sábado, 30 de março de 2019

IV DOMINGO DA QUARESMA


As leituras deste quarto domingo da quaresma como que nos colocam perante o exercício da misericórdia de Deus, ontem hoje e sempre. Em Deus experimentamos o que é Amar assim perdidamente, infinitamente cada um dos Seus filhos e, ao mesmo tempo, a humanidade inteira. É Ele quem vem ao nosso encontro, quem nos procura, sempre, sempre e sempre. Ele tem a iniciativa, mas depois deixa-nos livres para n’Ele nos entregarmos de coração aberto, ou de O rejeitarmos. Podemos querer, ou não, ser amados por Deus! A opção de dizer sim, ou não, ao Amor de Deus é da nossa inteira responsabilidade. Então, ao dizermos sim, entramos na dinâmica da vivência e da comunicação do Amor de Deus a todos os que se cruzam nos nossos caminhos, ou aos que vivem connosco diariamente.


Na primeira leitura (Jos 5, 9a.10-12) “vemos” como o povo escolhido experimenta a misericórdia de Deus e celebra a Páscoa da libertação da escravidão, no Egito e a sua entrada na Terra Prometida. Também nós Senhor te damos graças e louvamos pelo teu infinito amor e te pedimos que nos libertes das nossas escravidões, do nosso pecado, e nos conduzas ao Pai. 
“Naqueles dias, disse o Senhor a Josué: «Hoje tirei de vós o opróbrio do Egipto». Os filhos de Israel acamparam em Gálgala e celebraram a Páscoa, no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos frutos da terra: pães ázimos e espigas assadas nesse mesmo dia. Quando começaram a comer dos frutos da terra, no dia seguinte à Páscoa, cessou o maná. Os filhos de Israel não voltaram a ter o maná, mas, naquele ano, já se alimentaram dos frutos da terra de Canaã.” 


Na 2ªleitura (2 Cor 5, 17-21) é S.Paulo quem nos exorta à reconciliação com Deus e com os irmãos, por e em Jesus Cristo. Deixemos que Jesus nos habite por inteiro e n’Ele a reconciliação será uma realidade. Só em Jesus tudo podemos, incluindo perdoar a quem nos faz mal. 
“Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram; tudo foi renovado. Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Na verdade, é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação. Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, Deus identificou-O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus.”


No evangelho (Lc 15, 1-3.11-32) Jesus revela-nos o quanto somos amados por Deus. O Pai está sempre pronto, de braços abertos, para nos receber, nunca desiste de nós. Andemos nós por onde andarmos, Ele está sempre à espera de que voltemos para o seu regaço, onde há lugar para todos, sejamos quantos formos. O Seu Amor por cada um de nós não acaba nunca, é infinito e sempre a “jorrar”. Partamos ao Seu encontro e abramos as portas do nosso coração de par em par, deixando Deus n’ele entrar e tudo preencher. Sendo como o filho mais novo, ou como o mais velho, ou um pouco como cada um dos dois, nada receemos, entreguemo-nos a Deus na totalidade do nosso ser e deixemo-nos amar pelo Amor, que é Ele e só Ele. 
“Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».” 


Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou a minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!”
Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29

sábado, 23 de março de 2019

III DOMINGO DA QUARESMA


Neste terceiro domingo da quaresma continuamos a caminhada de conversão, que encetámos na quarta feira de cinzas. Hoje as leituras, por um lado são um forte apelo à conversão sincera, de coração, mas por outro lado revelam-nos o imenso amor de Deus para com o pecador, que se arrepende e se deixar amar por “Aquele que é”.


Na 1ªleitura (Ex 3, 1-8a.13-15)  Moisés vai-nos revelando Deus, atento ao sofrimento do Seu povo, ou seja, às nossas súplicas e angústias. Do meio da sarça que arde, mas não se consome, Deus dá-nos a garantia de que  todo o que n’Ele confia e, se lhe entrega de verdade, será por Ele libertado da “escravidão”, seja esta de que natureza for. Só em Deus seremos realmente livres. Deixemos que Deus nos ame e Se manifeste no concreto da nossa existência, como - “Aquele que é” - Amor sem limites por cada um de nós.
“Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia. Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espetáculo: por que motivo não se consome a sarça?». O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel». Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei de responder-lhes?». Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós». Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós. Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».”


Na 2ªleitura (1 Cor 10, 1-6.10-12) é S. Paulo quem nos conduz aos caminhos do deserto e connosco faz memória do que por lá se passou. Ao refletirmos com ele, sobre todos os acontecimentos da caminhada, fica muito claro que somos todos pecadores e que ninguém é melhor do que o outro. No entanto, S.Paulo dá-nos a solução para todos os problemas: em Jesus Cristo , que é o rochedo da nossa salvação, que nos acompanha sempre, pois habita-nos, vive em nós, é possível vencer a morte, o pecado. Entreguemo-nos, na totalidade do nosso ser a Jesus, deixemo-nos guiar, conduzir por Ele, que  é o Único que nos pode dar a verdadeira Vida e arrisquemos tudo n’Ele: afinal, Deus é todo Amor e não sabe senão dar-se continuamente, por isso,  de que é que temos medo, o que é temos a perder?  
“Irmãos: Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e na nuvem e no mar, receberam todos o batismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo. Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto. Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do Anjo exterminador. Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.”


No Evangelho (Lc 13, 1-9) Jesus, depois de nos fazer um forte apelo à conversão, revela-nos a paciência, a misericórdia, o Amor de Deus. Nunca duvidemos do Seu infinito Amor, por cada um de nós, e correspondamos dando “bom fruto”. “Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano». 


Senhor, concede-me a graça da conversão a Ti. Que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor inesgotável, incomparável, infinito, por todos e cada homem em particular. 

sábado, 16 de março de 2019

II DOMINGO DA QUARESMA


Hoje, somos convidados, em especial, a deixarmo-nos transfigurar em Jesus e com Jesus, nesta caminhada quaresmal. Jesus conduz-nos e vai-nos revelando Deus, no Seu Amor infinito por cada um de nós. Tal como fez com Abraão, Deus continua a estabelecer a Sua Aliança com a humanidade neste século XXI, mas esta é uma Nova Aliança, cumprida por e em Jesus, “O Seu amado Filho, O Seu Eleito”, que nos habita e caminha connosco. Deixemo-nos “fazer” por Jesus, abramos o nosso coração a Deus Amor.


Na 1ªleitura (Gen 15, 5-12.17-18) Deus dissipa as dúvidas de Abraão, estabelecendo uma Aliança com ele, selada pelo cumprimento de um ritual comum naqueles tempos e paragens. O mais importante deste texto, para mim, é, sem dúvida, que, contra todas as aparências e algumas evidências, Abraão confia plenamente no Senhor, na Sua promessa de descendência e entrega-se-Lhe de coração. Façamos como Abraão, confiemos em Deus, acreditemos que o Senhor só quer o melhor para nós, ainda que objetivamente nos possa parecer precisamente o contrário. Abramos o nosso coração a Deus e deixemos que nos habite, na totalidade do que somos e temos. 
“Naqueles dias, Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar». E acrescentou: «Assim será a tua descendência». Abrão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça. Disse-lhe Deus: «Eu sou o Senhor que te mandou sair de Ur dos caldeus, para te dar a posse desta terra». Abrão perguntou: «Senhor, meu Deus, como saberei que a vou possuir?». O Senhor respondeu-lhe: «Toma uma vitela de três anos, uma cabra de três anos e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho». Abrão foi buscar todos esses animais, cortou-os ao meio e pôs cada metade em frente da outra metade; mas não cortou as aves. Os abutres desceram sobre os cadáveres, mas Abrão pô-los em fuga. Ao pôr do sol, apoderou-se de Abrão um sono profundo, enquanto o assaltava um grande e escuro terror. Quando o sol desapareceu e caíram as trevas, um brasido fumegante e um archote de fogo passaram entre os animais cortados. Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abrão uma aliança, dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio Eufrates».”


Na 2ªleitura S.Paulo (Filip 3, 17 – 4,1) apela à nossa conversão contínua, pede-nos para permanecermos firmes no Senhor. Acedamos ao pedido de Paulo neste tempo de preparação para a celebração festiva da Páscoa.  
“Irmãos: Sede meus imitadores e ponde os olhos naqueles que procedem segundo o modelo que tendes em nós. Porque há muitos, de quem tenho falado várias vezes e agora falo a chorar, que procedem como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre, orgulham-se da sua vergonha e só apreciam as coisas terrenas. Mas a nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo. Portanto, meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor.”


No Evangelho (Lc 9, 28b-36) Jesus conduz-nos ao cimo do monte Tabor e aí, primeiro do que tudo, entra em comunhão com o pai, por meio da oração. Num ambiente de intimidade total com Deus Pai, em oração, mostra-nos a Sua Glória, revela-nos o quanto é amado por Deus e como n’Ele todos somos amados pelo Senhor. É como que uma experiência, por antecipação do que será a Festa da Ressurreição. Que Jesus, na certeza do que virá depois, isto é, da Sua vitória sobre a Morte, nos ajude a superar as dificuldades do percurso quaresmal. 
“Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.”


Jesus, meu Senhor e meu Deus, eu creio em Ti, eu creio que és o Filho de Deus Vivo, mas aumenta a minha pouca fé.

domingo, 10 de março de 2019

Uma Santa Quaresma!



I DOMINGO DA QUARESMA


Hoje, no Primeiro Domingo da Quaresma, somos convidados a fazer um tempo de deserto e conversão (ao longo de 40 dias). É o tempo favorável para uma maior comunhão, para uma intimidade profunda com o Senhor, pois só n’Ele conseguiremos resistir às  diversas tentações (poder, ambição, materialismo, hedonismo, consumo desenfreado e imediato, individualismo, indiferença, egoísmo, orgulho, ... ) com que nos confrontamos no dia a dia da vida. Que o Espírito Santo nos ilumine com a Sua luz e nos oriente nas nossas escolhas e decisões.


Na 1ª leitura (Deut 26, 4-10) é-nos feito, por Moisés, o desafio a colocarmos tudo na mãos de Deus, a começar pelos primeiros frutos.  Ao reconhecermos como o Senhor tem estado sempre connosco, ao refletirmos sobre a forma como Ele tem conduzido a história da nossa vida, só podemos prostrarmo-nos e adorá-l’O como o Verdadeiro, o Único Senhor, O que nos ama infinitamente. Louvado sejas Senhor, hoje, sempre e por toda a eternidade. 
Moisés falou ao povo, dizendo: «O sacerdote receberá da tua mão as primícias dos frutos da terra e colocá-las-á diante do altar do Senhor teu Deus. E diante do Senhor teu Deus, dirás as seguintes palavras: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egipto com poucas pessoas, e aí viveu como estrangeiro até se tornar uma nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios maltrataram-nos, oprimiram-nos e sujeitaram-nos a dura escravidão. Então invocámos o Senhor Deus dos nossos pais e o Senhor ouviu a nossa voz, viu a nossa miséria, o nosso sofrimento e a opressão que nos dominava. O Senhor fez-nos sair do Egipto com mão poderosa e braço estendido, espalhando um grande terror e realizando sinais e prodígios. Conduziu-nos a este lugar e deu-nos esta terra, uma terra onde corre leite e mel. E agora venho trazer-Vos as primícias dos frutos da terra que me destes, Senhor’. Então colocarás diante do Senhor teu Deus as primícias dos frutos da terra e te prostrarás diante do Senhor teu Deus».”


Na 2ªleitura (Rom 10, 8-13)  S. Paulo ajuda-nos a iniciar este caminho quaresmal ao centrar-nos no essencial da nossa fé: crer em Jesus Cristo, o filho de Deus humanado, que ressuscitou dos mortos. Deixemos que Jesus nos conduza durante este tempo favorável de graça, de conversão e arrependimento, até à noite das noites, em que celebraremos a vitória de Jesus sobre a morte, a Sua ressurreição. 
“Irmãos: Que diz a Escritura? «A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração». Esta é a palavra da fé que nós pregamos. Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação. Na verdade, a Escritura diz: «Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido». Não há diferença entre judeu e grego: todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que O invocam. Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”


No Evangelho (Lc 4, 1-13) damo-nos conta de que Jesus, sendo Deus, mas simultaneamente também homem, se retirou para o deserto, para  orar e aí Se encontrar e permanecer em maior intimidade com o Pai. É neste contexto que escutamos a forma como Jesus é tentado pelo Diabo e lhe resiste. 

“Quem vai para o mar prepara-se em terra. É o que Jesus faz antes. As Suas malas enchem-se com a presença do Pai. Mas não vai sozinho. Não quer ir sozinho. Caminha por nós. Caminha para nós. Faz-nos caminhar conSigo, para que também da quaresma da nossa vida possamos um dia experimentar a Páscoa última. Deus Pai acompanha-O. Pela Sua Páscoa primeira, Ele segue peregrino connosco, para que em cada Quaresma, e em toda a nossa vida, O sintamos vivo, ressuscitado, companheiro, guia e Pastor.” 
Pe. Manuel Gonçalves


“Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.” 


Jesus, filho de David, tem compaixão de mim que sou pecadora.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Mensagem do Papa Francisco para a
 Quaresma de 2019

Fev 26, 2019 - 11:00

«A criação encontra-se em expetativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19)

Queridos irmãos e irmãs!
Todos os anos, por meio da Mãe Igreja, Deus «concede aos seus fiéis a graça de se prepararem, na alegria do coração purificado, para celebrar as festas pascais, a fim de que (…), participando nos mistérios da renovação cristã, alcancem a plenitude da filiação divina» (Prefácio I da Quaresma). Assim, de Páscoa em Páscoa, podemos caminhar para a realização da salvação que já recebemos, graças ao mistério pascal de Cristo: «De facto, foi na esperança que fomos salvos» (Rm 8, 24). Este mistério de salvação, já operante em nós durante a vida terrena, é um processo dinâmico que abrange também a história e toda a criação. São Paulo chega a dizer: «Até a criação se encontra em expetativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19). Nesta perspetiva, gostaria de oferecer algumas propostas de reflexão, que acompanhem o nosso caminho de conversão na próxima Quaresma.


Mensagem para a Quaresma 2019 do Bispo da Diocese de Leiria-Fátima

Renovar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos

Caríssimos Diocesanos,
A Quaresma vem de novo ao nosso encontro num momento em que nos sentimos abalados pelos escândalos dos abusos sobre menores cometidos na Igreja, preocupados com a onda crescente dos crimes de violência doméstica e inquietos com a exploração irresponsável do dom da criação. Perante estes e muitos outros males do mundo e das nossas vidas, ressoa a palavra de ordem “convertei-vos e acreditai no Evangelho” que dá sentido a todo o caminho quaresmal.
É o próprio Deus quem nos chama a voltar a Ele: “convertei-vos a mim de todo o coração”.

domingo, 3 de março de 2019

VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM



Os textos deste domingo, o último antes do início da Quaresma, situam-nos na verdade que nos habita o coração e, ao mesmo tempo, na palavra que sai da nossa boca. Assim, hoje, as leituras transportam-nos para o que, por vezes, se diz: “As palavras refletem, são o espelho da alma”


Na 1ªleitura (Sir 27, 5-8 (gr. 4-7)) o autor sagrado alerta-nos para o facto de as nossas palavras refletirem os nossos sentimentos. Escutemos o que dizemos e perceberemos por onde andamos! 
“Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.”



Na 2 ª leitura (1 Cor 15, 54-58) , S.Paulo, numa linguagem tão linda, quanto profunda, louva e dá graças a Deus pela vitória de Cristo sobre a morte. Jesus ressuscitou, venceu a morte, de uma vez para sempre. Entreguemo-nos a Jesus e deixemo-nos amar infinitamente por Deus.
Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.”



No Evangelho (Lc 6, 39-45) Jesus exorta-nos a olhar para o nosso próximo com caridade, amor e humildade. Todo aquele que se deixa possuir por Deus refletirá na sua vida sentimentos de verdade, justiça e amor. Deixemo-nos guiar e iluminar por Deus, que seja Ele, só Ele, a habitar no mais profundo do nosso ser. Se assim for a nossa palavra testemunhará o amor de Deus em todas as situações. 
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».”


Converte-me Senhor, para que no mais íntimo do meu ser habites Tu e só Tu.