domingo, 31 de janeiro de 2021

Meditar uma pequena passagem em cada dia

Francisco: "A Palavra de Deus é a carta de amor escrita para nós"

Jane Nogara - Vatican News

A Solenidade deste 2º Domingo da Palavra de Deus,  24 de janeiro, não foi presidida pelo Papa Francisco por causa de uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida por Dom Rino Fisichella. 

Na sua homilia Francisco destaca que neste Domingo da Palavra, ouvimos Jesus anunciar o Reino de Deus e o texto desenvolve-se em dois tópicos: Vejamos o que diz e a quem o diz.

O que diz. Jesus começa a pregar assim: ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo’. Deus está perto: é a primeira mensagem”. “O tempo da distância acabou, quando Se fez homem em Jesus. Desde então, Deus está muito perto, nunca Se separará nem Se cansará da nossa humanidade”. “Antes de qualquer palavra nossa sobre Deus, está a sua Palavra para nós, que continua a dizer-nos: ‘Não tenhas medo, estou contigo. Estou perto de ti e continuarei a estar’.

“A Palavra de Deus permite-nos tocar com a mão esta proximidade, já que ela não está longe de nós, antes está muito perto do nosso coração. É o antídoto contra o medo de enfrentar a vida sozinho”

Palavra de conversão

“Com efeito o Senhor, através da sua Palavra, con-sola, isto é, permanece com quem está . Falando connosco, lembra-nos que estamos no seu coração, somos preciosos a seus olhos, estamos guardados na palma das suas mãos. A Palavra de Deus infunde esta paz, mas não deixa em paz. É Palavra de consolação, mas também de conversão.

"Convertei-vos”: acrescenta Jesus imediatamente depois de ter proclamado a proximidade de Deus, porque com a sua proximidade acabou o tempo de deixarmos à distância Deus e os outros, acabou o tempo em que cada um só pensa em si e avança por conta própria.”

Isto não é cristão, porque a pessoa que experimenta a proximidade de Deus não pode colocar à distância o próximo, não pode deixá-lo distante na indiferença”.

“Assim a Palavra, semeada no terreno do nosso coração, leva-nos a semear esperança através da proximidade. Precisamente como Deus faz conosco”.

A quem fala Jesus

Na segunda parte da homilia do Papa Francisco, dom Rino Fisichella lê a quem fala Jesus.

“Dirige-Se, em primeiro lugar, a pescadores da Galileia. Eram pessoas simples, que viviam do trabalho das suas mãos labutando duramente noite e dia. Não eram especialistas na Sagrada Escritura, nem se salientavam certamente por ciência e cultura”. (…) Mas Jesus começa de lá: não do centro, mas da periferia. E fá-lo também para nos dizer que ninguém fica marginalizado no coração de Deus. Todos podem receber a sua Palavra e encontrá-Lo pessoalmente”.

“Dirige-se às pessoas nos lugares e momentos mais comuns. Tal é a força universal da Palavra de Deus, que alcança a todos em cada uma das áreas da sua vida”

“Mas a Palavra também tem uma força individual, isto é, incide sobre cada um de maneira direta, pessoal”.

Jesus “não os atrai com discursos elevados e inacessíveis, mas fala às suas vidas: a pescadores de peixes diz que serão pescadores de homens”. “Jesus chama-os partindo da sua vida: ‘Sois pescadores, tornar-vos-eis pescadores de homens’”.

“É assim que o Senhor procede conosco: procura-nos onde estamos, ama-nos como somos e, pacientemente, acompanha os nossos passos”

Concluindo a sua homilia Francisco escreveu:

“Por isso, queridos irmãos e irmãs, não renunciamos à Palavra de Deus. É a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a Sua voz, vislumbramos o Seu rosto, recebemos o Seu Espírito”.

E aconselhou:

“Coloquemos o Evangelho num lugar onde nos lembremos de o abrir diariamente, talvez no começo e no fim do dia, de tal modo que, no meio de tantas palavras que chegam aos nossos ouvidos, qualquer versículo da Palavra de Deus chegue ao coração”.

“Neste Ano Litúrgico, estamos lendo o Evangelho de Marcos, o mais simples e curto. Por que não fazê-lo também em privado, meditando uma pequena passagem cada dia? Far-nos-á sentir próximo o Senhor e infundirá coragem no caminho da vida”.

sábado, 30 de janeiro de 2021

  IV DOMINGO DO TEMPO COMUM  

As leituras deste domingo falam-nos do ser “PROFETA”, dos que, sendo humanos escutam Deus, O anunciam, d’Ele vivem e dão testemunho no meio do povo. Levam-nos também a escutar Aquele que é o verdadeiro Profeta, o Único, o Filho de Deus, Jesus Cristo. 

Na 1ª leitura (Deut 18, 15-20) fixamo-nos em Moisés. Procuramos escutá-lo e percebemos que o Senhor colocou as Suas palavras na boca do profeta, que foi fiel ao transmiti-las ao povo. Escutemos também nós, hoje em dia, aqueles que verdadeiramente vivem de Deus e nos transmitem a Sua Palavra, os que pelos seus gestos e atitudes testemunham Jesus, vivo e ressuscitado no meio de nós.

«O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’»

Na 2ª leitura (1 Cor 7, 32-35) somos alertados para a necessidade de vivermos de Deus, independentemente do estado civil de cada um, solteiros, viúvos, ou casados, todos somos chamados a viver de Deus e a dar testemunho do Seu Amor, cada um ao seu jeito.

Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.”

No Evangelho (Mc 1, 21-28) vemos Jesus, o profeta por excelência, em ação, as Suas palavras e obras revelam-nos o Amor de Deus por cada ser, por cada um de nós. Jesus, que está sempre connosco, fala com autoridade, liberta, transforma e dá vida, escuta os nossos pedidos, dores e sofrimentos, ama infinitamente e dá-Se continuamente. Escutemo-l'O de coração sincero e deixemos que nos habite na totalidade do nosso ser.

«Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.»

Vem Senhor Jesus, habita-me e faz de mim uma contigo.

sábado, 23 de janeiro de 2021

  III DOMINGO DO TEMPO COMUM 

Foi, há cerca de um ano, que o Papa Francisco estabeleceu que o III Domingo fosse dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus. Graças ao Senhor, mesmo com a suspensão da presença dos fiéis leigos nas eucaristias, devido à situação catastrófica que o nosso país atravessa atualmente, temos ao nosso alcance uma panóplia de meios audiovisuais, digitais, escritos e outros, que nos permitem  estar em comunhão, enquanto Povo de Deus, à escuta da Palavra do Senhor. Assim o nosso coração se disponha, no mais íntimo do nosso ser, a escutar o que Ele tem para nos dizer hoje. Uma certeza eu tenho, por mais difíceis que sejam as situações que cada um de nós está a viver, pelas quais possa estar a passar, Deus está connosco, quer encontrar-Se com cada um no mais profundo de si mesmo, em todo e qualquer lugar. Que nada nos separe deste Amor sem fim.

Portugal, raramente anda nos primeiros lugares da Europa, mas francamente sermos o país com o maior número de mortos e de infetados da Europa, por cada mil habitantes… este pódio nós não queremos… O coração está mesmo apertadinho. Salva-nos, Senhor!

Nas leituras de hoje, o Senhor continua a chamar-nos e a apelar ao arrependimento e à conversão de coração. Respondamos ao Seu apelo e entreguemo-nos a Ele, cheios de confiança e esperança. Deixemo-nos inundar, repassar pelo Seu Amor. Foi assim que fizeram os primeiros discípulos. Sigamos os seus passos.

Na1ªleitura de hoje  (Jonas 3, 1-5.10) o Senhor chama Jonas e envia-o a pregar aos ninivitas, apelando à sua conversão. E todos, do rei, ao meu humilde dos habitantes de Nínive, se converteram e pediram perdão a Deus pelos pecados cometidos. E, como consequência desta resposta à pregação do profeta, Deus manifestou o Seu Amor pelo povo. O apelo de Jonas também nos é feito a nós, homens deste mundo e deste tempo. Convertamo-nos de coração e alma, deixemo-nos “cativar” por Ele e nunca esqueçamos que é imensa a alegria de Deus quando um pecador se converte. Foi Jesus quem o disse e Ele conhecia bem o Pai.

“A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar, dizendo: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.”


A 2ªleitura (1 Cor 7, 29-31) parece escrita diretamente para estes tempos pandémicos que estamos a viver. Na verdade, se há algo que, hoje, é claro para mim, é que não há grandes certezas em relação às mutações deste vírus. Adapta-se de uma maneira tal às condições em que vivemos, que a ciência e a tecnologia, que têm evoluído tanto ultimamente, muitas vezes, senão quase sempre, são praticamente ultrapassadas. Ninguém é detentor de certezas, nem mesmo os que afirmam “verdades absolutas” que, quase logo, são desmentidas pela evolução dos acontecimentos. Verdadeiramente, como diz S.Paulo, o tempo é breve, o cenário deste mundo é passageiro. Absoluto, total mesmo, só o Amor infinito de Deus por cada um de nós. Confiemo-nos a Ele.

“O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro.”

No evangelho (Mc 1, 14-20) Jesus anuncia que o reino de Deus já chegou, está entre nós, e que o caminho para nele participar é a conversão e o arrependimento. Abramos-Lhe o nosso coração. Deixemo-nos amar por Ele, na totalidade do nosso ser e depois, façamos como os primeiros discípulos, sigamo-L’O.

“Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.”

Senhor, tem compaixão de mim, que sou pecadora. Inunda-me com o Teu Amor, para que seja Tua testemunha junto dos que comigo convivem, ou se cruzam nos caminhos da vida.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Semana de Oração pela Unidade entre Cristãos - Ecclesia

 Ecumenismo: Papa apela à «unidade» entre cristãos, evocando semana de oração

Jan 17, 2021 - 11:49

Iniciativa decorre de 18 a 25 de janeiro, unindo milhões de pessoas


Cidade do Vaticano, 17 jan 2021 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje no Vaticano a “importante” Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que vai decorrer em muitos países, incluindo Portugal, de 18 a 25 de janeiro.

“Rezemos juntos, nestes dias, para que se cumpra o desejo de Jesus: que todos sejam só uma coisa, a unidade, que é sempre superior ao conflito”, disse Francisco, no final da recitação do Ângelus, na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.

A intervenção assinalou também a jornada para o aprofundamento do diálogo entre católicos e judeus, que se celebra hoje na Itália.

“Alegro-me com esta iniciativa, que acontece há mais de 30 anos, e desejo que dê abundantes frutos de fraternidade e de colaboração”, referiu o pontífice.

O Papa vai presidir, a 25 de janeiro, à recitação das Vésperas na Basílica de São Paulo fora de muros (Roma), com representantes das Igrejas e comunidades cristãs presentes na capital italiana.

No último dia 20 de outubro, Francisco participou num encontro ecuménico pela paz, promovido pela comunidade católica de Santo Egídio, pedindo que os cristãos sejam “unidos, mais fraternos”, rejeitando a indiferença perante quem sofre.

A proposta de reflexão que vai mobilizar este ano milhões de cristãos, na Semana de Oração pela Unidade, é este ano elaborada pelas monjas da comunidade ecuménica de Grandchamp, na Suíça.

“Permanecendo em Cristo, a fonte de todo amor, o fruto da comunhão cresce: comunhão com Cristo exige comunhão com os outros. Quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos afastamos uns dos outros; quanto mais nos afastamos uns dos outros, mais longe de Deus vamos ficando”, assinala o guia do ‘Oitavário pela unidade da Igreja’.

A proposta refere que “pode ser um desafio” procurar a proximidade com outros, “viver juntos em comunidade”, com pessoas, às vezes, “bem diferentes”, mas as divisões entre cristãos, “que se afastam uns dos outros, são um escândalo, porque afastam também de Deus”.

Muitos cristãos, movidos pela tristeza dessa situação, rezam ferventemente a Deus pela restauração daquela unidade pela qual Jesus orou. A oração de Jesus pela unidade é um convite para voltarmos a ele e assim ficarmos mais próximos uns dos outros, alegrando-nos com a riqueza da nossa diversidade”.

O guião do oitavário 2021 sustenta que espiritualidade e solidariedade “estão inseparavelmente ligadas” e através da solidariedade “com aqueles que sofrem” os cristãos vão permitir que “o amor de Cristo circule” através de si.

“Permanecendo em Cristo recebemos a força e a sabedoria para agir contra as estruturas de injustiça e opressão, para nos reconhecer por completo como irmãos e irmãs na humanidade, e para sermos criadores de um novo modo de vida, com respeito e comunhão para toda a criação”, acrescentam as monjas.


A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2021 tem como tema ‘Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos’, uma passagem do Evangelho de São João, apelando à “reconciliação e unidade na Igreja e na família humana”.

O guia contextualiza que, na década de 1930, um grupo de mulheres “redescobriu a importância do silêncio na escuta da Palavra de Deus” e, ao mesmo tempo, “reviveu a prática de retiros espirituais para alimentar a sua vida de fé”.

Atualmente, a Comunidade Monástica de Grandchamp, perto do Lago Neuchâtel, tem 50 irmãs de diferentes gerações, tradições eclesiais, países e continentes, com visitantes e voluntários que as procuram para um “tempo de retiro, silêncio, cura e em busca de sentido de vida”.

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do presbítero anglicano norte-americano Paul Wattson que mais tarde se converteu ao catolicismo.

Ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades que favorecem o regresso à unidade dos cristãos; as principais divisões entre as Igrejas Cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia – Igreja Copta, do Egito, entre outras; no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente – Igrejas Ortodoxas -; no século XVI, com a Reforma Protestante e depois a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

OC

sábado, 16 de janeiro de 2021

 II DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo desafiam-nos a escutar Deus, que chama cada um pelo seu nome e Se dá a conhecer a todo o que lhe abre o seu coração. Deus fala-nos através da Sua Palavra, por meio dos que connosco convivem no dia a dia da vida, nas diferentes situações com que nos vamos confrontando na labuta diária e em todos os momentos de cada dia. Deus nunca Se afasta de nós e acompanha-nos sempre, mesmo durante esta pandemia que parece ter aumentado ultimamente a sua força de contágio e de morte de uma forma tão rápida e intensa e ao mesmo tempo tão diversificada nas sua mutações. Que o nosso coração se abra sempre à “voz” de Deus, mas mais ainda nestes tempos tão conturbados.


Na 1ªleitura (1 Sam 3, 3b-10.19) Samuel escuta o chamamento do Senhor. Primeiro não O reconhece, mas depois, com a ajuda de Heli, identifica Aquele que o chama. E a partir deste primeiro encontro Samuel entrega-se todo a Deus, primeiro como a criança que era, mas depois, enquanto adulto, vai crescendo na comunhão como o Senhor. O segredo está na disponibilidade de coração com que ouvimos o chamamento do Senhor e respondemos ao Seu convite para vivermos em comunhão com Ele. O Senhor continua a chamar. Abramos o nosso coração à “voz” de Deus.

“Naqueles dias, Samuel dormia no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.”

Na 2ªleitura (1 Cor 6, 13c-15a.17-20) S. Paulo relembra-nos que, pelo Batismo, passamos a ser templo do Espírito Santo, que vem habitar-nos. Que o Senhor nos purifique com o fogo do Seu Amor. 

“Irmãos: O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito. Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo; mas o que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo.”


No evangelho (Jo 1, 35-42) por um lado maravilhamo-nos com a forma como Deus se nos revela e chama os que aceitam o seu convite a participar no anúncio do Reino. Por outro lado, percebemos que o Espírito Santo atua realmente, pois André, um dos primeiro a seguir Jesus, anuncia o encontro com o Messias, a seu irmão Pedro. Deste anúncio do Reino, feito por André, resulta o primeiro encontro entre Jesus e Pedro. A força do Amor comunicado naquele  momento deve ter sido de tal intensidade, que Pedro todo se Lhe entregou a partir daquela altura. Realmente a importância do anúncio de André a Pedro ressalta nesta leitura. Como alguém observou: “E se André não tivesse dito nada a Pedro?” …  Que, como Santo André, saibamos também (cada um ao seu jeito, claro) ser anunciadores do Amor infinito de Deus por cada um de nós, junto dos que o Senhor coloca no nosso caminho.

“Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.”


O meu muito obrigada a todos os que, de uma forma ou de outra, me anunciaram o Reino de Deus. Agradeço ainda a todos os que me guiaram e aos que me continuam a orientar no caminho para Ti, meu Deus. Senhor, que sejas sempre a única força em que todos eles se apoiem.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Batismo do Senhor

A liturgia inicia o tempo comum, após as celebrações do Natal, com o batismo de Jesus. Depois de festejarmos o nascimento do Menino Deus confirmamos a nossa fé ao contemplarmos o mistério do Batismo do Filho de Deus. Já era santo e imaculado pela sua condição divina, mas quis assumir, na totalidade, a sua condição humana e, por isso, submeteu-se ao batismo de João Batista, tal como qualquer judeu do seu tempo. E nós beneficiamos desse seu ato de amor, porque, a partir desse momento, n'Ele os céus se abriram e restabeleceu-se a Aliança do Pai com esta humanidade de ontem, de hoje e de sempre. O menino do presépio é agora um jovem e n'Ele Deus continua a manifestar o seu profundo Amor por cada um de nós, seus filhos no Filho. N'Ele Deus vai-se-nos revelando.

Na 1ªleitura (Is 42, 1-4.6-7) o profeta projeta-nos para evangelho, mais especificamente, para Aquele sobre quem repousa o Espírito de Deus, para que Ele seja portador da Boa Nova da salvação a toda a Terra, d’Ele dizendo: ”tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas”. Que o Senhor a todos nos salve e proteja.

“Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».”

Na 2ªleitura (Atos 10, 34-38) é S.Pedro quem nos situa no batismo de Jesus e, ao mesmo tempo, nos torna presente o nosso próprio batismo, em que, por Jesus, também cada um de nós recebeu o Espírito Santo, tornando-se assim parte da família dos filhos de Deus, de qualquer tempo e de qualquer espaço. Em e por Jesus todos podemos fazer parte da Igreja, independentemente da raça, da nacionalidade, da idade… todos os que quiserem abrir o coração à ação do Espírito de Deus. Como diz S.Pedro, Deus não faz aceção de pessoas, ama a todos e a cada um, infinitamente.

“Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz aceção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».”


No evangelho (Mc 1, 7-11) o mistério do Filho de Deus incarnado manifesta-se perante nós: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus a minha complacência». Que mistério de Amor tão profundo é este, em que Deus se enamora da Sua criatura e a quem Jesus, por Amor todo Se dá: Ele tornou-Se solidário com os homens. Por isso, não receou descer à água do Batismo no meio dos pecadores, mas para os elevar à dignidade de filhos de Deus. 

E assim se inicia a vida pública de Jesus.

“Naquele tempo, João começou a pregar, dizendo: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu batizo na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo». Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele. E dos céus ouviu-se uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência».”


Senhor, que infundiste em mim o Teu Santo Espírito no dia do meu Batismo, renova no meu coração as promessas que então foram feitas pelos meus pais e padrinhos. Habita-me Senhor e converte-me a Ti.

sábado, 2 de janeiro de 2021

 SOLENIDADE DA EPIFANIA

A Igreja, liturgicamente, celebra hoje a festa, que popularmente é chamada de “Dias de Reis e comemorada nas ruas (quando não há pandemia) no dia 6 de janeiro de cada ano.

Nas leituras dominicais Deus manifesta-se-nos em Jesus, Seu amado Filho. N’Ele encontramos a Luz que nos conduz à Salvação. É a luz salvadora do Amor de Deus, por cada um de nós, por toda a humanidade, que vem ao encontro dos que O procuram e se faz presente no meio de nós.


Na 1ªleitura (Is 60, 1-6)   Isaías convida-nos a proclamar as glórias do Senhor, porque a luz chegou até nós e nos traz a verdadeira vida, na pessoa do Menino Jesus. Louvemos e demos glória a Deus, que assim manifesta o Seu amor por cada um de nós. 

Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.”

Na 2ªleitura (Ef 3, 2-3a.5-6)  S.Paulo é categórico: para Deus não há gregos, nem romanos, nem escravos, nem homens livres, nem judeus, todos somos chamados a fazer parte do projeto de Amor, que Deus tem para todos os homens, de todos os tempos. Todos somos filhos no Filho, que agora, no Menino deitado sobre as palhas da manjedoura, somos convidados a contemplar e a louvar.

“Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”


No Evangelho (Mt 2, 1-12)  , a catequese que S.Mateus nos apresenta, está cheia de sinais: o encontro; a estrela; os magos; as atitudes diante da estrela; os presentes; o caminho a seguir para procurar Jesus.  Os magos encontram Jesus. Todo aquele que se deixa guiar, por Jesus, encontra Deus nos caminhos da sua vida. A estrela simboliza Jesus, a luz que nos guia. Os magos representam todos os povos, que se deixam guiar para Deus e O procuram de coração sincero. E, como eles, somos desafiados a oferecer o que de melhor temos a Deus.

"Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.  


Senhor, que, à semelhança dos magos, eu me deixe guiar por Ti, luz da minha vida.