TEMPO PASCAL - 2023
Quinta-feira da semana V do Tempo Pascal - dia 33 - 11/05/2023
Evangelho Jo 15, 9-11
«Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor.»
O pequeno texto de João mostra de novo o círculo em que Jesus quer inserir os discípulos. Ele e o Pai vivem uma relação de amor e permanência que não se esgota neles e, por isso, a querem abrir também aos discípulos. Trata-se de uma relação de amor, obediência e permanência que gera uma alegria completa. O amor e a obediência são espirais: “como o Pai me amou também eu vos amei”; “Se guardardes os meus mandamentos… como eu tenho guardado…”. Não sendo do mesmo nível o amor e a obediência requerem igual obediência e permanência para gerar alegria.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa».
Ando em busca da alegria, tantas vezes perdida, tantas vezes reencontrada, mas nunca completa. Hoje, Jesus, mostra-me o caminho da verdadeira alegria, a permanência no amor obediente. É fácil aceitar, acreditar, comprometer-se, amar, mas muito difícil permanecer nestas decisões. Fazer de cada uma destas experiências uma realidade permanente na minha vida. Acolher o dom de cada instante e a riqueza de cada momento, como algo que transforma a minha vida para sempre. Totalizar a vida com as pequenas experiências tornando-as continuadas em mim com fidelidade e amor. Preciso trocar momentos por permanências e sensações por amor entregue.
Quero permanecer como Tu permaneces, Senhor. Sei que me habitas no silêncio do
meu escondimento e quero habitar no silêncio do teu ser. Compreendo que em ti
encontro o verdadeiro amor e que esse amor é fonte de alegria, na obediência
continuada à tua vontade. Ensina-me, com a tua palavra, para que não troque a
tua alegria pelas alegrias que se desvanecem numa gargalhada.
Neste tempo pascal a Palavra de Deus continua a indicar-nos estilos
de vida coerentes para sermos a comunidade do Ressuscitado.
Entre eles, o Evangelho de hoje apresenta a recomendação de Jesus: «Permanecei
no meu amor» (Jo 15, 9): permanecer no amor de Jesus. Habitar na
corrente do amor de Deus, habitar estavelmente nele, é a condição para fazer
com que o nosso amor não perca pelo caminho o seu fervor e a sua audácia.
Também nós, como Jesus e n’Ele, devemos acolher com gratidão o amor que vem do
Pai e permanecer neste amor, procurando não nos separarmos dele com o egoísmo e
com o pecado. É um programa exigente mas não impossível.
Antes de mais é importante tomar consciência de que o amor de Cristo não é
um sentimento superficial, não, é uma atitude fundamental do coração, que se
manifesta vivendo como Ele quer. Com efeito, Jesus afirma: «Se guardardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor» (v. 10). O amor
realiza-se na vida de cada dia, nas atitudes, nas ações; se assim não for, é
apenas algo ilusório. São palavras, palavras, palavras: isto não é amor. O amor
é concreto, todos os dias. Jesus pede-nos para observar os seus mandamentos,
que se resumem nisto: «que vos ameis uns aos outros como eu vos amei» (v. 12).
Como fazer para que este amor que o Senhor ressuscitado nos oferece possa
ser partilhado pelos outros? Várias vezes Jesus indicou o outro que devemos
amar, não por palavras mas por obras. É aquele que encontro no meu caminho e
que, com o seu rosto e com a sua história, me interpela: é aquele que, com a
sua presença, me leva a sair dos meus interesses e das minhas seguranças; é
aquele que espera a minha disponibilidade para ouvir e percorrer um pouco de
caminho juntos. Disponibilidade em relação ao irmão e irmã, quem quer que ele
seja e qual for a situação em que se encontra, começando por quem está próximo
de mim na família, na comunidade, no trabalho, na escola... Desta maneira, se
eu permanecer unido a Jesus, o seu amor pode alcançar o outro e atraí-lo a si,
à sua amizade.
E este amor pelos outros não pode acontecer só em momentos extraordinários,
mas deve tornar-se a constante da nossa existência. Eis por que somos chamados,
por exemplo, a preservar os idosos como um tesouro precioso e com amor, mesmo
se causam problemas económicos e inconvenientes, mas devemos preservá-los. Eis por
que devemos dar aos doentes, até no último estádio, toda a assistência
possível. Eis por que se devem acolher sempre os nascituros; eis por que, em
síntese, a vida deve ser sempre tutelada e amada desde a conceção até ao seu
fim natural. E isto é amor.
Nós somos amados por Deus em Jesus Cristo, que nos pede para nos amarmos
como Ele nos ama. Mas não podemos fazer isto se não tivermos em nós o mesmo
Coração. A Eucaristia, na qual somos chamados a participar todos os domingos,
tem a finalidade de formar em nós o Coração de Cristo, de modo que toda a nossa
vida seja guiada pelas suas atitudes generosas. A Virgem Maria nos ajude a
permanecer no amor de Jesus e a crescer no amor para com todos, sobretudo para
com os mais débeis, a fim de corresponder plenamente à nossa vocação cristã.
Papa Francisco
(Regina Coeli, 6 de maio de 2018)
Sem comentários:
Enviar um comentário