domingo, 30 de abril de 2023

   TEMPO PASCAL - 2023 

SÃO JOSÉ OPERÁRIO

Segunda-feira da semana IV do Tempo Pascal - dia 23 - 01/05/2023

EVANGELHO    Mt 13, 54-58

«De onde Lhe vem esta sabedoria e este poder de fazer milagres?» 

«Não é Ele o filho do carpinteiro?». 

Jesus é o filho do carpinteiro. Para as pessoas de Nazaré a presença de Jesus na sinagoga, onde o conheciam desde criança, causou espanto e admiração. Reconheceram a sua sabedoria e o seu poder, mas não era possível que o filho de um carpinteiro tivesse ido tão longe na vida. Aos olhos dos sábios da cidade, o carpinteiro não tinhas estudos suficientes para ensinar tantas coisas ao seu filho, de modo que ele se apresentasse ali com aquela autoridade. Aquele que eles conheciam e de quem conheciam toda a família, impõe-se sobre eles de tal modo que os incomoda. Jesus alerta-os para a possibilidade de rejeitarem o essencial da sua missão só porque ele é filho do carpinteiro.

aliturgia.com

Naquele tempo, Jesus foi à sua terra e começou a ensinar os que estavam na sinagoga, de tal modo que ficavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem esta sabedoria e este poder de fazer milagres? Não é Ele o filho do carpinteiro? A sua Mãe não se chama Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem entre nós? De onde Lhe vem tudo isto?». E estavam escandalizados com Ele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra e em sua casa». E por causa da falta de fé daquela gente, Jesus não fez ali muitos milagres.

Jesus vê-se rejeitado, não por causa da sua sabedoria ou do seu poder, mas por ser filho do carpinteiro. Já presenciámos situações assim. Talvez até já tenhamos rejeitado alguém só porque é filho de um pobre. É fácil catalogar as pessoas a partir da sua origem, do bairro onde vivem ou da profissão que exercem. O estatuto social foi sempre muito importante e serviu para separar as pessoas. Ninguém quer ser filho do sapateiro, mas todos querem calçar sapatos. Jesus ensina que o carpinteiro, José, embora sendo simples, lhe abriu o tesouro da sabedoria e mostrou o poder que tinha em suas mãos. Foi com José que Jesus aprendeu o mais importante na vida, a riqueza do coração e o poder das mãos.

Venho à tua presença, Senhor, para aprender a sabedoria do coração e para habilitar as minhas mãos para o serviço. Quero que o meu coração se abra em amor por todos os homens, mesmo por aqueles que me rejeitam, e que as minhas mãos saibam cuidar daqueles que estão prostrados. 

aliturgia.com

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Os evangelistas Mateus e Marcos, definem José como “carpinteiro” ou “marceneiro”. Escutámos anteriormente que o povo de Nazaré, ao ouvir Jesus falar, perguntava-se: «Não é este o filho do carpinteiro?» (13, 55; cf. Mc 6, 3). Jesus praticou o ofício do pai.

O termo grego tekton, utilizado para indicar o trabalho de José, foi traduzido de várias maneiras. Os Padres latinos da Igreja traduziram-no como “carpinteiro”. Mas tenhamos presente que na Palestina do tempo de Jesus, a madeira era utilizada não só para fazer arados e móveis vários, mas também para construir casas, que tinham armações de madeira e telhados em terraços feitos de vigas ligadas entre si com ramos e terra.

Portanto, “carpinteiro” ou “marceneiro” era uma qualificação genérica, indicando tanto os artesãos da madeira como os trabalhadores que se ocupavam de atividades relacionadas com a construção. Um ofício bastante duro, tendo que trabalhar com materiais pesados como a madeira, a pedra e o ferro. Sob o ponto de vista económico, não garantia grandes ganhos, como se pode deduzir do facto de Maria e José, quando apresentaram Jesus no Templo, terem oferecido apenas um casal de rolas ou de pombas (cf. Lc 2, 24), como a Lei prescrevia para os pobres (cf. Lv 12, 8).

Assim, o adolescente Jesus aprendeu esta profissão com o pai. Portanto, quando, adulto, começou a pregar, os seus concidadãos, surpreendidos, perguntavam-se: «De onde Lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres?» (Mt 13, 54), e escandalizavam-se com Ele (cf. v. 57), pois era o filho do carpinteiro, mas falava como um doutor da lei, e escandalizavam-se com isto.

Este dado biográfico sobre José e Jesus faz-me pensar em todos os trabalhadores do mundo, especialmente naqueles que trabalham arduamente em minas e em certas fábricas; naqueles que são explorados através do trabalho não declarado; nas vítimas do trabalho – vimos que ultimamente na Itália houve muitas –  nas crianças que são obrigadas a trabalhar e naquelas que vasculham as lixeiras em busca de algo útil para baratear... Permito-me repetir o que disse: os trabalhadores escondidos, os trabalhadores que fazem trabalho pesado nas minas e em certas fábricas: pensemos neles. Naqueles que são explorados pelo trabalho clandestino, naqueles que contrabandeiam salários, às escondidas, sem reforma, sem nada. E se não trabalhas, tu, não tens segurança alguma. Há muito trabalho não declarado hoje em dia. Pensemos nas vítimas do trabalho, dos acidentes de trabalho; nas crianças que são obrigadas a trabalhar: isto é terrível! As crianças na idade de brincar devem brincar, mas em vez disso são forçadas a trabalhar como os adultos. Pensemos nas pobres crianças que vasculham as lixeiras à procura de algo que se possa baratear. Todos estes são nossos irmãos e irmãs, que ganham a vida desta forma, com trabalhos que não reconhecem a sua dignidade! Pensemos nisto. E isto está a acontecer hoje, no mundo, isto está a acontecer hoje! Mas também penso naqueles que estão desempregados: quantas pessoas vão bater às portas das fábricas, das empresas: “Mas, há alguma coisa a fazer?”  – “Não, não há, não há...”. A falta de trabalho! E penso também naqueles que se sentem feridos na própria dignidade porque não conseguem encontrar um emprego. Voltam para casa: “Encontraste alguma coisa?” – “Não, nada... Passei na Cáritas e trouxe o pão”. O que dá dignidade não é levar o pão para casa. Podes recebê-lo na Cáritas: não, isto não dá dignidade. O que dá dignidade é ganhar o pão, e se não dermos ao nosso povo, aos nossos homens e mulheres, a capacidade de ganhar o pão, é uma injustiça social naquele lugar, naquela nação, naquele continente. Os governantes devem dar a todos a possibilidade de ganhar o pão, porque este ganho lhes dá dignidade. O trabalho é uma unção de dignidade, e isto é importante. Muitos jovens, muitos pais e mães vivem o drama de não ter um emprego que lhes permita viver serenamente, vivem um dia de cada vez. E muitas vezes a procura de uma ocupação torna-se tão dramática que são levados ao ponto de perderem toda a esperança e desejo de viver. Nestes tempos de pandemia, muitas pessoas perderam os empregos – sabemos isto – e algumas, esmagadas por um fardo insuportável, chegaram ao ponto de cometer suicídio. Gostaria hoje de lembrar cada um deles e as suas famílias.  Façamos um momento de silêncio para recordar aqueles homens e mulheres desesperados porque não conseguem encontrar trabalho.

Não se tem suficientemente em conta o facto de o trabalho ser uma componente essencial da vida humana, e também do caminho da santificação. O trabalho não é apenas um meio de ganhar a vida: é também um lugar onde nos expressamos, nos sentimos úteis e aprendemos a grande lição da realidade, o que ajuda a vida espiritual a não se tornar espiritualismo. Infelizmente, porém, o trabalho com frequência é refém da injustiça social e, em vez de ser um meio de humanização, torna-se uma periferia existencial. Muitas vezes pergunto-me: com que espírito fazemos o nosso trabalho diário? Como lidamos com a fadiga? Vemos a nossa atividade ligada apenas ao nosso destino ou também ao destino dos outros? Com efeito, o trabalho é um modo de expressar a nossa personalidade, que é relacional por natureza. O trabalho é inclusive um modo para exprimir a nossa criatividade: cada um desempenha o trabalho à sua maneira, com o próprio estilo; o mesmo trabalho mas com estilo diverso.

É bom pensar que o próprio Jesus trabalhou e aprendeu esta arte com São José. Hoje devemos perguntar-nos o que podemos fazer para recuperar o valor do trabalho; e que contribuição podemos, como Igreja, oferecer para que ele possa ser resgatado da lógica do mero lucro e possa ser experimentado como direito e dever fundamental da pessoa, que exprime e incrementa a sua dignidade.

Estimados irmãos e irmãs, por tudo isto gostaria hoje de recitar convosco a oração que São Paulo VI elevou a São José a 1 de maio de 1969:

Ó São José,
Padroeiro da Igreja
vós que, ao lado do Verbo encarnado
trabalhastes todos os dias para ganhar o pão
tirando d’Ele a força para viver e labutar;
vós que experimentastes a ansiedade do amanhã,
a amargura da pobreza, a precariedade do trabalho:
vós que irradiais hoje, o exemplo da vossa figura,
humilde perante os homens
mas grandíssima diante de Deus,
protegei os trabalhadores na sua dura existência quotidiana,
defendendo-os do desânimo
da revolta negadora,
bem como das tentações do hedonismo;
e preservai a paz no mundo,
aquela paz que, por si só, pode garantir o desenvolvimento dos povos. Ámen.

Papa Francisco

(Audiência Geral, 12 de janeiro de 2022)

Símbolos das JMJ vão percorrer a Diocese de Leiria-Fátima durante o mês de maio (site da diocese)

Símbolos das JMJ chegam hoje à diocese de Leiria-Fátima - Ecclesia

 JMJ2023: Cruz peregrina e ícone de Nossa Senhora chegam a Leiria 

Leiria, 30 abr 2023 (Ecclesia) – Os Símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), a Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, chegam hoje à Diocese de Leiria-Fátima.

Durante todo o mês de maio, os símbolos vão percorrer a diocese, passando por cada uma das vigararias, terminando a sua peregrinação na vigararia de Porto de Mós, onde serão entregues à diocese de Santarém, a 02 meses da JMJ Lisboa 2023.

A partir das 20h00, a comunidade diocesana “está convidada” a acolher os símbolos na Sé de Leiria, que vão ser entregues pela Diocese de Coimbra, ao fim da tarde, em Pombal.

“Em Leiria far-se-á uma caminhada até ao cimo do monte de Nossa Senhora da Encarnação”, completa.

LFS


Viagem do Papa Francisco à Hungria - Ecclesia



MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O 60º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(30 de abril de 2023 - IV Domingo de Páscoa)

 

Vocação: graça e missão

 

Amados irmãos e irmãs, queridos jovens!

É a sexagésima vez que se celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, instituído por São Paulo VI em 1964, durante o Concílio Ecuménico Vaticano II. Esta providencial iniciativa visa ajudar os membros do Povo de Deus a responder, pessoalmente e em comunidade, à chamada e à missão que o Senhor confia a cada um no mundo de hoje, com as suas feridas e as suas esperanças, os seus desafios e as suas conquistas.

Neste ano, proponho-vos refletir e rezar guiados pelo tema «Vocação: graça e missão». É uma preciosa ocasião para redescobrir, maravilhados, que a chamada do Senhor é graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, é empenho de partir, sair para levar o Evangelho. Somos chamados a uma fé testemunhada, que estreita fortemente o vínculo entre a vida da graça, através dos Sacramentos e da comunhão eclesial, e o apostolado no mundo. Animado pelo Espírito, o cristão deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e é sensível aos dramas humanos, tendo sempre bem presente que a missão é obra de Deus e não a realizamos sozinhos, mas em comunhão eclesial, juntamente com os irmãos e irmãs, guiados pelos Pastores. Pois este sempre foi o sonho de Deus: vivermos com Ele em comunhão de amor.


sábado, 29 de abril de 2023

  TEMPO PASCAL - 2023 

Domingo da semana IV do Tempo Pascal - dia 22 - 30/04/2023

 EVANGELHO Jo 10, 1-10  

«Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo»; 

« Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

Neste IV Domingo, do tempo pascal, celebramos especialmente o Domingo do Bom Pastor, mas, simultaneamente também rezamos especialmente pelas vocações, no 60ºDia Mundial de Oração pelas Vocações. Temos, pois, neste domingo, ainda mais razões para agradecermos e louvarmos o Senhor, nosso Deus. 

As leituras de hoje continuam o anúncio de que Jesus ressuscitou dos mortos, está vivo e nos conduz pelos caminhos da vida, no concreto da nossa existência quotidiana, nos bons e nos maus momentos, em todas as situações, por mais estranhas e difíceis que estas nos possam parecer. Ele é quem nos abre a porta e nos conduz ao Seu rebanho, quando O procuramos, mas é também Ele quem primeiro se faz encontro  quando andamos desnorteados de todo, perdidos, sós, sentindo-nos angustiados e abandonados. É aí, quando O encontramos, que nos pega ao colo, nos abraça, ou põe às cavalitas, ficando apenas as Suas pegadas marcadas na areia, como diz o poema…Descansemos n’Ele. Entreguemos-Lhe todos os medos, sofrimentos e cansaços e peçamos a Maria, nossa mãe do céu, que nos ensine a confiar totalmente n’Ele, no Seu amor sem fim por todos e cada um de nós.


Na 1ªleitura (Atos 2, 14a.36-41) voltamos a encontrar o S.Pedro do último domingo, destemido, corajoso, cheio do Espírito Santo, anunciador da Boa Nova de Jesus Ressuscitado aos homens do seu tempo e também a nós hoje. Ele desafia-nos à conversão de coração, a escutar os apelos de Nosso Senhor a viver o dom do nosso Batismo no dia a dia da vida, no concreto da nossa existência, com aqueles que Ele colocou nos nossos caminhos. 

“No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes». Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?». Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Batismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa». Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Batismo e naquele dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.


Na 2ªleitura (1 Pedro 2, 20b-25) S.Pedro exorta-nos a seguir o pastor e guarda das nossas almas, pois só n’Ele, que deu a Sua vida por cada um de nós, encontraremos a verdadeira felicidade. Jesus é o único Pastor em quem podemos confiar total e plenamente, pois nunca nos abandona. Jesus, qual cordeiro inocente levado ao matadouro, venceu a morte de uma vez para sempre: “pelas Suas chagas fomos curados”. Ele caminha, vive e está sempre presente no meio de nós, é um connosco. 

“Caríssimos: Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado algum e na sua boca não se encontrou mentira. Insultado, não pagava com injúrias; maltratado, não respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com justiça. Ele suportou os nossos pecados no seu Corpo, sobre o madeiro da cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados. Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.”

No evangelho (Jo 10, 1-10) S.João traz-nos Jesus como Aquele que nos abre a porta e nos conduz nesta Sua Igreja, nos dá a Vida. Ele é a Porta para a Vida, no seio do Pai. Sim, por João, vamos percebendo que Jesus tem uma relação pessoal com cada um de nós, conhece-nos pelo nosso nome, habita-nos e, nós seguimo-l’O, reconhecemo-l’O como o Único que verdadeiramente nos ama infinitamente, tal qual somos, no nosso melhor e no nosso pior. Por todos deu a Sua vida, a todos quer chegar e ser a Porta, o Amor, que, hoje, nos nossos tempos, continua a abrir-Se a quem se deixar amar por Ele.

“Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».”

Senhor, que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor, infinito, por cada umas das Tuas criaturas.


Há uma só porta para entrar no Reino de Deus. E esta porta é Jesus. Quem tentar entrar por outro caminho é «um ladrão» ou «um salteador»; ou ainda é «um arrivista que pensa só na sua vantagem», na sua glória, e rouba a glória de Deus. (...)

Jesus é muito explícito: “quem não entra no redil das ovelhas pela porta, não é o pastor”». Para entrar no reino de Deus, na comunidade cristã, na Igreja, «a porta — explicou o Papa — a verdadeira porta, a única porta é Jesus. Devemos entrar por aquela porta. E Jesus é explícito: “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta — que é Ele — mas entra por outro lado, é um ladrão ou um salteador”, alguém que quer ter lucro para si mesmo».

Isto, notou, acontece «também nas comunidades cristãs. Há esses arrivistas, não?, que procuram vantagens. E consciente ou inconscientemente fingem que entram; mas são ladrões e salteadores. Por quê? Porque roubam a glória a Jesus, querem a própria glória. E é isto que Jesus dizia aos fariseus: “Vós roubai-vos a glória uns aos outros...”. Uma religião que negoceia, não? “Negociais a glória entre vós”. Mas eles não entraram pela porta verdadeira. A porta é Jesus e quem não entra por esta porta erra».

(...) o Papa Francisco recordou que a Igreja é uma história de amor e nós fazemos parte dela. Mas precisamente por isso, quando se dá demasiada importância à organização, quando escritórios e burocracia assumem uma dimensão predominante, a Igreja perde a sua verdadeira substância e corre o risco de se transformar numa simples organização não governamental. A história de amor à qual o Papa Francisco se referiu durante a missa celebrada (...) na capela da Domus Sanctae Marthae, é a da maternidade da Igreja. Uma maternidade, disse, que cresce e se difunde no tempo «e que ainda não acabou», impulsionada não por forças humanas mas «pela força do Espírito Santo».(...)

«Na primeira leitura (...) trata-se do início da Igreja, no momento que cresce e se difunde em todos os lugares, em todo o mundo». Um facto que, explicou, poderia ser avaliado em termos meramente quantitativos, com satisfação porque deste modo se obtêm mais «seguidores» e se reúnem mais «sócios» para a empresa. Aliás, chega-se até a estabelecer «pactos para crescer».

Ao contrário «o caminho que Jesus quis para a sua Igreja — disse o Pontífice — é outro: é o caminho das dificuldades, o caminho da cruz e das perseguições». E também isto nos faz pensar: «Mas o que é esta Igreja? Esta nossa Igreja, que não parece ser uma empresa humana, mas é outra coisa». A resposta mais uma vez está no Evangelho, no qual Jesus «nos diz algo que talvez possa iluminar esta pergunta: “Quem crê em mim, não crê em mim mas crê n'Aquele que me enviou”». Também Cristo, explicou, foi «mandado, é enviado por outro!». Portanto, quando indica aos doze apóstolos o programa de vida e o modo de viver, «não o faz por si mesmo» mas «por Aquele que o enviou».

Papa Francisco

(Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 17 de 28 de Abril de 2013)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

  TEMPO PASCAL - 2023 

Sábado da semana III do Tempo Pascal - dia 21 - 29/04/2023

Hoje a Igreja celebra Santa Catarina de Sena, padroeira da Europa.

EVANGELHO Mt 11, 25-30

«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.»;

«Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»;

«Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.»

Comovido, Jesus eleva a sua voz para o Pai dando a conhecer que Deus se revela ao simples e não aos sábios. A revelação de Deus é esta unidade entre o Pai e o Filho. Os dois são um só e quem conhece um conhece o outro. Só Deus pode revelar esta verdade. Em Cristo, todos os que buscam podem descansar. Vinde a mim vós que estais cansados de buscar e não encontrais, os que andais angustiados com o sentido da vida e a existência de Deus e encontrareis alívio. A verdade revelada por Cristo dá o descanso à alma.

aliturgia.com

Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

Buscador de Deus, o meu coração anda inquieto enquanto não encontrar a verdade, o sentido, a razão e o porquê de todas as coisas, da existência, do homem, do mundo, de Deus. Cansado e angustiado por não encontrar, desiludido por não poder entender, revoltado por não conseguir ver, escuto a voz de Jesus a dizer-me “esconde-se aos sábios e revela-se aos pequeninos”. Paro para pensar e consigo alcançar o que me quer dizer. Revelação não é conquista é dom de Deus na unidade do Pai e do Filho. Então, vejo sem ver, entendo sem entender, aceito e continuo a minha busca, mas em Jesus. Porque n'Ele descanso, n'Ele encontro repouso, n'Ele está a resposta, sempre buscada em mais desejo, em mais profundidade.

Quem procura encontra, dizes-me tu Senhor. Eu procuro, tu sabes. Procuro por toda a parte, por todos os meios, de muitas maneiras e em muitos caminhos. Procuro-te, mas na tentativa de te encontrar por mim mesmo, pelas minhas capacidades, com os meus critérios, com a minha inteligência. Tu dizes-me que a verdade se esconde aos sábios. Eu entendo e quero buscá-la em ti, por ti, contigo, porque sem ti nada poderei encontrar. Sem ti o peso da vida torna-se insuportável e a busca transforma-se na angústia de quem se sente perdido. Faz-me descansar em ti para te encontrar em mim.

aliturgia.com

No Evangelho de hoje Jesus diz: «Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). O Senhor não reserva esta frase a alguns dos seus amigos, não, dirige-a a “todos” aqueles que estão cansados e oprimidos pela vida. E então quem pode sentir-se excluído deste convite? O Senhor sabe quanto a vida pode ser difícil. Sabe que muitas coisas cansam o coração: desilusões e feridas do passado, pesos a serem carregados e injustiças a suportar no presente, incertezas e preocupações para com o futuro.

Perante tudo isto, a primeira palavra de Jesus é um convite, um convite a mover-se e a reagir: «Vinde». O erro que cometemos, quando as coisas não correm bem, é permanecer ali onde estamos, deitados ali. Parece evidente, mas quanto é difícil reagir e abrir-se! Não é fácil. Nos momentos obscuros é natural querer estar sozinho consigo mesmo, remoer sobre quanto é injusta a vida, sobre quão ingratos são os outros e como é maldoso o mundo, e assim por diante. Todos sabemos isto. Por vezes, sofremos esta experiência negativa. Mas assim, fechados dentro de nós mesmos, vemos tudo escuro. Então chegamos até a familiarizar-nos com a tristeza, que encontra demora em nós: aquela tristeza desmoraliza-nos, esta tristeza é algo ruim. Ao contrário, Jesus quer tirar-nos destas “areias movediças” e, portanto, diz a cada um: «Vinde!” — “Quem?” — “Tu, tu, tu...”. A via de saída encontra-se na relação, em estender a mão e em levantar o olhar para quem nos ama verdadeiramente.

Com efeito, sair de si mesmo não é suficiente, é necessário saber para onde ir. Porque muitas metas são ilusórias: prometem alívio e distraem só um pouco, garantem paz e proporcionam divertimento, deixando depois na solidão anterior, são “fogos de artifício”. Por esta razão, Jesus indica para onde ir: “Vinde a mim”. E muitas vezes, diante de um peso da vida ou de uma situação que nos faz sofrer, tentemos falar com alguém que nos escute, com um amigo, com um perito na matéria... É muito bom fazer isto, mas não esqueçamos Jesus! Não esqueçamos de nos abrirmos a Ele e de lhe contar a nossa vida, de lhe confiar as pessoas e as situações. Talvez haja algumas “áreas” da nossa vida que nunca lhe abrimos e que permaneceram obscuras, porque nunca viram a luz do Senhor. Cada um de nós tem a própria história. E se alguém tiver esta zona obscura, procurai Jesus, ide ter com um sacerdote, ide... Mas ide ter com Jesus, e contai isto a Jesus. Hoje Ele diz a cada um de nós: “Coragem, não sucumbas sob os pesos da vida, não te feches diante dos medos e dos pecados, mas vem a mim!”.

Ele espera por nós, espera-nos sempre, não para resolver magicamente os nossos problemas, mas para nos tornar mais fortes em relação aos nossos problemas. Jesus não nos tira os pesos da vida, mas sim a angústia do coração; não nos suprime a cruz, mas carrega-a juntamente connosco. E com Ele, todo o peso se torna leve (cf. v. 30), porque Ele é o repouso que nós buscamos. Quando Jesus entra na vida, chega a paz, a que permanece também nas provações, nos sofrimentos. Vamos ter com Jesus, demos-lhe o nosso tempo, encontremo-lo todos os dias na oração, num diálogo confiante, pessoal; familiarizando-nos com a sua Palavra redescubramos sem temor o seu perdão, saciemo-nos com o seu Pão de vida: sentir-nos-emos amados, sentir-nos-emos consolados por Ele.

É Ele mesmo que no-lo pede, quase com uma certa insistência. Reitera-o ainda no final do Evangelho de hoje: “Tomai o meu jugo sobre vós […] achareis o repouso para as vossas almas” (v. 29). E deste modo, aprendamos a ir ter com Jesus e, quando nos meses de verão procurarmos um pouco de repouso de tudo aquilo que cansa o nosso corpo, não esqueçamos de encontrar o repouso verdadeiro no Senhor. Nos ajude nisto a Virgem Maria nossa Mãe, que sempre cuida de nós quando estamos cansados e oprimidos e nos acompanha ao encontro com Jesus.

Papa Francisco

(Angelus, 9 de julho de 2017)

quinta-feira, 27 de abril de 2023

 TEMPO PASCAL - 2023 

Sexta-feira da semana III do Tempo Pascal - dia 20 - 28/04/2023

Evangelho Jo 6, 52-59

«Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim.»; 

«Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele.»;

«Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

Estamos no momento mais alto do discurso de Jesus. Ele apresenta-se como o pão que desceu do céu e diz que este pão é a Sua carne que ele dá como alimento. Os judeus começam a murmurar. Há inquietação nos corações e perturbação entre eles. “Como pode ele dar-nos a Sua carne a comer?” Perante esta questão que mostra a dificuldade em compreender, Jesus contrapõe a vida e a morte. Quem não comer não tem a vida. Estar com Ele é ter a vida e não estar com Ele significa não ter vida. Há uma opção a fazer e cabe a cada um escolher em consciência. A decisão não pode ser indiferente porque está em causa a morte de Jesus. Carne que se come e sangue que se bebe, falam do mistério da cruz na qual Jesus se entrega para a vida do mundo. Escolhê-l'O é receber a vida que brota da Sua morte. E rejeitá-l'O é rejeitar a vida.

aliturgia.com

Naquele tempo, os judeus discutiam entre si: «Como pode Jesus dar-nos a sua carne a comer?». Então Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente». Assim falou Jesus, ao ensinar numa sinagoga, em Cafarnaum.

Estar diante de Jesus implica uma decisão vital que cada um é chamado a fazer. Ninguém pode ficar indiferente perante uma proposta de vida eterna que brota da entrega da vida de alguém. Jesus é aquele que se dá pela vida do mundo e a Sua carne e o Seu sangue tornam-se fonte de vida plena. Estar com Jesus é ter a vida. Eu sou convidado e escutar as palavras de Jesus com sentido de responsabilidade, porque não se trata de palavras, mas da vida do próprio Cristo que Se entrega por mim.

A tua carne é verdadeira comida e o teu sangue é verdadeira bebida. Dá-me, Senhor o sentido da fé que faz destas palavras a oportunidade de que necessito para alcançar a verdadeira vida. Que eu não fique parado nos argumentos de quem apenas vê as coisas pela superfície, ao nível dos sentidos, no imediato, mas que eu possa penetrar na profundidade do mistério que me revelas e no qual Te entregas a mim.

aliturgia.com

O trecho evangélico introduz-nos na segunda parte do discurso que Jesus proferiu na sinagoga de Cafarnaum, depois de ter dado de comer a uma grande multidão com cinco pães e dois peixes: a multiplicação dos pães. Ele apresenta-se como «o pão vivo que desceu do Céu», o pão que dá a vida eterna, e acrescenta: «O pão que Eu hei de dar é a minha carne para a vida do mundo» (v. 51). Este trecho é decisivo, e com efeito suscita a reação dos ouvintes, que se põem a discutir entre si: «Como pode este Homem dar-nos de comer a sua carne?» (v. 52). Quando o sinal do pão partilhado leva ao significado verdadeiro, ou seja, o dom de si até ao sacrifício, sobressai a incompreensão, emerge até a rejeição d’Aquele que pouco antes o povo queria levar ao triunfo. Recordemo-nos que Jesus teve que se esconder, porque o queriam fazer rei.

Jesus prossegue: «Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos» (v. 53). Aqui, juntamente com a carne, aparece também o sangue. Na linguagem bíblica, carne e sangue exprimem a humanidade concreta. O povo e os próprios discípulos intuem que Jesus os convida a entrar em comunhão com Ele, a “alimentar-se” d’Ele, da sua humanidade, para partilhar com Ele o dom da vida para o mundo. Ao contrário de triunfos e miragens de sucesso! É precisamente o sacrifício de Jesus que se doa a si mesmo por nós.

Este pão de vida, sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, é-nos doado gratuitamente na mesa da Eucaristia. Ao redor do altar, encontramos aquilo que nos alimenta e nos sacia espiritualmente hoje e para a eternidade. Cada vez que participamos na Santa Missa, num certo sentido, antecipamos o Céu na terra, porque do alimento eucarístico, o Corpo e o Sangue de Jesus, aprendemos o que é a vida eterna. Ela significa viver pelo Senhor: «Aquele que comer a minha carne viverá por mim» (v. 57), diz o Senhor. A Eucaristia plasma-nos a fim de não vivermos unicamente para nós mesmos, mas pelo Senhor e pelos irmãos. A felicidade e a eternidade da vida dependem da nossa capacidade de tornar fecundo o amor evangélico que recebemos na Eucaristia. 

Assim como naquela época, também hoje Jesus repete a cada um de nós: «Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos» (v. 53). Irmãos e irmãs, não se trata de um alimento material, mas de um pão vivo e vivificador, que comunica a vida do próprio Deus. Quando vamos comungar, recebemos a vida do próprio Deus. Para ter esta vida é necessário nutrir-se do Evangelho e do amor dos irmãos. Diante do convite de Jesus, a alimentar-nos do seu Corpo e Sangue, poderíamos sentir a necessidade de discutir e de resistir, como fizeram os ouvintes dos quais falou o Evangelho de hoje. Isto acontece quando temos dificuldade de modelar a nossa existência segundo a de Jesus, de agir em conformidade com os seus critérios, e não com os critérios do mundo. Nutrindo-nos deste alimento podemos entrar em plena sintonia com Cristo, com os seus sentimentos, com os seus comportamentos. Isto é muito importante: ir à Missa e comungar, porque receber a Comunhão significa receber este Cristo vivo, que nos transforma dentro e nos prepara para o Céu.

A Virgem Maria sustente o nosso propósito de fazer comunhão com Jesus Cristo, alimentando-nos da sua Eucaristia, para nos tornarmos, por nossa vez, pão partido para os irmãos.

Papa Francisco

(Angelus,19 de agosto de 2018) 

Troquemos o instante pelo eterno, / Sigamos o caminho de Jesus,
A Primavera vem depois do Inverno; / A alegria virá depois da cruz!

Passa o tempo e com ele, as nossas vidas; / Tal como passa o bem, passa a desgraça.
Passam todas as coisas conhecidas… / Só o nome de Deus é que não passa.

Farei da fé, vivida cada dia, / A luz interior que me conduz
À luz de Deus, da paz e da alegria, / À luz da glória eterna, à Luz da Luz.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

 TEMPO PASCAL - 2023 

Quinta-feira da semana III do Tempo Pascal - dia 19 - 27/04/2023

Evangelho Jo 6, 44-51

«Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia.»;

«Só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai.»;

«Eu sou o pão da vida.»;

«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.»

Jesus continua o seu diálogo com os judeus. Explica-lhes que é necessária a fé que nos orienta para o Pai e abre o coração para escutar o Seu ensino. É o Pai quem comunica a verdadeira vida, a vida eterna e o caminho para que a vida chegue a nós é o próprio filho. O assunto torna-se cada vez mais sério. O pão que Jesus dá é o que desceu do céu e este pão é a Sua carne entregue na cruz pelo mundo.

aliturgia.com 

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne que Eu darei pela vida do mundo».

O pão que Jesus me dá é a Sua carne entregue no sacrifício da cruz. Este assunto assume grande importância e seriedade para mim. Não posso tratar com indiferença o Pão que é carne entregue, carne de sacrifício, vida oferecida. Aquele que deu a Sua vida por mim, não pode ser para mim pouca coisa. Mesmo que não creia n'Ele não posso olhá-l'O com a indiferença de quem não reconhece a importância do gesto que é vida oferecida.

Que o meu coração se deixe instruir por Ti, Senhor, para que possa habitar em Ti e receber de Ti o Pão que desceu do céu. Que o Teu pão seja o meu alimento de cada dia e opere em mim esse dom da vida eterna. Ensina-me, Senhor, a ser, como Tu, pão que se dá pela vida do mundo.

aliturgia.com

O Evangelho de João apresenta o discurso do «pão da vida», pronunciado por Jesus na sinagoga de Carfanaum, no qual afirma: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo» (Jo 6, 51). Jesus frisa que não veio a este mundo para dar algo, mas para se dar a si mesmo, a sua vida, como alimento por quantos têm fé n’Ele. Esta nossa comunhão com o Senhor compromete-nos, a nós seus discípulos, a imitá-lo, fazendo da nossa existência, com as nossas atitudes, um pão repartido pelos outros, como o Mestre repartiu o pão que é realmente a sua carne. Para nós, ao contrário, são os comportamentos generosos em relação ao próximo que demonstram a atitude de repartir a vida pelos outros.

Todas as vezes que participamos na Santa Missa e nos alimentamos do Corpo de Cristo, a presença de Jesus e do Espírito Santo age em nós , plasma o nosso coração, comunica-nos atitudes interiores que se traduzem em comportamentos segundo o Evangelho. Antes de tudo a docilidade à Palavra de Deus, depois a fraternidade entre nós, a coragem do testemunho cristão, a fantasia da caridade, a capacidade de dar esperança aos desencorajados, de acolher os excluídos. Deste modo a Eucaristia faz amadurecer o nosso estilo de vida cristã. A caridade de Cristo, acolhida com o coração aberto, muda-nos, transforma-nos, torna-nos capazes de amar não segundo a medida humana, sempre limitada, mas segundo a medida de Deus. E qual é a medida de Deus? Sem medida! A medida de Deus é sem medida. Tudo! Tudo! Não se pode medir o amor de Deus: é sem medida! Tornemo-nos então capazes de amar também quem não nos ama: e isto não é fácil. Amar quem não nos ama... Não é fácil! Porque se sabemos que uma pessoa não gosta de nós, também nós somos levados a não gostar dela. Mas não deve ser assim! Devemos amar também quem não nos ama! Opor-nos ao mal com o bem, perdoar, partilhar, acolher. Graças a Jesus e ao seu Espírito, também a nossa vida se torna «pão partido» pelos nossos irmãos. E vivendo assim descobrimos a verdadeira alegria! A alegria de fazer-se dom, para retribuir o grande dom que recebemos primeiro, sem merecimento nosso. Isto é bom: a nossa vida faz-se dom! Isto significa imitar Jesus. Gostaria de recordar estas duas coisas. Primeira: a medida do amor de Deus é amar sem medida. É claro? E a nossa vida, com o amor de Jesus, recebendo a Eucaristia, faz-se dom. Como foi a vida de Jesus. Não esquecer estas duas coisas: a medida do amor de Deus é amar sem medida. E seguindo Jesus, nós, com a Eucaristia, fazemos da nossa vida um dom.

Jesus, pão de vida eterna, desceu do céu e fez-se carne graças à fé de Maria Santíssima. Depois de O ter levado consigo com amor inefável, ela seguiu-O fielmente até à cruz e à ressurreição. Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a redescobrir a beleza da Eucaristia, a fazer dela o centro da nossa vida, sobretudo na Missa dominical e na adoração.

Papa Francisco

(Angelus, 22 de junho de 2014)

Acompanhe-nos neste caminho a oração composta por São Paulo VI para o 1º Dia Mundial das Vocações (11 de abril de 1964):

«Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamastes os Apóstolos para fazer deles pescadores de homens, continuai a atrair para Vós almas ardentes e generosas de jovens, a fim de fazer deles vossos seguidores e vossos ministros; tornai-os participantes da vossa sede de redenção universal, (…) abri-lhes os horizontes do mundo inteiro, (…) para que, respondendo à vossa chamada, prolonguem aqui na terra a vossa missão, edifiquem o vosso Corpo místico, que é a Igreja, e sejam “sal da terra”, “luz do mundo” (Mt 5, 13)».

Papa Francisco

(in Mensagem para o 60º Dial Mundial de Oração pelas Vocações)

terça-feira, 25 de abril de 2023

   TEMPO PASCAL - 2023 

Quarta-feira da semana III do Tempo Pascal - dia 18 - 26/04/2023

Evangelho Jo 6, 35-40

«Eu sou o pão da vida: Quem vem a Mim nunca mais terá fome e quem acredita em Mim nunca mais terá sede.»

Perante o pedido formulado pela multidão, Jesus afirma “Eu sou o Pão”. Quem encontra Jesus não precisa de nada mais, encontrou tudo quanto buscava. A palavra de Jesus parece ser clara, mas deixa entrever que eles não creem apesar de terem visto. A Sua disposição é fazer a vontade do Pai, portanto, está disposto a aceitar aqueles que o Pai lhe dá, porque a vontade do Pai é a salvação, a ressurreição e isto está acima de todas as razões. Mas a ressurreição está hipotecada à fé em Jesus.

aliturgia.com

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão da vida: Quem vem a Mim nunca mais terá fome e quem acredita em Mim nunca mais terá sede. No entanto, como vos disse, ‘embora tivésseis visto, não acreditais’. Todos aqueles que o Pai Me dá virão a Mim e àqueles que vêm a Mim não os rejeitarei, porque desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou. E a vontade d’Aquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum dos que Ele Me deu, mas os ressuscite no último dia. De facto, é esta a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e acredita n’Ele tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia».

Jesus é tudo quanto eu posso desejar e tudo quanto eu procuro. Ele é o pão e quem tem pão não precisa de mais nada. Serei eu capaz de viver exclusivamente confiante nesta certeza. Serei capaz de prescindir de tudo desde que tenha Jesus? A minha salvação é uma vontade do Pai que Jesus aproxima de mim, mas eu preciso acreditar n'Ele para aceder a esse bem de vida eterna.

Eu creio em Ti, Senhor Jesus. Eu creio que Tu és o Pão! Ensina-me a apreciar o pão que me dás e a desejar a vida eterna que me ofereces nele.

aliturgia.com

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

No Evangelho da Liturgia de hoje, Jesus continua a pregar ao povo que viu o prodígio da multiplicação dos pães. E convida aquelas pessoas a dar um salto de qualidade: depois de evocar o maná, com que Deus tinha alimentado os pais no longo caminho através do deserto, agora aplica o símbolo do pão a si próprio. Diz claramente: «Eu sou o pão da vida» (Jo 6, 48).

O que significa pão da vida? Para viver, há necessidade de pão. Quem tem fome não pede alimentos requintados e caros, pede pão. Quem está desempregado não pede salários enormes, mas o “pão” de um emprego. Jesus revela-se como o pão, ou seja, o essencial, o necessário para a vida de todos os dias; sem Ele as coisas não funcionam. Não um pão entre muitos outros, mas pão da vida. Em síntese, sem Ele, mais do que viver, vai-se vivendo: pois só Ele nutre a nossa alma, só Ele nos perdoa daquele mal que sozinhos não conseguimos superar, só Ele nos faz sentir amados, até quando todos nos desiludem, só Ele nos dá a força de amar, só Ele nos dá a força de perdoar nas dificuldades, só Ele infunde no coração a paz que procuramos, só Ele dá a vida para sempre, quando a vida aqui na terra acaba. É o pão essencial da vida.

«Eu sou o pão da vida», diz. Detenhamo-nos nesta bonita imagem de Jesus. Ele poderia ter feito um raciocínio, uma demonstração, mas - como sabemos - Jesus fala por parábolas, e nesta expressão: «Eu sou o pão da vida», resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão. Isto ver-se-á na sua totalidade no final, na Última Ceia. Jesus sabe que o Pai lhe pede não apenas que dê de comer às pessoas, mas que se ofereça a si mesmo, que se parta a si próprio, a sua vida, a sua carne, o seu coração, para que nós possamos ter vida. Estas palavras do Senhor despertam em nós a maravilha pelo dom da Eucaristia. Ninguém neste mundo, por mais que ame outra pessoa, pode tornar-se alimento para ela. Deus fê-lo, e fá-lo, por nós. Renovemos esta maravilha. Façamo-lo adorando o Pão de vida, pois a adoração enche a vida de assombro.

Mas no Evangelho, em vez de se admirar, as pessoas escandalizam-se, rasgam as suas vestes. Pensam: «Conhecemos este Jesus, conhecemos a sua família; como, pois, pode dizer: Eu sou o pão que desceu do céu?» (cf. vv. 41-42). Talvez também nós nos escandalizemos: ficaríamos mais à vontade com um Deus que está no Céu, sem se intrometer na nossa vida, enquanto podemos gerir os nossos assuntos aqui na terra. No entanto, Deus tornou-se homem para entrar na realidade do mundo, para entrar na nossa realidade; Deus tornou-se homem para mim, para ti, para todos nós, a fim de entrar na nossa vida. E interessa-lhe tudo da nossa vida. Podemos falar-lhe dos afetos, do trabalho, do dia a dia, das dores, das angústias, de muitas coisas. Podemos contar-lhe tudo, pois Jesus deseja ter esta intimidade connosco. O que não deseja? Ser relegado para um segundo plano – Ele que é o pão - ser negligenciado e posto de lado, ou ser chamado em causa somente quando precisamos dele.

Eu sou o pão da vida. Comemos juntos pelo menos uma vez por dia; talvez à noite, em família, depois de um dia de trabalho ou de estudo. Seria bom, antes de partir o pão, convidar Jesus, pão de vida, pedir-lhe com simplicidade que abençoe o que fizemos e o que não conseguimos fazer. Convidemo-lo para a nossa casa, oremos em estilo “doméstico”. Jesus estará à mesa connosco e nós seremos alimentados por um amor maior.

A Virgem Maria, em quem a Palavra se fez carne, nos ajude a crescer dia após dia na amizade com Jesus, pão de vida.

Papa Francisco

(Angelus, 8 de agosto de 2021)


Oração da Semana das Vocações 2023

 

Senhor Jesus, filho de David,

Tu que derramas a Tua luz sobre nós,

continua a inspirar-nos com a Tua bondade e misericórdia,

para que possamos discernir a Tua vontade nas nossas vidas.

Que possamos ouvir o Teu chamamento,

seja para o sacerdócio, para a vida consagrada,

o matrimónio, o serviço aos necessitados ou em qualquer outra vocação, seguindo sempre o caminho que leva a Ti.

 

Senhor Jesus,

nós Te pedimos a coragem e a graça

de não nos deixarmos tentar pelo supérfluo.

Ajuda-nos a escutar a Tua voz,

a partir apressadamente como Maria,

e a ouvir-te serenamente como Marta.

Que o nosso “Sim” seja sempre um ato de amor e de entrega total a Ti.

 

Senhor Jesus,

nós Te rogamos por todos os jovens.

Abençoa-os no discernimento da sua vocação,

para que possam crescer em sabedoria, santidade e alegria.

Guia-os nos momentos de provação,

para que a sua vida seja sempre um reflexo da Tua luz.

 

Maria, Senhora nossa, nossa Mãe,

ilumina-nos com a Tua prontidão,

acompanha-nos nas escolhas e decisões do dia-a-dia,

para que todos os nossos passos, sejam para maior glória do Teu filho.

Que, como Tu, saibamos guardar tudo nos nossos corações,

alcançando uma vida plena.

 

Senhor Jesus, filho de Maria,

concede-nos a alegria de saborear a Tua presença constante,

de valorizar cada momento que nos dás,

e de aceitar o que esperas de cada um.

Ajuda-nos a trazer-Te dentro,

a sentir o Teu amor na nossa vocação,

e assim vivermos a entrega completa aos Teus propósitos.

 

Ámen

CEVM - 2023