quinta-feira, 25 de maio de 2023

 TEMPO PASCAL - 2023

Sexta-feira da semana VII do Tempo Pascal - dia 48 - 26/05/2023

Evangelho Jo 21, 15-19

«Simão, filho de João, tu amas-Me?»; 

«Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo»;

«Segue-Me».

Quase no final do Evangelho, Jesus interroga Pedro sobre o seu amor. Três vezes lhe pergunta “Tu amas-me…?” e três vezes Pedro tem que responder. Desta forma Pedro restabelece em si mesmo e na relação com Jesus a paz quebrada pela tríplice negação. Do mesmo modo o leitor pode perceber que não há nenhum impedimento em Pedro para que ele conduza a Igreja de Jesus. A negação na noite da paixão foi vencida pela confissão, no encontro com o ressuscitado, na manhã da pesca milagrosa. A resposta à pergunta “tu amas-me” transforma-se em afirmação perante a missão “apascenta as minhas ovelhas”. O sinal do amor é a continuidade na missão de pescar homens e apascentar ovelhas. Aquele que foi chamado para pescador, agora, é também pastor. Do mesmo modo, a resposta de amor para com Jesus, significa aceitar o mesmo caminho de cruz “estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres”.

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Quando Jesus Se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me tu mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».

É perigoso aceitar Jesus na vida e deixar-se cativar pelo seu amor. Responder a Jesus amando-o, torna-se numa vida nova que implica anunciá-lo como quem pesca e acolher como quem apascenta, aqueles a quem Jesus nos envia com a sua missão. Amar Jesus é perder livremente a liberdade sem nunca deixar de ser livre para realizar tudo e só o que Ele pede. É estender as mãos e deixar-se cingir e não ter medo de seguir ao sabor do vento do Espírito que empurra no seguimento de Jesus.

As minhas mãos atadas a ti e a minha cintura apertada pelo teu amor, tornam-me livre atrás de ti. Seguir-te é lançar as mãos às redes e contigo puxá-las cheias de grandes peixes e de cajado na mão estar atento, vigilante para que nenhuma das tuas ovelhas se perca. Um só coração contigo, um único olhar, um mesmo caminho, de mão no cajado que apascenta a Igreja pela qual deste a vida. Ensina-me, Senhor a pôr os pés nas pegadas que deixas ao passar pela minha vida. 

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«Como olha Jesus para mim hoje?». A pergunta sugerida por Francisco alcança e interpela diretamente cada cristão com a mesma força dos «três olhares que o Senhor dirigiu a Pedro». Olhares que contam «o entusiasmo da vocação, o arrependimento e a missão», explicou o Papa.

O trecho que narra o diálogo entre Jesus e Pedro, observou o Pontífice, «está quase no fim do Evangelho de João» (21, 15-19). «Recordamos sempre — prosseguiu — a história daquela noite de pesca», quando «os discípulos não pescaram peixe algum, nada». E por isso estavam um pouco «zangados». Mas «quando se aproximaram das margens» e um homem lhes perguntou se tinham «de comer», eles, «zangados», responderam: «Não!». Porque de facto «nada tinham pescado». Mas este homem ordenou-lhes que lançassem as redes do outro lado: os discípulos fizeram-no «e a rede encheu-se de peixes».

É «João, o amigo mais próximo, quem reconhece o Senhor». Por seu lado «Pedro, entusiasmado, lança-se ao mar para chegar mais depressa junto do Senhor». Esta é deveras «uma pesca milagrosa», observou Francisco, mas «quando chegaram — começa aqui o trecho do Evangelho de hoje — veem que Jesus tinha preparado o pequeno almoço: na grelha estava o peixe». Assim comem juntos. Depois «de terem comido, começa o diálogo entre Jesus e Pedro».

«Hoje na oração — confidenciou o Papa — vinha ao meu coração, via como era o olhar de Jesus sobre Pedro». E no Evangelho, acrescentou, «vi três olhares diferentes de Jesus sobre Pedro».

«O primeiro olhar», frisou Francisco, encontra-se «no início do Evangelho de João, quando André vai ter com seu irmão Pedro e lhe diz: “Vimos o Messias”». E «conduzindo-o a Jesus», o qual «fixa nele o olhar e lhe diz: “Tu és Simão, filho de Jonas. Serás chamado Pedro”». É «o primeiro olhar, o olhar da missão que, mais adiante em Cesareia de Filipe, explica a missão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”: será esta a tua missão».

«Entretanto — afirmou o Pontífice — Pedro tinha-se entusiasmado com Jesus: seguia Jesus. Recordemos aquele trecho do sexto capítulo do Evangelho de João, quando Jesus fala de comer o seu corpo e muitos discípulos naquele momento diziam: “Mas isto é duro, é uma palavra difícil”». A ponto que «começaram a retirar-se». Então «Jesus olha para os discípulos e diz: “Também vós vos quereis retirar?». É «o entusiasmo de Pedro que responde: “Não! Para onde iremos? Só tu tens palavras de vida eterna!”». Por conseguinte, explicou Francisco, «há o primeiro olhar: a vocação e um primeiro anúncio da missão». E «como é a alma de Pedro naquele primeiro olhar? Entusiasta». É «o primeiro tempo de andar com o Senhor».

Depois, acrescentou o Papa, «pensei no segundo olhar». Encontramo-lo «na noite funda da Quinta-Feira Santa, quando Pedro quer seguir Jesus e se aproxima de onde ele está, na casa do sacerdote, na prisão, mas é reconhecido: “Não, eu não o conheço!”». Renega-o «três vezes». Depois «ouve o canto do galo e recorda-se: renegou o Senhor. Perdeu tudo. Perdeu o seu amor». Precisamente «naquele momento Jesus é conduzido para outro ambiente, através de um pátio, e olha para Pedro». O Evangelho de Lucas diz que «Pedro chorou amargamente». Assim «aquele entusiasmo de seguir Jesus tornou-se choro, porque ele pecou, renegou Jesus». Mas «aquele olhar muda o coração de Pedro, mais que antes». Por conseguinte «a primeira mudança é trocar o nome e também a vocação». Ao contrário «é este segundo olhar que muda o coração e trata-se de uma mudança de conversão ao amor».

«Não sabemos qual foi o olhar naquele encontro, sozinhos, depois da ressurreição» afirmou Francisco. «Sabemos que Jesus se encontrou com Pedro, diz o Evangelho, mas não sabemos o que disseram». E assim aquela narração na liturgia de hoje «é um terceiro olhar: a confirmação da missão; mas também o olhar no qual Jesus pede a confirmação do amor de Pedro». Com efeito «por três vezes — três vezes! — Pedro tinha renegado»; e agora o Senhor «por três vezes pede a manifestação do seu amor». E «quando Pedro diz que sim, que o ama, ele confia-lhe a missão: “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”». Mais, à terceira pergunta — «Simão, filho de João, tu amas-me?» — Pedro «entristeceu-se, quase chorou». Está triste porque «pela terceira vez» o Senhor «lhe pergunta “Tu amas-me?”». E responde-lhe: «Senhor, tu sabes tudo, tu bem sabes que te amo». E Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Eis «o terceiro olhar: o olhar da missão».

Em seguida, Francisco repropôs a essência dos «três olhares» do Senhor sobre Pedro: «O primeiro, o olhar da escolha, com o entusiasmo de seguir Jesus; o segundo, o olhar do arrependimento no momento daquele pecado tão grave de ter renegado Jesus; o terceiro é o olhar da missão: “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”». Mas «não termina ali. Jesus vai mais adiante: tu fazes tudo isto por amor e depois? Serás coroado rei? Não». Aliás, o Senhor afirma claramente: «Digo-te: quando eras mais jovem, vestias-te sozinho e ias onde querias. Mas quando fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te vestirá e te levará onde tu não queres». Como se dissesse: «Também tu, como eu, estarás naquele pátio no qual eu fixei em ti o olhar: perto da cruz».

Precisamente sobre isto o Papa propôs um exame de consciência. «Também nós podemos pensar: qual é hoje o olhar de Jesus sobre mim? Como olha para mim Jesus? Com uma chamada? Com um perdão? Com uma missão?». Tenhamos a certeza de que «no caminho que ele percorreu, todos estamos sob o olhar de Jesus: ele olha para nós sempre com amor, pede-nos algo, perdoa-nos algo e confia-nos uma missão».

Antes de prosseguir a celebração — «agora Jesus vem sobre o altar» recordou — Francisco convidou a rezar: «Senhor, tu estás aqui entre nós. Fixa o teu olhar sobre mim e diz-me o que devo fazer; como devo chorar os meus erros, os meus pecados; qual é a coragem com que devo ir em frente pelo caminho que percorreste primeiro». E «durante este sacrifício eucarístico», é oportuno «que haja este nosso diálogo com Jesus». Depois, concluiu, «far-nos-á bem pensar durante todo o dia no olhar de Jesus sobre nós».

Papa Francisco

(Santa Marta, 22 de maio de 2015)

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