TEMPO PASCAL - 2023
Segunda-feira da semana VI do Tempo Pascal - dia 37 - 15/05/2023
Evangelho
Jo 15, 26-16, 4a
«Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.»;
«E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.»;
«Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes.»
Jesus fala do que vai acontecer no futuro, da vinda do Espírito que Ele enviará, do testemunho do Espírito e do testemunho dos discípulos. Este testemunho será dado no meio das perseguições que atingirão os que conheceram o Pai e conheceram Jesus. Os discípulos devem estar atentos ao Espírito que lhes inspira o verdadeiro testemunho e lhes recorda o que já lhes foi antecipadamente mostrado por Jesus. Esta advertência de Jesus serve para poderem reconhecer os sinais da perseguição do mundo e a forma de lhe responder, de acordo com as instruções recebidas e com o testemunho do Espírito.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes. Hão de expulsar-vos das sinagogas; e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus. Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim. Mas Eu disse-vos isto, para que, ao chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo tinha dito».
Perseguições para aqueles que estão com Jesus desde o princípio. Esta é a
certeza que Jesus coloca diante de mim como resposta à minha fidelidade à fé.
Ele não me engana. Jesus sabe que o mundo tem critérios que se opõem ao
evangelho por Ele anunciado. Sabe também que todos os que optam por Ele e
decidem levar a sério as suas palavras encontrarão dificuldades e oposições.
Por isso me coloca de sobreaviso para que não seja apanhado de surpresa nem me
acobarde quando as situações se tornarem difíceis. Também me concede o seu
Espírito consolador para que reconheça a verdade do caminho por Ele proposto e
me encha da coragem necessária para levar até ao fim a minha decisão.
Que eu não sucumba, Senhor. Que eu te conheça e conheça o Pai. Senhor que todo
o meu ser chegue ao conhecimento do teu amor para que, totalmente seduzido, não
sucumba no meio das perseguições interiores e exteriores que me assaltam ao
longo do caminho. Em especial, Senhor, concede-me a graça de reconhecer o teu
rosto e o sopro do teu Espírito quando sentir a perseguição que vem de dentro
de mim, do meu ser, da minha vontade, dos meus desejos, das minhas pretensões,
porque ainda há muito mundo em mim. Quero pertencer-te totalmente, Senhor.
Inunda-me com toda a força do teu Espírito.
Na vida do cristão há um «duplo
testemunho»: o do Espírito que «abre o coração» mostrando Jesus, e o da pessoa
que «com a força do Espírito» anuncia «que o Senhor vive». Um testemunho, este
último, que deve ser dado «não tanto com palavras» quanto com a «vida», mesmo à
custa de «pagar o preço» das perseguições.
Foram mais uma vez o Espírito
Santo e a sua ação no coração de cada crente o fulcro da meditação do Papa
Francisco. Com efeito, a liturgia continua a propor trechos dos Atos dos
apóstolos (16, 11-15) com as primeiras missões da Igreja nascente e citações do
discurso de Jesus durante a última ceia (João, 15, 26 – 16, 4). Em particular
no Evangelho de hoje lê-se acerca de Jesus que «fala do testemunho que o
Espírito Santo, o Paráclito, dará dele e do testemunho que também nós
deveríamos dar dele». E Francisco sublinhou que aqui a palavra «mais incisiva»
é precisamente «testemunho».
O testemunho do Espírito
encontra-se também na primeira leitura onde, quando se fala de Lídia, uma
«negociante de púrpura da cidade de Tiatira, uma crente em Deus», se diz: «O
Senhor abriu-lhe o coração para aderir às palavras de Paulo». Mas «quem tocou o
coração desta mulher?» questionou-se o Pontífice, recordando que Lídia «sentiu
dentro de si» algo que a impelia a dizer: «Isto é verdade! Estou de acordo com
quanto afirma este homem, este homem que dá testemunho de Jesus Cristo»? A
resposta é: «o Espírito Santo». É ele «quem fez sentir a esta mulher que Jesus
era o Senhor; fez sentir a esta mulher que a salvação estava nas palavras de
Paulo; fez sentir a esta mulher um testemunho».
Por conseguinte, explicou o
Papa, é o Espírito que «dá testemunho de Jesus. E todas as vezes que nós
sentimos no coração algo que nos aproxima de Jesus, é o Espírito que trabalha
dentro de nós». E o próprio Jesus explicou aos discípulos a ação do Espírito:
«Ensinar-vos-á e recordar-vos-á tudo aquilo que eu disse». E o Espírito,
acrescentou Francisco, «abre constantemente o coração, como abriu o coração
desta senhora Lídia», e «dá testemunho para sentir e recordar aquilo que Jesus
nos ensinou».
Mas o testemunho, explicou o
Papa, «é duplo». Ou seja: «o Espírito dá-nos o testemunho de Jesus e nós damos
o testemunho com a força do Espírito do mesmo Senhor». Reafirma-o ainda Jesus
no trecho evangélico: «Quando vier o Paráclito, que eu vos mandarei do Pai, o
Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim; e também
vós dai testemunho, porque estais comigo desde o princípio». E o Senhor,
observou Francisco, insiste sobre as caraterísticas deste testemunho — «talvez
os discípulos não tenham compreendido bem» realçou — acrescentando: «Tenho-vos
dito estas coisas para que não vos escandalizeis». Ou seja, ele explica «o
preço do testemunho cristão» de forma direta: «Expulsar-vos-ão das sinagogas;
virá a hora em que qualquer um que vos matar julgará prestar um serviço a
Deus».
Portanto, resumiu o Pontífice,
«o cristão, com a força do Espírito, dá testemunho que o Senhor vive, que o
Senhor ressuscitou, que o Senhor está no meio de nós, que o Senhor celebra
connosco a sua morte e ressurreição, todas as vezes que nos aproximamos do
altar»; e fá-lo «na sua vida quotidiana, com o seu modo de agir». É,
acrescentou, «o testemunho constante do cristão». Ao mesmo tempo, o cristão
deve estar ciente de que por vezes este testemunho «provoca ataques, provoca
perseguições»: são «as pequenas perseguições», como as das «bisbilhotices» e
das «críticas», mas também das perseguições das quais «a história da Igreja
está repleta», ou seja, as que levam «os cristãos para a prisão» ou «até a dar
a vida».
Portanto, é o próprio «Espírito
Santo que nos fez conhecer Jesus» que nos impele «a fazer com que ele seja
conhecido, não tanto com as palavras, quanto com o testemunho de vida». E,
concluindo o Papa sugeriu, «é bom pedir ao Espírito Santo que venha ao nosso
coração, para dar testemunho de Jesus» e rezar-lhe assim: «Senhor, que eu não
me afaste de Jesus. Ensina-me o que ensinou Jesus. Faz-me recordar o que Jesus
disse e fez e, também, ajuda-me a dar o testemunho destas coisas. Que a
mundanidade, as coisas fáceis, as coisas que provêm precisamente do pai da
mentira, do príncipe deste mundo, o pecado, não me afastem do testemunho; que
eu não me escandalize, como diz Jesus, de ser cristão, porque alguém me evita
ou porque há perseguições».
Papa Francisco
(Santa Marta, 2 de maio de 2016)
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