IV DOMINGO DO TEMPO COMUM
As leituras deste
domingo falam-nos do ser “PROFETA”, daqueles que, sendo homens escutam Deus, O
anunciam e d’Ele vivem, no meio do povo. Levam-nos também a escutar Aquele que
é o verdadeiro Profeta, o Único, o Filho de Deus, Jesus Cristo.
Na 1ª leitura (Dt 18, 15-20) fixamo-nos em Moisés. Procuramos escutá-lo e percebemos que o Senhor
colocou as Suas palavras na boca do profeta, que foi fiel ao transmiti-las ao
povo. Escutemos também nós, hoje em dia, aqueles que verdadeiramente vivem de
Deus e nos transmitem a Sua Palavra, os que pelos seus gestos e atitudes
testemunham Jesus, vivo e ressuscitado no meio de nós.
«O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’»
Na 2ª leitura (1 Cor 7, 32-35) somos alertados para a necessidade de vivermos de Deus, independentemente do estado civil de cada um, solteiros, viúvos, ou casados, todos somos chamados a viver de Deus e a dar testemunho do Seu Amor, cada um ao seu jeito.
“Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.”
No Evangelho (Mc 1,
21-28) vemos Jesus, o Profeta por excelência, em ação,
as Suas palavras e obras revelam-nos o Amor de Deus por cada ser, por cada um
de nós. Jesus, que está sempre connosco, fala com autoridade, liberta,
transforma e dá vida, escuta os nossos pedidos, dores e sofrimentos, ama
infinitamente, dá-Se continuamente. Escutemo-l'O de coração sincero e deixemos
que nos habite na totalidade do nosso ser.
«Jesus chegou a
Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar,
todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e
não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito
impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?
Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o,
dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o
violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados,
que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal
autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a
fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.»
Vem Senhor Jesus, habita-me e faz de mim uma contigo.
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (cf. Mc 1,
21-28) faz parte da narração mais ampla indicada
como o “dia de Cafarnaum”. No centro da narração de hoje encontra-se o evento
do exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso
em palavras e ações.
Ele entra na sinagoga de Cafarnaum no dia de sábado e começa a ensinar; as
pessoas ficam admiradas com as suas palavras, porque não eram
palavras comuns, não se assemelhavam com o que eles normalmente ouviam. Com
efeito, os escribas ensinavam mas sem ter autoridade própria. E Jesus ensina
com autoridade. Ao contrário, Jesus ensina como alguém que tem autoridade,
revelando-se assim como o Enviado de Deus, e não como um simples homem que tem
que fundar o seu ensinamento unicamente nas tradições precedentes. Jesus tem
plena autoridade. A sua doutrina é nova e o Evangelho diz que as pessoas
comentavam: «Um ensinamento novo, dado com autoridade» (v. 27).
Ao mesmo tempo, Jesus revela-se poderoso também nas obras. Na
sinagoga de Cafarnaum há um homem possuído por um espírito imundo, que se
manifesta gritando estas palavras: «Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré?
Vieste para nos destruir? Sei quem és: o santo de Deus» (v. 24). O diabo diz a verdade: Jesus veio para destruir o diabo, para destruir o
demónio, para o vencer. Este espírito imundo conhece o poder de Jesus e
proclama também a sua santidade. Jesus repreende-o dizendo-lhe: «Cala-te, e sai
dele» (v. 25). Estas poucas palavras de Jesus são suficientes para obter a vitória sobre
Satanás, o qual sai daquele homem «depois de o sacudir com força e dando um
grande grito», diz o Evangelho (v. 26).
Este facto impressiona muito os presentes; todos são tomados pelo medo e
perguntam uns aos outros: «Que é isto? [...] até manda nos espíritos impuros e
eles obedecem-lhe!» (v. 27). O poder de Jesus confirma a autoridade do
seu ensinamento. Ele não pronuncia apenas palavras, mas age. Assim manifesta o
projeto de Deus com as palavras e com o poder das obras. Com efeito, no
Evangelho vemos que Jesus, na sua missão terrena, revela o amor de Deus tanto
com a pregação como com numerosos gestos de atenção e socorro aos doentes, aos
necessitados, às crianças, aos pecadores.
Jesus é o nosso mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus comunica-nos
toda a luz que ilumina o caminho, por vezes escuros, da nossa existência;
comunica-nos também a força necessária para superar as dificuldades, as provas,
as tentações. Pensemos na grande graça que é para nós ter conhecido este Deus
tão poderoso e bondoso! Um mestre e um amigo, que nos indica o caminho e cuida
de nós, sobretudo quando estamos em necessidade.
A Virgem Maria, mulher da escuta, nos ajude a fazer silêncio à nossa volta
e dentro de nós, para ouvir, entre os ruídos das mensagens do mundo, a palavra
mais influente que existe: a do seu Filho Jesus, que anuncia o sentido da nossa
existência e nos liberta de qualquer escravidão, também do Maligno.