QUARESMA PASSO A PASSO
Semana IV
2024 - Ano B
Tema da quarta semana: «Assim como Moisés elevou a
serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele
que acredita tenha n’Ele a vida eterna.»
Domingo IV – 10/03/2024
Evangelho Jo 3, 14-21
«...o Filho do homem será elevado, para que
todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna.»;
«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna.»
«...a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras.»
Hoje é um domingo especial na caminhada quaresmal, que nos projeta para a libertação, como que dando-nos força, energia suplementar, para enfrentarmos todos os obstáculos que ainda temos de ultrapassar na caminhada para a Páscoa. Neste domingo, como sinal exterior, até os paramentos são rosa e não roxos como é usual no tempo litúrgico que vivemos. Recarreguemos as nossas baterias e demos graças e louvores a Deus que nos providenciou tão saboroso manjar.
Nas leituras de hoje, se por um lado somos confrontados com as consequências das nossas opções e das nossas escolhas, por outro, somos invadidos por uma grande alegria, pois, pela misericórdia infinita de Deus, e pelo Sua Graça, recebemos a certeza de que se fizermos como Nicodemos e O procurarmos, de coração sincero, encontra-l’O-emos e n’Ele seremos verdadeiramente felizes.
"Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo
multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das
nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em
Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar,
enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas
eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e
riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a indignação
do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram
as muralhas de Jerusalém, lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os
objetos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que
tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles e de seus filhos, até
que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor
anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus
sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até
que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da
Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias,
o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em todo o seu
reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim fala Ciro, rei
da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele próprio
me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá.
Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja
com ele»."
Na 2ªleitura (Ef 2, 4-10) S.Paulo, de uma forma única e profunda, faz
ressaltar o Amor misericordioso e infinito de Deus por cada um de nós. Fá-lo
centrando-nos no essencial da nossa fé: o imenso Amor que Deus nos tem e que se
manifestou em Jesus Cristo, que nos salvou, morreu e ressuscitou, continua
vivo, habita o coração de todo o que procura o Senhor sinceramente, com todas
as sua forças. Deixemos que Deus nos preencha com a Sua Graça e faça de nós
transmissores do Seu Amor a todos os que connosco vivem, ou se cruzam nos
caminhos da vida.
"Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com
que nos amou, a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados,
restituiu-nos à vida com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele
nos ressuscitou e com Ele nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos
séculos futuros a abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para
connosco, em Jesus Cristo. De facto, é pela graça que fostes salvos, por meio
da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém
se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo,
em vista das boas obras que Deus de antemão preparou, como caminho que devemos
seguir."
No evangelho (Jo 3,14-21) é o próprio Jesus quem nos
diz que todo aquele que procura Deus, de coração sincero e todo se Lhe entrega,
acreditando verdadeiramente n’Ele, o Filho Único de Deus, esse encontrou a
salvação.
"Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a
serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele
que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o
seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas
tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o
mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é
condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no
nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao
mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas
obras. Todo aquele que pratica más ações odeia a luz e não se aproxima dela,
para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade
aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em
Deus."
Bendito e louvado seja Deus, no seu imenso Amor por toda a humanidade e por
cada um de nós, em particular.
Estimados
irmãos e irmãs, bom dia!
Neste quarto domingo de
Quaresma a liturgia eucarística começa com este convite: «Alegra-te,
Jerusalém...». (cf. Is 66,
10).
Qual é a razão desta alegria? Em plena Quaresma, qual é o motivo desta alegria?
O Evangelho de hoje diz-nos: Deus «amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu
Filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna» (Jo 3, 16).
Esta jubilosa mensagem é o coração da fé cristã: o amor de Deus encontrou o seu
ápice no dom do seu Filho à humanidade débil e pecadora. Ele doou-nos o seu
Filho, a nós, a todos nós.
Isto manifesta-se no diálogo
noturno entre Jesus e Nicodemos, do qual a própria página do Evangelho descreve
uma parte (cf. Jo 3,
14-21).
Nicodemos, como qualquer membro do povo de Israel, aguardava o Messias,
identificando-o como um homem forte que iria julgar o mundo com poder. Ao
contrário, Jesus põe em crise esta expetativa ao apresentar-se sob três
aspetos: o do Filho do homem exaltado na cruz; o do Filho
de Deus enviado ao mundo para a salvação; e o da luz que
distingue quantos seguem a verdade dos que seguem a mentira. Vejamos estes três
aspetos: Filho do Homem, Filho de Deus e luz.
Jesus apresenta-se antes de
mais como o Filho do homem (vv. 14-15). O texto alude à história da serpente de bronze (cf. Nm 21, 4-9)
que, pela vontade de Deus, foi levantada por Moisés no deserto quando o povo
foi atacado por serpentes venenosas; quem era mordido e olhava para a serpente
de bronze ficava curado. Do mesmo modo, Jesus foi levantado na cruz e aqueles
que acreditam n’Ele são curados do pecado e vivem.
O segundo aspeto é o do Filho
de Deus (vv.
16-18).
Deus Pai ama os homens ao ponto de “dar” o seu Filho: Ele doou-o na Encarnação
e doou-o ao entregá-lo à morte. O propósito do dom de Deus é a vida eterna dos
homens: de facto, Deus envia o seu Filho ao mundo não para o condenar, mas para
que o mundo possa ser salvo através de Jesus. A missão de Jesus é uma missão de
salvação, de salvação para todos.
O terceiro nome que Jesus se
atribui é “luz” (vv.
19-21).
O Evangelho diz: «a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do
que a luz» (v. 19).
A vinda de Jesus ao mundo provoca uma escolha: quem escolhe as trevas enfrenta
um julgamento de condenação, quem escolhe a luz terá um julgamento de salvação.
O julgamento é sempre a consequência da livre escolha de cada um: quem pratica
o mal procura as trevas, o mal esconde-se sempre, cobre-se. Quem faz a verdade,
isto é, pratica o bem, vem à luz, ilumina os caminhos da vida. Quem caminha na
luz, quem se aproxima da luz, realiza boas obras. A luz leva-nos a praticar
boas obras. É isto que somos chamados a fazer com maior empenho durante a
Quaresma: acolher a luz na nossa consciência, para abrir os nossos corações ao
amor infinito de Deus, à sua misericórdia cheia de ternura e bondade, ao seu
perdão. Não vos esqueçais que Deus perdoa sempre, sempre, se pedirmos
humildemente perdão. É suficiente pedir perdão, e Ele perdoa. Desta forma,
encontraremos a verdadeira alegria e poderemos regozijar-nos com o perdão de
Deus que regenera e dá vida.
Maria Santíssima nos ajude a
não ter medo de nos deixarmos “entrar em crise” por Jesus. É uma crise
saudável, para a nossa cura; para que a nossa alegria possa ser plena.
Papa Francisco
(Angelus, 14 de março de 2021)
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