TEMPO PASCAL - 2023
Segunda-feira da semana V do Tempo Pascal - dia 30 - 08/05/2023
Evangelho Jo 14, 21-26
«Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada.»;
«Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».
Este texto de João mostra que a relação com Jesus passa pela relação com a sua palavra. Aquele que aceita os mandamentos e os cumpre, esse, ama Jesus e está com Ele. E reforça ainda mais esta ideia repetindo-a: “Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará” e acrescenta “Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada”. Quem não guarda a palavra é porque não ama ou vice-versa. A relação com Jesus passa pela sua palavra indiscutivelmente. Sem a palavra não há mais nada, nem sequer a relação com o Pai, porque a palavra é do Pai. No final, Jesus promete o Espírito Santo com a finalidade de ensinar a verdade e recordar o que Ele disse.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». Disse-Lhe Judas, não o Iscariotes: «Senhor, como é que Te vais manifestar a nós e não ao mundo?» Jesus respondeu-lhe: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, enquanto estava convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».
Preciso de fazer uma escolha diante de Jesus: ou estou com Ele escutando a sua palavra ou sigo o meu caminho escutando-me a mim e vivendo ao meu jeito. Esta opção é necessária. Não há lugar para meio termo, nem para meias opções. Jesus é claro para comigo. Quem escuta ama e quem não escuta não ama. Não posso escutar mais ou menos nem amar mais ou menos. Ou tudo ou nada. Tenho que assumir o “sim, sim, e não, não”, na minha vida frente a Jesus. Escutá-lo é amá-lo e estar em relação com o Pai tornando-me sua morada. Não escutar é ficar só comigo mesmo.
Senhor envia sobre mim o teu Espírito para que saiba discernir e não me deixe
levar por vãs palavras e vazios desejos que não me preenchem nem me deixam ver
a verdade. Que o teu Espírito me conduza à tua palavra para que me deixe
seduzir por ti e me torne teu seguidor e tua morada.
O Evangelho (...) apresenta-nos um trecho do discurso
que Jesus dirigiu aos Apóstolos na última Ceia. Ele fala da obra do Espírito Santo e faz uma promessa: «O Paráclito, o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo, e há-de
recordar-vos tudo o que Eu vos disse» (v. 26). Enquanto se aproxima o momento
da Cruz, Jesus garante aos Apóstolos que não permanecerão sozinhos: com eles
estará sempre o Espírito Santo, o Paráclito, que os apoiará na missão de levar
o Evangelho ao mundo inteiro. Na língua original grega, o termo “Paráclito”
significa Aquele que se põe ao lado, para apoiar e consolar. Jesus
volta ao Pai, mas continua a instruir e a animar os seus discípulos mediante a
ação do Espírito Santo.
No que consiste a missão do Espírito Santo, que Jesus promete como dom? É
Ele mesmo quem o diz: «Ele ensinar-vos-á tudo, e há de recordar-vos tudo o que
Eu vos disse». Durante a sua vida terrena, Jesus já transmitiu tudo o que
queria confiar aos Apóstolos: levou a cumprimento a Revelação divina, ou seja,
tudo o que o Pai queria dizer à humanidade com a Encarnação do Filho. A tarefa
do Espírito Santo consiste em fazer recordar, isto é, fazer compreender
plenamente e levar a praticar de maneira concreta os ensinamentos de Jesus. É
precisamente esta também a missão da Igreja, que a realiza através de um estilo
de vida específico, caracterizado por algumas exigências: a fé no Senhor e a
observância da sua Palavra; a docilidade à ação do Espírito, que torna continuamente
vivo e presente o Senhor Ressuscitado; o acolhimento da sua paz e o testemunho
a ela dado com uma atitude de abertura e de encontro com o outro.
Para realizar tudo isto, a Igreja não pode permanecer estática mas, com a
participação ativa de cada batizado, é chamada a agir como uma comunidade a
caminho, animada e sustentada pela luz e pela força do Espírito Santo que
renova todas as coisas. Trata-se de se libertar dos vínculos mundanos,
representados pelos nossos pontos de vista, pelas nossas estratégias, pelos
nossos objetivos, que muitas vezes dificultam o caminho de fé, e de nos pormos
em dócil escuta da Palavra do Senhor. Deste modo, é o Espírito de Deus quem nos
guia e orienta a Igreja, a fim de que ela faça resplandecer o autêntico rosto,
bonito e luminoso, desejado por Cristo.
Hoje o Senhor convida-nos a abrir o coração ao dom do Espírito Santo, para
que nos guie pelas sendas da história. Ele educa-nos dia após dia para a lógica
do Evangelho, a lógica do amor acolhedor, “ensinando-nos todas as coisas” e
“recordando-nos tudo o que o Senhor nos disse”. Maria, que neste mês de maio
veneramos e oramos com devoção especial como nossa Mãe celeste, proteja sempre
a Igreja e a humanidade inteira. Ela que, com fé humilde e corajosa, cooperou
plenamente com o Espírito Santo para a Encarnação do Filho de Deus, nos ajude
também a nós, a deixar-nos educar e guiar pelo Paráclito, a fim de podermos
acolher a Palavra de Deus e de a testemunhar com a nossa vida.
Papa Francisco
(Regina Caeli, 26 de maio de 2019)
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