TEMPO PASCAL - 2023
Domingo da semana V do Tempo Pascal - dia 29 - 07/05/2023
EVANGELHO Jo 14, 1-12
«Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. »;
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida.»;
«Ninguém vai ao Pai senão por Mim.»;
«Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes».;
«Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras.»
A liturgia deste domingo continua a vivência do grande dia da Páscoa de
Jesus ressuscitado. As leituras de hoje, projetam-nos para o essencial da nossa
fé, Jesus, a pedra angular da Igreja, é um com o Pai. E é aí, na comunhão íntima
e profundíssima de Jesus com o Pai, num Amor infinito e total, que Ele se nos
vai revelando como o único caminho para o Pai. Deixemo-nos guiar por Ele.
Na 1ªleitura (Atos 6,1-7) apercebemo-nos, como noutras leituras, de que também as primeiras
comunidades tiveram os seus problemas internos. No entanto, o que mais me marca
neste texto, é a forma como resolviam os seus conflitos, ou vicissitudes, numa
grande docilidade ao Espírito Santo para decidirem e, assim, serem fiéis ao seu
Senhor e mestre, Jesus ressuscitado. E foi,
desta inspiração divina, que nasceu o diaconado.
“Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram
a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das
suas viúvas. Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram:
«Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas.
Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos
dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra». A proposta agradou
a toda a assembleia; e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito
Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre
eles. A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos
aumentava consideravelmente em Jerusalém e obedecia à fé também grande número
de sacerdotes.”
Na segunda leitura (1 Pedro 2, 4-9) S.Pedro situa-nos na comunidade eclesial e centra-nos na pedra viva
angular da Igreja: Jesus Cristo. Nós todos, cada um com os dons que Deus lhe
deu, é uma pedra viva que faz parte e é necessária, mas só se Jesus for a nossa
razão de ser e existir, a nossa raiz e fundamento, o nosso mais que tudo,
seremos Igreja Santa de Deus.
“Caríssimos: Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos
homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras
vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um
sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a
Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na Escritura: «Vou pôr em Sião uma pedra
angular, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiança não será
confundido». Honra, portanto, a vós que acreditais. Para os incrédulos, porém,
«a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular», «pedra de
tropeço e pedra de escândalo». Tropeçaram por não acreditarem na palavra, pois
foram para isso destinados. Vós, porém, sois «geração eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores» d’Aquele que
vos chamou das trevas para a sua luz admirável.”
No evangelho (Jo 14, 1-12) S.João revela-nos, no diálogo que nos traz hoje, Jesus e a Sua relação de
Amor com o Pai, numa comunhão tão profunda, tão total e infinita, que como diz
a Filipe, quem O vê, vê o Pai. E, melhor ainda, é o próprio Jesus quem nos diz
que é o Caminho para o Pai. Se temos dúvidas, ao menos acreditemos nas Suas
obras.
«Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».
Senhor, eu
creio que és Jesus, o Filho de Deus feito homem, que ressuscitou dos mortos, um
com o Pai. Aleluia!
(...)
Jesus declara que «quem o vê a Ele vê o Pai». Diz exactamente: «Sim, Pai,
porque assim decidiste na tua benevolência». E «ninguém sabe quem é o Filho
senão o Pai. Ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele ao qual o
Filho o quiser revelar».
Francisco recordou que «naquele discurso de despedida, depois da Ceia»,
Jesus repete muitas vezes: «Pai, que eles sejam um só, como tu e eu». E
«promete o Espírito Santo, porque é precisamente o Espírito Santo que faz esta
unidade, como a faz entre Pai e Filho». E «Jesus exulta na alegria do Espírito
Santo».
Mas «este mistério não permaneceu só entre eles, foi-nos revelado». O Pai
«foi revelado por Jesus: ele dá-nos a conhecer o Pai; faz-nos conhecer esta
vida interior que ele tem». E «a quem revela isto o Pai, a quem concede esta
graça?» perguntou o Papa. (...)
Por isso «só os que têm o coração como os pequeninos são capazes de receber
esta revelação». Só «o coração humilde, manso, que sente a necessidade de
rezar, de se abrir a Deus, se sente pobre». Numa palavra, «só aquele que vai em
frente com a primeira bem-aventurança: os pobres de espírito».
Sem dúvida, reconheceu o Papa, «muitos podem conhecer a ciência, a
teologia». Mas «se não fazem esta teologia de joelhos, ou seja, humildemente,
como os pequeninos, nada compreenderão». Talvez «nos digam muitas coisas, mas
não compreendem nada». Porque «só esta pobreza é capaz de receber a revelação
que o Pai dá através de Jesus». E «Jesus vem não como um capitão, um general de
exército, um governador poderoso», mas «vem como um rebento»(...) «Naquele
dia, um rebento surgirá do tronco de Jessé». Por conseguinte, «ele é um
rebento, é humilde, é manso, e veio para os humildes, para os mansos, para
trazer a salvação aos doentes, aos pobres, aos oprimidos(...) E Jesus veio
precisamente para os marginalizados: ele marginaliza-se, não considera um valor
inegociável ser igual a Deus». Com efeito, recordou o Pontífice, «humilhou-se a
si mesmo», aniquilou-se. Ele «marginalizou-se, humilhou-se» para «nos dar o
mistério do Pai e o seu».
O Papa frisou que «não se pode receber esta revelação fora do modo em que
Jesus a dá: em humildade, abaixando-se a si mesmo». Nunca se pode esquecer que
«o Verbo se fez carne, se marginalizou para trazer a salvação aos marginalizados».
E quando o grande João Baptista, na prisão, não compreendia bem como estava a
situação, com Jesus, porque estava um pouco perplexo, envia os seus discípulos
para fazer a pergunta: «João pergunta-te: és tu ou temos que aguardar outro?».
À pergunta de João, Jesus não responde: «Sou eu o Filho». Mas diz: «Olhai,
vede tudo isto, e depois dizei a João o que vistes»: ou seja, que «os leprosos
foram curados, os pobres evangelizados, os marginalizados reencontrados».
É evidente, segundo Francisco, que «a grandeza do mistério de Deus se
conhece unicamente no mistério de Jesus. O mistério de Jesus é precisamente um
mistério de abaixamento, de aniquilação, de humilhação, e leva a salvação aos
pobres, aos que foram aniquilados por tantas doenças, pecados e situações
difíceis».
«Fora deste quadro» — frisou o Papa — não se pode compreender o mistério de
Jesus, não se pode compreender esta unção do Espírito Santo que O faz
rejubilar (...) no louvor do Pai, e que O leva a
evangelizar os pobres, os marginalizados».
Nesta perspetiva, (...) Francisco convidou a rezar para
pedir a graça «ao Senhor de nos aproximarmos mais do Seu mistério, e de o fazer
pelo caminho que Ele quer que percorramos: da humildade, da mansidão, da pobreza,
de nos sentirmos pecadores». (...)
Papa Francisco
(in Santa Marta, 2 de dezembro de 2014)
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