TEMPO PASCAL - 2023
VIGÍLIA PASCAL
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Louvemos a Deus, exultemos de alegria, porque Jesus
Ressuscitou, está vivo, no meio de nós. Ele venceu a morte! Cantemos em uníssono com a Igreja que, nesta noite, no Precónio Pascal, entoa
um dos mais belos hinos que conheço. :
Exulte de alegria a multidão dos Anjos, exultem
as assembleias celestes, ressoem hinos de glória, para anunciar o
triunfo de tão grande Rei.
Rejubile também a terra, inundada por tão grande
claridade, porque a luz de Cristo, o Rei eterno, dissipa as trevas de
todo o mundo.
Alegre-se a Igreja, nossa mãe, adornada com os
fulgores de tão grande luz, e ressoem neste templo as aclamações do povo
de Deus.
É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação proclamar
com todo o fervor da alma e toda a nossa voz os louvores de Deus
invisível, Pai omnipotente, e do seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, nosso
Senhor.
Ele pagou por nós ao eterno Pai a dívida por Adão
contraída e com seu Sangue precioso apagou a condenação do antigo
pecado.
Celebramos hoje as festas da Páscoa, em que é
imolado o verdadeiro Cordeiro, cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.
Esta é a noite, em que libertastes do cativeiro
do Egipto os filhos de Israel, nossos pais, e os fizestes atravessar
a pé enxuto o Mar Vermelho.
Esta é a noite, em que a coluna de fogo dissipou
as trevas do pecado.
Esta é a noite, que liberta das trevas do pecado
e da corrupção do mundo aqueles que hoje por toda a terra creem em
Cristo, noite que os restitui à graça e os reúne na comunhão dos
Santos.
Esta é a noite, em que Cristo, quebrando as
cadeias da morte, Se levanta glorioso do túmulo.
Oh admirável condescendência da vossa graça!
Oh incomparável predileção do vosso amor! Para
resgatar o escravo entregastes o Filho.
Oh necessário pecado de Adão, que foi destruído
pela morte de Cristo!
Oh ditosa culpa, que nos mereceu tão grande
Redentor!
Esta noite santa afugenta os crimes, lava as
culpas; restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes.
Oh noite ditosa, em que o céu se une à
terra, em que o homem se encontra com Deus!
Nesta noite de graça, aceitai, Pai santo, este
sacrifício vespertino de louvor, que, na oblação deste círio, pelas
mãos dos seus ministros Vos apresenta a santa Igreja.
Nós Vos pedimos, Senhor, que este círio,
consagrado ao vosso nome, arda incessantemente para dissipar as trevas da
noite; e, subindo para Vós como suave perfume, junte a sua claridade
à das estrelas do céu. Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da
manhã, aquele astro que não tem ocaso, Jesus Cristo vosso
Filho, que, ressuscitando de entre os mortos, iluminou o género
humano com a sua luz e a sua paz e vive glorioso pelos séculos dos
séculos.
Esta é a
noite das noites!
Aquela foi uma noite de vigília para o Senhor, quando Ele os fez sair da terra do Egito (Ex 12,42)
Todas as vigílias que celebramos em honra do Senhor são agradáveis a Deus e
aprovadas por Ele, mas esta vigília está acima de todas as outras. É por isso
que esta noite tem, muito especialmente, o título de vigília do Senhor. Lemos
com efeito: «Esta noite do Senhor será de vigília para todos os filhos de
Israel» (Ex 12,42). Esta noite merece bem o seu nome, porque o Senhor acordou
vivo para que nós não ficássemos adormecidos na morte. Com efeito, Ele sofreu
por nós o sono da morte, pelo mistério da sua Paixão; mas esse sono do Senhor
tornou-se a vigília do mundo inteiro, porque a morte de Cristo afastou para
longe de nós o sono da morte eterna. Ele próprio o declara pelo profeta:
«Então, despertei e reparei quão doce tinha sido o meu sono!» (Sl 3,6; Jr
31,26). Esse sono de Cristo, que nos chamou da amargura da morte para nos levar
à doçura da vida, não pode deixar de ser doce.
Salomão escreveu: «Eu dormia, mas de coração desperto» (Ct 5,2). Estas
palavras manifestam com toda a evidência o mistério da divindade e da carne do
Senhor. Ele dormiu segundo a carne mas a sua divindade estava desperta, pois a
divindade não podia dormir [...]: «Não há de dormir nem dormitar Aquele que
guarda Israel» (Sl 120,4) [...] Dormia segundo a carne, mas a sua divindade
visitava os infernos para tirar de lá o homem que se encontrava cativo; o nosso
Senhor e Salvador quis visitar todos os lugares para ter misericórdia para com
todos. Desceu do Céu à Terra para visitar o mundo; e desceu da Terra aos
infernos para levar a luz àqueles que estavam cativos, segundo a palavra do
profeta: «Habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre
eles» (Is 9,1).
É por isso que os anjos do Céu, os homens na Terra e as almas dos fiéis na morada dos mortos celebram essa vigília do Senhor. [...] Se o arrependimento de um só pecador é, como lemos no Evangelho, causa de alegria para os anjos do Céu (Lc 15,7.10), quanto mais o será a redenção do mundo inteiro? [...] Esta vigília não é, portanto, uma festa apenas para os homens e para os anjos, mas também para o Pai, o Filho e o Espírito Santo, porque a salvação do mundo é a alegria da Trindade.
São Cromácio de Aquileia
1º Sermão para a Grande Noite Pascal
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