DOMINGO XXVI DO TEMPO COMUM
Hoje,
as leituras trazem-me à memória uma frase que escutei, já nem me lembro a quem,
mas que me marcou de tal forma, que ainda hoje a recordo: “se temos algo a
mais, algo de que não precisamos, é porque esse algo está a fazer falta a
alguém”. Sim, tudo o que Senhor nos deu para administrarmos, tudo o que somos e
temos, estando à nossa guarda, está ao serviço também dos outros, dos que vivem
connosco, mas igualmente de todos os outros que vivem neste mundo, ainda que
não sejam nossos conhecidos. Ninguém vive sozinho, ou só para si próprio, muito
menos um cristão, que fazendo parte da Igreja, é, por vocação, um cidadão do
mundo. E se, como seres vivos, precisamos uns dos outros, em termos de fé, essa
necessidade aumenta exponencialmente. O nosso Deus quer salvar todos os homens,
ninguém está fora desse Amor e quis precisar de nós para sermos portadores, na
vida concreta de cada dia, desta boa nova. Assim nada do que temos e somos pode
estar fora deste anúncio, tudo está ao serviço da comunicação do Amor infinito
de Deus por cada ser que vive no mundo. Abramo-nos à ação de Deus em nós, para
que outros possam chegar ao conhecimento do quanto são infinitamente amados por
Deus.
Na primeira
leitura (Am 6, 1a.4-7.) o profeta Amós alerta-nos para a necessidade de partilharmos, tudo o que Senhor coloca nas
nossas mãos, com os mais necessitados. A solidariedade, sendo ainda um valor do
nosso tempo, é cada vez mais um imperativo, face a tudo o que vivenciamos hoje
em dia. Não há indiferença que possa resistir a tanto sofrimento alheio! Que o
Senhor nos ilumine quanto à melhor forma de ajudarmos quem precisa de nós.
“Eis o que diz o Senhor omnipotente: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria. Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do estábulo. Improvisam ao som da lira e cantam como David as suas próprias melodias. Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas não os aflige a ruína de José. Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».”
“Eis o que diz o Senhor omnipotente: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria. Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do estábulo. Improvisam ao som da lira e cantam como David as suas próprias melodias. Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas não os aflige a ruína de José. Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».”
S.Paulo,
na 2ªleitura (1 Tim 6, 11-16) centra a sua mensagem na vivência cristã seguindo tudo o que Senhor nos
ensinou, enquanto fisicamente esteve no mundo. E, se bem me lembro do que
aprendi na catequese, foi Jesus quem disse que os mandamentos se encerram em dois que são: 1- amar a Deus sobre
todas as coisas e 2- amar ao próximo como a nós mesmos. Que o Senhor nos habite,
por inteiro, e, em nós, ame todos os que põe nos nossos caminhos. N’Ele tudo é
possível.
“Caríssimo: Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade, a fé e
a caridade, a perseverança e a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista
a vida eterna, para a qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela
profissão de fé perante numerosas testemunhas. Ordeno-te na presença de Deus,
que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu testemunho da
verdade diante de Pôncio Pilatos: Guarda o mandamento do Senhor, sem mancha e
acima de toda a censura, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual
manifestará a seu tempo o venturoso e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos
senhores, o único que possui a imortalidade e habita uma luz inacessível, que
nenhum homem viu nem pode ver. A Ele a honra e o poder eterno. Ámen.”
No evangelho (Lc 16, 19-31) a parábola que Jesus nos conta é tão atual, que faz confusão. Continuamos
a conviver com imensas pessoas a viver no limiar da pobreza, contrastando com a
opulência, o abuso e a corrupção de alguns que se julgam acima de um qualquer
poder judicial. E, por isso, é neste mundo de hoje que o anúncio da Boa Nova,
de Jesus ressuscitado, é tão urgente. Que o Senhor nos ilumine na melhor forma
de o fazermos.
“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico,
que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os
dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas.
Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham
lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos
ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos,
estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado.
Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro,
para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou
atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que
recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele
encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre
nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para
junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu:
‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho
cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este
lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os
oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com
eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem
aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos
mortos’».”
Senhor, concede-me a graça da conversão e ensina-me a amar. Que eu nunca
duvide do Teu Amor por todos e por cada ser humano individualmente.