sábado, 29 de abril de 2023

  TEMPO PASCAL - 2023 

Domingo da semana IV do Tempo Pascal - dia 22 - 30/04/2023

 EVANGELHO Jo 10, 1-10  

«Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo»; 

« Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

Neste IV Domingo, do tempo pascal, celebramos especialmente o Domingo do Bom Pastor, mas, simultaneamente também rezamos especialmente pelas vocações, no 60ºDia Mundial de Oração pelas Vocações. Temos, pois, neste domingo, ainda mais razões para agradecermos e louvarmos o Senhor, nosso Deus. 

As leituras de hoje continuam o anúncio de que Jesus ressuscitou dos mortos, está vivo e nos conduz pelos caminhos da vida, no concreto da nossa existência quotidiana, nos bons e nos maus momentos, em todas as situações, por mais estranhas e difíceis que estas nos possam parecer. Ele é quem nos abre a porta e nos conduz ao Seu rebanho, quando O procuramos, mas é também Ele quem primeiro se faz encontro  quando andamos desnorteados de todo, perdidos, sós, sentindo-nos angustiados e abandonados. É aí, quando O encontramos, que nos pega ao colo, nos abraça, ou põe às cavalitas, ficando apenas as Suas pegadas marcadas na areia, como diz o poema…Descansemos n’Ele. Entreguemos-Lhe todos os medos, sofrimentos e cansaços e peçamos a Maria, nossa mãe do céu, que nos ensine a confiar totalmente n’Ele, no Seu amor sem fim por todos e cada um de nós.


Na 1ªleitura (Atos 2, 14a.36-41) voltamos a encontrar o S.Pedro do último domingo, destemido, corajoso, cheio do Espírito Santo, anunciador da Boa Nova de Jesus Ressuscitado aos homens do seu tempo e também a nós hoje. Ele desafia-nos à conversão de coração, a escutar os apelos de Nosso Senhor a viver o dom do nosso Batismo no dia a dia da vida, no concreto da nossa existência, com aqueles que Ele colocou nos nossos caminhos. 

“No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes». Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?». Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Batismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa». Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Batismo e naquele dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.


Na 2ªleitura (1 Pedro 2, 20b-25) S.Pedro exorta-nos a seguir o pastor e guarda das nossas almas, pois só n’Ele, que deu a Sua vida por cada um de nós, encontraremos a verdadeira felicidade. Jesus é o único Pastor em quem podemos confiar total e plenamente, pois nunca nos abandona. Jesus, qual cordeiro inocente levado ao matadouro, venceu a morte de uma vez para sempre: “pelas Suas chagas fomos curados”. Ele caminha, vive e está sempre presente no meio de nós, é um connosco. 

“Caríssimos: Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado algum e na sua boca não se encontrou mentira. Insultado, não pagava com injúrias; maltratado, não respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com justiça. Ele suportou os nossos pecados no seu Corpo, sobre o madeiro da cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados. Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.”

No evangelho (Jo 10, 1-10) S.João traz-nos Jesus como Aquele que nos abre a porta e nos conduz nesta Sua Igreja, nos dá a Vida. Ele é a Porta para a Vida, no seio do Pai. Sim, por João, vamos percebendo que Jesus tem uma relação pessoal com cada um de nós, conhece-nos pelo nosso nome, habita-nos e, nós seguimo-l’O, reconhecemo-l’O como o Único que verdadeiramente nos ama infinitamente, tal qual somos, no nosso melhor e no nosso pior. Por todos deu a Sua vida, a todos quer chegar e ser a Porta, o Amor, que, hoje, nos nossos tempos, continua a abrir-Se a quem se deixar amar por Ele.

“Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».”

Senhor, que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor, infinito, por cada umas das Tuas criaturas.


Há uma só porta para entrar no Reino de Deus. E esta porta é Jesus. Quem tentar entrar por outro caminho é «um ladrão» ou «um salteador»; ou ainda é «um arrivista que pensa só na sua vantagem», na sua glória, e rouba a glória de Deus. (...)

Jesus é muito explícito: “quem não entra no redil das ovelhas pela porta, não é o pastor”». Para entrar no reino de Deus, na comunidade cristã, na Igreja, «a porta — explicou o Papa — a verdadeira porta, a única porta é Jesus. Devemos entrar por aquela porta. E Jesus é explícito: “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta — que é Ele — mas entra por outro lado, é um ladrão ou um salteador”, alguém que quer ter lucro para si mesmo».

Isto, notou, acontece «também nas comunidades cristãs. Há esses arrivistas, não?, que procuram vantagens. E consciente ou inconscientemente fingem que entram; mas são ladrões e salteadores. Por quê? Porque roubam a glória a Jesus, querem a própria glória. E é isto que Jesus dizia aos fariseus: “Vós roubai-vos a glória uns aos outros...”. Uma religião que negoceia, não? “Negociais a glória entre vós”. Mas eles não entraram pela porta verdadeira. A porta é Jesus e quem não entra por esta porta erra».

(...) o Papa Francisco recordou que a Igreja é uma história de amor e nós fazemos parte dela. Mas precisamente por isso, quando se dá demasiada importância à organização, quando escritórios e burocracia assumem uma dimensão predominante, a Igreja perde a sua verdadeira substância e corre o risco de se transformar numa simples organização não governamental. A história de amor à qual o Papa Francisco se referiu durante a missa celebrada (...) na capela da Domus Sanctae Marthae, é a da maternidade da Igreja. Uma maternidade, disse, que cresce e se difunde no tempo «e que ainda não acabou», impulsionada não por forças humanas mas «pela força do Espírito Santo».(...)

«Na primeira leitura (...) trata-se do início da Igreja, no momento que cresce e se difunde em todos os lugares, em todo o mundo». Um facto que, explicou, poderia ser avaliado em termos meramente quantitativos, com satisfação porque deste modo se obtêm mais «seguidores» e se reúnem mais «sócios» para a empresa. Aliás, chega-se até a estabelecer «pactos para crescer».

Ao contrário «o caminho que Jesus quis para a sua Igreja — disse o Pontífice — é outro: é o caminho das dificuldades, o caminho da cruz e das perseguições». E também isto nos faz pensar: «Mas o que é esta Igreja? Esta nossa Igreja, que não parece ser uma empresa humana, mas é outra coisa». A resposta mais uma vez está no Evangelho, no qual Jesus «nos diz algo que talvez possa iluminar esta pergunta: “Quem crê em mim, não crê em mim mas crê n'Aquele que me enviou”». Também Cristo, explicou, foi «mandado, é enviado por outro!». Portanto, quando indica aos doze apóstolos o programa de vida e o modo de viver, «não o faz por si mesmo» mas «por Aquele que o enviou».

Papa Francisco

(Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 17 de 28 de Abril de 2013)

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