sábado, 24 de setembro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

Hoje, as leituras trazem-me à memória uma frase que escutei, já nem me lembro a quem, mas que me marcou de tal forma, que ainda hoje a recordo: “se temos algo a mais, algo de que não precisamos, é porque esse algo está a fazer falta a alguém”. Sim, tudo o que Senhor nos deu para administrarmos, tudo o que somos e temos, estando à nossa guarda, está ao serviço também dos outros, dos que vivem connosco, mas igualmente de todos os outros que vivem neste mundo, ainda que não sejam nossos conhecidos. Ninguém vive sozinho, ou só para si próprio, muito menos um cristão, que fazendo parte da Igreja, é, por vocação, um cidadão do mundo. E se, como seres vivos, precisamos uns dos outros, em termos de fé, essa necessidade aumenta exponencialmente. O nosso Deus quer salvar todos os homens, ninguém está fora desse Amor e quis precisar de nós para sermos portadores, na vida concreta de cada dia, desta boa nova. Assim nada do que temos e somos pode estar fora deste anúncio, tudo está ao serviço da comunicação do Amor infinito de Deus por cada ser que vive no mundo. Abramo-nos à ação de Deus em nós, para que outros possam chegar ao conhecimento do quanto são infinitamente amados por Deus.

Na primeira leitura (Am 6, 1a.4-7.) o profeta Amós alerta-nos para a necessidade de partilharmos, tudo o que Senhor coloca nas nossas mãos, com os mais necessitados. A solidariedade, sendo ainda um valor do nosso tempo, é cada vez mais um imperativo, face a tudo o que vivenciamos hoje em dia. Não há indiferença que possa resistir a tanto sofrimento alheio! Que o Senhor nos ilumine quanto à melhor forma de ajudarmos quem precisa de nós.

“Eis o que diz o Senhor omnipotente: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria. Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do estábulo. Improvisam ao som da lira e cantam como David as suas próprias melodias. Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas não os aflige a ruína de José. Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».”


S.Paulo, na 2ªleitura (1 Tim 6, 11-16) centra a sua mensagem na vivência cristã seguindo tudo o que Senhor nos ensinou, enquanto fisicamente esteve no mundo. E, se bem me lembro do que aprendi na catequese, foi Jesus quem disse que os mandamentos se  encerram em dois que são: 1- amar a Deus sobre todas as coisas e 2- amar ao próximo como a nós mesmos. Que o Senhor nos habite, por inteiro, e, em nós, ame todos os que põe nos nossos caminhos. N’Ele tudo é possível. 

“Caríssimo: Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade, a fé e a caridade, a perseverança e a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela profissão de fé perante numerosas testemunhas. Ordeno-te na presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu testemunho da verdade diante de Pôncio Pilatos: Guarda o mandamento do Senhor, sem mancha e acima de toda a censura, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual manifestará a seu tempo o venturoso e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade e habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu nem pode ver. A Ele a honra e o poder eterno. Ámen.”

No evangelho (Lc 16, 19-31) a parábola que Jesus nos conta é tão atual, que até causa espanto e confusão. Continuamos a conviver com imensas pessoas a viver no limiar da pobreza, contrastando com a opulência, o abuso e a corrupção de alguns que se julgam acima de um qualquer poder judicial. E, por isso, é neste mundo de hoje que o anúncio da Boa Nova, de Jesus ressuscitado, é tão urgente. Que o Senhor nos ilumine na melhor forma de o fazermos. 

“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».”

Senhor, concede-me a graça da conversão e ensina-me a amar. Que eu nunca duvide do Teu Amor por todos e por cada ser humano individualmente.

sábado, 17 de setembro de 2022

 TEMPO COMUM - 2022

Neste domingo, as leituras questionam-nos sobre a forma como nos relacionamos com o dinheiro e, ainda, no modo como administramos o que o Senhor nos dá e, ou, nos permite obter no dia a dia da vida. Afinal, a pergunta que se impõe é esta: quem é o nosso mais que tudo, isto é, em quem pomos a nossa confiança, em Deus, ou no dinheiro?!

 

A 1ªleitura (Am 8, 4-7) projeta-nos para os tempos de hoje, para um fenómeno transversal na nossa sociedade, que é a corrupção. Em nome do dinheiro tudo é permitido! Mas, Jesus veio mostrar-nos que, por mais que o homem corra atrás do dinheiro, este, por si só, não lhe trará a felicidade, pois uma só coisa é necessária para se ser feliz: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Deixemo-nos amar por Deus e, então, até o dinheiro, ou melhor, tudo o que temos e somos, há de estar ao serviço da comunicação do amor.

“Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra. Vós dizeis: «Quando passará a lua nova, para podermos vender o nosso grão? Quando chegará o fim de sábado, para podermos abrir os celeiros de trigo? Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo». Mas o Senhor jurou pela glória de Jacob: «Nunca esquecerei nenhuma das suas obras».”

 

Na 2ªleitura (1 Tim 2, 1- 8) S.Paulo, realça que todos os homens têm direito a conhecer Jesus, como Aquele que, dando-Se todo, nos veio revelar o quanto Deus ama infinitamente cada ser humano. Propõe-nos a oração universal, como caminho de intercessão para que todo o homem possa experimentar o que é ser amado pelo próprio Deus e assim, na plenitude dos tempos, Deus seja tudo em todos.

“Caríssimo: Recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos. Tal é o testemunho que foi dado a seu tempo e do qual fui constituído arauto e apóstolo – digo a verdade, não minto – mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte, erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira nem contenda.”


A parábola que Jesus nos conta no evangelho (Lc 16, 1-13), sendo meio desconcertante, é clara na mensagem: não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Não há lugar para ambos no nosso coração, um leva a desprezar o outro.

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador, que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’. Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».”

Senhor, meu Deus, peço-te por todos os homens, para que Tu sejas o único Senhor das nossas vidas. Que tudo o que temos e somos seja posto ao serviço dos que mais precisam. Ensina-nos a amar os nossos irmãos.

sábado, 10 de setembro de 2022

Vídeo do Papa - mês de setembro de 2022 - Ecclesia

 

Rainha Isabel II - Sete décadas de serviço público marcadas por uma fé profunda - Ecclesia

 

 TEMPO COMUM - 2022

Neste domingo as leituras revelam-nos a dimensão infinita da misericórdia de Deus Amor, o nosso Deus. Para alguns é escândalo, mas para os que Lhe abrem o coração e se deixam abraçar por Ele, é o abrir-se a um amor maior, a uma vida com outro sentido, porque experimentamos o que é sermos verdadeiramente amados. Deixemo-nos cativar por este Amor infinito, que nunca desiste de nós, nem mesmo quando d’Ele nos afastamos. Ele vai sempre à nossa procura, desejoso de nos estreitar nos Seus braços, de nos acolher no Amor, sejam quais forem as circunstâncias em que nos encontremos. Ó Amor sem fim, como nos amas! Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

Na 1ª leitura (Ex 32, 7-11.13-14) é com espanto, mas ao mesmo tempo, também com muita alegria e esperança, que entramos na oração que Moisés faz a Deus, ao interceder pelo povo de Israel. Ele não teve receio e apelou ao que Deus tem de único e total, o Seu Amor pela  Sua criatura, por cada um de nós, e Deus não resistiu e olhou, e continua a olhar, para todos e cada um de nós e a amar-nos infinitamente. Deixemo-nos amar pelo Amor.

“Naqueles dias, o Senhor falou a Moisés, dizendo: «Desce depressa, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egipto, corrompeu-se. Não tardaram em desviar-se do caminho que lhes tracei. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: ‘Este é o teu Deus, Israel, que te fez sair da terra do Egipto’». O Senhor disse ainda a Moisés: «Tenho observado este povo: é um povo de dura cerviz. Agora deixa que a minha indignação se inflame contra eles e os destrua. De ti farei uma grande nação». Então Moisés procurou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo: «Por que razão, Senhor, se há de inflamar a vossa indignação contra o vosso povo, que libertastes da terra do Egipto com tão grande força e mão tão poderosa? Lembrai-Vos dos vossos servos Abraão, Isaac e Israel, a quem jurastes pelo vosso nome, dizendo: ‘Farei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e dar-lhe-ei para sempre em herança toda a terra que vos prometi’». Então o Senhor desistiu do mal com que tinha ameaçado o seu povo.”


Na 2ªleitura (1 Tim 1, 12-17) aprendemos, com S.Paulo, o que é ser amado por Deus, no concreto da vida. Ele fala-nos do que foi a sua experiência e de como, mesmo quando estava errado, era coerente, apaixonado e leal para com o Deus de Israel. Mas, após o seu encontro com Jesus, na estrada de Damasco, Paulo mudou totalmente, passou a relacionar-se  com Deus de uma forma completamente diferente do que fazia até então. Deixou-se habitar, amar, por Jesus Cristo, na totalidade do seu ser, assumindo toda a sua história de vida anterior. Apoiando-se sempre e só em Deus, passou a ter uma relação tão íntima e próxima com Jesus, que de um perseguidor feroz, implacável e  fundamentalista, passou a um dos mais intrépidos, esclarecido, persistente, incansável e apaixonado anunciador de Deus Amor, de Jesus vivo e ressuscitado no meio dos homens. Deixemo-nos inspirar por S.Paulo e louvemos a Deus, que no Seu Amor infinito por cada um de nós, vê o que somos e, mesmo assim, continua a acolher-nos no seu regaço, a abrir-nos os seus braços e a correr ao nosso encontro, demonstrando-nos que nos ama incondicionalmente. 

Caríssimo: Dou graças Àquele que me deu força, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que me julgou digno de confiança e me chamou ao seu serviço, a mim que tinha sido blasfemo, perseguidor e violento. Mas alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, quando ainda era descrente. A graça de Nosso Senhor superabundou em mim, com a fé e a caridade que temos em Cristo Jesus. É digna de fé esta palavra e merecedora de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles. Mas alcancei misericórdia, para que, em mim primeiramente, Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade, como exemplo para os que hão de acreditar n’Ele, para a vida eterna. Ao Rei dos séculos, Deus imortal, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Ámen.”


No evangelho (Lc 15, 1-32), ao escutarmos as três parábolas que Jesus nos conta, sentimo-nos desafiados a deixarmo-nos encontrar por Ele, a deixar cair tudo o que nos afasta de Deus e a descansar mesmo, na totalidade do nosso ser, n’Aquele que tanto nos ama e nos quer verdadeiramente felizes. Claro, que as dificuldades, as quedas, as infidelidades, os pecados, continuarão a fazer parte da nossa vida, mas Ele até das nossas misérias se serve para construir caminhos de amor. Façamos como o filho mais novo e partamos ao encontro de Deus Amor. E, se nos encontrarmos na situação do filho mais velho, corramos o risco de, mesmo assim, abrir o coração a Deus Amor e deixemos o milagre de Deus Amor acontecer aí, nos nossos limites e fraquezas. 

“Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento. Ou então, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e tendo perdido uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente a moeda até a encontrar? Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida’. Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que se arrependa». Jesus disse-lhes ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».”

Senhor, meu Deus, que eu nunca duvide do Teu Amor!

sábado, 3 de setembro de 2022

  TEMPO COMUM - 2022

As leituras deste domingo projetam-nos para a  entrega a um amor maior, a um amor único e total, que na vida de cada dia, na medida em que nos deixarmos inundar da sabedoria de Deus, será a razão de ser de tudo o que fazemos e somos. Quando Deus Amor, for o nosso grande e único amor, então o nosso viver há de ser o de um verdadeiro discípulo de Cristo, porque será Ele quem nos habitará e fará, em nós, as maravilhas da transmissão do Amor a todos os que o Senhor puser nos nossos caminhos. Quem somos nós Senhor, para nos amares tanto assim!

 

Na 1ªleitura (Sab 9, 13-19 (gr. 13-18b)) o autor sagrado lembra-nos que só na medida em que nos deixarmos moldar pela Sabedoria de Deus, seremos suas testemunhas. Diz-nos que tanto quanto mais abrirmos o coração à ação do Espírito Santo e nos deixarmos habitar por Ele, mais nos aproximaremos do Único que verdadeiramente nos ama infinitamente e, então sim, seremos elos da cadeia de transmissão do Seu Amor ao nosso próximo.

“Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do Senhor? Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e inseguras as nossas reflexões, porque o corpo corruptível deprime a alma e a morada terrestre oprime o espírito que pensa. Mal podemos compreender o que está sobre a terra e com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem poderá então descobrir o que há nos céus? Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios, se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso espírito santo? Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos.”


Na 2ªleitura (Flm 9b-10.12-17) S.Paulo demonstra-nos o que é viver unicamente de Deus na vida concreta. Fá-lo de uma maneira tão real, que nos faz olhar para o modo como, na sua vida naquele momento, em que vivia no ambiente de uma prisão, é possível, em Jesus Cristo, tornar um escravo num seu irmão muito querido. Não contente com isso, procura estender essa relação fraternal aos seus amigos, solicitando a um em especial, Filémon, que trate Onésimo, o escravo, como se fosse o próprio Paulo. Meu Senhor e meu Deus, quando a fé é vivida assim, até onde nos pode levar... S.Paulo, rogai por nós.

“Caríssimo: Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa ação não parecesse forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.”

No Evangelho (Lc 14, 25-33) Jesus convida-nos a ser seus discípulos e explica-nos que ao segui-Lo optaremos pelo Amor, mas um amor único, em que só Ele nos pode preencher, isto é, aí não há lugar para outros amores, sejam eles de que natureza forem. Por outro lado, daí a maravilha que é Deus, n’Ele ,o Amor sem limites, estaremos disponíveis para amar todos os que Ele colocar nas nossas vidas. Bendito e louvado seja o nosso Deus!

“Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».”

Envia Senhor sobre mim o Teus Santo e Divino Espírito. Que eu me deixe habitar totalmente e só por Ti.

O culto eucarístico fora da missa - Pe Armindo janeiro - Ecclesia