TEMPO PASCAL - 2023
Segunda-feira da semana VII do Tempo Pascal - dia 44 - 22/05/2023
Evangelho
Jo 16, 29-33
«Eu não estou só, porque o Pai está comigo.»;
«Digo-vos isto, para que em Mim tenhais a paz.»;
«No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo».
Este pequeno diálogo entre Jesus e os discípulos contém indicações preciosas para a nossa reflexão. O diálogo é provocado pela afirmação de Jesus: “Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai”, que é feita imediatamente antes deste texto. Os apóstolos dizem, então: “Agora vemos… por isso acreditamos que saíste de Deus”. Jesus, porém, não está muito confiante nas suas palavras, não tem a certeza de que será mesmo assim e responde: “Agora acreditais?”. E coloca-os perante o futuro próximo, a hora que estão para viver, uma hora de tribulação. Essa hora dirá se acreditam ou não, se veem de verdade ou se estão na ilusão. Uma coisa garante Jesus: com Ele podem estar tranquilos porque essa hora de tribulação não o afetará a Ele porque ele é o vencedor e nele vencerão todos os que confiarem.
Naquele tempo, disseram os discípulos a Jesus: «De facto agora falas abertamente, sem enigmas. Agora vemos que sabes tudo e não precisas que ninguém Te faça perguntas. Por isso acreditamos que saíste de Deus». Respondeu-lhes Jesus: «Agora acreditais? Vai chegar a hora – e já chegou – em que sereis dispersos, cada um para seu lado, e Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo. Digo-vos isto, para que em Mim tenhais a paz. No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo».
Sinto a leviandade das minhas palavras insensatas e mal refletidas. Diante da vida apresento-me muito facilmente como o otimista que não vê mais do que a hora presente e não mede as forças com a possibilidade da tribulação. Até onde sou capaz de ver? Até onde creio que sou capaz de ir? Jesus questiona a minha vida e as minhas forças e mede as minhas palavras. Estou realmente com Ele? Ele é o vencedor e não eu. Se não estou com Ele não terei as forças necessárias para enfrentar a tempestade.
Dá-me a Tua paz, Senhor, que ela habite o meu coração e o dilate até à tua medida. Dá-me a tua paz e que encontre em ti a confiança para não me dispersar na confusão do mundo insensato que não te conhece. Que eu veja realmente o que me ofereces e acredite que estás no Pai e o Pai está em ti e que eu posso estar em ti e encontrar em ti a minha vitória sobre o mundo.
(...)
«O medo — explicou o Papa — é uma atitude que nos faz mal, nos enfraquece, nos diminui e até nos paralisa». A ponto que «uma pessoa que tem medo nada faz, não sabe o que fazer: é temerosa, medrosa, concentrada em si mesma para que nada de mal, de errado, lhe aconteça». Portanto «o medo leva a um egocentrismo e paralisa». (...)
Mas deve-se «distinguir o medo
do temor de Deus, com o qual nada tem a ver». O temor de Deus «é santo, é o
temor da adoração diante do Senhor e é uma virtude». Com efeito, ele «não
diminui, não debilita nem paralisa»; ao contrário, «leva em frente na missão
que o Senhor confia». E a propósito o Pontífice acrescentou: «O Senhor, no
capítulo 18 do Evangelho de Lucas, fala de um juiz que não temia Deus nem tinha
consideração por ninguém, e fazia o que queria». Isto é «um pecado: a falta de
temor de Deus e também a auto-suficiência». Porque «afasta da relação com Deus
e também da adoração».
Por isso, «uma coisa é o temor
de Deus, que é bom; mas outra é o medo». E «um cristão medroso é
insignificante: não compreendeu qual é a mensagem de Jesus».
A «outra palavra» proposta pela
liturgia, «depois da Ascensão do Senhor», é «alegria». No trecho do Evangelho
de João (16, 20-23), o «Senhor fala da passagem da tristeza para a alegria»,
preparando os discípulos «para o momento da paixão: “Vós estareis na tristeza,
mas a vossa tristeza transformar-se-á em alegria”». (...) «E ninguém vos poderá
privar da vossa alegria» garante o Senhor.
Mas «a alegria cristã não é um
simples divertimento, não é uma alegria passageira». Ao contrário, «a alegria
cristã é um dom do Espírito Santo: é ter sempre o coração jubiloso porque o
Senhor venceu, o Senhor reina, o Senhor está à direita do Pai, o Senhor olhou
para mim e enviou-me e deu a sua graça e tornou-me filho do Pai».
Eis o que é a verdadeira
«alegria cristã». Por isso, um cristão «vive na alegria». Mas, perguntou
Francisco, «onde está esta alegria nos momentos mais tristes, nos momentos da
dor? Pensemos em Jesus na Cruz: sentia alegria? Não! Mas paz, sim!». Com
efeito, explicou o Papa, «a alegria, no momento da dor, da provação, torna-se
paz». Ao contrário «um divertimento no momento da dor torna-se escuridão».
Eis por que «um cristão sem
alegria não é cristão; um cristão que vive continuamente na tristeza não é
cristão». A «um cristão que perde a paz, no momento das provações, das doenças,
de muitas dificuldades, falta alguma coisa».
Francisco convidou a «não ter
medo e a ser jubilosos», explicando: «Não ter medo significa pedir a graça da
coragem, a coragem do Espírito Santo; e sentir alegria é pedir o dom do
Espírito Santo, até nos momento mais difíceis, com aquela paz que o Senhor
concede».
E o que «acontece com os
cristãos, acontece nas comunidades, na Igreja inteira, nas paróquias, em muitos
ambientes cristãos». Com efeito «há comunidades medrosas, que se movem sempre
nas certezas: “Não, não, não façamos isto... Não, isto não se pode”». A ponto
que «parece que na porta da entrada tenham escrito “proibido”: tudo é proibido
por medo». Assim «quando se entra naquela comunidade o ar está viciado, porque
a comunidade está doente: o medo faz adoecer uma comunidade; a falta de coragem
faz adoecer uma comunidade!».
Mas «também uma comunidade sem
alegria é doente, porque quando não há a alegria há o vazio. Não, aliás: há o
divertimento». E assim, afinal, «será uma bonita comunidade divertida, mas
mundana, doente de mundanidade porque não tem a alegria de Jesus Cristo». E «um
efeito, entre outros, da mundanidade é o de falar mal dos outros». Portanto,
«quando a Igreja é medrosa e quando não recebe a alegria do Espírito Santo,
adoece, as comunidades adoecem, os fiéis adoecem».
Na oração do início da missa,
recordou o Papa, «pedimos ao Senhor a graça de nos elevarmos para Cristo
sentado à direita do Pai». Precisamente «a contemplação de Cristo sentado à
direita do Pai nos dará a coragem, a alegria, nos tirará o medo e nos ajudará
também a não cair numa vida superficial e divertida».
«Com esta intenção de elevar o
nosso espírito para Cristo sentado à direita do Pai prossigamos a nossa
celebração, pedindo ao Senhor: eleva o nosso espírito, tira-nos qualquer receio
e dá-nos a alegria e a paz».
Papa Francisco
(Capela de Santa Marta 15 de maio de 2015)
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