TEMPO PASCAL - 2023
Sexta-feira da semana IV do Tempo Pascal - dia 27 - 05/05/2023
Evangelho Jo 14, 1-6
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?» Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim».
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho de hoje (cf. Jo 14, 1-12), ouvimos o início
do chamado «Discurso de despedida» de Jesus. São as palavras que ele dirigiu
aos discípulos no final da Última Ceia, pouco antes de enfrentar a Paixão. Num
momento tão dramático, Jesus começou por dizer: «Não se turve o vosso coração»
(v. 1). Ele diz-nos isto também a nós, nos dramas da vida. Mas como fazer para
que o coração não se turve? Porque o coração perturba-se.
O Senhor aponta dois remédios para a perturbação. O primeiro é: «Crede
também em mim» (v. 1). Pareceria um conselho um pouco teórico e abstrato. Em
vez disso, Jesus quer dizer-nos algo exato. Ele sabe que, na vida, a pior
ansiedade, a perturbação, vem da sensação de não estar à altura, de se sentir
sozinho e sem pontos de referência diante do que acontece. Esta angústia, em
que a uma dificuldade se junta outra, não pode ser superada sozinha. Precisamos
da ajuda de Jesus, e para isso Jesus nos pede para termos fé n'Ele, ou
seja, para não nos apoiarmos em nós mesmos, mas n'Ele. Pois a libertação da
perturbação passa pela confiança. Confiar-nos a Jesus, dar o “salto”. E esta é
a libertação da perturbação. E Jesus ressuscitou e vive precisamente
para estar sempre ao nosso lado. Então podemos dizer-lhe: “Jesus, eu creio que
ressuscitaste e que estás ao meu lado. Penso que me ouves. Apresento-te o que
me perturba, os meus problemas: tenho fé em ti e entrego-me a ti”.
Depois há um segundo remédio para a perturbação, que Jesus expressa com
estas palavras: «Na casa do meu Pai há muitas moradas. [...] Vou preparar-vos
um lugar» (v. 2). Foi isto que Jesus fez por nós: reservou-nos um lugar no Céu.
Ele tomou sobre Si a nossa humanidade para a levar além da morte, para um novo
lugar, o Céu, a fim de que, onde Ele estiver, estejamos nós também. É a certeza
que nos consola: há um lugar reservado para cada um. Também há um lugar para
mim. Cada um de nós pode dizer: há um lugar para mim. Não vivemos sem meta nem
destino. Somos esperados, somos preciosos. Deus está apaixonado por nós, nós
somos seus filhos. E para nós preparou o lugar mais digno e belo: o Paraíso.
Não esqueçamos: a morada que nos espera é o Paraíso. Aqui estamos de passagem.
Somos feitos para o céu, para a vida eterna, para viver para sempre. Para
sempre: é algo que agora nem sequer podemos imaginar. Mas é ainda mais belo
pensar que tudo isto será para sempre em alegria, em plena
comunhão com Deus e com os outros, sem mais lágrimas, sem rancores, sem
divisões nem perturbação.
Mas como chegar ao Paraíso? Qual é o caminho? Esta é a frase decisiva de
Jesus. Hoje ele diz: «Eu sou o caminho» (v. 6). Para subir ao Céu o caminho é
Jesus: é ter uma relação viva com Ele, imitá-lo no amor, seguir os seus passos.
E eu, cristão, tu, cristão, cada um de nós cristãos, podemos perguntar a nós
mesmos: “Que caminho sigo?”. Há caminhos que não levam ao Céu: os caminhos da
mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E há
o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da
confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo,
é o caminho de Jesus, protagonista da minha vida. É ir em frente
todos os dias perguntando-lhe: “Jesus, o que achas desta minha escolha? O que
farias nesta situação, com estas pessoas?”. Far-nos-á bem perguntar a Jesus,
que é o caminho, as indicações para o Céu. Que Nossa Senhora, Rainha do Céu,
nos ajude a seguir Jesus, que abriu o Paraíso para nós.
Papa Francisco
(Regina Coeli, 10 de maio de 2020)
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