QUARESMA PASSO A PASSO - 2023
Sábado I – dia 10 –04/03/2023
EVANGELHO Mt 5, 43-48
«Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem»
O convite ao amor domina todo o evangelho.
Jesus é a manifestação de Deus que é amor. Este texto de Mateus é um desafio a
levar o amor até às últimas consequências. Os antigos faziam os mínimos, por
isso, viviam na imperfeição, segundo a lei. Jesus propõe os máximos para chegar
à perfeição, não pelo cumprimento da lei, mas pelo amor total. Ser perfeito não
é, portanto, cumprir a lei mas amar até ao limite do amor que é amar aquele que
não é amável, os inimigos, os que nos perseguem, os maus, como faz o Pai do
céu.
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Amarás o teu próximo e odiarás
o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles
que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele
faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes
aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os
publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de
extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o
vosso Pai celeste é perfeito»."
Não parece complicado entender as palavras
de Jesus neste evangelho de Mateus. O complicado é pôr em prática os desafios
que ele me propõe. Amar os meus, os de casa, os que tenho no coração já é
tantas vezes difícil quanto mais amar aqueles que não estão no coração e que
são claramente inimigos e perseguidores. É necessário olhar bem para Cristo,
pois é ele quem me faz esta proposta e há de ser ele também o meu modelo no
amor que leva à perfeição. Não posso ter medo de superar os princípios que me
foram inculcados pela sociedade.
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA
Terça-feira, 19 de junho de 2018
Quantos cristãos, no século passado,
levados para os gulags russos ou para os campos de concentração nazistas,
rezaram por quem os queria matar? «Muitos fizeram isto». Trata-se de exemplos
nobres que tocam a consciência de cada um, porque chegar a «amar» os próprios
inimigos, quem deseja destruir-te, de facto é «deveras difícil de entender»: só
«a palavra de Jesus» pode explicar isto.
Foi o tema
sugerido pela liturgia do dia, com o Evangelho de Mateus (5, 43-48) sobre o
qual o Papa Francisco refletiu nesta missa. Uma página que interpela, a ponto
que o Pontífice revelou: «Quando, esta manhã, meditava sobre este texto, não
encontrava o caminho para fazer a pregação, e pensei: “Mas Jesus tem ideias que
não podemos entender nem receber”».
Então o Papa
procurou entrar no raciocínio que, humanamente, seria espontâneo e imediato
levar em frente: «É verdade, devemos perdoar os inimigos: entendemos isto, o
perdão, porque o repetimos diariamente no Pai-Nosso; pedimos perdão como nós
perdoamos; é uma condição... Perdoamos também para sermos perdoados». É uma
condição «não fácil» mas mesmo se «com um pouco de dificuldade» é viável:
«engolimos o sapo e vamos em frente».
Uma dificuldade,
acrescentou Francisco, que julgamos poder enfrentar inclusive considerando o
passo sucessivo: «Rezar pelos outros: por quantos nos causam dificuldades, que
têm um modo de ser agressivo em família. E rezar por quantos nos põem à prova:
também isto é difícil, mas fazemo-lo. Ou pelo menos, muitas vezes conseguimos
fazê-lo». Mas é a fase seguinte que parece incompreensível: «Rezar por quantos
desejam destruir-nos, os inimigos, para que Deus os abençoe: isto é deveras
difícil de compreender».
Difícil, mas não
impossível. E a este ponto o Pontífice evocou as páginas mais obscuras do
século XX: «Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que só pelo
facto de serem cristãos foram mandados para a Sibéria para morrer de frio: e
eles deviam rezar pelo governante carrasco que os enviava para lá? Como é
possível? E muitos o fizeram: rezaram». E ainda: «Pensemos em Auschwitz e nos
demais campos de concentração: eles deviam rezar pelo ditador que queria a raça
pura e matava sem escrúpulos, e rezar para que Deus os abençoasse, a todos
eles! E muitos o fizeram». Eis a exortação que abala as consciências: «Rezar
por aquele que está para te matar, que procura matar-te, destruir-te...».
Uma ajuda chega
da própria Escritura, na qual, explicou o Papa, «há duas orações que nos fazem
entrar nesta lógica difícil de Jesus: a prece de Jesus por quantos o matavam —
“perdoa-lhes, Pai” — e até os justifica: “Não sabem o que fazem”. Perdão: pede
perdão por eles». Depois, também Estêvão (At 7, 60) que «faz o
mesmo no momento do martírio: “Perdoa-lhes”». Dois exemplos nobres diante dos
quais Francisco comentou: «Quanta distância, uma distância infinita entre nós,
que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas», enquanto o Senhor «nos pede»
aquilo «do que nos deu exemplo: perdoar quem procura destruir-nos».
O Pontífice
prosseguiu neste confronto entre o pedido de Jesus e a fragilidade humana,
mencionando concretamente alguns aspetos da vida diária: «Nas famílias é tão
difícil, às vezes, perdoar-se». Por exemplo, acontece aos «cônjuges depois de
alguma discussão», ou ao filho «pedir perdão ao pai»; e é difícil até «perdoar
a sogra». Todos os dias experimentamos a dificuldade de perdoar até as pessoas
que mais amamos. Imaginemos «perdoar quantos te estão a matar, que querem
eliminar-te... Não só perdoar: mas rezar por eles, para que Deus os preserve!
Ainda mais: amá-los». Parece difícil. O Papa comentou: «Só a palavra de Jesus
pode explicar isto. Não consigo ir além».
Por isso
Francisco sugeriu reler o trecho evangélico do dia no qual Jesus diz: «“Tendes
ouvido o que foi dito: amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai
pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai
do céu”, que é universal, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como
sobre os bons». Um trecho, observou, que culmina no convite: «Portanto, sede
perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste». Acrescentando: «Peçamos ao
Senhor que nos faça entender algo deste mistério cristão e para que nos dê a
graça de sermos perfeitos, como o Pai que concede todos os bens aos bons e aos
maus».
Depois, outro
conselho: «Far-nos-á bem, hoje, pensar num inimigo — creio que todos nós temos
algum — alguém que nos fez sofrer, que quer ou nos procura fazer algum mal».
Depois, «rezemos por ele. Peçamos que o Senhor nos conceda a graça de o amar».
Porque se «a oração “mafiosa” é: “vais pagar”», a prece cristã é «Senhor,
concede-lhe a tua bênção e ensina-me a amá-lo».
Papa Francisco
Vale a pena ter também
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