segunda-feira, 23 de maio de 2022

 SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022

Terça-feira VI da Páscoa - 24.05.2022

Evangelho Jo 16, 5-11

«No entanto, Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei.»

Este pequeno texto inserido no longo diálogo de Jesus com os discípulos, na Última Ceia, revela que a situação é cada vez mais difícil para os discípulos. Jesus tem que os provocar com perguntas, porque eles deixaram-se vencer pela tristeza e caíram num silêncio de morte. Jesus procura mostrar aos discípulos que a razão da sua tristeza não tem sentido. Eles ouviram Jesus falar da sua partida e ficaram tristes. Agora, Jesus mostra-lhes que é do seu interesse que Ele vá, primeiro porque se Ele não for não virá o Espírito e segundo porque o Espírito trará a justiça e o juízo sobre o mundo e conduzirá os discípulos na verdade. Eles têm a ganhar com a partida de Jesus.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora vou para Aquele que Me enviou e nenhum de vós Me pergunta: ‘Para onde vais?’. Mas por Eu vos ter dito estas coisas, o vosso coração encheu-se de tristeza. No entanto, Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei. Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do julgamento: do pecado, porque não acreditam em Mim; da justiça, porque vou para o Pai e não Me vereis mais; do julgamento, porque o príncipe deste mundo já está condenado»."

«Na primeira oração de hoje» no início da missa, disse o Pontífice, «pedimos a graça de tornar sempre presente, em cada momento, a fecundidade da Páscoa». E com efeito «a Páscoa é fecunda» porque «é a vida que Jesus Cristo, o Senhor, nos deu através da Sua Cruz e da Sua Ressurreição». Mas «como atua esta fecundidade?». A resposta, observou Francisco, encontramo-la precisamente no Evangelho de João.

Na prática, «o Senhor prepara os seus discípulos para o futuro» e «há uma palavra que pode parecer um pouco estranha: escandalizar». Diz Jesus, conforme quanto refere João: «Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis». A questão a ser compreendida é a seguinte: «de que escândalo fala Jesus? Do escândalo das perseguições que se verificarão, do escândalo da cruz?».

O Senhor «acrescenta uma promessa» dizendo: «Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ele dará testemunho». E a seguir, «sempre no mesmo discurso», afirma ainda: «Eu tenho muitas coisas para vos dizer, mas neste momento vós não sois capazes de carregar o seu peso; mas quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ele vos guiará rumo à verdade plena». Em síntese, explicou o Santo Padre, Jesus «fala-nos do futuro, da cruz que está à nossa espera e fala do Espírito, que nos prepara para dar testemunho cristão».

Aliás, prosseguiu Francisco, «nestes dias a Igreja faz-nos refletir muito sobre o Espírito Santo: Jesus diz que o Espírito Santo que virá, que Ele enviará, guiar-nos-á rumo à verdade plena, ou seja, ensinar-nos-á as coisas que Eu ainda não ensinei, estas coisas que ele — acrescentou o Papa, citando o trecho evangélico hodierno — deve dizer e cujo peso, os discípulos, ainda não são capazes de carregar». Além disso, o Senhor afirma também que o «Espírito vos fará recordar as coisas que disse e que com a vida caíram no esquecimento». Eis, explicou Francisco, «aquilo que faz o Espírito: faz-nos recordar as palavras de Jesus e ensina-nos as coisas que Jesus ainda não pôde dizer, porque não éramos capazes de as compreender».

«Assim a vida da Igreja é um caminho guiado pelo Espírito que nos recorda e nos ensina, que nos leva à verdade plena», sublinhou. E «este Espírito, que é companheiro de viagem, defende-nos também do escândalo da cruz». São Paulo, falando aos Coríntios, diz: «Mas a Cruz é uma loucura, para aqueles que caem na perdição». Depois acrescenta: «os judeus pedem sinais». E «deveras quantas vezes no Evangelho os judeus, os doutores da lei, pediram a Jesus» para que lhes desse «um sinal». Por sua vez, «os gregos, ou seja, os pagãos, pedem paciência, ideias novas». Mas «nós pregamos só Cristo crucificado, escândalo para vós — para os judeus — e loucura para os pagãos».

Portanto, a cruz de Cristo é o escândalo. Por esta razão, esclareceu o Papa, «Jesus prepara o coração dos seus discípulos com a promessa do Paráclito, para aquilo que lhes acontecerá». E diz: «Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis» com a Cruz de Cristo. João cita estas palavras do Senhor: «Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus». E nós hoje, constatou o Pontífice, «somos testemunhas destes que matam os cristãos em nome de Deus, porque são descrentes, segundo eles». Esta «é a Cruz de Cristo». Eis a atualidade das palavras de Jesus no Evangelho da liturgia do dia: «Procederão deste modo porque não conheceram o Pai, nem a mim». Portanto, Jesus recorda que quanto aconteceu a Ele, acontecerá a nós: «as perseguições, as tribulações». Por isso não devemos escandalizar-nos, cientes de que «será o Espírito que nos guiará e nos ajudará a compreender».

(...)

Há também, continuou o Papa, «o testemunho de cada dia, o testemunho de tornar presente a fecundidade da Páscoa — que pedimos hoje no início da missa — aquela fecundidade que nos dá o Espírito Santo, que nos guia rumo à verdade plena, à verdade total, e nos faz recordar o que Jesus nos diz».

Por conseguinte, frisou Francisco, «um cristão que não leva a sério esta dimensão “do martírio” da vida ainda não compreendeu o caminho que Jesus nos ensinou: caminho «do martírio» de cada dia; caminho «do martírio» para defender os direitos das pessoas; caminho «do martírio» para defender os filhos: o pai e a mãe que defendem a sua família; caminho «do martírio» de muitos, numerosos doentes que sofrem por amor de Jesus. Todos nós temos a possibilidade de levar em frente esta fecundidade pascal por este caminho «do martírio», sem nos escandalizar».

Ao prosseguir a celebração eucarística — «memorial daquela Cruz» na qual «se torna presente a fecundidade pascal» — o Pontífice pediu «ao Senhor a graça de receber o Espírito Santo que nos fará recordar as coisas de Jesus, que nos guiará rumo à verdade total e nos preparará todos os dias para dar este testemunho, para oferecer este pequeno martírio de cada dia ou um grande martírio, segundo a vontade do Senhor».

Regina Caeli , 11 de maio de 2015

Papa Francisco

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