TEMPO PASCAL - 2023
Domingo da semana IV do Tempo Pascal - dia 22 - 30/04/2023
EVANGELHO Jo 10, 1-10
«Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo»;
« Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».
Neste IV Domingo, do tempo pascal, celebramos especialmente o Domingo do Bom Pastor, mas, simultaneamente também rezamos especialmente pelas vocações, no 60ºDia Mundial de Oração pelas Vocações. Temos, pois, neste domingo, ainda mais razões para agradecermos e louvarmos o Senhor, nosso Deus.
As leituras de hoje continuam o
anúncio de que Jesus ressuscitou dos mortos, está vivo e nos conduz pelos
caminhos da vida, no concreto da nossa existência quotidiana, nos bons e nos
maus momentos, em todas as situações, por mais estranhas e difíceis que estas
nos possam parecer. Ele é quem nos abre a porta e nos conduz ao Seu rebanho,
quando O procuramos, mas é também Ele quem primeiro se faz encontro quando andamos desnorteados de todo, perdidos,
sós, sentindo-nos angustiados e abandonados. É aí, quando O encontramos, que
nos pega ao colo, nos abraça, ou põe às cavalitas, ficando apenas as Suas
pegadas marcadas na areia, como diz o poema…Descansemos
n’Ele. Entreguemos-Lhe todos os medos, sofrimentos e cansaços e peçamos a
Maria, nossa mãe do céu, que nos ensine a confiar totalmente n’Ele, no Seu amor
sem fim por todos e cada um de nós.
“No dia de Pentecostes, Pedro, de
pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Saiba com absoluta
certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós
crucificastes». Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e
perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?».
Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Batismo em nome de
Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do
Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e
para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas
outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração
perversa». Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Batismo e naquele
dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.
“Caríssimos: Se vós,
fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos
de Deus. Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós,
deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado
algum e na sua boca não se encontrou mentira. Insultado, não pagava com injúrias;
maltratado, não respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com
justiça. Ele suportou os nossos pecados no seu Corpo, sobre o madeiro da cruz,
a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas
fomos curados. Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o
pastor e guarda das vossas almas.”
No evangelho (Jo 10, 1-10) S.João traz-nos Jesus como Aquele que nos abre a porta e nos conduz nesta Sua Igreja, nos dá a Vida. Ele é a Porta para a Vida, no seio do Pai. Sim, por João, vamos percebendo que Jesus tem uma relação pessoal com cada um de nós, conhece-nos pelo nosso nome, habita-nos e, nós seguimo-l’O, reconhecemo-l’O como o Único que verdadeiramente nos ama infinitamente, tal qual somos, no nosso melhor e no nosso pior. Por todos deu a Sua vida, a todos quer chegar e ser a Porta, o Amor, que, hoje, nos nossos tempos, continua a abrir-Se a quem se deixar amar por Ele.
“Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».”
Senhor, que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor, infinito, por cada umas das Tuas criaturas.
Jesus é muito explícito: “quem
não entra no redil das ovelhas pela porta, não é o pastor”». Para entrar no
reino de Deus, na comunidade cristã, na Igreja, «a porta — explicou o Papa — a
verdadeira porta, a única porta é Jesus. Devemos entrar por aquela porta. E
Jesus é explícito: “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta — que é Ele
— mas entra por outro lado, é um ladrão ou um salteador”, alguém que quer ter
lucro para si mesmo».
Isto, notou, acontece «também nas comunidades cristãs. Há esses arrivistas,
não?, que procuram vantagens. E consciente ou inconscientemente fingem que
entram; mas são ladrões e salteadores. Por quê? Porque roubam a glória a Jesus,
querem a própria glória. E é isto que Jesus dizia aos fariseus: “Vós roubai-vos
a glória uns aos outros...”. Uma religião que negoceia, não? “Negociais a glória
entre vós”. Mas eles não entraram pela porta verdadeira. A porta é Jesus e quem
não entra por esta porta erra».
(...) o Papa Francisco
recordou que a Igreja é uma história de amor e nós fazemos parte dela. Mas
precisamente por isso, quando se dá demasiada importância à organização, quando
escritórios e burocracia assumem uma dimensão predominante, a Igreja perde a
sua verdadeira substância e corre o risco de se transformar numa simples
organização não governamental. A história de amor à qual o Papa Francisco se
referiu durante a missa celebrada (...) na capela da Domus Sanctae Marthae, é a da maternidade da
Igreja. Uma maternidade, disse, que cresce e se difunde no tempo «e que ainda
não acabou», impulsionada não por forças humanas mas «pela força do Espírito
Santo».(...)
«Na primeira leitura (...) trata-se do
início da Igreja, no momento que cresce e se difunde em todos os lugares, em
todo o mundo». Um facto que, explicou, poderia ser avaliado em termos meramente
quantitativos, com satisfação porque deste modo se obtêm mais «seguidores» e se
reúnem mais «sócios» para a empresa. Aliás, chega-se até a estabelecer «pactos
para crescer».
Ao contrário «o caminho que Jesus quis para a sua Igreja — disse o
Pontífice — é outro: é o caminho das dificuldades, o caminho da cruz e das
perseguições». E também isto nos faz pensar: «Mas o que é esta Igreja? Esta
nossa Igreja, que não parece ser uma empresa humana, mas é outra coisa». A
resposta mais uma vez está no Evangelho, no qual Jesus «nos diz algo que talvez
possa iluminar esta pergunta: “Quem crê em mim, não crê em mim mas crê n'Aquele
que me enviou”». Também Cristo, explicou, foi «mandado, é enviado por outro!».
Portanto, quando indica aos doze apóstolos o programa de vida e o modo de
viver, «não o faz por si mesmo» mas «por Aquele que o enviou».
Papa Francisco
(Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 17 de 28 de Abril de 2013)
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