terça-feira, 29 de junho de 2021

Pedro e Paulo - Pastoral da Cultura

Somos uma Igreja fraca e escrava que Pedro e Paulo ensinam a ser forte e livre


Dois grandes apóstolos, apóstolos do Evangelho, e dois pilares da Igreja: Pedro e Paulo. Hoje festejamos a sua memória. Vejamos de perto estes dois testemunhos da fé: no centro da sua história não está a sua coragem, mas o encontro com Cristo que mudou a sua vida. Fizeram a experiência de um amor que os curou e libertou, e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros da libertação para os outros.

Pedro e Paulo são livres apenas porque foram libertados. Detenhamo-nos neste ponto central.

Pedro, o pescador da Galileia, foi antes de tudo libertado do sentido de insuficiência e da amargura do fracasso, e isso aconteceu graças ao amor incondicionado de Jesus. Apesar de ser um pescador entendido, experimentou várias vezes, no coração da noite, o gosto amargo da derrota por não ter pescado nada, e, diante das redes vazias, teve a tentação de desistir; apesar de ser forte e impetuoso, muitas vezes deixou-se tomar pelo medo; apesar de ser um apaixonado discípulo do Senhor, continuou a raciocinar segundo o mundo, sem conseguir compreender e acolher o significado da cruz de Cristo; apesar de dizer que estava pronto a dar a vida por Ele, bastou-lhe sentir-se suspeito de ser dos seus para se amedrontar e chegar a renegar o Mestre.

No entanto Jesus amou-o gratuitamente e apostou nele. Encorajou-o a não se render, a continuar a lançar as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a ver com coragem a sua fraqueza, a segui-lo no caminho da cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas. Assim o libertou do medo, dos cálculos baseados somente nas seguranças humanas, nas preocupações mundanas, infundindo-lhe a coragem de arriscar tudo e a alegria de sentir-se pescador de homens. Chamou-o precisamente a ele para confirmar na fé os irmãos. A ele deu as chaves para abrir as portas que conduzem ao encontro com o Senhor e o poder de ligar e desligar: ligar os irmãos a Cristo e desligar os nós e as cadeias da sua vida.

Tudo isto foi possível somente porque Pedro, primeiramente, foi libertado. As cadeias que o mantêm prisioneiro foram quebradas e, precisamente como aconteceu na noite da libertação dos israelitas da escravidão do Egito, é-lhe pedido para se erguer apressadamente, apertar a cintura e atar as sandálias para sair. E o Senhor escancara as portas diante dele. É uma nova história de abertura, de libertação, de cadeias despedaçadas, de saída da prisão que enclausura. Pedro faz a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o.

Também o apóstolo Paulo experimentou a libertação da parte de Cristo. Foi libertado da escravidão mais opressora, a do seu eu, e de Saulo, nome do primeiro rei de Israel, tornou-se Paulo, que significa “pequeno”. Foi libertado também do zelo religioso que o tinha encarniçado na sustentação das tradições recebidas e violento na perseguição aos cristãos. Foi libertado. A observância formal da religião e a defesa, à espada, da tradição, em vez de o abrir ao amor de Deus e dos irmãos, tornaram-no rígido: era um fundamentalista. Deus libertou-o disto; e, pelo contrário, não lhe poupou muitas fraquezas e dificuldades que tornaram mais fecunda a sua missão evangelizadora: as fadigas do apostolado, a enfermidade física; as violências, as perseguições, os naufrágios, a fome e a sede, e, como ele próprio conta, um espinho que o atormentou na carne.

Paulo compreendeu assim que «Deus escolheu aquilo que no mundo é fraco para confundir os fortes», compreendeu que tudo podemos nele que nos fá força, que nada pode alguma vez separar-nos do seu amor. Por isso, no fim da sua vida, Paulo pôde dizer: «o Senhor esteve próximo de mim» e «libertou-me de todo o mal». Paulo fez a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o.

Queridos irmãos e irmãs, a Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois apóstolos que libertaram o poder do Evangelho no mundo, somente porque foram primeiro libertados a partir do encontro com Cristo. Ele não os julgou, não os humilhou, mas partilhou a sua vida com afeto e proximidade, apoiando-os com a sua própria oração e, algumas vezes, chamando-os para os sacudir à mudança. A Pedro, Jesus diz ternamente: «Eu orei por ti, para que a tua fé não desfaleça»; a Paulo diz: «Saulo, Saulo, porque me persegues?». Jesus faz assim connosco: assegura-nos a sua proximidade orando por nós e intercedendo junto do Pai; e repreende-nos com doçura quando erramos, para que possamos reencontrar a força para nos reerguermos e retomarmos o caminho.

Tocados pelo Senhor, também nós somos libertados. E temos sempre necessidade de ser libertados, porque só uma Igreja livre é uma Igreja credível. Como Pedro, somos chamados a ser livres do sentimento da derrota perante a nossa pesca por vezes ruinosa; a ser livres do medo que nos imobiliza e nos torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia. Como Paulo, somos chamados a ser livres das hipocrisias da exterioridade; a ser livres da tentação de nos impormos com a força do mundo, mas antes com a fraqueza que dá espaço a Deus; livres de uma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; livres dos laços ambíguos com o poder e do medo de sermos incompreendidos e atacados.

Pedro e Paulo entregam-nos a imagem de uma Igreja confiada às nossas mãos, mas conduzida pelo Senhor com fidelidade e ternura – é Ele que conduz a Igreja; de uma Igreja fraca, mas forte da presença de Deus; a imagem de uma Igreja libertada que pode oferecer ao mundo aquela liberdade que sozinho cada um não pode dar-se: a libertação do pecado, da morte, da resignação, do sentido da injustiça, da perda da esperança que afeia a vida das mulheres e dos homens do nosso tempo.

Perguntemo-nos hoje, nesta celebração e depois, perguntemo-nos: as nossas cidades, as nossas sociedades, o nosso mundo, quanto precisam de libertação? Quantas cadeias devem ser quebradas e quantas portas fechadas devem ser abertas! Nós podemos ser colaboradores desta libertação, mas apenas se em primeiro lugar nos deixarmos libertar pela novidade de Jesus e caminharmos na liberdade do Espírito Santo.

Hoje os nossos irmãos arcebispos receberão o pálio. Este sinal de unidade com Pedro recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho. É dando a vida que o pastor, libertado de si, se torna instrumento de libertação para os irmãos. Hoje está connosco a delegação do Patriarcado Ecuménico, enviada para esta ocasião pelo querido irmão Bartolomeu: a vossa agradável presença é um sinal precioso de unidade no caminho de libertação das distâncias que escandalosamente dividem os crentes em Cristo. Obrigado pela vossa presença.

Rezamos por vós, pelos pastores, pela Igreja, por todos nós: para que, libertados por Cristo, possamos ser apóstolos de libertação no mundo inteiro.

Papa Francisco
Missa e bênção dos pálios para os novos arcebispos metropolitanos, solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, Vaticano, 29.6.2021
Fonte (texto e imagem): Sala de Imprensa da Santa Sé
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 29.06.2021

 Solenidade de S.Pedro e S.Paulo 

Hoje é dia de S. Pedro, mas, como estamos em pandemia, a paróquia de que faço parte, embora celebre festivamente este grande santo da Igreja, fá-lo  ainda sujeita às normas emanadas da DGS. É já o segundo ano consecutivo em que nos encontramos nesta situação. Se Deus quiser, para o próximo ano será melhor.

É verdade que a Igreja hoje celebra, ao mesmo tempo, S.Pedro e S.Paulo, duas pedras fundamentais do caminhar com e em Cristo, mas o nosso padroeiro é S. Pedro, agora, depois da junção das duas freguesias, em conjunto com S.João. 

Na 1ªleitura  (Atos 12,1-11) S.Pedro encontra-se preso, à espera de ser julgado e condenado, mas Deus tinha outros planos para este santo. A comunidade está em comunhão com S.Pedro, rezando insistentemente a Deus por ele. Esta é uma das partes que mais me impressiona no texto. Primeiro a união entre todos os que formam a comunidade, depois a confiança em Deus e por fim o poder da oração. Que bom que era se reaprendêssemos a viver assim: unidos, confiantes em Deus e sempre orantes.

"Naqueles dias, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João, e, vendo que tal procedimento agradava aos judeus, mandou prender também Pedro. Era nos dias dos Ázimos. Mandou-o prender e meter na cadeia, entregando-o à guardade quatro piquetes de quatro soldados cada um, com a intenção de o fazer comparecer perante o povo,depois das festas da Páscoa. Enquanto Pedro era guardado na prisão,a Igreja orava instantemente a Deus por ele. Na noite anterior ao dia em que Herodes pensava fazê-lo comparecer, Pedro dormia entre dois soldados, preso a duas correntes, enquanto as sentinelas, à porta, guardavam a prisão. De repente, apareceu o Anjo do Senhore uma luz iluminou a cela da cadeia. O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe: «Levanta-te depressa». E as correntes caíram-lhe das mãos. Então o Anjo disse-lhe: «Põe o cinto e calça as sandálias». Ele assim fez. Depois acrescentou: «Envolve-te no teu manto e segue-me». Pedro saiu e foi-o seguindo, sem perceber a realidade do que estava a acontecer por meio do Anjo; julgava que era uma visão. Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, e a porta abriu-se por si mesma diante deles. Saíram, avançando por uma rua, e subitamente o Anjo desapareceu. Então Pedro, voltando a si, exclamou: «Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo e me libertou das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu»."


Na 2ªleitura (2Tim 4,6-8.17-18) S.Paulo desconcerta-nos, faz-nos sentir pequenos demais. Que fé meu Deus! Que amor total ao Senhor! Que entrega sem fim. Sim, S.Paulo encontrou-se verdadeiramente com o Senhor e deixou-se amar totalmente por Deus. Com a mesma paixão, empenho e persistência com que primeiro O perseguia, passou a anunciar o Reino de Deus, a proclamar Jesus Cristo, o Messias, o Filho de Deus morto e ressuscitado, a testemunhar o amor infinito de Deus por todo e cada ser vivente. Que este grande santo desperte, em cada um de nós, uma paixão, uma entrega, um amor total a Deus, cada um ao seu jeito, claro.

"Caríssimo:Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juíz, me há de dar naquele dia: e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a Sua vinda. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por Seu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem: e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no Seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen." 

No evangelho (Mt. 16,13-1) sentimos S.Pedro como um santo próximo de nós. Capaz do melhor, mas também do pior, S.Pedro mostra-nos como o sermos humanos e pecadores não nos impede de chegar à santidade. Ajuda-nos a perceber como é o Amor de Deus, isto é, o Senhor está sempre com aqueles que se deixam cativar por Jesus e são capazes de reconhecer o quanto são amados por Ele, seja qual for a situação em que se encontrem. Basta abrir o coração e deixá-Lo entrar.

"Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». 

Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus»."


Senhor, que eu nunca duvide do Teu Amor.

Protege Senhor o Santo Padre, o papa Francisco. Ilumina-o na sua missão. Que Tu sejas a única força em quem sempre se apoie.

sábado, 26 de junho de 2021

Fundo de Caridade do Papa - Óbolo de São Pedro - Ecclesia

Solidariedade: Vaticano apela a donativos para fundo de caridade do Papa

Jun 25, 2021 - 16:20

«Não podemos pensar que a missão da Igreja pode ser sustentada sem a contribuição dos fiéis», diz responsável da Secretaria para a Economia 

Cidade do Vaticano, 25 jun 2021 (Ecclesia) – A recolha de donativos para o ‘Óbolo de São Pedro’, destinado a apoiar as iniciativas de caridade do Papa, vai realizar-se entre este domingo e terça-feira, dia da solenidade de São Pedro e São Paulo.

“É importante colaborar porque não podemos pensar que a missão da Igreja possa ser sustentada sem a contribuição dos fiéis. A proclamação do Evangelho em todo o mundo, com tudo o que isso implica, pressupõe uma estrutura de apoio”, disse o prefeito da Secretaria para a Economia da Santa Sé ao portal de notícias do Vaticano.

O padre Juan Antonio Guerrero Alves referiu que as pessoas “têm o direito de saber” como é aplicado o dinheiro doado e explica que existem doações para o ‘Óbolo de São Pedro’ que “são imediatamente distribuídas nos lugares onde há necessidade”.

“Em 2021, o Óbolo recebeu 21 milhões de euros em donativos, oito milhões de euros foram distribuídos para a evangelização ou para projetos sociais de apoio às Igrejas necessitadas, principalmente em países da África, Ásia e América Latina”, indicou, acrescentando que algumas doações ainda podem ser de 2020.

O sacerdote Jesuíta explicou também que houve “uma diminuição na coleta nos últimos anos”, em 2020, primeiro ano da pandemia Covid-19, “a receita do Óbolo foi 18% menor”; o montante diminuiu 23%, entre 2015 e 2019.

“É provável que a crise relacionada com a pandemia seja sentida novamente este ano. Algumas doações recebidas têm um destino final específico, outras são ofertas para o Santo Padre em geral”, referiu o prefeito da Secretaria para a Economia.

Em 2020, a coleta solidária angariou “44,1 milhões de euros”, dos quais 30,3 milhões foram para o fundo geral e 13,8 milhões para destinos especiais.

Em 2019, o ‘Óbolo de São Pedro’ arrecadou 53,86 milhões, com 43 milhões para o seu fundo geral e 10,8 milhões “destinos especiais para situações de necessidade na Igreja e no mundo”.

O padre Juan Antonio Guerrero Alves realça que parte do montante é usada, por exemplo, para a construção de igrejas em países no terceiro mundo, serviços sociais, como hospitais infantis ou apoio a escolas em áreas de pobreza, apoio às comunidades religiosas em “áreas difíceis por causa da violência ou pobreza”.

“Se recebemos uma doação com um propósito já definido e a aceitamos, respeitamos a vontade do doador”, salienta.

Segundo este responsável, o fundo ‘Óbolo de São Pedro’ tinha “cerca de 205 milhões de euros”, a 31 de dezembro de 2020, e precisa que, quando recebem “doações extraordinárias, por exemplo, uma grande herança para a missão do Papa, não parece prudente gastá-la imediatamente durante o ano”.

“Ela pode ser usada posteriormente, para quando houver mais necessidade, ou pode ser criado um fundo para apoiar projetos ao longo do tempo. Economizar nos anos em que menos se precisa, para quando mais se precisa, é algo sensato e prudente”, salientou o prefeito da Secretaria para a Economia da Santa Sé.

Para além da recolha de donativos para o ‘Óbolo de São Pedro’, na solenidade de São Pedro e São Paulo, é possível contribuir ao longo de todo ano, através do seu sítio online.

O Papa Pio IX reconheceu oficialmente o Óbolo de São Pedro com a Encíclica ‘Saepe Venerabilis’ de 5 de agosto de 1871.

CB/OC

XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM


As leituras de hoje ecoam nos nossos corações de uma forma mais profunda do que habitualmente, pois, tal como as pessoas do tempo de Jesus, estamos extremamente necessitados de O contemplar na Sua relação connosco, na Sua dimensão de nos salvar, curar, ressuscitar, dar vida. Somos mesmo desafiados a depositar uma confiança, uma fé total n’Ele, no Seu Amor infinito por nós. Ele, que tudo pode, está connosco, sabe o que nos faz falta e escuta a nossa oração.   

Na 1ªleitura (Sab 1, 13-15; 2, 23-24) o autor sagrado projeta-nos para Deus misericordioso, Amor infinito pelos seres por Ele criados à Sua imagem, que somos cada um de nós. Se n’Ele permanecermos, nos movermos e existirmos o Amor vencerá em nós, seja qual for a situação em que nos encontremos.

Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra, porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.”

Na 2ªleitura (2 Cor 8, 7.9.13-15) S.Paulo, tendo como referência a comunidade de Corinto, apela à nossa consciência de sermos Igreja, de sermos comunidade, de sermos parte uns dos outros, atentos às necessidades de cada um, sejam estas materiais, ou de outra natureza.

"Irmãos: Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou»."

No evangelho (Mc 5, 21-43) S.Marcos, depois de, no domingo passado, nos levar a contemplar Jesus a dominar as forças da natureza, hoje mostra-nos claramente como Ele se relacionava com as pessoas do Seu tempo. Jesus está tão atento ao mais simples pormenor, como o toque ligeiro (profundo de fé) na orla do Seu manto, no meio de uma multidão anónima, como ao pedido angustiado, insistente e explícito de um pai. Não deixa ninguém de fora, atende toda a súplica que Lhe é feita de coração sincero, numa fé profunda de que efetivamente Ele é o Filho Único de Deus. Tenhamos a coragem de fazer como a mulher, ou o pai referidos neste evangelho.

“Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?». Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica curada do teu mal». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.”

Senhor, eu creio que és Jesus, O Filho de Deus, que vives, caminhas e habitas connosco e estás atento a tudo o que estamos a viver. Precisamos da Tua ajuda, sem Ti não conseguimos ultrapassar esta crise sanitária. Salva-nos desta pandemia.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

SOLENIDADE DO NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

24-06-2021

A liturgia do dia de hoje, celebra, festivamente, o nascimento de S.João Batista, o que é uma exceção, pois a igreja, regra geral, só comemora o dia da morte dos santos , ou seja o dia em que passaram a ver Deus face a face e entraram na glória celestial. O nascimento de S.João é mesmo um caso especial, que também merece ser celebrado, pois as circunstâncias que rodearam o seu nascimento foram o culminar de uma verdadeira história de amor que se desenrolou entre Deus e os pais de S.João, que vale a pena ser conhecida. Zacarias e Isabel são para nós, hoje, no nascimento de seu filho, o testemunho de como Deus conduz a história de todos os que se Lhe confiam de corpo e alma. Deus está sempre presente na nossa vida, nós é que, muitas vezes, não ousamos entregarmo-nos totalmente a Ele. Deus ama-nos infinitamente e quer sempre o que é melhor para nós, mesmo quando nos parece que está tudo ao contrário. Deixemos que nos Deus nos ame, confiemos n’Ele, como o fizeram Isabel e Zacarias!

Na 1ª leitura (Is 49, 1-6) Isaías projeta-nos para Jesus: «Tu és o meu servo, Israel,  por quem manifestarei a minha glória». E é em Jesus que olhamos para S.João, que preparou os caminhos para a Sua vinda, para que a luz de Cristo e a salvação de Deus chegassem até aos confins da terra. É por tudo isto que lhe damos o nome de “O percursor”. 

“Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe. Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão. Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava. E disse-me: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no meu Deus. E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob e reconduzir os sobreviventes de Israel. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Farei de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».

Na 2ªleitura (Atos 13, 22-26) S.Paulo desafia-nos a fazer a vontade de Deus, para sermos felizes. E ao deixar-nos esta mensagem apresenta-nos, como exemplo, dois homens com vidas tão diferentes, mas ambos, segundo o coração de Deus: David e João Batista. Seja qual for a nossa história de vida, uma coisa é certa para mim, só o amor incomparável que Deus nos tem, se o aceitarmos e a Ele correspondermos, nos pode transformar em seres felizes, porque assim não quereremos outra coisa,que não seja, fazer a vontade de Deus.

“Naqueles dias, Paulo falou deste modo: «Deus concedeu aos filhos de Israel David como rei, de quem deu este testemunho: ‘Encontrei David, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará sempre a minha vontade’. Da sua descendência, como prometera, Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel. João tinha proclamado, antes da sua vinda, um batismo de penitência a todo o povo de Israel.  Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: ‘Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés’. Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus: a nós é que foi dirigida esta palavra de salvação»."


No evangelho (Lc 1, 57-66.80) S.Lucas introduz-nos na alegria pelo nascimento de João, manifestação concreta do amor de Deus na vida do casal, da família. A forma como nos vai colocando dentro dos acontecimentos, relacionados com o nascimento deste menino, vai-nos conduzindo para o momento da escolha do nome da criança: João. E é nesta altura que Zacarias recupera a fala e, depois de tanto tempo em silêncio, começa a dar glória a Deus, porque verdadeiramente reconhece Deus Amor presente na sua vida, na sua história, na história da sua família. Um homem de Deus, que verdadeiramente se sente amado pelo Senhor, não pode senão bendizer e louvar a Deus, como fez Zacarias. 
"Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício e congratularam-se com ela. Oito dias depois, vieram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. Mas a mãe interveio e disse: «Não, Ele vai chamar-se João». Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que tenha esse nome». Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que o menino se chamasse. O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua e começou a falar, bendizendo a Deus. Todos os vizinhos se encheram de temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos. Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a ser este menino?». Na verdade, a mão do Senhor estava com ele. O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se.  E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel."


Senhor, eu Te louvo e bendigo pelo imenso, infinito, incomparável amor que tens por cada um de nós e por toda a humanidade. Bendito e louvado sejas hoje e sempre, pelos séculos sem fim.

sábado, 19 de junho de 2021

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM


Hoje, o Senhor desafia-nos a ter uma fé verdadeira em Deus e, ao mesmo tempo, impele-nos a passar para a outra margem, a confiar-Lhe a navegação da “barca”, que é a nossa vida. Pede-nos que caminhemos, que nos “façamos ao mar”, junto de todos os que coloca nos nossos caminhos. E, quando a tormenta for grande, deixemos que Ele, que venceu a morte, por nosso amor, acalme os nossos medos, angústias e sofrimentos e nos leve à outra margem, aos que precisam de O conhecer através de nós. Confiemos no Único que nunca nos abandona, como Ele nos ensinou a confiar no Pai.

Na 1ªleitura (Job 38, 1.8-11) escutamos a resposta de Deus às perguntas de Job, que duramente provado na sua fé, põe em dúvida a justiça e o silêncio divinos. É no meio do silêncio, fruto da oração e da comunhão com Deus, que, também como Job, podemos escutar a resposta de Deus às nossas “revoltas”, medos e sofrimentos. Afinal, Ele é o Senhor da Criação, tem o poder sobre todos os elementos, até sobre o mar… e, mais importante ainda, hoje, em Jesus ressuscitado, temos a certeza que, para lá de tudo o que não entendemos, está sempre o Amor infinito de Deus, por cada um de nós.

“O Senhor respondeu a Job do meio da tempestade, dizendo: «Quem encerrou o mar entre dois batentes, quando ele irrompeu do seio do abismo, quando Eu o revesti de neblina e o envolvi com uma nuvem sombria, quando lhe fixei limites e lhe tranquei portas e ferrolhos? E disse-lhe: ‘Chegarás até aqui e não irás mais além, aqui se quebrará a altivez das tuas vagas’».”

Na 2ªleitura (2 Cor 5, 14-17) S.Paulo é muito claro quando nos diz que em Jesus Cristo tudo foi renovado, por isso, a partir do nosso batismo, n’Ele  passamos a ser novas criaturas. Deixemo-nos habitar e transformar por Ele.

“Irmãos: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. Assim, daqui em diante, já não conhecemos ninguém segundo a carne. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos assim. Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram: tudo foi renovado.”


No Evangelho (Mc 4, 35-41) Marcos leva-nos a contemplar Jesus em duas situações diferentes: numa está a descansar, com a cabeça reclinada numa almofada, tranquilo, confiante, entregue ao Pai; na outra a dominar o vento e a tempestade. O que é que liga estes dois momentos tão diferentes? O pedido de ajuda dos seus discípulos. Ele esteve e está sempre presente, nunca nos deixa sós. Façamos como os discípulos, no meio das dúvidas, dos medos, das incertezas e angústias, das nossas tempestades, nestes tempos de pandemia, recorramos ao Único que está sempre connosco, Jesus Cristo ressuscitado, que deu a vida por cada um de nós. Esta é a certeza da fé que professamos. Nunca duvidemos do Amor infinito de Deus por todos e cada um de nós.

“Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».”

Senhor, entrego-Te toda a humanidade a braços com esta pandemia, que parece nunca mais ter fim. Sem Ti perdemo-nos, andamos à deriva. Ajuda-nos. Tem compaixão de nós, Senhor!

sábado, 12 de junho de 2021

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Hoje é dia de S.António e em Portugal, como aliás no mundo inteiro, há um carinho, uma ternura e uma devoção imensos por este santo, que importa celebrar para procurarmos fazer como ele: entregarmo-nos na totalidade do nosso ser, de coração e alma, a Deus e partilhar tudo o que somos e temos com o nosso próximo.  

S. António nasceu em Lisboa, em 1195. No batismo, recebeu o nome de Fernando. Em 1210 entrou para os Cónegos Regulares de S. Agostinho, no mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa. Dois anos depois, desejando uma vida mais recolhida, transferiu-se para o Mosteiro de S. Cruz, em Coimbra. Ordenado sacerdote, em 1220, ao ver os restos mortais dos primeiros mártires franciscanos, mortos em Marrocos, sentiu um novo apelo vocacional e mudou-se para a Ordem dos Frades Menores, tomando o nome de António. Em 1221 participou no “Capítulo das Esteiras”, junto à Porciúncula, e viu Francisco de Assis. Depois de alguns anos no escondimento e na oração, começou a pregar com grande sucesso e frutos. Converteu hereges em Itália e em França. Morreu, ainda muito novo, perto de Pádua, onde foi sepultado. No dia do Pentecostes de 1232, um ano depois da sua morte, foi canonizado pelo Papa Gregório IX. 

As leituras deste domingo despertam-nos para a necessidade de confiarmos plenamente na presença de Deus em nós. Ainda que a semente seja minúscula, se a deitarmos à terra e a rodearmos dos cuidados necessários, Deus fará com que frutifique. Os frutos não nos pertencem, mas sim ao Senhor da seara. Façamos a nossa parte, depois descansemos e confiemos n’Aquele que é todo Amor, Deus, pois Ele fará sempre o que é melhor para todos e cada um dos Seus filhos, que Ele ama infinitamente.


Na 1ªleitura (Ez 17, 22-24) , Deus anuncia-nos, através do profeta Ezequiel, a vinda do Seu Único Filho, em quem somos convidados a confiar totalmente. E, como sempre, Deus cumpriu a Sua promessa e Jesus veio e continua, ainda hoje (e para sempre), no meio de nós, habita cada coração sincero que se lhe entrega sem reservas. Ele nunca nos deixa sós, se O desejarmos realmente. Se queremos ser verdadeiramente amados, arrisquemos, não temos nada a perder! 

“Eis o que diz o Senhor Deus: «Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos, Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto. Na excelsa montanha de Israel o plantarei e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso. Nele farão ninho todas as aves, toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos. E todas as árvores do campo hão de saber que Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço».” 


Na 2ªleitura (2 Cor 5, 6-10) S.Paulo, que todo se entregou ao Senhor, de alma e coração, mostra-nos que, ainda que preferisse ver, no imediato, Deus face a face, põe em primeiro lugar fazer a vontade de Deus e assim continua a sua missão de nos anunciar Deus Amor, vivo e ressuscitado no meio de nós. Aprendamos, deste grande homem, e de tantos outros santos, como por exemplo, Santo António, a confiar totalmente no Amor infinito de Deus, por cada um de nós. 

Irmãos: Nós estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele. Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido, enquanto esteve no corpo, quer o bem, quer o mal.”


No Evangelho (Mc 4, 26-34) é o próprio Jesus que nos explica, por parábolas, o que é o Reino de Deus e como devemos fazer a nossa parte, semeando, plantado e cuidando da semente, mas confiando sempre no Senhor e deixando Deus ser Deus. Só Ele, que nos ama muito para além do que possamos imaginar, é o Senhor da Vida, só Ele tudo pode, só Ele é o princípio e o fim de todas as coisas, por isso o que é que arriscamos ao descansar n’Ele? Repousemos a nossa cabeça no Seu peito e entreguemo-nos de coração. Deixemos que nos estreite nos Seus braços e nos ame.

“Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.”

Senhor, que eu faça a minha parte e nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor.