sábado, 27 de janeiro de 2024

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo falam-nos do ser “PROFETA”, daqueles que, sendo homens escutam Deus, O anunciam e d’Ele vivem, no meio do povo. Levam-nos também a escutar Aquele que é o verdadeiro Profeta, o Único, o Filho de Deus, Jesus Cristo. 

Na 1ª leitura (Dt 18, 15-20) fixamo-nos em Moisés. Procuramos escutá-lo e percebemos que o Senhor colocou as Suas palavras na boca do profeta, que foi fiel ao transmiti-las ao povo. Escutemos também nós, hoje em dia, aqueles que verdadeiramente vivem de Deus e nos transmitem a Sua Palavra, os que pelos seus gestos e atitudes testemunham Jesus, vivo e ressuscitado no meio de nós.

«O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’»

Na 2ª leitura (1 Cor 7, 32-35) somos alertados para a necessidade de vivermos de Deus, independentemente do estado civil de cada um, solteiros, viúvos, ou casados, todos somos chamados a viver de Deus e a dar testemunho do Seu Amor, cada um ao seu jeito.

Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.”

No Evangelho (Mc 1, 21-28) vemos Jesus, o Profeta por excelência, em ação, as Suas palavras e obras revelam-nos o Amor de Deus por cada ser, por cada um de nós. Jesus, que está sempre connosco, fala com autoridade, liberta, transforma e dá vida, escuta os nossos pedidos, dores e sofrimentos, ama infinitamente, dá-Se continuamente. Escutemo-l'O de coração sincero e deixemos que nos habite na totalidade do nosso ser.

«Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.»

Vem Senhor Jesus, habita-me e faz de mim uma contigo.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (cf. Mc 1, 21-28) faz parte da narração mais ampla indicada como o “dia de Cafarnaum”. No centro da narração de hoje encontra-se o evento do exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso em palavras e ações.

Ele entra na sinagoga de Cafarnaum no dia de sábado e começa a ensinar; as pessoas ficam admiradas com as suas palavras, porque não eram palavras comuns, não se assemelhavam com o que eles normalmente ouviam. Com efeito, os escribas ensinavam mas sem ter autoridade própria. E Jesus ensina com autoridade. Ao contrário, Jesus ensina como alguém que tem autoridade, revelando-se assim como o Enviado de Deus, e não como um simples homem que tem que fundar o seu ensinamento unicamente nas tradições precedentes. Jesus tem plena autoridade. A sua doutrina é nova e o Evangelho diz que as pessoas comentavam: «Um ensinamento novo, dado com autoridade» (v. 27).

Ao mesmo tempo, Jesus revela-se poderoso também nas obras. Na sinagoga de Cafarnaum há um homem possuído por um espírito imundo, que se manifesta gritando estas palavras: «Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem és: o santo de Deus» (v. 24). O diabo diz a verdade: Jesus veio para destruir o diabo, para destruir o demónio, para o vencer. Este espírito imundo conhece o poder de Jesus e proclama também a sua santidade. Jesus repreende-o dizendo-lhe: «Cala-te, e sai dele» (v. 25). Estas poucas palavras de Jesus são suficientes para obter a vitória sobre Satanás, o qual sai daquele homem «depois de o sacudir com força e dando um grande grito», diz o Evangelho (v. 26).

Este facto impressiona muito os presentes; todos são tomados pelo medo e perguntam uns aos outros: «Que é isto? [...] até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-lhe!» (v. 27). O poder de Jesus confirma a autoridade do seu ensinamento. Ele não pronuncia apenas palavras, mas age. Assim manifesta o projeto de Deus com as palavras e com o poder das obras. Com efeito, no Evangelho vemos que Jesus, na sua missão terrena, revela o amor de Deus tanto com a pregação como com numerosos gestos de atenção e socorro aos doentes, aos necessitados, às crianças, aos pecadores.

Jesus é o nosso mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus comunica-nos toda a luz que ilumina o caminho, por vezes escuros, da nossa existência; comunica-nos também a força necessária para superar as dificuldades, as provas, as tentações. Pensemos na grande graça que é para nós ter conhecido este Deus tão poderoso e bondoso! Um mestre e um amigo, que nos indica o caminho e cuida de nós, sobretudo quando estamos em necessidade.

A Virgem Maria, mulher da escuta, nos ajude a fazer silêncio à nossa volta e dentro de nós, para ouvir, entre os ruídos das mensagens do mundo, a palavra mais influente que existe: a do seu Filho Jesus, que anuncia o sentido da nossa existência e nos liberta de qualquer escravidão, também do Maligno.

Papa Francisco
Angelus, 28 de janeiro de 2018

sábado, 20 de janeiro de 2024

 III DOMINGO DO TEMPO COMUM

DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS

O Papa Francisco instituiu em setembro de 2019 o “Domingo da Palavra de Deus”. Este é, por isso, já o quinto ano em que a Igreja realiza esta celebração especial e tem como tema “Permanecei na minha palavra” (Jo 8,31).  Correspondamos ao pedido do Santo Padre e foquemos sempre, mas especialmente neste dia, a nossa atenção na Palavra de Deus.

Nas leituras de hoje o Senhor continua a chamar-nos, a apelar ao arrependimento e à conversão de coração. Respondamos ao Seu apelo e entreguemo-nos a Ele, cheios de confiança e esperança. Deixemo-nos inundar, repassar pelo Seu Amor. Foi assim que fizeram os primeiros discípulos. Sigamos os seus passos.

Na1ªleitura de hoje  (Jonas 3, 1-5.10) o Senhor chama Jonas e envia-o a pregar aos ninivitas, apelando à sua conversão. E todos, do rei, ao mais humilde dos habitantes de Nínive, se converteram e pediram perdão a Deus pelos pecados cometidos. E, como consequência desta resposta à pregação do profeta, Deus manifestou o Seu Amor pelo povo. O apelo de Jonas também nos é feito a nós, homens deste mundo e deste tempo. Convertamo-nos de coração e alma, escutemos a Palavra de Deus e nunca esqueçamos que é imensa a alegria de Deus quando um pecador se converte. Foi Jesus quem o disse e Ele conhecia bem o Pai.

“A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar, dizendo: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.”

A 2ªleitura (1 Cor 7, 29-31) parece escrita diretamente para estes tempos de tanta violência, em que as guerras, espalhadas pelo mundo, semeiam mortes sem fim. Os ditos senhores deste mundo, de forma clara ou encapotada, assaltam, invadem, matam, fabricam e vendem armas em quantidades astronómicas e com um alcance territorial  brutal. Até parece que pensam que as suas vidas e o seu poder, nesta terra, nunca acabará... Como se enganam! Verdadeiramente, como diz S.Paulo, o tempo é breve, o cenário deste mundo é passageiro. Absoluto, total mesmo, só o Amor infinito de Deus por cada um de nós. Confiemo-nos a Ele, escutemos o que nos diz e peçamo-Lhe o dom da Paz.

“O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro.”

No evangelho (Mc 1, 14-20) Jesus anuncia que o reino de Deus já chegou, está entre nós, e que o caminho para nele participar é a conversão e o arrependimento. Escutemo-L'O e abramos-Lhe o nosso coração. Deixemo-nos amar por Ele, na totalidade do nosso ser e depois, façamos como os primeiros discípulos, sigamo-L’O.

“Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.”

Senhor, tem compaixão de mim, que sou pecadora. Inunda-me com o Teu Amor, para que seja Tua testemunha junto dos que comigo convivem, ou se cruzam nos caminhos da vida.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O trecho do Evangelho deste domingo (cf. Mc 1, 14-20) mostra-nos, por assim dizer, a «passagem do testemunho» de João Batista para Jesus. João foi o seu precursor, preparou-lhe o terreno e o caminho: então Jesus pode começar a sua missão e anunciar a salvação já presente; a salvação era Ele. A sua pregação é resumida nestas palavras: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho» (v. 15). Simplesmente! Jesus não usava meias-palavras. É uma mensagem que nos convida a refletir sobre dois temas essenciais: o tempo e a conversão.

Neste texto do evangelista Marcos, o tempo deve ser entendido como a duração da história da salvação realizada por Deus; portanto, o tempo “cumprido” é aquele em que esta ação salvífica atinge o seu ápice, a  plena realização: é o momento histórico em que Deus enviou o seu Filho ao mundo e o seu Reino se tornou mais “próximo” do que nunca. O tempo da salvação cumpriu-se porque veio Jesus. Contudo, a salvação não é automática; a salvação é um dom de amor e, como tal, oferecido à liberdade humana. Quando falamos de amor, falamos sempre de liberdade: um amor sem liberdade não é amor; pode ser interesse, pode ser receio, muitas coisas, mas o amor é sempre livre, e sendo livre requer uma resposta livre: exige a nossa conversão. Ou seja, trata-se de mudar a nossa mentalidade - nisto consiste a conversão, mudar a mentalidade - e mudar a nossa vida: já não seguindo os modelos do mundo, mas os de Deus, que é Jesus, seguindo Jesus, como Jesus fez e como Jesus nos ensinou. Trata-se de uma mudança decisiva de visão e atitude. Com efeito, o pecado, especialmente o pecado da mundanidade que é como o ar, permeia tudo, e trouxe uma mentalidade que tende à afirmação de si mesmo contra os outros e também contra Deus. Isto é curioso... Qual é a tua identidade? Muitas vezes ouvimos dizer que se exprime a própria identidade em termos de “contra”. É difícil expressar a própria identidade no espírito do mundo em termos positivos e salvíficos: é contra si mesmo, contra os outros e contra Deus. E para esta finalidade não hesita - a mentalidade do pecado, a mentalidade do mundo - em usar o engano e a violência. Engano e violência. Vejamos o que acontece com o engano e a violência: ganância, desejo de poder e não de serviço, guerras, exploração de pessoas... Esta é a mentalidade do engano que certamente tem a sua origem no pai do engano, o grande mentiroso, o diabo. Ele é o pai da mentira, Jesus defini-o assim.

A mensagem de Jesus opõe-se a tudo isto, convidando-nos a reconhecer a nossa necessidade de Deus e da sua graça; a ter uma atitude equilibrada em relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humildes para com todos; a conhecer-nos e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros. Para cada um de nós, o tempo em que podemos acolher a redenção é breve: é a duração da nossa vida neste mundo. É breve! Talvez pareça longo... Lembro-me que fui administrar os Sacramentos, a Unção dos enfermos a um idoso muito bom, muito bondoso, e naquele momento, antes de receber a Eucaristia e a Unção dos enfermos, disse-me esta frase: “A minha vida passou voando”, como se dissesse: acreditei que era eterna, mas... “a minha vida passou voando”. É assim que nós, idosos, sentimos que a vida voa. Acaba! E a vida é um dom do amor infinito de Deus, mas é também um tempo de verificação do nosso amor por Ele. Portanto, cada momento, cada instante da nossa existência é um tempo precioso para amar a Deus e para amar o próximo, e assim entrar na vida eterna.

A história da nossa vida segue dois ritmos: um é mensurável, constituído por horas, dias e anos; o outro é composto pelas fases do nosso desenvolvimento: nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice e morte. Cada vez, cada fase tem o seu valor e pode ser um momento privilegiado de encontro com o Senhor. A fé ajuda-nos a descobrir o significado espiritual destes tempos: cada um deles contém uma particular chamada do Senhor, à qual podemos dar uma resposta positiva ou negativa. No Evangelho vemos como Simão, André, Tiago e João responderam: eram homens maduros, tinham o seu trabalho de pescadores, tinham uma vida familiar... No entanto, quando Jesus passou e os chamou, «eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no» (Mc 1, 18).

Queridos irmãos e irmãs, prestemos atenção e não deixemos Jesus passar sem o receber. Santo Agostinho dizia: “Tenho medo de Deus, quando Ele passa”. Medo do quê? De não o reconhecer, de não o ver, de não o acolher.

Que a Virgem Maria nos ajude a viver cada dia, cada momento como tempo de salvação, em que o Senhor passa e nos chama a segui-lo, cada um segundo a própria vida. E nos ajude a converter a mentalidade do mundo, a das fantasias do mundo, que são fogos de artifício, para a do amor e do serviço.

Papa Francisco
Angelus, 24 de janeiro de 2021

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - Site Vaticano



Oração pela Unidade dos Cristãos

(Comunidade Chemin Neuf, inspirada numa oração do Abade Paul Couturier,pioneiro da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos)

 

Senhor Jesus, que rezaste para que todos nós fossemos um, nós vos rogamos pela unidade dos cristãos, segundo a Vossa vontade, segundo os Vossos meios.

Que o Vosso Espírito nos permita vivenciar o sofrimento provocado pela divisão, ver o nosso pecado e esperar além de toda a esperança. Ámen.

sábado, 13 de janeiro de 2024

 II DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo desafiam-nos a escutar Deus, que chama cada um pelo seu nome e Se dá a conhecer a todo o que lhe abre o seu coração. Deus fala-nos através da Sua Palavra, por meio dos que connosco convivem no dia a dia da vida, nas diferentes situações com que nos vamos confrontando na labuta diária e em todos os momentos de cada dia. Deus nunca Se afasta de nós e acompanha-nos sempre, mesmo durante estes tempos vitimados pelas várias guerras que assolam o mundo e matam indiscriminadamente tantos inocentes, que apenas pedem o direito de viver em Paz. Que o nosso coração se abra sempre à “voz” de Deus, mas mais ainda nestes tempos tão conturbados.

Na 1ªleitura (1 Sam 3, 3b-10.19) Samuel escuta o chamamento do Senhor. Primeiro não O reconhece, mas depois, com a ajuda de Heli, identifica Aquele que o chama. E a partir deste primeiro encontro Samuel entrega-se todo a Deus, primeiro como a criança que era, mas depois, enquanto adulto, vai crescendo na comunhão com o Senhor. O segredo está na disponibilidade de coração com que ouvimos o chamamento do Senhor e respondemos ao Seu convite para vivermos em comunhão com Ele. O Senhor continua a chamar. Abramos o nosso coração à “voz” de Deus.

“Naqueles dias, Samuel dormia no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.”

Na 2ªleitura (1 Cor 6, 13c-15a.17-20) S. Paulo relembra-nos que, pelo Batismo, passamos a ser templo do Espírito Santo, que vem habitar cada um de nós. Que o Senhor nos purifique com o fogo do Seu Amor.

“Irmãos: O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito. Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo; mas o que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo.”


No evangelho (Jo 1, 35-42) por um lado maravilhamo-nos com a forma como Deus se nos revela e chama os que aceitam o seu convite a participarem no anúncio do Reino. Por outro lado, percebemos que o Espírito Santo atua realmente, pois André, um dos primeiro a seguir Jesus, anuncia o encontro com o Messias, a seu irmão Pedro. E deste anúncio do Reino resulta o primeiro encontro  entre Jesus e Pedro. A força do Amor comunicado naquele  momento deve ter sido de tal intensidade, que Pedro todo se Lhe entregou após anuir ao convite de Jesus. Realmente a importância do anúncio de André a Pedro ressalta nesta leitura. Como alguém observou: “E se André não tivesse dito nada a Pedro?”... Que, como Santo André, saibamos  também (cada um ao seu jeito, claro) ser anunciadores do Amor infinito de Deus por cada um de nós, junto dos que o Senhor coloca no nosso caminho.

“Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.”

O meu muito obrigada a todos os que, de uma forma ou de outra, por palavras ou por ações, me anunciaram o Reino de Deus. Agradeço ainda a todos os que me guiaram e aos que me continuam a orientar no caminho para Ti, meu Deus. Senhor, que sejas sempre a única força em que todos nos apoiemos.


Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste segundo domingo do Tempo Comum (cf. Jo 1, 35-42) apresenta o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos. A cena tem lugar no rio Jordão, um dia depois do batismo de Jesus. É o próprio João Batista que indica o Messias a dois deles com estas palavras: «Eis o Cordeiro de Deus!» (v. 36). E aqueles dois, confiando no testemunho do Batista, seguem Jesus. Vendo que o seguiam, perguntou-lhes: «Que procurais?» e eles disseram-lhe: «Mestre, onde moras?» (v. 38).

Jesus não responde: “Moro em Cafarnaum ou Nazaré”, mas diz: «Vinde ver» (v. 39). Não um cartão de visita, mas um convite a um encontro. Os dois seguem-no e naquela tarde permanecem com Ele. Não é difícil imaginá-los sentados a fazer-Lhe perguntas e sobretudo a ouvi-Lo, sentindo o seu coração enternecer à medida que o Mestre fala. Eles apreciam a beleza das palavras que respondem à sua maior esperança. E de repente descobrem que, à medida que a noite cai em seu redor, neles, nos seus corações, irrompe a luz que só Deus pode dar. Uma coisa que chama a atenção: um deles, sessenta anos depois, ou talvez mais, escreveu no Evangelho: «Era cerca da hora décima» (Jo 1, 39), mencionou a hora. Isto é algo que nos faz pensar: cada encontro autêntico com Jesus permanece vivo na memória, nunca é esquecido. Esquecemos muitos encontros, mas o verdadeiro encontro com Jesus permanece sempre. E eles, muitos anos mais tarde, lembraram-se até da hora, não podiam esquecer este encontro tão feliz, tão cheio, que tinha mudado a vida deles. Depois, quando se despedem e regressam junto dos seus irmãos, esta alegria, esta luz transborda dos seus corações como um rio em cheia. Um daqueles dois, André, diz ao seu irmão Simão - a quem Jesus chamará Pedro quando o encontrar - «Encontrámos o Messias» (v. 41). Saíram certos de que Jesus era o Messias, certos.

Reflitamos por um momento sobre esta experiência de encontro com Cristo que chama para estar com Ele. Cada chamada de Deus é uma iniciativa do Seu amor. É sempre Ele que toma a iniciativa, Ele chama-nos. Deus chama à vida, ele chama à fé, e chama a um estado particular de vida: «Quero-vos aqui». A primeira chamada de Deus é para a vida, com a qual Ele nos constitui como pessoas; é uma chamada individual, porque Deus não faz as coisas em série. Depois, Deus chama à  e a fazer parte da sua família, como filhos de Deus. Por fim, Deus chama-nos a um estado particular de vida: para nos doarmos no caminho do matrimónio, no caminho do sacerdócio ou da vida consagrada. Estas são formas diferentes de cumprir o projeto de Deus, o projeto que Deus tem para cada um de nós, que é sempre um desígnio de amor. Deus chama sempre. E a maior alegria para cada crente é responder a esta chamada, oferecer todo o seu ser ao serviço de Deus e dos seus irmãos.

Irmãos e irmãs, face à chamada do Senhor, que pode chegar até nós de mil maneiras, até através das pessoas, de acontecimentos felizes e tristes, por vezes a nossa atitude pode ser de rejeição - “Não... tenho medo..., rejeito” - porque nos parece estar em contraste com as nossas aspirações; e temos medo, porque a consideramos demasiado exigente e desconfortável: “Oh, não vou conseguir, melhor não, melhor uma vida mais calma... Deus lá, eu aqui”. Mas a chamada de Deus é amor, devemos procurar encontrar o amor que está por detrás de cada chamada, e respondemos a ela só com amor. Esta é a linguagem: a resposta a uma chamada que vem do amor é apenas amor. No início há um encontro, ou melhor, há o encontro com Jesus, que nos fala do Pai, dá-nos a conhecer o seu amor. E então surge espontaneamente em nós também o desejo de comunicar isto às pessoas que amamos: “Encontrei o Amor”, “Encontrei o Messias”, “Encontrei Deus”, “Encontrei Jesus”, “Encontrei o sentido da minha vida”. Numa palavra: “encontrei Deus”.

Que a Virgem Maria nos ajude a fazer das nossas vidas um cântico de louvor a Deus, em resposta à sua chamada e no cumprimento humilde e alegre da sua vontade. Mas lembremo-nos disto: para cada um de nós, na vida, houve um momento em que Deus se fez presente com mais força, com uma chamada. Recordemo-lo. Voltemos àquele momento, para que a memória daquele momento nos renove sempre no encontro com Jesus.

Papa Francisco

Angelus, 17 de janeiro de 2021

sábado, 6 de janeiro de 2024

SOLENIDADE  DA EPIFANIA DO SENHOR – 2024 

A solenidade da Epifania, vulgarmente conhecida como "Dia de Reis", que hoje celebramos em Igreja, fala da universalidade da salvação oferecida por Deus e manifestada em Cristo, desde o seu nascimento. As leituras tornam claro que a manifestação de Deus em Jerusalém, anunciada por Isaías, acontece, para toda a humanidade, com o nascimento de Jesus.

Na 1ªleitura (Is 60, 1-6) o profeta Isaías anuncia para Jerusalém uma grande alegria. O que motiva esta alegria é a mudança da noite para o dia. Jerusalém e toda a humanidade vivem na noite, mas a luz brilha em Jerusalém para todos os povos. Deixemos qua a luz do Menino Deus ilumine também os nossos corações.

“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.”

Na 2ªleitura ( Ef 3, 2-3a.5-6) S.Paulo vai ainda mais longe do que Isaías na 1ªleitura. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos somos chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa. Como consequência deste chamamento universal para a Fé, todos somos chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projeto de unidade e amor.
“Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”

No Evangelho (Mt 2,1-12) S. Mateus convida-nos a contemplar o mistério do Nascimento de Jesus, tendo como referência o primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da mensagem cristã, dirigida a todos os homens, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias de Isaías, que escutámos na 1ªleitura. Aceitemos o convite de S.Mateus e deixemos que a Luz do Menino Deus inunde os nossos corações, como o fez com os Magos vindos do Oriente.

“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.”

Estimados irmãos e irmãs, bom dia, boa festa!

Hoje, solenidade da Epifania, contemplamos o episódio dos Magos (cf. Mt 2, 1-12). Eles empreendem uma longa e árdua viagem para ir adorar «o rei dos Judeus» (v. 2). São guiados pelo sinal prodigioso de uma estrela, e quando finalmente chegam à meta, em vez de encontrarem algo grandioso, veem um menino com a mãe. Poderiam ter protestado: “Tanta estrada, tantos sacrifícios para estar perante um menino pobre?”. No entanto, não se escandalizam, não se desiludem. Não se lamentam. O que fazem? Prostram-se. «Entrando na casa – diz o Evangelho – acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, adoraram-no» (v. 11).

Pensemos nestes sábios que vieram de longe, ricos, cultos, conhecidos, que se prostram, isto é, inclinam-se para adorar um menino! Parece uma contradição. Surpreende um gesto tão humilde realizado por parte de homens tão ilustres. Era habitual naquela época prostrar-se diante de uma autoridade que se apresentava com os sinais de poder e glória. E ainda hoje não seria estranho. Mas diante do Menino de Belém não é simples. Não é fácil adorar este Deus, cuja divindade permanece oculta e não parece triunfante. Significa aceitar a grandeza de Deus, que se manifesta na pequenez: esta é a mensagem. Os magos abaixam-se perante a lógica inaudita de Deus, acolhem o Senhor não como o imaginavam, mas tal como é, pequeno e pobre. A prostração é o sinal de quem põe de lado as próprias ideias e dá espaço a Deus. É necessária humildade para o fazer.

O Evangelho insiste nisto: não se limita a dizer que os magos adoraram, mas sublinha que se prostraram e adoraram. Entendamos esta indicação: adoração e prostração caminham juntas. Ao realizar este gesto, os magos demonstram que acolhem com humildade  Aquele que se apresenta na humildade. E é assim que  se abrem à adoração de Deus. Os cofres que abrem são imagem do seu coração aberto: a sua verdadeira riqueza não consiste na fama, no sucesso, mas na humildade, na sua crença de que precisam de salvação. Este é o exemplo que os Magos nos dão hoje.

Queridos irmãos e irmãs, se permanecermos sempre no centro de tudo com as nossas ideias e presumirmos vangloriar-nos de algo perante Deus, nunca o encontraremos plenamente, nunca o adoraremos. Se não deixarmos cair as nossas pretensões, as nossas vaidades, as nossas obsessões, os nossos esforços para sobressairmos, podemos muito bem adorar alguém ou algo na vida, mas não será o Senhor! Se, por outro lado, abandonarmos as nossas pretensões de autossuficiência, se nos fizermos pequenos por dentro, então redescobriremos a maravilha de adorar Jesus. Porque a adoração passa pela humildade do coração: aqueles que têm a vontade de superar, não se apercebem da presença do Senhor. Jesus passa ao lado e é ignorado, como aconteceu a muitos naquele tempo, mas não aos Magos.

Irmãos e irmãs, olhando para eles, perguntemo-nos hoje: como está a minha humildade? Estou convencido de que o orgulho impede o meu progresso espiritual? Aquele orgulho, manifesto ou oculto, que cobre sempre o impulso para Deus. Será que trabalho na minha docilidade, para estar disponível para Deus e para os outros, ou estou sempre centrado em mim mesmo, e nas minhas exigências, com aquele egoísmo oculto que é a soberba? Será que sei pôr de lado o meu ponto de vista para abraçar o de Deus e o dos outros? E por fim: rezo e adoro apenas quando preciso de alguma coisa, ou faço-o com constância porque acredito que preciso sempre de Jesus? Os Magos começaram a sua viagem olhando para uma estrela e encontraram Jesus. Eles percorreram um longo caminho. Hoje podemos seguir este conselho: olhar para a estrela e caminhar. Nunca deixeis de caminhar, mas não vos esqueçais de olhar para a estrela. Este é o conselho de hoje, vigoroso: olhar para a estrela e caminhar, olhar para a estrela e caminhar.

Que a Virgem Maria, serva do Senhor, nos ensine a redescobrir a necessidade vital da humildade e o gosto vivo da adoração. Que ela nos ensine a olhar para a estrela e a caminhar.

Papa Francisco
Angelus, 6 de janeiro de 2022

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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Dia Mundial da Paz

«A PAZ SEM VENCEDOR E SEM VENCIDOS


Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Que o tempo que nos deste seja um novo

Recomeço de esperança e de justiça.

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos


Erguei o nosso ser à transparência

Para podermos ler melhor a vida

Para entendermos vosso mandamento

Para que venha a nós o vosso reino

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos


Fazei Senhor que a paz seja de todos

Dai-nos a paz que nasce da verdade

Dai-nos a paz que nasce da justiça

Dai-nos a paz chamada liberdade

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos


A paz sem vencedor e sem vencidos»

                    

Sophia de Mello Breyner Andresen, “Em Memória” (1972) in DUAL