quarta-feira, 27 de março de 2024

 QUARESMA PASSO A PASSO

Semana Santa  

2024 - Ano B

38º Dia – Quinta-feira – Semana Santa – 28/03/2024

«Senhor, Tu vais lavar-me os pés?

Evangelho  Jo 13, 1-15

O texto inicia com a indicação da chegada da hora de Jesus. A sua partida está eminente. O seu amor aos discípulos é incondicional e até ao fim. As forças de confronto, Jesus e o demónio, são claras e manifestam-se nos discípulos particularmente em Judas. O Mestre deixa o seu testemunho de vida lavando os pés aos discípulos, gesto que eles não compreendem, por agora, mas compreenderão mais tarde. Do mesmo modo que o Mestre, eles serão servos uns dos outros por amor.

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Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».

Aquele que se baixa para lavar os pés é o que tem o poder e a vitória sobre o demónio. O poder do mal não se vence e a voz da loucura não se cala senão diante do poder do amor, da caridade, que se dispõe a servir como escravo. O exemplo de Jesus é claro e aquele que o imitar nesta atitude de serviço participará da sua vitória. Tomar parte com Jesus exige ultrapassar os critérios estritamente humanos de escravo e Senhor e aprender a nova linguagem social, a caridade.

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Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Ámen. 

João não descreve o relato da última ceia como fazem os demais evangelistas. O seu discurso revela o espírito eucarístico como “Lei do Amor”, caminho de maturidade espiritual num clima marcado pelo afeto filial e fraterno de Jesus.

A Páscoa é a grande festa do povo judeu, em que faz memória da saída do Egito e da opressão.

Antes desta festa, Jesus quer cear com os seus amigos – discípulos, de modo solene, numa oportunidade reveladora da riqueza do Reino de Deus.

Jesus percebe que tinha chegado a ‘Sua hora’, o momento de “passar deste mundo para o Pai”!

Não é um caminho fácil, porque Jesus tem vínculos estreitos de amor com “os seus”, e esse mesmo amor leva-O a separar-Se deles.

É o preço que terá que pagar por ter anunciado o Reino de Deus: Reino pleno da pureza do Amor em gratuidade de entrega, de verdadeira alegria, e da paz como oferta de vida e justiça para todos.

Estas realidades que são desejadas por cada coração humano, só podem ser verdadeiras se verificadas na vivência de uma prática através da conduta, que os poderes deste mundo ficam recalcitrantes em admitir.

O gesto profético de Jesus, de Se levantar para lavar os pés dos seus discípulos, é expressão de acolhimento e serviço, pedagogia de inversão de paradigmas estabelecidos pela hierarquia social. Ao inverter os termos, o Seu Amor leva-O ao serviço mais humilde.

Pedro protesta, e isso não O detém, fazendo-lhe ver a importância do que está a acontecer.

Não excetua Judas, mas adverte que “nem todos estão limpos”, dando-lhe a oportunidade de reconsiderar e tomar consciência do que está prestes a fazer. A pergunta é: “compreendeis o que Eu fiz?”

Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus vive o ‘ministério do serviço entre os irmãos como o Senhor e o Filho glorificado pelo Pai’ (Jo 13, 31). Filho identificado com o Pai de tal maneira, que conhecer a Jesus é conhecer o Pai (Jo 14, 9), glorificação da humanidade quando se tornar discípula de Jesus e produzir frutos de seguimento.

O Reino que anuncia é descrito como vida eterna, uma vida que começa na história, porque consiste em crescer no conhecimento de quem é o Pai e o Filho e na prática da Sua única lei: a de nos amarmos uns aos outros como Jesus nos amou, dispostos a entregar a vida em favor dos irmãos, medida de amor que revela a vontade do Pai como Rei.

Jesus ensina na ceia que não há lei se não houver amor, essa é a única lei! O que parece estar em oposição, quando exercitado chega a um ponto em que lei e amor se fundem numa única realidade. A autonomia da liberdade (amor) busca conhecer o desejo do Amado, o Outro, que pela lei oferece toda a expressão do Seu Amor na liberdade.

As palavras de Jesus que consagram o pão e o vinho em corpo e sangue são anúncio de algo que ocorrerá na sexta-feira da Sua Paixão e Morte, e representam o compromisso de algo que se irá realizar, juramento e promessa de doação total.

A eucaristia é memória de todo o Mistério Pascal: promessa realizada na quinta-feira e que se concretiza na sexta-feira santa, englobando a aceitação do Pai e dos irmãos, e a revelação no domingo da ressurreição.

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