TEMPO PASCAL - 2023
Terça-feira da semana IV do Tempo Pascal - dia 24 - 02/05/2023
Evangelho Jo 10, 22-30
«As obras que Eu faço em nome de meu Pai dão testemunho de Mim.»;
«As minhas ovelhas escutam a minha voz»;
«Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.»;
«Eu e o Pai somos um só».
A cena passa-se no Templo, no pórtico de Salomão, lugar onde costumam estar os mestres a ensinar. Jesus aparece claramente como um mestre. É interrogado sobre a sua intenção e sobre o seu ser. “És?” “que vais fazer?” No fundo é isto que inquieta os judeus. Parece que estão atentos a Jesus e a todos os seus movimentos. A intenção, no entanto, não é a de quem procura o Messias, mas a de quem quer dar a morte a Jesus. O interesse recai sobre Jesus e o desejo é dar-lhe a morte. As palavras de Jesus abrem um fosso entre eles: “não sois das minhas ovelhas”. E não são das ovelhas de Jesus porque não escutam a sua voz. Estão fora da unidade, da comunhão que existe entre Jesus e o Pai, da qual participam todas as suas ovelhas.
Naquele tempo, celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação do templo. Era inverno e Jesus passeava no templo, sob o Pórtico de Salomão. Então os judeus rodearam-n’O e disseram: «Até quando nos vais trazer em suspenso? Se és o Messias, diz-nos claramente». Jesus respondeu-lhes: «Já vo-lo disse, mas não acreditais. As obras que Eu faço em nome de meu Pai dão testemunho de Mim. Mas vós não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer, ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».
Reparo que, enquanto os judeus estão atentos a Jesus para lhe dar a morte, eu, como seu discípulo, não tenho tanta intensidade na minha atenção para o seguir imitando-o nos gestos, nas palavras e nos sentimentos. Preciso de escutar Jesus mais e melhor, para estabelecer com ele uma mais profunda comunhão até chegar a ser um só com ele. Preciso de aprender com a audácia dos que o procuram matar para ousar imitá-lo.
Quero ser ovelha do teu rebanho e estar na tua mão. Quero ouvir a tua voz e
seguir os teus passos. O meu coração está em suspenso com receio de não ser
capaz de acompanhar os teus passos e seguir o ritmo do teu coração. Dá-me,
Senhor, a capacidade de me saber amado pelo teu sangue que é vida eterna.
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Jo 10, 27-30) oferece-nos expressões
pronunciadas por Jesus durante a festa da dedicação do templo de Jerusalém, que
se celebrava no final de dezembro. Ele encontra-se precisamente na área do
templo, e talvez aquele espaço sagrado recintado sugira a imagem do redil e do
pastor. Jesus apresenta-se como «o bom pastor» e diz: «As minhas ovelhas ouvem
a minha voz, eu conheço-as e elas seguem-me. Eu lhes dou a vida eterna; elas
jamais hão de perecer, e ninguém as roubará da minha mão» (vv. 27-28). Estas
palavras ajudam-nos a compreender que ninguém se pode considerar seguidor de
Jesus, se não ouve a sua voz. E este «ouvir» não deve ser entendido de maneira
superficial, mas arrebatadora, a ponto de tornar possível um verdadeiro
conhecimento recíproco, do qual pode vir um seguimento generoso, expresso nas
palavras «e elas seguem-me» (v. 27). Trata-se de uma escuta não só dos ouvidos,
mas uma escuta do coração!
Por conseguinte, a imagem do pastor e das ovelhas indica a relação estreita
que Jesus deseja estabelecer com cada um de nós. Ele é o nosso guia, o nosso
mestre, o nosso amigo, o nosso modelo, mas sobretudo é o nosso Salvador. De
facto, a frase seguinte do trecho evangélico afirma: «elas jamais hão de
perecer, e ninguém as roubará da minha mão» (v. 28). Quem pode falar assim?
Unicamente Jesus, porque a «mão» de Jesus é uma coisa só com a «mão» do Pai, e
o Pai é «maior do que todos» (v. 29).
Estas palavras comunicam-nos um sentido de absoluta segurança e de imensa
ternura. A nossa vida está plenamente segura nas mãos de Jesus e do Pai, que
são uma só coisa: um único amor, uma única misericórdia, revelados de uma vez
para sempre no sacrifício da cruz. Para salvar as ovelhas tresmalhadas que
somos todos nós, o Pastor fez-se cordeiro e deixou-se imolar para assumir sobre
si os pecados e tirá-los do mundo. Deste modo Ele doou-nos a vida, e vida em
abundância (cf. Jo 10, 10)! Este mistério renova-se, numa
humildade sempre surpreendente, na mesa eucarística. É ali que as ovelhas se
reúnem para se nutrirem; é ali que se tornam uma só coisa, entre si e com o Bom
Pastor.
Por isto já não temos receio: a nossa vida agora está salva da perdição.
Nada e ninguém nos poderá arrancar das mãos de Jesus, porque nada e ninguém
pode vencer o seu amor. O amor de Jesus é invencível! O maligno, o grande
inimigo de Deus e das suas criaturas, procura de muitas maneiras arrancar-nos a
vida eterna. Mas o maligno nada pode se nós não lhe abrirmos as portas da nossa
alma, seguindo as suas lisonjas enganadoras.
A Virgem Maria ouviu e seguiu docilmente a voz do Bom Pastor. Que ela nos
ajude a acolher com alegria o convite de Jesus a tornarmo-nos seus discípulos,
e a viver sempre na certeza de estar nas mãos paternas de Deus.
Papa Francisco
(Regina Coeli, 17 de abril de 2016)
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