sábado, 16 de março de 2024

QUARESMA PASSO A PASSO

Semana V  

2024 - Ano B 

Tema da quinta semana:

«Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus» 

Domingo V – 17/03/2024

Evangelho: Jo 12, 20-33

«Senhor, nós queríamos ver Jesus»;

«Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 

Nas leituras de hoje é retomada a temática da Aliança, mas, indo para além do Antigo Testamento, projeta-nos para a Nova Aliança, a definitiva, que se cumpre em Jesus, que ao elevar-se da terra atrairá todos a Si.

Na 1ªleitura (Jer 31, 31-34) Jeremias diz-nos que o Senhor gravará a Sua lei nos nossos corações e imprimi-la-á no íntimo da nossa alma. O Senhor será para sempre o nosso Deus. Deixemo-nos “fazer” por Ele.

“Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova. Não será como a aliança que firmei com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egipto, aliança que eles violaram, embora Eu tivesse domínio sobre eles, diz o Senhor. Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, naqueles dias, diz o Senhor: Hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Já não terão de se instruir uns aos outros, nem de dizer cada um a seu irmão: «Aprendei a conhecer o Senhor». Todos eles Me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno, diz o Senhor. Porque vou perdoar os seus pecados e não mais recordarei as suas faltas.”

Na 2ª leitura (Hebr 5, 7-9) S.Paulo afirma que a Aliança definitiva se concretiza em Jesus, que por puro Amor e em perfeita obediência ao Pai, todo se Lhe entrega.

“Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna.”

No Evangelho (Jo 12, 20-33) vemos como Jesus, no alto da Cruz, sela a Nova Aliança com o Seu sangue. Com a imagem do grão de trigo lançado à terra, que ao morrer dá muito fruto, é o próprio Jesus que nos indica de que tipo irá ser a Sua morte. Jesus desafia-nos a segui-l'O neste contexto. Aceitemos o repto e entreguemo-nos ao Senhor, de alma e coração.

"Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.

Senhor, também eu quero ver-Te, hoje e sempre.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Ámen

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Neste quinto domingo da Quaresma, a liturgia proclama o Evangelho no qual São João relata um episódio que teve lugar nos últimos dias da vida de Cristo, pouco antes da Paixão (cf. Jo 12, 20-33). Enquanto Jesus estava em Jerusalém para a Festa da Páscoa, alguns gregos, curiosos acerca do que ele realizava, expressaram o desejo de o ver. Aproximam-se do apóstolo Filipe e dizem-lhe: «Queremos ver Jesus» (v. 21). «Queremos ver Jesus». Recordemos este desejo: “Queremos ver Jesus”. Filipe fala disso a André e depois, juntos, referem-no ao Mestre. No pedido daqueles gregos podemos entrever o pedido que muitos homens e mulheres, de todos os lugares e épocas, dirigem à Igreja e também a cada um de nós: “Queremos ver Jesus”.

E como responde Jesus a esse pedido? De um modo que nos faz pensar. Diz assim: «É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado [...] Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, permanece sozinho; mas se morrer, produz muito fruto» (vv. 23-24). Estas palavras parecem não responder à questão posta por aqueles gregos. Na realidade, elas vão mais longe. Com efeito, Jesus revela que Ele, para cada homem que O quiser procurar, é a semente escondida pronta para morrer a fim de dar muito fruto. Como se pretendesse dizer: se me quiserdes conhecer, e se me quiserdes compreender, olhai para o grão de trigo que morre na terra, ou seja, olhai para a cruz.

Isto traz à mente o sinal da cruz, que ao longo dos séculos se tornou o emblema por excelência dos cristãos. Quantos querem “ver Jesus” hoje, talvez vindos de países e culturas onde o cristianismo é pouco conhecido, o que veem em primeiro lugar? Qual é o sinal mais comum que encontram? O crucifixo, a cruz. Nas igrejas, nos lares dos cristãos, usado também no próprio corpo. O importante é que o sinal seja coerente com o Evangelho: a cruz não pode deixar de expressar amor, serviço, dom de si sem hesitações: só assim é verdadeiramente a “árvore da vida”, da vida superabundante.

Ainda hoje muitas pessoas, frequentemente sem o dizer, de uma forma implícita, gostariam de “ver Jesus”, de o encontrar, de o conhecer. A partir disto compreendemos a grande responsabilidade de nós cristãos e das nossas comunidades. Também nós devemos responder com o testemunho de uma vida que se dá em serviço, uma vida que assume sobre si o estilo de Deus - proximidade, compaixão e ternura - e se doa no serviço. Trata-se de lançar sementes de amor não com palavras que voam para longe, mas com exemplos concretos, simples e corajosos, não com condenações teóricas, mas com gestos de amor. Então o Senhor, com a sua graça, faz-nos dar fruto, mesmo quando o terreno é árido devido a desentendimentos, dificuldades ou perseguições, ou pretensões de legalismos ou moralismos clericais. Este é terreno árido. Então precisamente, na prova e na solidão, quando a semente morre, é o momento em que a vida brota, para produzir frutos maduros no seu tempo. É neste entrelaçamento de morte e vida que podemos experimentar a alegria e a verdadeira fecundidade do amor, que acontece sempre, repito, no estilo de Deus: proximidade, compaixão, ternura.

Que a Virgem Maria nos ajude a seguir Jesus, a caminhar fortes e felizes pelas vias do serviço, para que o amor de Cristo brilhe em todas as nossas atitudes e se torne cada vez mais o estilo da nossa vida quotidiana.

Papa Francisco

(Angelus, 21 de março de 2021)

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