SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022
Sexta-feira VI da Páscoa - 27.05.2022
Evangelho Jo 16, 20-23a
«Mas Eu hei de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.»
Repete-se aqui o versículo 20, da liturgia de ontem, para ligar com a parábola da mulher que dá à luz e assim entendermos o que Jesus quer dizer. Está próximo um tempo em que Jesus deixará de ser visto e que provocará tristeza nos seus discípulos, mas essa tristeza não será para sempre, porque depois virá um tempo em que o poderão ver de novo e a alegria será ainda maior. Como acontece com a mulher diante do filho recém-nascido, assim os discípulos esquecerão a tristeza que sentiram diante da alegria nova que significará a ressurreição de Jesus.
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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria. A mulher, quando está para ser mãe, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas depois que deu à luz um filho, já não se lembra do sofrimento, pela alegria de ter dado um homem ao mundo. Também vós agora estais tristes; mas Eu hei de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Nesse dia, não Me fareis nenhuma pergunta»."
O cristão não
anestesia o sofrimento, nem sequer o maior que faz vacilar a fé, e não vive a
alegria e a esperança como se fosse sempre carnaval. Mas encontra o sentido da
sua existência no perfil da mulher que dá à luz: sente tanta felicidade quando
nasce a criança que se esquece do seu sofrimento. «Na liturgia da Ascensão do
Senhor, observou Francisco, a Igreja explode numa atitude que não é habitual, e
no início a primeira oração é um grito: “Exulte, Senhor, a tua Igreja!”». Sim,
prosseguiu, «exulte com a esperança de viver e alcançar o Senhor: “Exulte de
alegria a tua Igreja”». E na oração da coleta, «hoje rezámos: “Senhor, eleva os
nossos corações para Jesus!”». Uma invocação que expressa «precisamente a
alegria que invade toda a Igreja, alegria e esperança: ambas caminham juntas».
Com efeito, «uma alegria sem esperança é um simples divertimento, uma alegria
passageira». E «uma esperança sem alegria não é esperança, não vai além de um otimismo
sadio».
Eis por que
«alegria e esperança caminham juntas — explicou Francisco — e ambas fazem esta
explosão que a Igreja na sua liturgia quase, permito-me dizer a palavra, grita
sem pudor: “Exulte a tua Igreja!”, exulte de alegria, sem formalidades». Porque
«quando há grande alegria, não há formalidade: é alegria». Portanto, explicou o
Papa, «Exulte de alegria a tua Igreja, viva na esperança de a alcançar» e
«eleva, Senhor, os nossos corações para Jesus que está sentado na glória do
Pai».
«Com três pinceladas
— afirmou o Pontífice — a Igreja diz qual deve ser a atitude cristã: alegria e
esperança juntas». E assim «a alegria fortalece a esperança e a esperança
floresce na alegria». E «ambas, com esta atitude que a Igreja lhes deseja
atribuir, estas duas virtudes cristãs indicam um sair de nós mesmos: o jubiloso
não se fecha em si mesmo; a esperança leva-te lá, é a âncora que está
precisamente na praia do céu e te conduz para fora». Por isso podemos «sair de
nós mesmos com a alegria e a esperança». Uma reflexão que faz referência ao
trecho evangélico de João proposto pela liturgia de hoje.
«O Senhor
diz-nos que há problemas — prosseguiu o Papa — e na vida esta alegria e
esperança não são um carnaval: são outra coisa, também, ter que enfrentar
dificuldades». Francisco repropôs «a imagem que o Senhor usa hoje no Evangelho:
a mulher quando chega o momento do parto». Sim, explicou, «a mulher, quando dá
à luz, sente dor porque chegou a sua hora; mas depois de dar à luz a criança,
esquece o sofrimento».
E é precisamente
«o que fazem a alegria e a esperança juntas, na nossa vida, quando estamos nas
tribulações, quando temos problemas, quando sofremos». Não se trata certamente
de «uma anestesia: o sofrimento é sofrimento, mas se for vivido com alegria e
esperança abre a porta para a alegria de um futuro novo».
«Esta imagem
do Senhor deve ajudar-nos muito nas dificuldades», acrescentou o Papa, até as
«más que nos fazem duvidar da nossa fé». Mas «com a alegria e com a esperança
vamos em frente, porque depois desta tempestade chega um homem novo, como a
mulher quando dá à luz». E Jesus diz que esta alegria e esperança são
duradouras, que não passam». «Assim também vós, agora, estais no sofrimento»,
são as palavras de Jesus aos discípulos transmitidas pelo Evangelho. Mas
tranquiliza-os imediatamente: «Ver-vos-ei de novo e o vosso coração
alegrar-se-á e ninguém vos poderá privar da vossa alegria».
São palavras
que devem ser frisadas, acrescentou o Pontífice: «A alegria humana pode ser
tirada de qualquer coisa, de qualquer dificuldade. Mas esta alegria que o
Senhor nos dá, que nos faz exultar, que nos faz elevar na esperança de O
encontrar, esta alegria ninguém no-la pode tirar, é duradoura. Até nos momentos
mais obscuros».
«Alegria,
esperança é o grito da Igreja, feliz depois da Ascensão do Senhor». Francisco
recordou que «Lucas nos diz nos Atos que, a um certo ponto, quando o Senhor se
vai embora e deixam de o ver, os discípulos ficam a olhar para o céu, um pouco
entristecidos». E «são os anjos que os despertam, convidando-os a ir. E depois,
no Evangelho de Lucas, lê-se: “Voltaram felizes, cheios de alegria”.
Precisamente aquela alegria de saber que a nossa humanidade entrou no céu: pela
primeira vez!».
Francisco
concluiu a sua meditação com os votos de «que o Senhor nos conceda a graça de
uma alegria grande que seja a expressão da esperança; e uma esperança forte que
se torne alegria na nossa vida». E com a oração que «o Senhor conserve esta
alegria e esperança, assim ninguém poderá privar-nos delas».
Casa de Santa Marta, 6 de maio de 2016
Papa Francisco
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