Passo 10 – O terço todos os dias pela Paz no mundo
Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio,
descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que
escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, abre-te à novidade do rosário.
Neste maio, Fátima
convida-te a seres
peregrino pelo coração.
Hoje, como a Lúcia, o Francisco e a Jacinta, toma a paz no mundo no teu
coração.
A treze de maio, na Cova da Iria,
apareceu brilhando a Virgem Maria. Ave Maria!
Foi aos pastorinhos que a Virgem falou,
desde então nas almas nova luz brilhou. Ave Maria!
A Virgem Maria cercada de luz,
nossa mãe bendita e mãe de Jesus. Ave Maria!
13 de maio, Fátima.
Peregrino pelo coração, contempla a Senhora da luz semelhante
à água cristalina atravessada pelos raios do sol. Aproxima-te da cheia de graça
que reflete a luz que é Deus e bebe, pelo silêncio, a luz das suas mãos. A luz
que é Deus nelas se reflete e comunica-se-te intimamente e ilumina-te a partir
de dentro, permitindo-te ver-te a ti mesmo em Deus e, assim, reconheceres-te
seu filho. E és filho da Mãe de Jesus, a Mulher de coração imaculado, a serva
da paz, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
É pelo silêncio que te é oferecida a experiência desta luz.
Desce ao teu coração e silencia, faz silêncio. No teu silêncio de peregrino
pelo coração poderás experimentar a alegria deste dia, em que, há 103 anos,
Nossa Senhora apareceu na Cova da Iria à Lúcia, ao Francisco e à Jacinta, os
três pastorinhos de Aljustrel, que não sabiam ler nem escrever, apenas brincavam,
rezavam e guardavam os rebanhos, mas viram Nossa Senhora.
Não pudeste vir a Fátima, neste maio fechado, mas pelo
silêncio abre-se o teu coração para a verdadeira alegria que Fátima oferece: a
alegria do encontro com Aquele que nos ama e nos chama à conversão, pela voz de
Maria.
Escuta como Lúcia conta o fim da aparição de maio:
Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de
joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu
Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o
mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em
direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A
circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que
alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.»
«25Junto à cruz de Jesus estavam, de pé,
sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua
mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27Depois, disse ao discípulo: “Eis a
tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.»
Temos Mãe. Temos Mãe! Assim disse e repetiu o Papa Francisco
quando veio a Fátima, em 13 de maio de 2017, para assinalar o centenário das
aparições e canonizar Francisco e Jacinta, «duas candeias que Deus acendeu para
alumiar o mundo nas horas sombrias e inquietas», como dissera São João Paulo
II, na sua beatificação. Nesta hora sombria e inquieta para a humanidade, o
pedido a rezar o terço para alcançar a paz para o mundo assume um significado
particular. A paz, em sentido bíblico e teológico, não é apenas a ausência de
guerra. É a plenitude dos bens de Deus, a sua bênção. Quando uma pandemia, como
a que neste momento o mundo conhece, traz consigo o crescer da pobreza e da
miséria a nível local como global, como se anuncia, a história ensina que a
convergência destes fatores potencia o crescer dos conflitos entre os homens,
entre nações e dentro das nações, na sociedade como nas famílias, e dentro dos
próprios corações.
É hora de rezarmos o terço, para alcançarmos a paz para o
mundo. Quem o pede é Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que já contemplámos,
nesta peregrinação pelo coração, quando ousámos franquear os umbrais do
mistério do sofrimento e dos sofrimentos do homem e de Deus; contemplámo-la
como a Mãe que bebeu as palavras do sentido da boca do Filho inocente
agonizante, de pé junto à Cruz, como em Fátima compadecida pela humanidade em
guerra. A prática do rosário a que Fátima nos convida é aquela que, da
repetição corrida do ave-maria- santa-maria dos tempos anteriores às aparições,
evolui para a oração do rosário assente na contemplação silenciosa dos
mistérios de Cristo, de que é exemplo a preferência pela oração solitária,
mesmo do terço, do Francisco. E também os escritos de Lúcia, ao longo dos anos,
foram justificando esta opção. Ela escreve no livro “Como vejo a Mensagem
através dos tempos e dos acontecimentos”:
Assim, a celeste Mensageira se eleva ao Céu mandando-nos
rezar o terço todos os dias […]. Escolheu a oração do terço […], a que mais nos
leva, logo no seu início, a mergulhar e a viver os principais mistérios de Deus
e da Sua obra Redentora, efetuada por Jesus Cristo, nosso Salvador.»
Meu Deus, és o habitante íntimo do meu coração
e chamas-me a abrir este maio fechado, a tornar-me peregrino
pelo coração
para aí me encontrar contigo.
Santíssima Trindade, adoro-te profundamente.
Meu Deus, meu Deus eu te amo no Santíssimo Sacramento. Dá-me
a oração do silêncio, oração do coração silencioso.
Dá-me a oração dos simples e pequeninos.
Ó Trindade, ó Pão do Céu, és a minha fonte e o meu caminho.
Adoro-te. Amo-te.
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-te.
Peço-te perdão para os que não creem, não adoram, não esperam
e não te amam.
Conduz-me todos os dias, peregrino pelo coração que sou e
quero ser cada dia,
pela prática do silêncio, à adoração e ao amor; aumenta a
minha fé e a minha esperança.
Sou peregrino pelo coração e faço-me contemplativo dos
mistérios do Rosário para alcançar a paz para o mundo.
Peregrino pelo coração, contemplo o coração da tua mãe, minha
mãe, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Quero honrar cada dia o nome com que se apresentou na Cova da
Iria
e rezar o terço, contemplando no silêncio do coração
os mistérios da vida, morte e ressurreição de Jesus e de sua
Mãe nele.
Rezarei no seu coração, porque no seu coração imaculado,
cheio da graça da tua presença, é onde tu
mais profundamente te ofereces ao meu coração.
E, neste maio longe da capelinha, peregrino pelo coração para
sempre:
sei que no coração imaculado da Mãe
ouvirei sempre o bater misericordioso do teu coração. Ámen.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois
vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria,
Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen.
Mãe do céu, está atenta à voz das súplicas do mundo em
tribulação. Atende o grito dos pobres e dos doentes, dá conforto e esperança a
todos os que sofrem, dá força e compaixão a todos os que cuidam e trabalham. Dá
a paz ao mundo. No teu imaculado coração, sê, para todos os teus filhos,
refúgio e caminho para Deus.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós.
São Francisco e Santa Jacinta Marto, rogai por nós.
Neste dia 13 de maio, no termo desta peregrinação pelo
coração, o Santuário de Fátima convida-te a uma breve reflexão: os limites
deste maio fechado obrigaram-te, este ano, a seres peregrino pelo coração e
poderá ser fácil a tentação de pensar que esta, uma opção ditada pelas
circunstâncias, seja apenas uma alternativa, um remedeio para substituir a
peregrinação no modo habitual tornada impossível. Esta peregrinação pelo
coração não é em vez da peregrinação normal, aquela que se faz, mais distância,
menos distância, mais dias, menos dias, percorrendo com os próprios pés as
estradas de Portugal e atravessando as suas cidades, exposto aos perigos do
caminho e às inclemências do tempo. Não. Esta peregrinação pelo coração é o
lado de dentro dessa experiência peregrinante, feita em grupo ou
solitariamente. Toda a peregrinação torna-se de facto peregrinação se tiver a
animar o interior do itinerário percorrido a atitude do peregrino pelo coração
que, este ano, foste levado a aprofundar, impedido da dimensão física e
territorial.
Esta procura – ser peregrino pelo coração –, que é o
essencial em qualquer peregrinação, pode perder-se, ou tornar-se difícil,
quando peregrinas fisicamente pelo espaço, se não te guardas das distrações do
caminho, das conversas dos companheiros, do cansaço excessivo, sem chegares a
concentrar o teu coração na busca de Deus, na procura de o escutar, caminhando
na sua presença pelo silêncio do coração. Pode ser que este maio estranho, em
que é impossível peregrinar como habitualmente, acabe por nos fazer o grande
dom de redescobrir e revalorizar o que é essencial no ato de peregrinar: que
cada peregrino o seja pelo coração. Mesmo não podendo fazeres-te ao caminho,
podes sempre ser peregrino pelo coração, e a peregrinação cumpre-se como tal. Em
contrapartida, pode acontecer que te metas ao caminho e te estafes a caminhar,
sem procurares ser peregrino pelo coração; nesse caso, não cumpriste uma
peregrinação.
Os dias fechados deste maio inimaginável trouxeram-te a
oportunidade de viveres, porventura, o mais extraordinário dos maios da tua
vida, o mais interior, talvez o mais profundamente refletido, talvez o mais
orante, quem sabe o mais autêntico! Pode ter acontecido que tenhas ido mais
longe na consciência do que significa peregrinar verdadeiramente. Pode
acontecer que desejes passar a peregrinar procurando ir mais longe na
experiência espiritual da peregrinação. Poderá acontecer que queiras, então, ir
mais longe no aperfeiçoamento da tua condição de peregrino pelo coração quando
vens a Fátima a pé, ou sem ser a pé, em maio, ou quando quer que seja. Nessa
altura, o Santuário, que este ano te chamou e te acompanhou ao longos de dez
dias deste maio – afinal um maio de graça – nesta peregrinação interior, estará
disponível para te ajudar de todos os modos possíveis para que cada tua
peregrinação a Fátima seja em verdade a experiência de peregrinares como
peregrino pelo coração.
Como ontem nos despedíamos, Nossa Senhora vela por ti e
conduz a tua sede à fonte, a tua procura ao caminho, a adoração e o amor a
Deus, na luz que se reflete nas suas mãos e te envolve e comunica intimamente.
Peregrino pelo coração, reza o terço todos os dias para alcançar a paz para o
mundo. Até sempre.