sexta-feira, 28 de abril de 2023

  TEMPO PASCAL - 2023 

Sábado da semana III do Tempo Pascal - dia 21 - 29/04/2023

Hoje a Igreja celebra Santa Catarina de Sena, padroeira da Europa.

EVANGELHO Mt 11, 25-30

«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.»;

«Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»;

«Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.»

Comovido, Jesus eleva a sua voz para o Pai dando a conhecer que Deus se revela ao simples e não aos sábios. A revelação de Deus é esta unidade entre o Pai e o Filho. Os dois são um só e quem conhece um conhece o outro. Só Deus pode revelar esta verdade. Em Cristo, todos os que buscam podem descansar. Vinde a mim vós que estais cansados de buscar e não encontrais, os que andais angustiados com o sentido da vida e a existência de Deus e encontrareis alívio. A verdade revelada por Cristo dá o descanso à alma.

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Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

Buscador de Deus, o meu coração anda inquieto enquanto não encontrar a verdade, o sentido, a razão e o porquê de todas as coisas, da existência, do homem, do mundo, de Deus. Cansado e angustiado por não encontrar, desiludido por não poder entender, revoltado por não conseguir ver, escuto a voz de Jesus a dizer-me “esconde-se aos sábios e revela-se aos pequeninos”. Paro para pensar e consigo alcançar o que me quer dizer. Revelação não é conquista é dom de Deus na unidade do Pai e do Filho. Então, vejo sem ver, entendo sem entender, aceito e continuo a minha busca, mas em Jesus. Porque n'Ele descanso, n'Ele encontro repouso, n'Ele está a resposta, sempre buscada em mais desejo, em mais profundidade.

Quem procura encontra, dizes-me tu Senhor. Eu procuro, tu sabes. Procuro por toda a parte, por todos os meios, de muitas maneiras e em muitos caminhos. Procuro-te, mas na tentativa de te encontrar por mim mesmo, pelas minhas capacidades, com os meus critérios, com a minha inteligência. Tu dizes-me que a verdade se esconde aos sábios. Eu entendo e quero buscá-la em ti, por ti, contigo, porque sem ti nada poderei encontrar. Sem ti o peso da vida torna-se insuportável e a busca transforma-se na angústia de quem se sente perdido. Faz-me descansar em ti para te encontrar em mim.

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No Evangelho de hoje Jesus diz: «Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). O Senhor não reserva esta frase a alguns dos seus amigos, não, dirige-a a “todos” aqueles que estão cansados e oprimidos pela vida. E então quem pode sentir-se excluído deste convite? O Senhor sabe quanto a vida pode ser difícil. Sabe que muitas coisas cansam o coração: desilusões e feridas do passado, pesos a serem carregados e injustiças a suportar no presente, incertezas e preocupações para com o futuro.

Perante tudo isto, a primeira palavra de Jesus é um convite, um convite a mover-se e a reagir: «Vinde». O erro que cometemos, quando as coisas não correm bem, é permanecer ali onde estamos, deitados ali. Parece evidente, mas quanto é difícil reagir e abrir-se! Não é fácil. Nos momentos obscuros é natural querer estar sozinho consigo mesmo, remoer sobre quanto é injusta a vida, sobre quão ingratos são os outros e como é maldoso o mundo, e assim por diante. Todos sabemos isto. Por vezes, sofremos esta experiência negativa. Mas assim, fechados dentro de nós mesmos, vemos tudo escuro. Então chegamos até a familiarizar-nos com a tristeza, que encontra demora em nós: aquela tristeza desmoraliza-nos, esta tristeza é algo ruim. Ao contrário, Jesus quer tirar-nos destas “areias movediças” e, portanto, diz a cada um: «Vinde!” — “Quem?” — “Tu, tu, tu...”. A via de saída encontra-se na relação, em estender a mão e em levantar o olhar para quem nos ama verdadeiramente.

Com efeito, sair de si mesmo não é suficiente, é necessário saber para onde ir. Porque muitas metas são ilusórias: prometem alívio e distraem só um pouco, garantem paz e proporcionam divertimento, deixando depois na solidão anterior, são “fogos de artifício”. Por esta razão, Jesus indica para onde ir: “Vinde a mim”. E muitas vezes, diante de um peso da vida ou de uma situação que nos faz sofrer, tentemos falar com alguém que nos escute, com um amigo, com um perito na matéria... É muito bom fazer isto, mas não esqueçamos Jesus! Não esqueçamos de nos abrirmos a Ele e de lhe contar a nossa vida, de lhe confiar as pessoas e as situações. Talvez haja algumas “áreas” da nossa vida que nunca lhe abrimos e que permaneceram obscuras, porque nunca viram a luz do Senhor. Cada um de nós tem a própria história. E se alguém tiver esta zona obscura, procurai Jesus, ide ter com um sacerdote, ide... Mas ide ter com Jesus, e contai isto a Jesus. Hoje Ele diz a cada um de nós: “Coragem, não sucumbas sob os pesos da vida, não te feches diante dos medos e dos pecados, mas vem a mim!”.

Ele espera por nós, espera-nos sempre, não para resolver magicamente os nossos problemas, mas para nos tornar mais fortes em relação aos nossos problemas. Jesus não nos tira os pesos da vida, mas sim a angústia do coração; não nos suprime a cruz, mas carrega-a juntamente connosco. E com Ele, todo o peso se torna leve (cf. v. 30), porque Ele é o repouso que nós buscamos. Quando Jesus entra na vida, chega a paz, a que permanece também nas provações, nos sofrimentos. Vamos ter com Jesus, demos-lhe o nosso tempo, encontremo-lo todos os dias na oração, num diálogo confiante, pessoal; familiarizando-nos com a sua Palavra redescubramos sem temor o seu perdão, saciemo-nos com o seu Pão de vida: sentir-nos-emos amados, sentir-nos-emos consolados por Ele.

É Ele mesmo que no-lo pede, quase com uma certa insistência. Reitera-o ainda no final do Evangelho de hoje: “Tomai o meu jugo sobre vós […] achareis o repouso para as vossas almas” (v. 29). E deste modo, aprendamos a ir ter com Jesus e, quando nos meses de verão procurarmos um pouco de repouso de tudo aquilo que cansa o nosso corpo, não esqueçamos de encontrar o repouso verdadeiro no Senhor. Nos ajude nisto a Virgem Maria nossa Mãe, que sempre cuida de nós quando estamos cansados e oprimidos e nos acompanha ao encontro com Jesus.

Papa Francisco

(Angelus, 9 de julho de 2017)

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