TEMPO PASCAL - 2023
Sábado da semana V do Tempo Pascal - dia 35 - 13/05/2023
Evangelho
Lc 11, 27-28
«Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática»
Jesus, ao responder à mulher, centra os ouvintes no essencial, a palavra de Deus. O importante não é ser mãe de Jesus, nem ter um filho como ele porque isso seria limitar as possibilidades da felicidade. O importante é a felicidade a que todos podem ter acesso. Essa felicidade nasce da Palavra de Deus que se escuta e se põe em prática. É por isso que Maria é feliz.
Naquele tempo, enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».
Que os meus ouvidos escutem as tuas palavras, Senhor, e o meu coração guarde,
como Maria, esse mistério de vida feliz que brota sempre que ponho em prática o
que me ensinas. Que eu não queira uma felicidade mais pequena que a de Maria,
de viver as consequências da palavra escutada e acreditada.
Maria, a Mãe de Jesus, apareceu em Fátima aos pastorinhos. Surgiu num tempo em que era necessária a esperança naquele que pode salvar. A primeira guerra mundial arrasara a esperança e Portugal vivia os primeiros passos da república. Esta mulher, a Igreja reunida à volta de Maria, mostra que a esperança está no menino que vence o dragão. No tempo de João e no nosso tempo levantam-se dragões, impérios de morte que pretendem apagar a vida. Há também intenções obscuras que se levantam nos corações e são como dragões a querer espalhar a morte. E há dentro de nós sentimento e fortes desejos que nos afastam da vida e nos fazem abraçar o dragão que nos destrói. O império Romano, como o império comunista ou qualquer outro império, o aborto ou a eutanásia, são dragões que se levantam dentro e fora de nós. A mulher, Maria, deu à luz um filho varão que habita no céu e está sentado no trono. Ele é a salvação e a vitória na luta contra todos os dragões que se levantam diante da Igreja e de cada um de nós.
Amados
peregrinos de Maria e com Maria!
Obrigado por me acolherdes
entre vós e vos associardes a mim nesta peregrinação vivida na esperança e na
paz. Desde já desejo assegurar a quantos estais unidos comigo, aqui ou em
qualquer outro lugar, que vos tenho a todos no coração. Sinto que Jesus vos confiou
a mim (cf. Jo 21, 15-17) e, a todos, abraço e confio a Jesus,
«principalmente os que mais precisarem» ― como Nossa Senhora nos ensinou a
rezar (Aparição de julho de 1917). Que Ela, Mãe doce e solícita de todos os
necessitados, lhes obtenha a bênção do Senhor! Sobre cada um dos deserdados e
infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam
o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado, desça
a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo: «O Senhor te abençoe e te guarde! O
Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a
sua face e te dê a paz» (Nm 6, 24-26).
Esta bênção cumpriu-se
cabalmente na Virgem Maria, pois nenhuma outra criatura viu brilhar sobre si a
face de Deus como Ela, que deu um rosto humano ao Filho do eterno Pai, podendo
nós agora contemplá-Lo nos sucessivos momentos gozosos, luminosos, dolorosos e
gloriosos da sua vida, que repassamos na recitação do Rosário. Com Cristo e
Maria, permaneçamos em Deus. Na verdade, «se queremos ser cristãos, devemos ser
marianos; isto é, devemos reconhecer a relação essencial, vital e providencial
que une Nossa Senhora a Jesus e que nos abre o caminho que leva a Ele» (Paulo
VI, Alocução na visita ao Santuário de Nossa Senhora de
Bonaria-Cagliari, 24/IV/1970). Assim, sempre que rezamos o Terço, neste lugar
bendito como em qualquer outro lugar, o Evangelho retoma o seu caminho na vida
de cada um, das famílias, dos povos e do mundo.
Peregrinos com Maria… Qual
Maria? Uma «Mestra de vida espiritual», a primeira que seguiu Cristo pelo
caminho «estreito» da cruz dando-nos o exemplo, ou então uma Senhora
«inatingível» e, consequentemente, inimitável? A «Bendita por ter acreditado»
(cf. Lc 1, 42.45) sempre e em todas as circunstâncias nas
palavras divinas, ou então uma «Santinha» a quem se recorre para obter favores
a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, ou uma
esboçada por sensibilidades subjetivas que A veem segurando o braço justiceiro
de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como Juiz
impiedoso; mais misericordiosa que o Cordeiro imolado por nós?
Grande injustiça fazemos a Deus
e à sua graça, quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são punidos
pelo seu julgamento, sem antepor – como mostra o Evangelho – que são perdoados
pela sua misericórdia! Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo
o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia.
Naturalmente a misericórdia de Deus não nega a justiça, porque Jesus tomou
sobre Si as consequências do nosso pecado juntamente com a justa pena. Não
negou o pecado, mas pagou por nós na Cruz. Assim, na fé que nos une à Cruz de
Cristo, ficamos livres dos nossos pecados; ponhamos de lado qualquer forma de
medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado (cf. 1 Jo 4,
18). «Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força
revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura
não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os
outros para se sentirem importantes (…). Esta dinâmica de justiça e de ternura,
de contemplação e de caminho ao encontro dos outros é aquilo que faz d’Ela um
modelo eclesial para a evangelização» (Exort. ap. Evangelii gaudium,
288). Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia
de Deus que perdoa sempre, perdoa tudo.
Tomados pela mão da Virgem Mãe
e sob o seu olhar, podemos cantar, com alegria, as misericórdias do Senhor.
Podemos dizer-Lhe: A minha alma canta para Vós, Senhor! A misericórdia, que
usastes para com todos os vossos santos e com todo o vosso povo fiel, também
chegou a mim. Pelo orgulho do meu coração, vivi distraído atrás das minhas
ambições e interesses, mas não ocupei nenhum trono, Senhor! A única
possibilidade de exaltação que tenho é que a vossa Mãe me pegue ao colo, me
cubra com o seu manto e me ponha junto do vosso Coração. Assim seja.
Papa Francisco
(Peregrinação a Fátima, 12 de maio de 2017)
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