sábado, 30 de maio de 2020

DOMINGO DE PENTECOSTES


E, depois de, aproximadamente, dois meses e quinze dias vamos poder celebrar presencialmente uma das maiores solenidades da nossa fé. Deus seja louvado! É mesmo muito bom. Obrigada Senhor. Aproveito para agradecer imenso a todos o que tornaram possível, que mesmo em tempos de emergência e confinamento, tenhamos tido a possibilidade de acompanhar as celebrações da nossa fé. Nunca nada nos faltou, pois de longe, ou de perto, pela televisão, pelo Facebook, ou pelo Youtube, ou outros meios tecnico-audiovisuais de comunicação quaisquer, tivemos acesso: à eucaristia dominical; em certas paróquias, como a de Porto de Mós, até durante todos os dias da semana pudemos acompanhar a Santa Missa; à recitação do terço, todos os dias transmitido a partir de Fátima;  à oração do Papa Francisco pela humanidade, na Praça de S.Pedro; ao Compasso Pascal; ao peregrinar pelo coração na preparação para Peregrinação Internacional de Maio a Fátima e,…, a tantos outras manifestações de vivência da nossa fé. Foram tempos únicos, que também nos ajudaram a crescer na fé. Obrigada Senhor, porque nunca nos deixaste sós. Abençoa e fortalece todos os que tornaram realidade, em tempos de confinamento, todas estas maravilhas. Mas agora Senhor temos novos desafios pela frente: manter todos os cuidados de higienização e segurança e deixar que o Espírito Santo nos invada e nos torne anunciadores do Amor nos novos tempos. É um verdadeiro Pentecostes que somos chamados a viver neste domingo e nos tempos que se lhe seguem. Vem Espírito Santo e enche os nossos corações.


Na 1ªleitura (Atos 2, 1-11) S.Lucas, que coloca este dia a acontecer 50 dias após a ressurreição de Jesus, dá-nos conta da transformação dos apóstolos sob a ação do Espírito Santo e de como, os que os ouviam, os entendiam, apesar de serem oriundos de países com idiomas diferentes. É caso para dizer, que, para o Espírito Santo, não há barreiras de qualquer espécie, nem sequer de idioma. Abramos também nós o coração à ação do Espírito Santo a fim de que os nossos medos e angústias deem lugar às maravilhas do Senhor, junto dos que nos são próximos.
“Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».”


Na 2ªleitura (1 Cor 12, 3b-7.12-13) S.Paulo leva-nos a reviver o nosso batismo e a reencontrar aí, no Espírito Santo que então recebemos, o fundamento do nosso ser comunidade. Só, pela ação do Espírito Santo em nós, seremos capazes de ver no outro a  imagem de Deus e de o amar como só Deus ama e assim n’Ele partilharemos, em comunidade, os dons que o Senhor nos dá.
“Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.”


No evangelho (Jo 20, 19-23) S.João, que coloca todos os acontecimentos pascais a terem lugar num mesmo dia,o primeiro da semana, desafia-nos a deixarmo-nos conduzir pelo Espírito Santo, vivendo numa mesma confiança em Jesus ressuscitado. É pela ação do Espírito Santo que recebemos a Paz de Jesus e seremos anunciadores do Amor de Deus por todos os homens em geral e por cada um em particular. Assim nos deixemos repassar e inundar pelo Espírito Santo.
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».”


Enviai Senhor o Vosso Espírito e renovai os nossos corações.

Santuários Marianos, espalhados pelo mundo, rezam o terço ( à mesma hora) pela humanidade, em união com o Papa.





sexta-feira, 29 de maio de 2020

Oração pela Terra e pela Humanidade


No documento, que o dicastério romano considera “um guia moral e espiritual para a criação de um novo paradigma de um mundo mais solidário, fraterno, pacífico e sustentável”, o Papa termina com duas orações onde “pede a Deus criador pela terra e pela humanidade.

“Depois desta longa reflexão, jubilosa e ao mesmo tempo dramática, proponho duas orações: uma que podemos partilhar todos quantos acreditamos num Deus Criador Omnipotente, e outra pedindo que nós, cristãos, saibamos assumir os compromissos para com a criação que o Evangelho de Jesus nos propõe”, afirma Francisco no número 246 do documento.


ORAÇÃO PELA NOSSA TERRA

 

Oração pela nossa terra

Deus Omnipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.
Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais connosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz.


Oração cristã com a criação

Nós Vos louvamos, Pai,
com todas as vossas criaturas,
que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença
e da vossa ternura.
Louvado sejais!

Filho de Deus, Jesus,
por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria,
fizestes-Vos parte desta terra,
e contemplastes este mundo
com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura
com a vossa glória de ressuscitado.
Louvado sejais!

Espírito Santo, que, com a vossa luz,
guiais este mundo para o amor do Pai
e acompanhais o gemido da criação,
Vós viveis também nos nossos corações
a fim de nos impelir para o bem.
Louvado sejais!

Senhor Deus, Uno e Trino,
comunidade estupenda de amor infinito,
ensinai-nos a contemplar-Vos
na beleza do universo,
onde tudo nos fala de Vós.
Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão
por cada ser que criastes.
Dai-nos a graça de nos sentirmos
intimamente unidos
a tudo o que existe.
Deus de amor,
mostrai-nos o nosso lugar neste mundo
como instrumentos do vosso carinho
por todos os seres desta terra,
porque nem um deles sequer
é esquecido por Vós.
Iluminai os donos do poder e do dinheiro
para que não caiam no pecado da indiferença,
amem o bem comum, promovam os fracos,
e cuidem deste mundo que habitamos.
Os pobres e a terra estão bradando:
Senhor, tomai-nos
sob o vosso poder e a vossa luz,
para proteger cada vida,
para preparar um futuro melhor,
para que venha o vosso Reino
de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais!
Ámen.

Educris|24.05.2020


quarta-feira, 27 de maio de 2020

Oração pelas vítimas da pandemia

Papa preside a oração do Rosário pelas vítimas da pandemia 


Celebração une santuários de todo o mundo, incluindo Fátima, este sábado, 30 de maio,pelas 16h30 
Cidade do Vaticano, 26 mai 2020 (Ecclesia)

O Papa vai presidir este sábado a uma oração mundial do Rosário pelas vítimas da pandemia, com transmissão online em ligação a alguns dos maiores santuários marianos, incluindo Fátima.
Francisco participa desde a Gruta de Lourdes, nos Jardins do Vaticano, a partir das 17h30 (menos uma em Lisboa), numa cerimónia que assinala o final do mês de maio, particularmente dedicado à Virgem Maria, na tradição católica.
A iniciativa partiu do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé), cujo presidente, D. Rino Fisichella, enviou uma carta aos reitores dos santuários, pedindo que participem na recitação do Rosário, de acordo com as medidas locais de saúde.
“À luz da situação de emergência causada pela pandemia do coronavírus, que provocou a interrupção da atividade normal de todos os santuários e a interrupção de todas as peregrinações, o Papa Francisco deseja expressar um gesto de proximidade a cada um de vós com a oração do Santo Rosário”, refere o texto divulgado pelo Vaticano.
A iniciativa vai ter representações das pessoas atingidas pela pandemia de Covid-19: médicos, enfermeiros, doentes curados, famílias em luto, capelães, farmacêuticos, jornalistas e voluntários, bem como uma família que acaba de ter um filho, símbolo da esperança.
Além de Fátima, vão estar ligados ao Vaticano, entre outros, os santuários de Lourdes (França), Lujan (Argentina), Guadalupe (México), Elele (Nigéria), San Giovanni Rotondo e Pompeia (Itália) ou o da Imaculada Conceição em Washington (EUA).
OC

domingo, 24 de maio de 2020

'Laudato si' cinco anos depois



Ano Especial dedicado à Encíclica 'Laudato si'
 Isabella Piro/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

No próximo domingo, 24 de maio, com a “oração comum pela terra e a humanidade”, terá início o Ano Especial dedicado à Encíclica Laudato si'. Promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, será marcado por vários encontros para aprofundar o tema da ecologia integral.

A ecologia integral se torne um novo paradigma da justiça, porque a natureza não é uma “mera moldura” da vida humana: este é o coração da segunda Encíclica do Papa Francisco, “Laudato si’, sobre o cuidado da Casa comum”.
Assinada pelo Pontífice em 24 de maio de 2015, Solenidade de Pentecostes, e divulgada em 18 de junho do mesmo ano, o documento está no centro, até o próximo domingo, da “Semana” especial que comemora seu quinto aniversário. Dividida em seis capítulos, a Encíclica, que tem o título da invocação de São Francisco de Assis no “Cântico das criaturas”, reúne, na ótica da colegialidade, várias reflexões das Conferências Episcopais do mundo e tem como conclusão duas orações, uma inter-religiosa e uma cristã, pela proteção da Criação.

sábado, 23 de maio de 2020

    DOMINGO VII DA PÁSCOA
 Solenidade da Ascensão do Senhor 

Nas leituras de hoje continuamos a celebrar o grande dia de Páscoa, que iniciámos a 12 de abril, a quando da festa da Ressurreição de Jesus. É como se se tratasse de um só dia, que culminará com a festa que, se Deus quiser, celebraremos no próximo domingo. Hoje centramo-nos na Ascensão do Senhor, para a qual Jesus nos tem vindo a preparar desde a Sua Ressurreição até hoje, deixando-nos as Suas instruções e recomendações finais. Na solenidade da Ascensão celebramos a partida de Jesus para o Pai. Do Céu saiu, para lá volta, e para aí nos atrai, através da ação do Espírito Santo, que nos move a fazer o bem, a testemunhar a presença de Jesus entre nós, a anunciá-l’O onde nos movemos e existimos. Sim, porque Jesus não nos deixou sós, continua vivo e atuante em cada um de nós, no meio de nós.


Na 1ªleitura (Atos 1, 1-11) o autor projeta-nos para a Ascensão de Jesus ao Céu. Ao mesmo tempo, desafia-nos a, sobre a ação do Espírito Santo, continuarmos, hoje, no nosso tempo, a ação evangelizadora dos primeiros cristãos, dos que conheceram e conviveram com Jesus, o Filho de Deus, que encarnou entre nós. Deixemos que o Espírito Santo, que recebemos no dia do nosso batismo, nos preencha por inteiro e nos transforme, no nosso dia a dia, no concreto da vida, em verdadeiros anunciadores da Boa Nova do Amor, que quer comunicar-se, revelar-se, amar a todos, sem exceção.
“No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».”


Na 2ªleitura  (Ef 1, 17-23) S.Paulo exorta-nos a glorificar Jesus e a contemplar, na Sua Ascensão, a volta da humanidade para o Pai.
“Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.

No evangelho (Mt 28, 16-20) S.Lucas propõe-nos, tal como na 1ªleitura, a continuação do anúncio do Evangelho de Nossos Senhor Jesus Cristo, hoje, no nosso tempo e na nossa história, em Igreja. Com a certeza de que, apesar de subir para o Pai, Jesus continua connosco, no meio da humanidade inteira, agora, já não de forma física, mas de um modo diferente, pois sobre a ação do Espírito Santo habita-nos por inteiro. Se Lhe quisermos abrir o nosso coração será um connosco, até ao fim dos tempos.
Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».”

Senhor Jesus, que eu me deixe habitar pelo Espírito Santo, na totalidade do meu ser.

54º Dia Mundial das Comunicações Sociais

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O LIV DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

 

« “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2).
A vida faz-se história 
»

 

Desejo dedicar a Mensagem deste ano ao tema da narração, pois, para não nos perdermos, penso que precisamos de respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos. Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros.

sábado, 16 de maio de 2020

DOMINGO VI DA PÁSCOA


Neste domingo, para mim, a ligação entre as leituras é feita pelo Espírito Santo e pela Sua ação em cada um de nós. É Jesus que, de junto do Pai, nos envia o Doce Consolador e nos sustenta na caminhada da vida. O segredo, da nossa vida cristã, passa pela abertura do nosso coração a este dom de Deus e pela docilidade com que nos deixamos transformar por Ele. Abramos o nosso coração à Sua Graça e seremos verdadeiras testemunhas de Jesus ressuscitado no nosso tempo e na nossa história.


Na 1ªleitura (Atos 8, 5-8.14-17) vemos como o Espírito Santo age em Filipe que leva o anúncio de Jesus, o Messias, aos habitantes da Samaria. É na Igreja nascente, através de Pedro e João, que depois se completa a evangelização já iniciada por Filipe. O testemunho de Filipe, na sua fidelidade ao Espírito Santo, foi essencial, para que os samaritanos pudessem, também eles, aderir a Jesus Ressuscitado e receber o Espírito Santo.
“Naqueles dias, Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos paralíticos e coxos foram curados. E houve muita alegria naquela cidade. Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo, que ainda não tinha descido sobre eles: só estavam batizados em nome do Senhor Jesus. Então impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo.” 


Na 2ª leitura (1 Pedro 3, 15-18) é S.Pedro quem continua a demonstrar-nos, através do seu testemunho, o quanto o Espírito Santo pode transformar um coração. O desassombro e profundidade do anúncio de Jesus ressuscitado, que vai fazendo, é disso revelador. Hoje desafia-nos a sermos, também nós, neste nosso tempo, testemunhas do Amor de Deus, não impondo nada a ninguém, antes respeitando a natureza de cada um, mas deixando que o Espírito Santo, através de nós, junto dos que privam connosco, no dia a dia da vida, chegue ao coração dos que O buscam de verdade .
“Caríssimos: Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança. Mas seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência, para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados, sejam confundidos os que dizem mal do vosso bom procedimento em Cristo. Mais vale padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal. Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.” 


No evangelho (Jo 14, 15-21) o discurso de despedida de Jesus, que S.João nos transmite, é um tesouro precioso, pois revela-nos até onde vai o Amor de Deus por cada um de nós:”E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco”. Deixemos que o Espírito Santo nos habite por inteiro, de tal forma que possa dizer-se de nós, o que se dizia dos primeiros cristãos, “vede como eles se amam”. Só n’Ele amamos a Deus e aos irmãos.  
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele»."

Vem, Espírito Santo, habita-me, inunda o meu coração e faz de mim verdadeira testemunha do Amor de Deus.

Oração pela Vida

Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
olhai, Mãe,
para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados
pela indiferença
ou por uma suposta compaixão.
Fazei com que todos aqueles que creem
no vosso Filho
saibam anunciar com desassombro e amor
aos homens do nosso tempo
o Evangelho da vida.
Alcançai-lhes: 
a graça de O acolher
como um dom sempre novo,
a alegria de O celebrar com gratidão
em toda a sua existência,
e a coragem para O testemunhar
com laboriosa tenacidade,
para construírem,
juntamente com todos os homens
de boa vontade,
a civilização da verdade e do amor,
para louvor e glória de Deus Criador
e amante da vida.


S. João Paulo II, Evangelium Vitae, n.º 105

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Dia Mundial de oração pela humanidade, dia 14 de maio de 2020

Mural de grafite do artista Eduardo Kobra em homenagem às vítimas do coronavírus,
Itu, São Paulo  (AFP or licensors)
CMI convida a participar do Dia de Oração pela Humanidade em 14 de maio
O novo secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, rev. Ioan Sauca, convida todas as Igrejas membro da organização ecuménica a aderirem ao convite do Alto Comité para a Fraternidade Humana a participar, no dia 14 de maio, do Dia de oração, jejum e súplica pela humanidade contra o coronavírus.
Cidade do Vaticano
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) relança o convite feito pelo Alto Comité para a Fraternidade Humana a participar, no dia 14 de maio, do Dia de oração, jejum e súplica pela humanidade contra o coronavírus.
O Comité, formado em agosto passado a fim de alcançar os objetivos do “Documento sobre a Fraternidade Humana”, assinado em 4 de fevereiro de 2019 pelo Papa Francisco e pelo grão imame de Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, convida todos os líderes religiosos e fiéis do mundo a unirem-se numa súplica comum para invocar numa só voz a ajuda de Deus, para que preserve a humanidade, ajude a superar a pandemia, restitua a segurança, a estabilidade, a saúde e a prosperidade e torne o nosso mundo, terminada a pandemia, “mais humano e mais fraterno”.
O novo secretário-geral do CMI, reverendo Ioan Sauca, convida todas as Igrejas membro da organização ecuménica a aderirem à iniciativa. “Muitas pessoas estão a enfrentar medo e incerteza, traumas, separações, isolamento e até a morte nas suas famílias ou nas suas comunidades eclesiais”, escreve o bispo ortodoxo romeno. “Enfrentamos essa crise global da saúde e a unidade do mundo através da oração reflete a nossa disposição de cuidar uns dos outros”, disse ainda o rev. Sauca. “As Igrejas membro do CMI podem, nos seus próprios lugares e segundo as suas respetivas tradições, ajudar-se mutuamente, olhar para as necessidades de todos e fortalecer a nossa única família humana”, acrescenta.
No dia 3 de maio, o Papa Francisco uniu-se à iniciativa do Alto Comité para a Fraternidade Humana. “Confirmamos a importância do papel dos médicos e da pesquisa científica no enfrentamento dessa epidemia e não nos esqueçamos de recorrer a Deus Criador, nesta grave crise”, lê-se no documento divulgado em 2 de maio pelo Alto Comité para a Fraternidade Humana.
“Convidamos todas as pessoas, em todo o mundo, a voltarem-se para Deus rezando, suplicando e jejuando, cada pessoa, em todas as partes do mundo, de acordo com sua religião, fé ou doutrina, para que Ele elimine essa epidemia, nos salve dessa aflição, ajude os cientistas a encontrar um remédio que a derrote, e para que Ele liberte o mundo das consequências sanitárias, económicas e humanitárias da propagação desse contágio grave”, pede o Alto Comité para a Fraternidade Humana.

No dia 10 de maio o Papa telefonou a Trawadros II, patriarca copta ortodoxo, relata a Agência Fides. Francisco expressou "seu amor e apreço pelo Egito e pelos egípcios", afirmando unir-se em oração "pela paz mundial, sobretudo nestes dias difíceis". "No final do telefonema - continua a Agência Fides - o Papa e o patriarca copta comprometeram-se  em rezar para que "Deus tenha misericórdia do mundo e da Igreja e de todos os crentes", unindo-se assim ao Dia Mundial da Oração, jejum e obras de caridade para libertar o planeta do coronavírus, agendado para 14 de maio, numa iniciativa do Alto Comité para a Fraternidade Humana.

Papa Francisco em união com Fátima, apela à oração diária do terço.



Saúdo os ouvintes de língua portuguesa e, neste dia treze de maio, a todos encorajo a conhecer e seguir o exemplo da Virgem Maria. Para isso procuremos viver este mês com uma oração diária mais intensa e fiel, em particular rezando o terço, como recomenda a Igreja, obedecendo a um desejo repetidamente expresso em Fátima por Nossa Senhora. Sob a sua proteção, vereis que os sofrimentos e as aflições da vida vos farão menos mal.  Gostaria de aproximar-me com o coração à Diocese de Fátima, ao Santuário de Nossa Senhora, hoje. Saúdo todos os peregrinos que rezam diariamente, saúdo o cardeal bispo, saúdo todos. Todos unidos com Nossa Senhora, que nos acompanhe neste caminho de conversão diária a Jesus. Que Deus vos abençoe!
                                                                    13 de maio 2020

Queridos peregrinos de Fátima,
Por força das circunstâncias, a treze deste mês de maio, não vos será possível cumprir na forma habitual a peregrinação até à Cova da Iria. Sei, porém, que aí vos encontrais igualmente, embora apenas de alma e coração. E a razão é simples! Um filho, uma filha não se pode ver longe da mãe e clama por ela; a confiança que lhe inspira é tal, que basta a sua companhia para cessarem todos os medos e inquietações, abandonando-se a um sono tranquilo logo que se vê no regaço dela.
Com estas minhas palavras, queria apenas tran­quilizar-vos a respeito da companhia que vos faz a nossa Mãe do Céu. Hoje conseguimos, através apenas da alma e do coração, fazer a ligação à Virgem Maria; e somos limitados! Tão limitados, tão pequeninos que um inesperado vírus pôde facilmente transtornar tudo e todos… Nossa Senhora é pequenina como nós, mas abandonou-Se a Deus e Ele engrandeceu-A, fazendo-A Mãe Sua e nossa. Hoje, gloriosa em corpo e alma, toda Ela é um coração materno ocupado e preocupado em restabelecer a sua ligação connosco e a nossa ligação com Deus. Não esqueçais a sua promessa de 13 de junho de 191 7: «O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus».
A Deus, Ela confia todos e cada um de vós, desde os zeladores do Santuário de Fátima, que hoje nos personificam e representam a todos aos pés de Nossa Senhora, à semelhança do apóstolo João no Calvário – «Mulher, eis o teu filho!» (Jo 19, 26) e, pela casa dentro, entrou-Lhe todo o mundo … -, até aos doentes, pobres e abandonados, sem es­quecer os profissionais e voluntários empenhados a servi-los. Uma oração particular, peço a vós – enquanto vos asseguro a minha – pelas vítimas sem conta desta pandemia do covid-19 e todos os defuntos; a quantos se viram sozinhos na sua travessia para a eternidade, sei que a boa Mãe do Céu lhes fez companhia até Deus. Que o bom Deus vos abençoe e Nossa Senhora de Fátima vos guarde e proteja.
Roma, 8 de maio de 2020.
Franciscus

Proposta do Santuário de Fátima - Peregrino pelo Coração - Passo 10


Passo 10 – O terço todos os dias pela Paz no mundo

Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, abre-te à novidade do rosário.

Neste  maio,  Fátima  convida-te  a  seres  peregrino  pelo  coração.  Hoje, como a Lúcia, o Francisco e a Jacinta, toma a paz no mundo no teu coração.

A treze de maio, na Cova da Iria,
apareceu brilhando a Virgem Maria. Ave Maria!
Foi aos pastorinhos que a Virgem falou,
desde então nas almas nova luz brilhou. Ave Maria!
A Virgem Maria cercada de luz,
nossa mãe bendita e mãe de Jesus. Ave Maria!

13 de maio, Fátima.

Peregrino pelo coração, contempla a Senhora da luz semelhante à água cristalina atravessada pelos raios do sol. Aproxima-te da cheia de graça que reflete a luz que é Deus e bebe, pelo silêncio, a luz das suas mãos. A luz que é Deus nelas se reflete e comunica-se-te intimamente e ilumina-te a partir de dentro, permitindo-te ver-te a ti mesmo em Deus e, assim, reconheceres-te seu filho. E és filho da Mãe de Jesus, a Mulher de coração imaculado, a serva da paz, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
É pelo silêncio que te é oferecida a experiência desta luz. Desce ao teu coração e silencia, faz silêncio. No teu silêncio de peregrino pelo coração poderás experimentar a alegria deste dia, em que, há 103 anos, Nossa Senhora apareceu na Cova da Iria à Lúcia, ao Francisco e à Jacinta, os três pastorinhos de Aljustrel, que não sabiam ler nem escrever, apenas brincavam, rezavam e guardavam os rebanhos, mas viram Nossa Senhora.
Não pudeste vir a Fátima, neste maio fechado, mas pelo silêncio abre-se o teu coração para a verdadeira alegria que Fátima oferece: a alegria do encontro com Aquele que nos ama e nos chama à conversão, pela voz de Maria.
Escuta como Lúcia conta o fim da aparição de maio:

Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.»

«25Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.»

Temos Mãe. Temos Mãe! Assim disse e repetiu o Papa Francisco quando veio a Fátima, em 13 de maio de 2017, para assinalar o centenário das aparições e canonizar Francisco e Jacinta, «duas candeias que Deus acendeu para alumiar o mundo nas horas sombrias e inquietas», como dissera São João Paulo II, na sua beatificação. Nesta hora sombria e inquieta para a humanidade, o pedido a rezar o terço para alcançar a paz para o mundo assume um significado particular. A paz, em sentido bíblico e teológico, não é apenas a ausência de guerra. É a plenitude dos bens de Deus, a sua bênção. Quando uma pandemia, como a que neste momento o mundo conhece, traz consigo o crescer da pobreza e da miséria a nível local como global, como se anuncia, a história ensina que a convergência destes fatores potencia o crescer dos conflitos entre os homens, entre nações e dentro das nações, na sociedade como nas famílias, e dentro dos próprios corações.
É hora de rezarmos o terço, para alcançarmos a paz para o mundo. Quem o pede é Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que já contemplámos, nesta peregrinação pelo coração, quando ousámos franquear os umbrais do mistério do sofrimento e dos sofrimentos do homem e de Deus; contemplámo-la como a Mãe que bebeu as palavras do sentido da boca do Filho inocente agonizante, de pé junto à Cruz, como em Fátima compadecida pela humanidade em guerra. A prática do rosário a que Fátima nos convida é aquela que, da repetição corrida do ave-maria- santa-maria dos tempos anteriores às aparições, evolui para a oração do rosário assente na contemplação silenciosa dos mistérios de Cristo, de que é exemplo a preferência pela oração solitária, mesmo do terço, do Francisco. E também os escritos de Lúcia, ao longo dos anos, foram justificando esta opção. Ela escreve no livro “Como vejo a Mensagem através dos tempos e dos acontecimentos”:

Assim, a celeste Mensageira se eleva ao Céu mandando-nos rezar o terço todos os dias […]. Escolheu a oração do terço […], a que mais nos leva, logo no seu início, a mergulhar e a viver os principais mistérios de Deus e da Sua obra Redentora, efetuada por Jesus Cristo, nosso Salvador.»

Meu Deus, és o habitante íntimo do meu coração
e chamas-me a abrir este maio fechado, a tornar-me peregrino pelo coração
para aí me encontrar contigo.
Santíssima Trindade, adoro-te profundamente.
Meu Deus, meu Deus eu te amo no Santíssimo Sacramento. Dá-me a oração do silêncio, oração do coração silencioso. 
Dá-me a oração dos simples e pequeninos.
Ó Trindade, ó Pão do Céu, és a minha fonte e o meu caminho.
Adoro-te. Amo-te.
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-te.
Peço-te perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não te amam.
Conduz-me todos os dias, peregrino pelo coração que sou e quero ser cada dia,
pela prática do silêncio, à adoração e ao amor; aumenta a minha fé e a minha esperança.
Sou peregrino pelo coração e faço-me contemplativo dos mistérios do Rosário para alcançar a paz para o mundo.
Peregrino pelo coração, contemplo o coração da tua mãe, minha mãe, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Quero honrar cada dia o nome com que se apresentou na Cova da Iria
e rezar o terço, contemplando no silêncio do coração
os mistérios da vida, morte e ressurreição de Jesus e de sua Mãe nele.
Rezarei no seu coração, porque no seu coração imaculado, cheio da graça da tua presença, é onde tu
mais profundamente te ofereces ao meu coração.
E, neste maio longe da capelinha, peregrino pelo coração para sempre:
sei que no coração imaculado da Mãe
ouvirei sempre o bater misericordioso do teu coração. Ámen.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen.

Mãe do céu, está atenta à voz das súplicas do mundo em tribulação. Atende o grito dos pobres e dos doentes, dá conforto e esperança a todos os que sofrem, dá força e compaixão a todos os que cuidam e trabalham. Dá a paz ao mundo. No teu imaculado coração, sê, para todos os teus filhos, refúgio e caminho para Deus.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós.
São Francisco e Santa Jacinta Marto, rogai por nós.

Neste dia 13 de maio, no termo desta peregrinação pelo coração, o Santuário de Fátima convida-te a uma breve reflexão: os limites deste maio fechado obrigaram-te, este ano, a seres peregrino pelo coração e poderá ser fácil a tentação de pensar que esta, uma opção ditada pelas circunstâncias, seja apenas uma alternativa, um remedeio para substituir a peregrinação no modo habitual tornada impossível. Esta peregrinação pelo coração não é em vez da peregrinação normal, aquela que se faz, mais distância, menos distância, mais dias, menos dias, percorrendo com os próprios pés as estradas de Portugal e atravessando as suas cidades, exposto aos perigos do caminho e às inclemências do tempo. Não. Esta peregrinação pelo coração é o lado de dentro dessa experiência peregrinante, feita em grupo ou solitariamente. Toda a peregrinação torna-se de facto peregrinação se tiver a animar o interior do itinerário percorrido a atitude do peregrino pelo coração que, este ano, foste levado a aprofundar, impedido da dimensão física e territorial.
Esta procura – ser peregrino pelo coração –, que é o essencial em qualquer peregrinação, pode perder-se, ou tornar-se difícil, quando peregrinas fisicamente pelo espaço, se não te guardas das distrações do caminho, das conversas dos companheiros, do cansaço excessivo, sem chegares a concentrar o teu coração na busca de Deus, na procura de o escutar, caminhando na sua presença pelo silêncio do coração. Pode ser que este maio estranho, em que é impossível peregrinar como habitualmente, acabe por nos fazer o grande dom de redescobrir e revalorizar o que é essencial no ato de peregrinar: que cada peregrino o seja pelo coração. Mesmo não podendo fazeres-te ao caminho, podes sempre ser peregrino pelo coração, e a peregrinação cumpre-se como tal. Em contrapartida, pode acontecer que te metas ao caminho e te estafes a caminhar, sem procurares ser peregrino pelo coração; nesse caso, não cumpriste uma peregrinação.
Os dias fechados deste maio inimaginável trouxeram-te a oportunidade de viveres, porventura, o mais extraordinário dos maios da tua vida, o mais interior, talvez o mais profundamente refletido, talvez o mais orante, quem sabe o mais autêntico! Pode ter acontecido que tenhas ido mais longe na consciência do que significa peregrinar verdadeiramente. Pode acontecer que desejes passar a peregrinar procurando ir mais longe na experiência espiritual da peregrinação. Poderá acontecer que queiras, então, ir mais longe no aperfeiçoamento da tua condição de peregrino pelo coração quando vens a Fátima a pé, ou sem ser a pé, em maio, ou quando quer que seja. Nessa altura, o Santuário, que este ano te chamou e te acompanhou ao longos de dez dias deste maio – afinal um maio de graça – nesta peregrinação interior, estará disponível para te ajudar de todos os modos possíveis para que cada tua peregrinação a Fátima seja em verdade a experiência de peregrinares como peregrino pelo coração.
Como ontem nos despedíamos, Nossa Senhora vela por ti e conduz a tua sede à fonte, a tua procura ao caminho, a adoração e o amor a Deus, na luz que se reflete nas suas mãos e te envolve e comunica intimamente. Peregrino pelo coração, reza o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo. Até sempre.