou o Pontífice, é que, como diz Jesus, «o príncipe deste mundo vem, está próximo e procura separar-nos do reino de Deus, da palavra de Jesus, da fé, da esperança». Por isso «pedimos ao Senhor para que fortaleça a fé e a esperança».

Portanto, «as tribulações» existem. Mas Jesus encoraja-nos a enfrentá-las: «Eu venci o mundo». E «ele está precisamente acima das tribulações, ajuda-nos a ir em frente». (...)

Eis então o sentido de «suportar as tribulações». E «suportar», afirmou Francisco, «é uma palavra que Paulo usa muito: é mais do que ter paciência, é carregar nos ombros, carregar o peso das tribulações». Também «a vida do cristão tem momentos assim». Mas «Jesus diz-nos: “Tende coragem neste momento. Eu venci, também vós sereis vencedores”». Assim, «esta primeira palavra ilumina-nos» para enfrentar «os momentos mais difíceis da vida, aqueles momentos que nos fazem sofrer».

(...) Eis a segunda palavra: «confiar». De facto, «um cristão pode suportar as tribulações e até as perseguições confiando-se ao Senhor: só Ele é capaz de nos dar a força, a perseverança da fé, a esperança».

É preciso saber «confiar algo ao Senhor, confiar ao Senhor o momento difícil, confiar-me a mim mesmo ao Senhor, confiar os nossos fiéis, a nós sacerdotes, bispos, as nossas famílias e os nossos amigos». É necessário dizer ao Senhor: «Cuida destes, são teus».

Contudo, evidenciou o Papa, é «uma oração que nem sempre fazemos: a prece do confiar». É uma bonita oração cristã a de quem diz: «Senhor, confio-Te isto, carrega-o Tu». É «a atitude da confiança no poder do Senhor, também na ternura do Senhor que é Pai». Por conseguinte «quando fazemos uma oração — verdadeira, de coração — sentimos que esta pessoa confiada ao Senhor está segura: Ele nunca desilude».

Conclusão «a tribulação faz sofrer, a confiança no Senhor dá-te esperança e disto tem origem a terceira palavra: a paz». Tudo isto, afirmou o Pontífice, «te dá paz». É isto também «que Jesus diz quando Se despede dos Seus discípulos: «Digo-vos isto, para que em Mim tenhais a paz», como se lê no trecho evangélico de João . Mas, advertiu Francisco, não se trata de «uma paz, uma simples tranquilidade». Jesus esclarece: «Eu dou uma paz que não é aquela que te dá o mundo», isto é, que pode dar uma certa condição de tranquilidade. A paz que vem de Jesus «instala-se dentro», é «uma paz que te dá força, que reforça o que hoje pedimos ao Senhor: a nossa fé e a nossa esperança». 

Concluindo o Pontífice repropôs as «três palavras» que ritmaram a sua reflexão: «tribulação, confiar, paz». Nunca devemos esquecer que «na vida devemos caminhar pelas estradas da tribulação», porque «é a lei da vida»: mas devemos recordar-nos sempre «naqueles momentos», de «nos confiarmos ao Senhor». E «Ele responde-nos com a paz». De facto «o Senhor é Pai que nos ama muito e nunca desilude» reafirmou o Papa. E prosseguiu pedindo que Deus «fortaleça a nossa fé e a nossa esperança», dando-nos «a confiança para vencer as tribulações, porque ele venceu o mundo», e «concedendo a todos a sua paz».


Casa de Santa Marta, 5 de maio de 2015

Papa Francisco

56ºDia Mundial das Comunicções Sociais - Ecclesia

 

sábado, 28 de maio de 2022

  SEMANA VII DO TEMPO PASCAL- 2022

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR JESUS

56ºDia Mundial das Comunicações Sociais - "A escuta é essencial para uma boa comunicação"

Hoje, a Igreja celebra a solenidade da Ascensão do Senhor Jesus ao Céu. Jesus partiu para o Pai e daí, de junto do Pai, envia-nos, conforme prometeu, o Espírito Santo. Afinal, tendo partido, encontrou uma forma de permanecer connosco, de habitar em cada um, de nos preencher, quando a nossa alma se Lhe entrega por inteiro, infundindo, derramando sobre nós o Espírito da Vida, o Paráclito, o Espírito Santo.

Na 1ªleitura (Atos 1, 1-11) S. Lucas situa a solenidade que hoje celebramos, da Ascensão de Jesus, no quadragésimo dia depois da Ressurreição. Independentemente de ter sido nesta, ou noutra altura, o que importa aqui destacar é a promessa que Jesus nos deixa de que o Pai enviará sobre nós o Espírito Santo. “Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias».” Cada um de nós, que foi batizado em Igreja, tem a possibilidade de se abrir à ação do Espírito Santo, que o Senhor infundiu sobre nós nesse dia. Deixemo-nos inundar pelo Santo Espírito, abramo-nos a Ele e cumpramos o projeto que o Senhor quer realizar, através de cada um de nós.

“No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a Sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».”



Na 2ª leitura (Ef 1, 17-23) S. Paulo, depois de interceder por nós, diz-nos que em Jesus também nós estamos no Pai, pois Ele é a cabeça da Igreja e nós os seus membros. Deixemo-nos habitar pelo Espírito Santo e sejamos testemunhas, onde quer que vivamos, ou nos movamos, do Amor infinito de Deus por cada um de nós. 

“Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da Sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do Seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à Sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos Seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.”

 

No evangelho (Lc 24, 46-53) Jesus, ao despedir-Se dos Seus discípulos, relembra-lhes as dificuldades da missão, mas ao mesmo tempo, garante-lhes o envio da força que virá do Alto, o Espírito Santo, que n’eles e com eles realizará as maravilhas de Deus.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em Seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.”

Hoje, na Itália e noutros países, celebra-se a Ascensão de Jesus ao céu, ocorrida quarenta dias depois da Páscoa. Contemplamos o mistério de Jesus que deixa o nosso espaço terreno para entrar na plenitude da glória de Deus, levando consigo a nossa humanidade. Isto é, nós, a nossa humanidade entra pela primeira vez no céu. O Evangelho de Lucas mostra-nos a reação dos discípulos diante do Senhor que «se separou deles e foi arrebatado ao céu». Não sentiram dor nem perplexidade, mas «depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo». É o regresso de quem já não teme a cidade que rejeitou o Mestre, que presenciou a traição de Judas e a negação de Pedro, viu a dispersão dos discípulos e a violência de um poder que se sentia ameaçado.

A partir daquele dia para os Apóstolos e para cada discípulo de Cristo foi possível viver em Jerusalém e em todas as cidades do mundo, inclusive naquelas mais atribuladas pela injustiça e violência, porque acima de cada cidade há o mesmo céu e cada habitante pode erguer os olhos com esperança. Jesus, Deus, é homem verdadeiro, com o seu corpo de homem no céu! E esta é a nossa esperança, é ainda nossa, e sentimo-nos firmes nesta esperança se olharmos para o céu.

Neste céu reside o Deus que Se revelou tão próximo que até assumiu o rosto de um homem, Jesus de Nazaré. Ele permanece sempre o Deus-connosco — recordemos isto: Emanuel, Deus connosco — e não nos deixa sós! Podemos olhar para o alto e reconhecer o nosso futuro. Na Ascensão de Jesus, o Crucificado Ressuscitado, há a promessa da nossa participação na plenitude de vida junto de Deus.

Antes de se separar dos seus amigos, Jesus, referindo-se ao evento da Sua morte e ressurreição, dissera-lhes: «Disto sois testemunhas». Isto é os discípulos, os apóstolos são testemunhas da Morte e da Ressurreição de Cristo, naquele dia, também da Ascensão de Cristo. Com efeito, depois de ter visto o seu Senhor subir ao céu, os discípulos voltaram à cidade como testemunhas que com alegria anunciam a todos a vida nova que vem do Crucificado Ressuscitado, em cujo nome «se prega a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações». Este é o testemunho — oferecido não só com palavras mas também com a vida diária — o testemunho que todos os domingos deveria sair das nossas igrejas para entrar durante a semana nas casas, nos escritórios, na escola, nos lugares de encontro e de divertimento, nos hospitais, nas prisões, nas casas para idosos, nos locais cheios de imigrantes, nas periferias da cidade... Devemos oferecer este testemunho todas as semanas: Cristo está connosco; Jesus subiu ao céu, está connosco; Cristo está vivo!

Jesus garantiu que neste anúncio e testemunho seremos «revestidos de poder que vem do alto», ou seja, com a força do Espírito Santo. Eis o segredo desta missão: a presença entre nós do Senhor ressuscitado, que com o dom do Espírito continua a abrir a nossa mente e o nosso coração, para anunciar o Seu amor e a Sua misericórdia também nos âmbitos mais refratários das nossas cidades. O Espírito Santo é o verdadeiro artífice do multiforme testemunho que a Igreja e cada batizado oferece no mundo. Portanto, nunca podemos descuidar o recolhimento na oração para louvar a Deus e invocar o dom do Espírito. Nesta semana, que nos leva à festa do Pentecostes, permaneçamos espiritualmente no Cenáculo, junto com a Virgem Maria, para receber o Espírito Santo. Façamo-lo em comunhão com os fiéis reunidos na celebração eucarística em que participarmos.


Regina Caeli, 8 de maio de 2016

Papa Francisco

Vinde Espírito Santo, enchei os corações do vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vossa Amor. Enviai Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado e renovareis a face da terra.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

 SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022

Sábado VI da Páscoa - 28.05.2022

EVANGELHO Jo 16, 23b-28


«Saí de Deus e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai.»


A experiência da fé é um encontro com o Deus revelado por Jesus Cristo. Jesus, através de parábolas e também de forma clara, como ele mesmo diz, revela o mistério de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Entrar em intimidade com Deus é chegar ao seu coração e confiar que tudo o que lhe pedirmos ele nos concede, sobretudo aquilo que é para a nossa alegria. Jesus faz esta recomendação/revelação aos discípulos no momento em que está próxima a sua saída deste mundo.


"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Até agora não pedistes nada em meu nome: pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. Tenho-vos dito tudo isto em parábolas mas vai chegar a hora em que não vos falarei mais em parábolas: falar-vos-ei claramente do Pai. Nesse dia pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei por vós ao Pai, pois o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que Eu saí de Deus. Saí de Deus e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai»."

Celebrando a missa, o Pontífice repropôs uma reflexão sobre o sentido último de cada despedida, grande ou pequena, com a palavra «adeus» que exprime sempre um ato de se confiar ao Pai. E não deixou de mencionar a dor e a apreensão de todas as mães que veem partir o próprio filho para a frente da guerra.

De resto, frisou o Papa, «nesses últimos dias do tempo pascal a atmosfera é de despedida». E «na liturgia a Igreja retoma o discurso de Jesus na última ceia, na qual se despedia antes da Paixão, e relê-o: Jesus despede-se para voltar ao Pai e para nos mandar o Espírito Santo».(...)

Por fim, resumiu o Papa: «Jesus despede-se e isto ajudar-nos-á a refletir sobre as nossas despedidas. De facto, «na nossa vida são muitas as despedidas: as pequenas — sabemos que voltaremos amanhã ou depois — e as grandes, quando não se sabe como a viagem acabará».

Francisco reconheceu que faz «bem pensar nisto», porque «a vida é cheia de despedidas» e «há também muito sofrimento, muitas lágrimas» nalgumas situações. (...) Tenhamos presente todos os que são obrigados a deixar as suas casas, seja por causa da guerra, ou por outra qualquer situação, igualmente dramática.  No momento de deixar a sua terra para fugir das perseguições, dos saques,da fome... não sabem o que lhes vai contecer,  na Ucrânia e em tantos outros lugares deste nosso mundo de hoje ...

Depois o Pontífice explicou que «há pequenas e grandes despedidas na vida: penso na despedida da mãe que saúda, dando o último abraço ao filho que parte para a guerra, e todos os dias acorda com o temor do que um oficial venha anunciar-lhe: “Agradecemos muito a generosidade de seu filho que deu a vida pela pátria”». Porque «não sabemos como acabarão estas grandes despedidas». E «há também a última despedida, que todos faremos, quando o Senhor nos chamar para a outra margem: eu penso nisto».

«Estas grandes despedidas da vida, inclusive a última, não são as que se resolvem dizendo «até logo, até mais tarde, até à vista», despedidas «nas quais sabemos que voltamos logo ou depois de uma semana». Nas grandes, ao contrário, «não sabemos quando nem como» será o retorno. E precisamente «esta última despedida é representada também pelas artes, por exemplo, nas canções». E a tal propósito Francisco recordou o canto tradicional dos alpinos «O testamento do capitão» que narra «a despedida dos seus soldados». Assim propôs esta questão: «Penso na grande despedida, na minha grande despedida» isto é «não quando devo dizer “até mais tarde”, “até logo”, “até à vista”, mas “adeus”?»

(...) Jesus confia ao Pai os seus discípulos, que permanecem no mundo». Mas precisamente «confiar ao Pai, confiar a Deus é a origem do termo “adeus”». De facto, «dizemos “adeus” só nas grandes despedidas, quer nas da vida quer na última».

Diante da imagem de «Jesus triste porque ia ao encontro da Paixão, com os seus discípulos, chorando no seu coração» o Pontífice convidou a «refletir sobre nós mesmos: far-nos-á bem». E a perguntar-nos «quem será a pessoa que fechará os meus olhos? O que deixo?». Com efeito, o Papa frisou que nestes trechos finais do tempo pascal Jesus faz uma espécie de exame de consciência: “Fiz isto e aquilo”». E faz-nos bem perguntarmo-nos a nós mesmos, como exame de consciência: “O que fiz?”». Com a consciência de que «me faz bem imaginar-me naquele momento, quando será não se sabe, naquele “até mais tarde”, “até à vista”, “até logo” que se tornará “adeus”». E perguntou também, convidando a refletir: «estou preparado para confiar a Deus todos os meus? Para me confiar a mim mesmo a Deus? Para pronunciar a palavra de entrega do filho ao Pai?».

Francisco sugeriu também um conselho «se hoje tiverdes um pouco de tempo, e se não o tiverdes, procurai-o!»: lede o capítulo 16 do Evangelho de João ou o capítulo 19 dos Actos dos Apóstolos. Ou seja, «as despedidas de Jesus e de Paulo». Precisamente à luz destes textos, é importante pensar «que um dia também eu deverei pronunciar a palavra “adeus”». Sim, acrescentou, «a Deus confio a minha alma; a Deus confio a minha história; a Deus confio os meus; a Deus confio tudo».

«Agora — concluiu o Papa — façamos memorial do adeus de Jesus, da morte de Jesus». E fez votos para «que Jesus, morto e ressuscitado, nos envie o Espírito Santo a fim de aprendermos aquela palavra, a pronunciá-la existencialmente, com toda a força: a última palavra, “adeus”».

Casa de Santa Marta, 19 de maio de 2015

Papa Francisco

quinta-feira, 26 de maio de 2022

 SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022

Sexta-feira VI da Páscoa - 27.05.2022

Evangelho    Jo 16, 20-23a

«Mas Eu hei de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.»

Repete-se aqui o versículo 20, da liturgia de ontem, para ligar com a parábola da mulher que dá à luz e assim entendermos o que Jesus quer dizer. Está próximo um tempo em que Jesus deixará de ser visto e que provocará tristeza nos seus discípulos, mas essa tristeza não será para sempre, porque depois virá um tempo em que o poderão ver de novo e a alegria será ainda maior. Como acontece com a mulher diante do filho recém-nascido, assim os discípulos esquecerão a tristeza que sentiram diante da alegria nova que significará a ressurreição de Jesus.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria. A mulher, quando está para ser mãe, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas depois que deu à luz um filho, já não se lembra do sofrimento, pela alegria de ter dado um homem ao mundo. Também vós agora estais tristes; mas Eu hei de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Nesse dia, não Me fareis nenhuma pergunta»."

O cristão não anestesia o sofrimento, nem sequer o maior que faz vacilar a fé, e não vive a alegria e a esperança como se fosse sempre carnaval. Mas encontra o sentido da sua existência no perfil da mulher que dá à luz: sente tanta felicidade quando nasce a criança que se esquece do seu sofrimento. «Na liturgia da Ascensão do Senhor, observou Francisco, a Igreja explode numa atitude que não é habitual, e no início a primeira oração é um grito: “Exulte, Senhor, a tua Igreja!”». Sim, prosseguiu, «exulte com a esperança de viver e alcançar o Senhor: “Exulte de alegria a tua Igreja”». E na oração da coleta, «hoje rezámos: “Senhor, eleva os nossos corações para Jesus!”». Uma invocação que expressa «precisamente a alegria que invade toda a Igreja, alegria e esperança: ambas caminham juntas». Com efeito, «uma alegria sem esperança é um simples divertimento, uma alegria passageira». E «uma esperança sem alegria não é esperança, não vai além de um otimismo sadio».

Eis por que «alegria e esperança caminham juntas — explicou Francisco — e ambas fazem esta explosão que a Igreja na sua liturgia quase, permito-me dizer a palavra, grita sem pudor: “Exulte a tua Igreja!”, exulte de alegria, sem formalidades». Porque «quando há grande alegria, não há formalidade: é alegria». Portanto, explicou o Papa, «Exulte de alegria a tua Igreja, viva na esperança de a alcançar» e «eleva, Senhor, os nossos corações para Jesus que está sentado na glória do Pai».

«Com três pinceladas — afirmou o Pontífice — a Igreja diz qual deve ser a atitude cristã: alegria e esperança juntas». E assim «a alegria fortalece a esperança e a esperança floresce na alegria». E «ambas, com esta atitude que a Igreja lhes deseja atribuir, estas duas virtudes cristãs indicam um sair de nós mesmos: o jubiloso não se fecha em si mesmo; a esperança leva-te lá, é a âncora que está precisamente na praia do céu e te conduz para fora». Por isso podemos «sair de nós mesmos com a alegria e a esperança». Uma reflexão que faz referência ao trecho evangélico de João proposto pela liturgia de hoje.

«O Senhor diz-nos que há problemas — prosseguiu o Papa — e na vida esta alegria e esperança não são um carnaval: são outra coisa, também, ter que enfrentar dificuldades». Francisco repropôs «a imagem que o Senhor usa hoje no Evangelho: a mulher quando chega o momento do parto». Sim, explicou, «a mulher, quando dá à luz, sente dor porque chegou a sua hora; mas depois de dar à luz a criança, esquece o sofrimento».

E é precisamente «o que fazem a alegria e a esperança juntas, na nossa vida, quando estamos nas tribulações, quando temos problemas, quando sofremos». Não se trata certamente de «uma anestesia: o sofrimento é sofrimento, mas se for vivido com alegria e esperança abre a porta para a alegria de um futuro novo».

«Esta imagem do Senhor deve ajudar-nos muito nas dificuldades», acrescentou o Papa, até as «más que nos fazem duvidar da nossa fé». Mas «com a alegria e com a esperança vamos em frente, porque depois desta tempestade chega um homem novo, como a mulher quando dá à luz». E Jesus diz que esta alegria e esperança são duradouras, que não passam». «Assim também vós, agora, estais no sofrimento», são as palavras de Jesus aos discípulos transmitidas pelo Evangelho. Mas tranquiliza-os imediatamente: «Ver-vos-ei de novo e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá privar da vossa alegria».

São palavras que devem ser frisadas, acrescentou o Pontífice: «A alegria humana pode ser tirada de qualquer coisa, de qualquer dificuldade. Mas esta alegria que o Senhor nos dá, que nos faz exultar, que nos faz elevar na esperança de O encontrar, esta alegria ninguém no-la pode tirar, é duradoura. Até nos momentos mais obscuros».

«Alegria, esperança é o grito da Igreja, feliz depois da Ascensão do Senhor». Francisco recordou que «Lucas nos diz nos Atos que, a um certo ponto, quando o Senhor se vai embora e deixam de o ver, os discípulos ficam a olhar para o céu, um pouco entristecidos». E «são os anjos que os despertam, convidando-os a ir. E depois, no Evangelho de Lucas, lê-se: “Voltaram felizes, cheios de alegria”. Precisamente aquela alegria de saber que a nossa humanidade entrou no céu: pela primeira vez!».

Francisco concluiu a sua meditação com os votos de «que o Senhor nos conceda a graça de uma alegria grande que seja a expressão da esperança; e uma esperança forte que se torne alegria na nossa vida». E com a oração que «o Senhor conserve esta alegria e esperança, assim ninguém poderá privar-nos delas».


Casa de Santa Marta, 6 de maio de 2016

Papa Francisco

quarta-feira, 25 de maio de 2022

 SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022

Quinta-feira da Ascensão - Dia da Espiga

Quinta-feira VI da Páscoa - 40 dias depois da Páscoa- 26.05.2022

Foi feriado nacional em Portugal até 1952, ano em que passou a ser feriado municipal apenas em alguns dos nossos municípos (poucos), começando, a partir desse ano, a celebrar-se a festa litúrgica da Ascensão do Senhor no VII domingo da Páscoa. Porém, o po­vo das áreas rurais ainda guarda a tra­di­ção de ir ao campo, na que se chama Quin­ta-Feira da Espiga, recolher o seu ramo.

A constituição do ramo do Dia da Espiga pode variar de região para região, mas tem a sua base bem definida. Pelo campos ribatejanos o ramo é constituído da seguinte forma: Espiga (fartura de pão); Malmequer (riqueza); Papoila (amor e vida); Oliveira (azeite e paz); Videira (vinho e alegria); e o Alecrim ou Rosmaninho (saúde e força). Diz-se que o ramo da espiga deve ser guardado em casa e “não deve ser perturbado na sua quietude, sendo substituído apenas no ano seguinte por outro igual mas mais viçoso”.

in Enciclopédia Católica Popular

https://www.e-cultura.pt/efemeride/734

Evangelho    Jo 16, 16-20

«Daqui a pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me»

João revela um momento particularmente embaraçoso do discurso de Jesus durante a última Ceia. Depois de um longo monólogo, os discípulos interrompem o discurso questionando-se uns aos outros sobre o que Jesus está a dizer. Jesus apercebe-se que lhe querem fazer uma pergunta e intervém deixando-os ainda mais assustados. A questão é a partida de Jesus. É necessário e até bom para os discípulos, que Jesus parta, mas será motivo de tristeza para todos. Jesus adverte-os de que essa tristeza será razão de alegria para o mundo, mas isso não os deve fazer perder a perspetiva da promessa, porque a tristeza será mudada em alegria.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Daqui a pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me». Alguns discípulos disseram entre si: «Que significa isto que nos diz: ‘Daqui a pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me’, e ainda: ‘Eu vou para o Pai’?». E perguntavam: «Que é esse pouco tempo de que Ele fala? Não sabemos o que está a dizer». Jesus percebeu que O queriam interrogar e disse-lhes: «Procurais entre vós compreender as minhas palavras: ‘Daqui a pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me’. Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria»."

O que interrompe as risadas forçadas de «uma cultura não jubilosa que inventa tudo e mais alguma coisa para se divertir», oferecendo «por todos os lados pedacinhos de vida boa», é a verdadeira alegria do cristão. Que «não se compra no mercado», mas é «um dom do Espírito», preservado pela fé e sempre «em tensão entre memória da salvação e esperança». A homilia pronunciada pelo Papa foi centrada inteiramente na alegria como autêntico «respirar do cristão».(...)

Mas «o que é a alegria?» questionou-se Francisco.(...) O Papa definiu «a alegria cristã» como «a respiração do cristão». Porque «um cristão que não é alegre no coração — afirmou — não é um bom cristão».

Portanto, a alegria, afirmou o Pontífice, «é a respiração, o modo de se expressar do cristão». Aliás, observou, a alegria «não é algo que se compra ou que se obtém com esforço: não, é um fruto do Espírito Santo». Porque, recordou, o que faz sentir «a alegria no coração é o Espírito Santo». Há «alegria cristã se estivermos em tensão entre a recordação — a memória de sermos regenerados, de que fomos salvos por Jesus – e a esperança daquilo que nos aguarda». E «quando alguém está nesta tensão, é alegre».

Mas, advertiu o Papa, «se esquecermos o que o Senhor fez por nós, ou seja, que nos ofereceu a Sua vida, nos regenerou — é forte a palavra, “regenerar”, uma nova criação como afirma a liturgia — e se não olharmos para aquilo que nos espera, isto é, o encontro com Jesus Cristo, se não tivermos memória, não teremos esperança, não poderemos sentir alegria». Talvez «tenhamos sorrisos, isto sim, mas não alegria».

Além disso, reafirmou Francisco, «não se pode viver de modo cristão sem alegria, pelo menos no seu primeiro grau que é a paz». Com efeito, «o primeiro grau da alegria é a paz: sim, quando chegam as provações sofremos; mas descemos e encontramos a paz e aquela paz ninguém no-la pode tirar». Eis por que «o cristão é um homem, uma mulher de alegria, um homem, uma mulher de consolação: sabe viver em consolação, a consolação da memória de ser regenerado e a consolação da esperança que nos aguarda». Precisamente «estes dois constituem aquela alegria cristã e a atitude».

«Alegria não significa viver de risada em risada, não, não é isso» admoestou o Pontífice. A «alegria — acrescentou — não é ser engraçado, não, não é isto, é outra coisa». Porque «a alegria cristã é a paz, a paz que se encontra nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus nos pode dar: esta é a alegria cristã». O Papa sublinhou que «não é fácil preservar esta alegria».(...)É a fé que a preserva: eu penso que Deus me regenerou, penso que me dará aquele prémio». Precisamente «esta é a fé e com esta fé preserva-se a alegria, preserva-se a consolação». Por conseguinte, «somente a fé preserva a alegria e a consolação».

«Nós — reconheceu o Papa — vivemos numa cultura não jubilosa, uma cultura em que se inventam muitas coisas para que nos divirtamos, para que estejamos despreocupados; oferecem-nos em toda a parte pedacinhos de vida boa». Mas «esta não é alegria — explicou — porque alegria não é algo que se compra no mercado: é um dom do Espírito».

Nesta perspetiva, Francisco sugeriu que olhemos para dentro de nós, questionando-nos: «Como está o meu coração? Pacífico, alegre, confortado»?». Mais ainda, reafirmou o Pontífice, «também no momento de aflição, no momento da provação, o meu coração não está inquieto de maneira positiva, com aquela inquietação que não é boa: há uma inquietação positiva, mas há outra negativa que leva a procurar as seguranças em toda a parte, a procurar prazer por todos os lados». 

Portanto, «a alegria, a consolação» são «o nosso respirar de cristãos». E portanto, sugeriu Francisco, «peçamos ao Espírito Santo que nos dê sempre esta paz interior, aquela alegria que nasce da recordação da nossa salvação, da nossa regeneração e da esperança naquilo que o futuro reserva”». (...)

Por este motivo, concluiu o Papa, «peçamos ao Espírito Santo que nos dê a alegria, que nos dê a consolação, pelo menos no primeiro grau: a paz». Cientes de que «ser homens e mulheres de alegria significa ser homens e mulheres de paz, quer dizer homens e mulheres de consolação: que o Espírito Santos nos doe isto».

Casa de Santa Marta, 28 de maio de 2018

Papa Francisco