QUARESMA PASSO A PASSO
2024 - Ano B
34º
Dia –
Sábado V – 23/03/2024
«A partir desse dia, decidiram matar
Jesus.»
Evangelho Jo 11, 45-56
A
ressurreição de Lázaro é o pretexto para intensificar a luta contra Jesus e a
decisão de lhe dar a morte. O medo do que Jesus pode fazer, das multidões que
podem acreditar que ele é o Messias e o receio face aos romanos que dominam a
região e lhes podem tirar de vez o que resta do poder que exercem, leva as
autoridades a decidir a morte de Jesus. Por sua vez, Jesus, porque ainda não
chegou a sua hora, anda em lugares desertos até ao dia em que subirá definitivamente a Jerusalém. Nenhuma decisão dos homens impede ou altera o
projeto de Jesus para a salvação dos homens.
“Naquele tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos, acreditaram n’Ele. Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres? Se O deixamos continuar assim, todos acreditarão n’Ele; e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo e toda a nação». Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada. Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus. Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos. Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»”
As
atitudes e argumentos que rodeiam os últimos dias da vida de Jesus manifestam o
que há de mais obscuro no íntimo do ser humano. A figura de Caifás e dos
príncipes dos sacerdotes, bem como Herodes, Pilatos e as multidões, são muito
interessantes do ponto de vista da análise psicológica. Estas personagens
ajudam-nos a refletir sobre a nossa vida, o que se esconde no mais profundo de
nós mesmos e de como também nós podemos chegar a agir com tal violência se não
estivermos atentos aos impulsos. É fácil transformar as outras pessoas em
inimigos, rivais, adversários. Descobrir o outro é muitas vezes descobrir um
valor que pode ameaçar a nossa incompetência, pôr de manifesto as nossas
incapacidades e revelar a nossa fragilidade. Perante isto decidimos muitas vezes
matar o outro. Jesus mostra-nos que essa não é a melhor decisão.
Nesta
passagem do evangelho, S.João dá-nos a conhecer as intenções dos adversários do
Senhor: «A partir desse
dia, decidiram matar Jesus».
E que faz Jesus ao sabê-lo?
Retira-se para uma região próxima do deserto, Efraim, já não andando em público junto dos judeus. Adota
uma medida de prudência, pois ainda não tinha chegado a Sua hora. Por outro
lado, como escutamos em tanta outras passagens do evangelho, Jesus, frequentemente,
recolhia-se em oração, em comunhão íntima com o Pai, num lugar isolado
(deserto, alto de um monte,…). Ora Ele sabia tudo o que se aproximava, pelo que
é legítimo supor que Nosso Senhor necessita de mergulhar no fundo da Sua alma,
numa comunhão total com o Pai, para enfrentar a terrível prova da Paixão.
Jesus, que era Deus, mas também
homem, deu-nos o exemplo, ensinou-nos que é por aí, pelo encontro profundo com
Deus, no mais íntimo de nós próprios, que encontraremos o nosso caminho de
libertação para a Páscoa. Preparemos o nosso coração para a entrada na Semana
Santa. Peçamos a Nossa Senhora que nos ensine a confiar, a percorrer as várias
etapas do caminho da vida e a permanecer firmes, solidários, em comunhão junto
à Cruz. Só no seu Filho encontraremos a Vida.
Avé-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.
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