QUARESMA PASSO A PASSO - 2023
Sábado II – dia 16 –11/03/2023
EVANGELHO Lc 15, 1-3.11-32
«O teu irmão estava morto e voltou à vida»
«Jesus — observou o Pontífice — repete
muitas vezes a palavra “hipócrita” aos rígidos e a quantos assumem uma atitude
de rigidez em cumprir a lei, que não têm a liberdade do filho: sentem que a lei
se deve fazer assim e são escravos da lei». Mas «a lei não foi feita para nos
tornar escravos, mas para nos tornar livres, filhos» explicou Francisco. E
São Paulo «pregou muito sobre isto; e Jesus, com poucas pregações, mas muitos
factos, fez-nos compreender esta realidade».
«Hipócritas», recordou o Papa, é uma palavra que «muitas vezes Jesus repete às pessoas rígidas, porque por detrás da rigidez há sempre outra coisa». Por esta razão «Jesus diz “hipócritas!”: por detrás da rigidez há algo escondido na vida de uma pessoa». Com efeito, «a rigidez não é um dom de Deus; a mansidão sim; a bondade sim; a benevolência sim; o perdão sim, mas a rigidez não!».
"Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de
Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si,
dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes
então a seguinte parábola: «Certo homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao
pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos
filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres,
partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida
dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou
a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra,
que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome
com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em
si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a
morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei
contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me
como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda
ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe
ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu
e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos:
‘Trazei depressa a túnica mais bela e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos,
porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi
reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo.
Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou
um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu
irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque chegou são e salvo’.
Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com
ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, sem nunca
transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com
os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus
bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai:
‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer
uma festa e alegrar-nos, porque o teu irmão estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi reencontrado’»."
Para esclarecer melhor o seu
raciocínio, o Papa repropôs a história dos «dois filhos da parábola do filho
pródigo» narrada por Lucas no seu Evangelho (15, 11-32). «O filho mais velho
era bom», a ponto que «todos os vizinhos, todos os amigos do pai» diziam: «Que
bom este filho, faz sempre o que o pai lhe diz!». Mas depois nos seus
comentários acrescentavam: «Pobre pai com o segundo filho que foi uma
catástrofe, foi-se embora com o dinheiro e leva uma vida impura, uma vida de
pecador!».
Contudo, no
final, a história «inverte-se e aquele pecador, que se foi embora, dá-se conta
que se comportou mal e volta, pede perdão e o pai faz festa». Ao contrário, o
filho «bom» está ali e mostra o que está por detrás da sua bondade». Ou seja,
«a soberba de se julgar justo: “a ele faz-lhe festa, que é deste jeito, e a
mim, que sou tão bom, que sempre te servi, não me fazes festa?”».
Eis, explicou
Francisco, a atitude do «hipócrita: por detrás de fazer o bem, há soberba». Por
sua vez, o filho pródigo, «sabia que tinha um pai e no momento mais difícil da
sua vida foi ter com o pai». O filho mais velho, ao contrário, «compreendia
apenas que o pai era patrão, mas nunca o tinha sentido como pai: era rígido,
caminhava na lei com rigidez». Mais ainda: o filho pródigo «deixou a lei de
lado, e foi-se embora sem a lei, contra a lei, mas a um dado momento pensou no
pai, voltou e foi perdoado».
«Não é fácil
caminhar na lei do Senhor sem cair na rigidez — disse o Pontífice — mas os
rígidos, como já disse, sofrem muito». (...)
Em conclusão, o Pontífice convidou a rezar «pelos nossos irmãos e irmãs que pensam que caminhar na lei do Senhor significa tornar-se rígidos: o Senhor lhes faça sentir que é pai e que gosta da misericórdia, da ternura, da bondade, da mansidão, da humildade». E «a todos nos ensine a caminhar na lei do Senhor com estas atitudes».
Avé-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.
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